“Março Maldito Festival” é uma nova tentativa de configurar e inserir um novo evento de Metal no Brasil. Afinal, diferente de alguns outros festivais, este possui a premissa de se tornar onipresente e felicitar os metalheads de grande parte do país. Certamente, o Setembro Negro é o carro chefe liderado pela Tumba Productions e pelo baterista do Nervochaos, Edu Lane.
A ideia é a de transmitir essa energia do underground ao redor do país, colocando mais edições com várias datas próximas e em lugares diferentes para cada uma dessas datas. Decerto, estaremos falando sobre a edição que ocorreu na capital de São Paulo e em meio a um Carioca Club abarrotado de gente. Não sei se foi o show mais lotado que presenciei por lá, mas com toda a certeza, é um dos mais cheios de adeptos do Metal. Seria uma prévia para o retorno do Setembro Negro nesse ano de 2025? E acabou sendo, de fato. O maior e melhor festival de Metal extremo underground da América Latina estará de volta no seu mês tradicional.
Sem sombra de dúvida, isso trouxe uma importância ainda maior para o festival de março. Restaria saber se daria certo e se de fato o nome e data do evento dariam liga. E pelo visto tudo parece ter dado mais do que certo. Isso nós iremos conferir ao longo deste pergaminho sobre os shows de cada banda do cast dessa noite. Se, certamente, foi uma noite mágica para os headbangers de plantão no evento e como funcionou tudo isso desde o seu início.
Data, horários e cast do Março Maldito Festival
O Março Maldito Festival ocorreu em uma sexta-feira, dia 21 de março. As portas se abriram às 18h, segundo comunicado antecipado da produtora, pois o horário estava previsto em flyer para às 19h. Contudo, os horários de entrada de cada banda também foram modificados, com o intuito de promover maior espaço para as mesmas e organização desde a abertura da casa.
Conforme dito acima, o Março Maldito aconteceu em outras datas próximas e em outros lugares mais distantes. Assim sendo, o evento aconteceu em quatro cidades:
- 20 de março, em Porto Alegre, no Opinião
- 21 de março, em São Paulo, no Carioca Club
- 22 de março, em Recife, no Estelita Bar
- 23 de março, em Belo Horizonte, no Mister Rock
Só para ilustrar, o Sodom só se apresentou em São Paulo, sendo o headliner convicto do festival. Ao lado dos tradicionais thrashers alemães, tivemos as presenças de Bewitched (banda sueca de Black/Heavy/Thrash Metal retornando aos palcos), Desaster (os detentores da alcunha de maior expoente alemão do Black/Thrash Metal, segundo muitos adeptos), Sacramentum (banda também sueca, só que praticante do Melodic Black/Death Metal e que participou do Setembro Negro), além do The Black Spade (representante do Black Metal nacional e que figurou em nossas listas de melhores álbuns de 2024 através do excelente álbum “…E do Fim Se Faz o Início”).
Mas como foi o início dessa jornada?
Por conta da escolhida, acontecendo em dia de semana, seria uma escolha um tanto arriscada devido horário que eu poderia estar presente. Em meio a isso, aconteceram coisas favoráveis que me fizeram chegar um pouco menos tarde ao local. Ou seja, mesmo tendo comprado o ingresso ainda em 2024, sabia que não poderia estar presente desde o início do festival. Mas isso não me impediu de presenciar o evento na medida do possível. Como eu já conhecia a funcionalidade do Setembro Negro, achei muito viável poder participar dessa festa e além disso, também queria ver o retorno do Bewitched aos palcos, já que, quando conheci a banda, a mesma encerraria as atividades logo em seguida. O hiato permaneceu até então e eu queria ver essa surpresa.
Consequentemente, eu aproveitaria para presenciar pela primeira vez então, o show do Desaster, e se possível rever o Sacramentum e assistir à surpresa do Metal paulistano, o The Black Spade. Porém, como havia dito, não daria para eu chegar em tempo de conferir as duas primeiras bandas da noite. Todavia, seria improvável também chegar no início da apresentação do Desaster. Por fim, acabou que eu cheguei entre a metade e o fim da apresentação do guitarrista Infernal e seus asseclas, para depois me ajeitar melhor para assistir as duas últimas bandas da noite. Assim sendo, Bewitched e Sodom, de Angelripper e Blackfire.

Pontos a destacar do evento, público e início do apocalipse sonoro
O que se deve destacar do Março Maldito Festival é a simplicidade conforme foi idealizado. Pois, foi algo realizado sem deixar qualquer tipo de dúvida, mesmo com acontecimentos negativos recentes envolvendo pseudos produtores (enganadores, na verdade) e cancelamentos de festivais. Aqui, tudo aconteceu dentro do previsto e os ingressos se esgotaram com o passar dos meses antecedentes ao evento. O público comprou fielmente a ideia, jogando totalmente no lixo a premissa errônea de que o headbanger não vai em show.
Pode-se até reclamar do preço da cerveja adentro do local, mas funciona assim. Eu acabei não consumindo nada nesse dia, mas pela quantidade de garrafas e latas pelo chão, creio que o consumo tenha sido grande. Isso, sem contar o consumo extra campo. Afinal, quando cheguei ao endereço do evento, tinha muita gente nos bares próximos ao Carioca Club, me dando a entender que muita gente só foi para ver o Sodom. Algo que costumeiramente acontece nos shows com mais bandas. Entretanto, mesmo sem esse pessoal, a casa estava abarrotada em cada canto e também no mezanino.
Por conta da lotação, o sistema de ventilação acabou não sendo suficiente, causando um clima bastante abafado. Isso já havia ocorrido no próprio Setembro Negro. Isso poderia ser estudado de alguma maneira, mas fora isso, nada atrapalhou o andamento da carruagem musica profana. E antes de iniciar o parágrafo seguinte, estarei entregando o nanquim virtual pela primeira vez a um ilustre parceiro nosso de longa data, o baterista e colecionador de raridades, Ale Fontana! Toma que o nanquim é teu!
Março Maldito: exemplo de festival underground a ser seguido
A ansiedade tomava conta do meu peito desde o final de 2024, pois foi quando o festival Março Maldito foi anunciado pela Tumba Productions. Eis que, fui me preparando para o que estava por vir. Devido ao cast anunciado, logo fiquei empolgado e a sensação de estar presente foi eminente. Sexta-feira, 21 de março! Seria o dia que eu partiria com a minha caravana musical para o festival. Ingresso adquirido e missão confirmada para ser concluída em 2025!
Então, a data tão esperada chegou e logo me aprontei para o baile de gala. O local era o tradicional Carioca Club, na região de Pinheiros, em São Paulo, capital. Lugar esse muito confortável para ir e reencontrar grandes amigos dos quais realmente encontrei. De fato, muita gente foi para ver as apresentações do Sodom e também do Desaster, pois poucos conheciam os trabalhos do Bewitched e não era visto muita gente falando sobre as outras bandas. E vamos a elas!
A primeira banda a receber a abertura das cortinas negras foi o representante brasileiro e paulistano. Falo da banda de Black Metal, The Black Spade, que conta com o baixista João Ribeiro (ex-Living Metal). Só para ilustrar, quem participou da gravação do debut “…E do Fim Se Faz o Início” foi a baixista S. Damballa. Além disso, Ribeiro utiliza o pseudônimo J. Azag.
Contudo, a apresentação da revelação brasileira foi muito competente, sem desabonar em nada. Ou seja, foi uma verdadeira amostra ao vivo do poderio das músicas do disco de estreia tocadas ao vivo. Destaque para “Condessa Sangrenta” e “Soberano Exu Caveira”, assim encerrando uma apresentação curta, porém muito convincente.
O modo tradicional de ganhar o público
A segunda banda a adentrar o palco do Carioca Club foi o Sacramentum. Banda essa que se fez presente na última edição do Setembro Negro, em 2023. Sua proposta atendeu muito o anseio do público, que por sua vez, respondeu à altura da qualidade do show. Black Metal bem tocado e banda bem entrosada é o verdadeiro jogo tradicional ganho. Sem truques e sem invencionices baratas. Os suecos mandaram muito bem.
Destaque para “Fog’s Kiss”, “When Night Surrounds Me” e “Blood Shall Be Spilled”, sendo que as duas últimas citadas foram
todas em ordem diferente no Setembro Negro, além da primeira citada.
E o que a galera esperava em maior número e com mais afinco era o quarteto alemão do sujo, ríspido e visceral Black/Thrash Metal. Certamente, estou falando do Desaster! Considero ser uma das melhores bandas do gênero e também ressalto sobre os intervalos muito bem respeitados no Carioca Club. O show em si foi matador no mais amplo sentido da palavra, com a banda tocando vários sons de sua carreira e mostrando toda sua garra e energia! O ponto negativo ficou por conta do set curto.
Porém, os alemães mandaram petardos do calibre de “Satan’s Soldiers Syndicate”, logo na abertura, passando por “Learn to Love the Void”, além de “Teutonic Steel” e “Divine Blasphemies”. Set curto, porém devastador! Além disso, a casa inteira estava vibrando e curtindo o show do Desaster.
Parte final com muito calor e vontade de presenciar tudo de novo
Nesse momento, após o intervalo, foi a vez do grande Bewitched, banda sueca de Black/Heavy/Thrash Metal subir ao palco. Quando as cortinas se abriram, muitos que ansiavam pelo retorno dos caras se surpreendeu com a aparição da banda. Seu set também foi bem variado, visitando vários pontos de sua carreira e trazendo muito peso de bom gosto ao público. Em resumo, foi um show animalesco!
E, para finalizar e fechar a grandiosa noite, houve um intervalo considerável com pouco atraso. Não aponto como uma crítica, pois foi algo sem exagero. Enfim, uma das minhas bandas preferidas, o espetacular Sodom apareceu no palco. Um detalhes em especial vai para os instrumentos amplamente audíveis e, principalmente, a bateria bem nítida e bem na cara. Entretanto, o Sodom também se prontificou a executar sons de várias partes de sua rica discografia. E assim, desfilando um bombardeio metálico tradicional germânico como tem que ser. Em resumo, foi um dos melhores shows do Sodom que pude presenciar, sem sombra de dúvida!
Para finalizar, reitero que essa primeira edição do Março Maldito está de parabéns e aguardamos a segunda e outras também! Todavia, a única coisa negativa a meu ver o festival foi o calor! Mas isso não desabonou nenhuma das apresentações. Tudo foi muito bem feito e organizado! E digo mais, antes de entregar o nanquim tradicional de volta para o Stephan:
“Remember the fallen!”

A chegada do redator e o olhar clínico a partir de então
Antes de dar continuidade aos comentários sobre o que de melhor aconteceu no evento, devo agradecer a participação do Ale por conta do aceite em participar dessa análise referente à 1ª edição do Março Maldito. Festival esse que promete dar seguimento e se estabilizar nessa data, com o intuito de abrir mais o leque para eventos desse porte em favor dos metalheads brasileiros, além dos estrangeiros que aportam por aqui durante eventos como este. Agora sim, vamos de fato ao que mais interessa!
A chegada até o local da trama foi simples, pois a fiz fora de fluxo e na contramão de quem voltava do trabalho. Ao aportar pelas alamedas próximas ao Carioca Club, avistei bastante gente de preto nos bares que ficam na mesma rua da casa de shows. Portanto, logo pensei se tratar daqueles que estavam lá somente para ver o headliner da noite. Entretanto, não sei bem dizer sobre isso. Afinal, dentro da casa estava realmente abarrotado. Os ingressos haviam se esgotado e aquela era a prova viva desse acontecimento.
Os alemães do Desaster já estavam incendiando o palco com suas fortes canções, enquanto eu acabara de chegar no recinto. Para se ter uma ideia, eu não consegui sair do trecho embaixo da marquise. Sendo assim, acompanhei de modo precário a apresentação de uma das bandas de Black/Thrash Metal que mais gosto.

Desaster e um “meio show” de levantar a multidão
A partir do momento em que pude presenciar o quarteto liderado pelo guitarrista Infernal, pude notar não só a presença em massa do público como também fizeram os headbangers cantarem a plenos pulmões todas as músicas tocadas, praticamente. O vocalista Sataniac agitou os presentes e chamou para a valsa flamejante ao entoar frases em um “portunhol” bem humorado. Depois dizem que alemão não tem bom humor. Existe até um dicionário brasileiro e alemão contendo gírias e palavras específicas com significados referentes ao futebol de cada país, só para exemplificar.
Bem, sobre os principais destaques, tivemos “Teutonic Steel” (“Hellfire’s Dominion”, álbum de 1998). É, com toda a certeza e razão, uma das faixas mais queridas do público. “Nekropolis Karthago”, com seu refrão simples e direto, pertencente ao melhor álbum da banda, “Tyrants of the Netherworld” (2000), segundo muitos adeptos dos germânicos. O final com “Divine Blasphemies”, do álbum homônimo lançado em 2002, e “Metalized Blood”, também do “Hellfire’s Dominion”, fizeram o pessoal presente sorrir maldosamente de orelha a orelha. Show impecável, apesar de ter pego somente da metade para o fim do mesmo.
O retorno do Bewitched em alto estilo
Confesso nunca ter pensado em poder presenciar um show dos suecos do Bewitched, pois a banda havia encerrado as suas atividades. Tanto que o último álbum, “Spiritual Warfare”, foi lançado em 2006. Portanto, esse retorno é ainda mais surpreendente e importante. Afinal, trata-se de uma das ótimas bandas do estilo surgidas na segunda metade da década de 90. Mais precisamente em 1995. Então, eis que as cortinas pretas do Carioca Club se abrem e surge em cena o Bewitched com o guitarrista e vocalista Vargher em primeiro plano.
A partir de então, pude me posicionar melhor para conferir o show dos suecos e me atentei a uma coisa. O microfone principal estava com a programação de eco sintonizada, o que tornaria a audição e a apresentação da banda mais insana. E o cantor soube usar tão bem que acabou se empolgando ao incorporar o Tom Warrior ao recitar o seu famoso “Uh!”, sendo inicialmente, para lá de ótimo!
Ao conferir a apresentação completa do Bewitched, notei o quão o set estava voltado para seus dois primeiros discos, “Diabolical Desecration” (1996) e “Pentagram Prayer” (1997). Ao todo cinco músicas de cada um desses álbuns foram tocadas, restando um espaço mínimo para os outros álbuns. Todavia, eu fiquei desde o início aguardando uma música em especial a qual evidencia bem o Black Metal com o Heavy Metal tradicional. Afinal, a banda alterna bem entre os três estilos destacados antes.
Pontos altos de um show bastante especial
Os pontos mais altos do show foram vários, pois se trata de uma banda com gana e vontade de destruir o palco e incendiar o certame. Após a intro de abertura e preparo do espetáculo que estava por vir, foi iniciada a marcha sonora com “Blood on the Altar” e “Night of the Sinner”, duas faixas incríveis e pertencentes ao segundo full length da banda, “Pentagram Prayer”. O desempenho inicial trouxe alegria para muitos presentes, enquanto aqueles que não conheciam, acabaram por se surpreender de maneira amplamente positiva.

O impacto causado pelos efeitos e microfone
Logo de cara, ficou bem perceptível o efeito de eco junto ao microfone principal, na qual permitia ao cantor e guitarrista Vargher explorar esse recurso, tornando as canções ainda mais maléficas. Contudo, essa surpresa deixaria de ser tão impactante com a utilização incessante por parte do vocalista durante todas as faixas tocadas. Entretanto, isso não tirou o brilho de canções do calibre de “Holy Whore”, a sensacional “Hellcult” e a incrível “Deathspell”, ambas do álbum de estreia “Diabolical Desecration”.
Portanto, para quem conhecia a banda de longa data, foi um prato transbordando de alegria e profanação. Em contrapartida, quem não era muito familiarizado com a sonoridade e com a discografia da banda, ficou com aquele semblante de estar conhecido tudo aquilo naquele exato momento. E isso também se deve ao fato da banda estar há muitos anos parada. Agora sim, talvez receba maior reconhecimento do público underground.
Até então, nenhuma faixa do meu disco predileto dos caras havia sido tocada. Foi quando o Vargher anunciou a joia bruta chamada “Sabbath of Sin”, pertencente ao álbum “At the Gates of Hell”, de 1999. O ano de lançamento é muito interessante, pois vai de encontro ao fato de que o Thrash Metal ainda não havia retornado com força total e o Heavy Metal ainda estava ganhando terreno novamente aos poucos.
Entretanto, os estilos mais extremos seguiam de vento em polpa com seu espaço sendo preenchido com vários e ótimos lançamentos. A sexta música da noite trouxe uma alegria e esperança a mais para mim, muito por conta da possibilidade real de tocarem a melhor música do disco citado. Ela estava por vir, mas seria um momento desafiador através da espera para presenciá-la ao vivo.
Pequenas e gratas lembranças dos outros discos
O Bewitched, de fato, não deixaria nenhum dos seus trabalhos de fora e, mesmo que pudesse somente tocar uma música de determinado álbum, assim o faria.
Após “Triumph of Evil”, também pertencente ao debut, tivemos a excelente “Fucked by Fire”, faixa que abre o disco “Spiritual Warfare” (2006) e último até então. Todas as faixas funcionam muito bem e fizeram o público agitar bastante. Na emenda do parágrafo, tivemos outra faixa de outro disco ainda não representado no show. Trata-se de “Worship the Fire”, presente em “Rise of the Antichrist” (2002). Logo depois, a banda veio com um trio de músicas do segundo trabalho. São elas: “Hellcult Attack”, “Hellblood” e “Cremation of The Cross”, ambas do álbum “Pentagram Prayer”. Portanto, um deleite para os fãs de longa data e também para quem era adepto recente, mas que conhecia os dois primeiros fulls da banda.
Por fim, ainda faltava a cereja do bolo sangrento e nefasto. E o meu presente veio, com ela, a magnânima “At the Gates of Hell”, quinta faixa do disco homônimo e aquela que melhor representa o conjunto de ideias da banda. Assim sendo, na minha opinião! Seu refrão simples e cativante foi cantado por todos na plateia, dando a entender que o Bewitched nunca deveria ter parado e que agora deve seguir em frente, pois é uma banda super competente no quesito fazer música suja e com variações precisas e insanas.
“At the gates of hell
Forever bound by Satan’s spell
At the gates of hell
Proud we stand, in the devil’s land
At the gates of hell
Forever bound by Satan’s spell
At the gates of hell”

Desfecho final com o brilho infernal de um retorno magistral
Por fim, a apoteose ocorreu com “Hard as Steel (Hot as Hell)”, outra grandiosa faixa do álbum “Diabolical Desecration”. Além disso, vale ressaltar o empenho dos outros componentes da banda. Principalmente, Wrathyr, a alma do alicerce dos riffs e dedilhados, tocando seu contrabaixo com precisão e com backing vocals de fazer estremecer os planos lá “debaixo”. Sua linha vocálica atravessa de forma ainda mais profunda os mares do Black Metal e complementam muito bem os vocais principais.
Contudo, a banda ainda possui toda a energia nefasta reunida junto ao guitarrista Hellfire e ao baterista Robert “Zoid” Sundelin. E portanto, foi um retorno triunfal dos suecos a qual pude presenciar. Que retornem mais vezes e também lancem material novo, pois as chamas negras infernais jamais podem se apagar!
Apenas 8 minutos de atraso contados no relógio
Esse é um título mais pra brincar com o fato de que o Sodom havia atrasado bastante a sua entrada ao palco do Carioca Club no último Setembro Negro Festival. Todavia, dessa vez o atraso foi curto a ponto de render essa brincadeira sadia. Tom Angelripper, Frank Blackfire e seus aliados de batalha estavam apostos após esses minutos de intervalo a mais. Apesar disso, teve gente que andou reclamando um pouco, mas logo começaram a entoar o famoso coro:
“Olê, olê, olê
Sodom
Sodom”
Só para ilustrar, esse é um cântico que faz o nosso querido Tom germânico se emocionar. É sempre recíproco, pois é muito gratificante participar desse momento. Agora, sobre o show, o Sodom segue a sua toada presente contando com dois guitarristas e somando muito para as apresentações ao vivo. Principalmente nesse dia, pois a estrutura sonora estava bem postada e muito bem regulada. Ou seja, superando àquela apresentada no outro festival tanto citado aqui. Embora eu tivesse me divertido muito mais no evento anterior, aqui o som estava mais afiado.
Cortinas negras se abrem e o Sodom toma o local de assalto
Em resumo, eu poderia simplesmente dizer isso. Mas seria simplório demais retratar um show tão intenso dessa forma. Porém, não é o nosso modelo a ser apresentado por aqui. Assim sendo, estamos adentrando novamente ao headliner da festa, e mais uma vez contando com o panzer alemão do Thrash Metal: o Sodom!
A expectativa era notória e eu estava bem mais tranquilo, pois conseguiria conferir mais um show de forma mais clara e contundente. Seria um modo mais calmo de conferir a devastação sonora que estava por vir, pois me faria ausente da grande valsa nessa noite. O Sodom, por sua vez, surge ao abrir das cortinas tradicionais da casa e você consegue notar a alegria estampada na feição de Blackfire ao retornar e, para quem não sabe, ele até morou no Brasil por um tempo. Tanto, que consegue conversar conosco numa boa em um bom português com sotaque alemão.
Completando o time, temos o também guitarrista Yorck Segatz e o baterista Toni Merkel. Ambos estão somando e muito para a sonoridade da banda e já nos presentearam com um excelente disco, “Genesis XIX”. Além disso, a banda está com o livrinho de bolso ajeitado para o lançamento do sucessor deste que fora lançado no ano de 2020.

A explosão inicial da guerra
O Sodom iniciou sua jornada com a trinca “Shellfire Defense”, “Jabba the Hut” e “The Crippler”. Porém, o ponto ainda mais alto desse início ficou por conta da faixa seguinte a qual carrega o nome de um dos seus principais discos. Certamente, estou falando da clássica “Agent Orange”, do álbum homônimo lançado em 1989. Porém, antes de falar sobre essa maravilhosa canção de fazer os gárgulas sorrirem, devo admitir a grata surpresa com a abertura desse show com uma das faixas do excelente e também clássico álbum “Better Off Dead”, de 1990. Diferentemente da apresentação anterior em que tocaram a faixa-título desse disco, além da abertura ter contado com uma das músicas do maravilhoso álbum “M-16”, de 2001.
Já a segunda canção é uma das figurinhas carimbadas da banda e sempre está nos setlists da maioria dos shows. E nem mesmo a ordem dela foi trocada. É a única a ser lembrada do álbum “Get What You Deserve”, lançado em 1994. Entretanto, a terceira música é outra novidade no set, trazendo à tona o grande álbum “Tapping the Vein”, de 1992. Álbum esse que recebeu um relançamento remasterizado amplamente digno e caprichado recentemente. Ainda irei adquirir o meu.
Agora sim, sobre “Agent Orange”, quando foi anunciada, o público se manifestou com uma alegria única. Afinal, o poderio dessa canção é completamente marcante. Headbangers e banda estavam ansiosos para o início da destruição sonora em massa.
A grande valsa já estava formada desde o início, mas ela entrou em combustão acelerada a partir de então. Os primeiros riffs e versos desse clássico alimentou a carga de combustível da galera, que respondeu à altura durante o espetáculo. Outro destaque vai para o fato de que “Agent Orange” é a música mais ouvida no Spotify, algoz dos puritanos de plantão.
“A fire that doesn’t burn”

Demos e EPs entram em cena
Aqui, tivemos outro momento parecido com “Agent Orange”, ocorrendo dessa vez quando “Sodomy and Lust” (“Expurse of Sodomy” EP, de 1987) foi tocada a plenos pulmões. Antes disso, tivemos grandes aperitivos com “Let’s Fight in the Darkness of Hell” (“Victims of Death” demo, de 1984 e também presente no EP mais recente, contando com a formação atual, “1982”, de 2023) e “Proselytism Real” (“Obsessed by Cruelty”, de 1986). Essa última é, com toda a certeza, uma das faixas preferidas daqueles fãs mais ferrenhos e que consideram o debut do Sodom uma obra prima.
Contudo, a velharada pirou quando foi tocada, mas foi na faixa em que mais destaco aqui que outro ápice aconteceu. O refrão de “Sodomy and Lust” foi um deleite para a plateia e o microfone com efeito trouxe mais maldade às vociferações de Angelripper, que estava com a voz em dia. O baixista e vocalista demonstrou muito conforto e alegria ao estar nesse evento.
Insanidade sonora em sequência
Imagina você, que conhece o Sodom de cabo a rabo, e se depara com uma sequência avassaladora como essa: “Blasphemer” (“In the Sign of Evil” EP, 1985) sendo tocada com a sujeira clássica aliada aos tempos atuais e completamente insana; “Tired and Red”, mais uma do “Agent Orange” e que fez o povão vibrar com tamanha agressividade sonora; “Conflagration”, retirada do EP recente chamado “Partisan”, de 2018; e essa quadra simplesmente REPETACULÊ fechou com a magnífica e magnânima “Nuclear Winter”, do clássico absoluto “Persecution Mania”, de 1987! Álbum este que, junto com o “Agent Orange”, forma a grande força motriz da banda!
Todas as músicas foram tocadas com o moshpit fervilhando e todas as faixas etárias se encontraram e se encantaram com tamanha brutalidade oferecida pelos thrashers alemães. Em suma, o Sodom sabe realmente do que é capaz. A despeito dos primeiros riffs que complementam os primeiros passos de “Nuclear Winter”, essa é uma daquelas músicas que não podem ficar de fora do setlist jamais. Afinal, seus solos são um experimento da ciência e ligados às bases ríspidas e aniquiladoras. Isso sem contar o refrão que você pode cantar logo abaixo:
“Make us die slowly
Nuclear winter
Clouds of dust will hide the sun forever
Celebrate
Nuclear winter
Blows straight into your heart
Nuclear winter
Day of tomorrow we’ll go through
Make you testament
Nuclear winter”

Arco macabro da festa
Eu estava com saudade do cover de “Iron Fist” (Motörhead), em que o Sodom havia tocado no show anterior. Até por fazer parte do “Persecution Mania” e seria uma grande parceira da “Nuclear Winter”. Entretanto, a festa só havia começado e então, veio sim um cover. Se não era o legado de Lemmy Kilmister, era a música do Venom chamada “Leave Me in Hell”, e que serviu como ótimo preparativo para nada mais nada menos do que a podreira “Outbreak of Evil” (“In the Sign of Evil” EP, de 1985).
De repente, o chão começou a estremecer com os primeiros dedilhados e a arquitetura local começou a ruir (em sentido figurado) e a desgraceira começou a todo vapor. A forma simples como Angelripper anuncia essa faixa é um prenúncio completo da destruição a seguir e que aconteceu, de fato. Tanto essa música quanto o EP e o álbum subsequente, o sujo e voraz “Obsessed by Cruelty” (1986), contribuíram e muito para o surgimento do subgênero híbrido mais sólido do Metal – o Black/Thrash Metal.
Então, “Better Off Dead” foi novamente agraciado através da faixa “The Saw Is the Law”, outro clássico da banda. Seu refrão é inconfundível e fácil de assimilar, além do seu formato amplamente favorável.
O efeito das alavancas são um charme no disco e também ao vivo. É, portanto, aquele refresco regado a uma boa cerveja alemã. Somado ao efeito no microfone, a canção ficou com o refrão ainda mais intenso e despertou a alegria do pessoal. Os solos serviram para aquela concentração e viagem ao mesmo tempo para observar os músicos “in action” e fazer aquele “air guitar” de “responsa”!
“The saw is the law
The law is the saw
The saw is the law
The law is the saw”
Poderiam ter acrescentado a faixa seguinte a ela no disco, que vem a ser a esplêndida “Turn Your Head Around”.

Relembrando o Setembro Negro de maneira invertida
As duas próximas músicas também estiveram presentes no festival anterior, só que em ordem invertida. Naquela ocasião, “Remember the Fallen” foi tocada antes de “Ausgebombt”. Agora, no Março Maldito, o processo foi inverso e também funcionou muito bem. As duas são outros dos grandes clássicos do álbum mais tocado pela banda, o bravo e memorável “Agent Orange”.
Quando a bateria de Toni Merkel e o baixo de Angelripper começaram a ecoar por toda a extensão da casa, era a impetuosa “Ausgebombt” que estava a dar o ar da desgraça. A timbragem e a captação do som da bateriam estavam impecáveis, então a explosão foi ainda maior. Portanto, serviu para a roda continuar acesa e a consequente valsa seguir em frente.
Em seguida, foi anunciada outra que jamais sairá do setlist da banda, “Remember the Fallen”, com seu início “tranquilo”. Assim sendo, com aquele formato clássico para bangear e cantar junto. Com duas guitarras, você ouve a base totalmente presente e os solos breves, porém excepcionais. Isso sem contar as mudanças de andamento e a tradicional parada, ou intervalo, como queiram. Além de mais solos e momentos mais velozes, que a tornam uma das grandes músicas dos alemães.
“Their tormented souls will never rest
To pay us back for their innocent death
No quarter shed our proud blood
Retaliation on the warpath”
Seria uma senhora apoteose, mas o Sodom tinha mais munição a desferir…
Vocês estão acordados? Estão cansados? Querem mais? Mais uma? Duas? Três?
Essas foram algumas das perguntas durante a comunicação feita por Frank Blackfire a nós, o público. O guitarrista, sempre bem humorado, e aproveitando que sabe falar português, sempre fala bastante com a plateia. Tom Angelripper, por suas vez, também brinca com o público, mas falando em inglês mesmo entre um trago e outro no cigarro. Yorck Segatz também aproveitou para abastecer os seus pulmões. Hahahaha!
O som tocado não foi nenhuma surpresa, pois se trata da ótima “Bombenhagel”, presente em “Persecution Mania”. Eu gosto, mas poderiam trocar por “Christ Passion”, só para exemplificar. A apoteose foi bastante insana e contou com a boa vontade do excelente público presente, agitando do início ao fim do show. Todavia, ela funciona muito bem para o fechamento de uma apresentação devido à sua intensidade e por ser bem direta. E também por ser uma faixa que evidencia bastante o contrabaixo do líder do Sodom, além de abrir espaço para todos os integrantes explorarem seus respectivos equipamentos.
E o que dizer das pausas que a música possui? Dentro do mosh você percebe o quão grandiosa essa pausa é, juntamente com o retorno das notas isoladas de baixo. Não há o que reclamar dessa outra figura tarimbada e carimbadíssima nos shows do Sodom. O final é acompanhado pela trilha chamada “Glück auf der Steiger kommt”. Como diriam muitos, isso foi simplesmente uma aula!

Músicos participantes e setlists das bandas
Todas as cinco bandas presentes no festival vieram com seus respectivos times completos e trouxeram um verdadeiro caos sonoro ao local. Portanto, é hora de destacar quem deu o ar da desgraça sonora e seus respectivos acervos tocados ao vivo.
Formação do The Black Spade:
- R. Maniac Hammer (bateria)
- E. Soulreaper (guitarra)
- T.Aversvs (guitarra)
- The Black Spade Cavalo Bathory (vocal)
- J. Azag (baixo)
Setlist tocado ao vivo:
Intro
1. O Despertar da Aura Negra
2. Condessa Sangrenta
3. Lvna Draconis
4. Hino a Wallachia
5. Soberano Exu Caveira
Formação do Sacramentum:
Setlist tocado ao vivo:
Intro
1. Burning Lust
2. Fog’s Kiss
3. Far Away from the Sun
4. When Night Surrounds Me
5. Blood Shall Be Spilled
6. To the Sound of Storms
7. Awaken Chaos
Formação do Desaster:
- Infernal (guitarra)
- Odin (baixo)
- Sataniac (vocal)
- Hont (bateria)
Setlist tocado ao vivo:
Unholy Intro
1. Satan’s Soldiers Syndicate
2. Devil’s Sword
3. Learn to Love the Void
4. Sacrilege/Profanation (medley)
5. Towards Oblivion
6. Damnatio Ad Bestias
7. Teutonic Steel
8. Nekropolis Karthago
9. Hellbangers
10. Divine Blasphemies
11. Metalized Blood
Formação do Bewitched:
- Nisse Karlén (vocal)
- Anders Brolycke (guitarra)
- C von Gravfenheim (guitarra)
- P. Possessed (bateria)
- Pablo (baixo)
Setlist tocado ao vivo:
Intro
1. Burning Lust
2. Fog’s Kiss
3. Far Away From the Sun
4. When Night Surrounds Me
5. Blood Shall Be Spilled
6. To the Sound of Storms
7. Awaken Chaos
Formação do Sodom:
- Tom Angelripper (baixo, vocal)
- Frank Blackfire (guitarra)
- Yorck Segatz (guitarra)
- Toni Merkel (bateria)
Setlist tocado ao vivo:
1. Shellfire Defense
2. Jabba the Hut
3. The Crippler
4. Agent Orange
5. Let’s Fight in the Darkness of Hell
6. Proselytism Real
7. Sodomy and Lust
8. Blasphemer
9. Tired and Red
10. Conflagration
11. Nuclear Winter
12. Leave Me in Hell (Venom cover)
13. Outbreak of Evil
14. The Saw Is the Law
15. Ausgebombt
16. Remember the Fallen
Encore:
17. Bombenhagel
Considerações malditas finais
Decerto, é muito gratificante ver um novo evento obtendo sucesso e voltado para o underground. Não há do que reclamar diante disso. O público, reconhecendo a qualidade e tradição do Setembro Negro, comprou a ideia facilmente. Isso faz com que haja uma boa reviravolta na questão da elaboração e produção de festivais. Afinal, recentemente tivemos um grave problema envolvendo uma produção desastrosa. E sabemos muito bem como funciona grande parte dos ditos fãs de Metal. Ou seja, generalizam tudo sem estudar ou pesquisar nada a respeito.
Diante disso, tivemos um evento coeso em um lugar já bastante tradicional e atrativo. O local ficou realmente lotado de pessoas em todos os setores disponíveis. Portanto, isso significa que o Março Maldito veio para ficar e funcionará como uma prévia do evento principal, mesmo sem ter uma ligação combinada. Mas por possui um formato semelhante, mesmo sendo de menor porte.
Eu não sei como funcionou a questão das saídas e entradas do local, pois não foram entregues pulseiras o qualquer artifício de identificação para quem comprou o ingresso. Assim como ocorre no festival tradicional de setembro. O endereço é bastante conhecido e possui fácil acesso.
Pontos positivos e negativos a destacar
Começando pela parte não tão boa da coisa, não vai de encontro aos shows em si. Mas isso vai de encontro ao próprio fã que paga o ingresso para estar no evento. Não consigo entender a falta de noção de quem resolve acender uma “paranga” em local fechado e no meio de todo mundo. É inadmissível isso e vou abrir ainda mais essa ferida, pois muita gente não percebeu a bagunça que isso causa.
Quem fuma cigarro normal, por assim dizer, vai até o espaço reservado chamado de fumódromo pelos mais íntimos. Naquele espaço, quem fuma fica tranquilo para queimar o seu tabaco e esvaziar a sua caixinha de Minister, Free, Marlboro, Hollywood, L&M, Vila Rica, Dallas, Derby ou Belmont. Ainda existe Belmont? Esse era típico de jogador de sinuca de boteco com camisa social meia aberta e caneta Bic no bolso. Portanto, esse pessoal obedece a regra. Agora, alguém que fuma maconha pode fumar no meio do show? Percebeu tamanha injustiça? Não é bem contra mim, mas é contra você que fuma um cigarro de tabaco simples. O cara que acende uma porcaria daquela que é o produto real, pois está misturado até com rastro de pombo se bobear, causa um fedor terrível.
Outro fato é que em um show existem pessoas de todos os tipos e níveis de saúde. Quem tem asma, bronquite e qualquer outro problema respiratório pode se complicar, principalmente em estar num local cheio e sem tanta fuga de ar. O calor também ficou intenso por conta do número de pessoas. Estava abarrotado de gente e a entrada de ar precisa ser melhorada nesse aspecto. E quanto aos celulares, deixa pra lá…
Continuação dos pontos
Agora, vamos ao que de melhor podemos destacar além do evento excepcional em si. O público que compareceu em peso e a faixa etária que era bastante variada. Tinha uma molecada afiadíssima por lá. E não eram somente alguns. Ou seja, o Metal está sim tendo o seu público renovado. A mídia falastrona é quem não quer divulgar isso, dando aos falsos dizeres de que “o Metal está morto”.
Para saber realmente, devemos comparecer e ver com nossos próprios olhos e em um show que envolve bandas de acesso não tão fácil, ver que tem pessoas das mais variadas idades, não há preço que pague isso. Também teve a presença da vela faísca no mosh, o que enfeitou bastante o show. Não sei se a vela, também chamada de sparkler, denota algum risco em se tratando de evento indoor. Mas o efeito é bem legal.
Por fim, o Março Maldito Festival teve a sua primeira edição iniciada com o pé direito e já foi garantido que será um evento contínuo. Além disso, vale destacar os fãs de todas as bandas, praticamente, no festival. Todos em prol do Metal, de verdade e de coração. Obrigado pela oportunidade e nos vemos nos próximos episódios!
Local: Carioca Club
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros, São Paulo – SP
Organização: Tumba Productions
Bilheteria: Clube do Ingresso, Carioca Club