“Mob Rules” é o décimo álbum do Black Sabbath, lançado no dia 4 de novembro de 1981 e, assim como seu antecessor, a produção ficou por conta do lendário e saudoso Martin Birch.
Ele é o segundo registro a contar com o vocal de Ronnie James Dio (R.I.P) e o primeiro sem o baterista Bill Ward, que foi substituído por Vinny Apice.
Se o álbum anterior, “Heaven And Hell”, afastou muito a sonoridade do Black Sabbath de suas raízes clássicas, em contrapartida, “Mob Rules” buscou o equilíbrio entre o novo e o antigo. Ou seja, a partir desse conceito, nasceu meu disco preferido de uma das minhas bandas do coração.
Lado A
A pedrada nos tímpanos “Turn Up The Night” abre as portas desse paraíso infernal e se eu tivesse que escolher uma faixa de abertura, certamente, não escolheria outra.
A voz de Dio havia atingido o seu auge; Geezer Butler, por sua vez, estava tocando mais pesado e intenso do que nunca; Enquanto Tony Iommi sendo o mesmo mestre dos riffs de sempre e levando os seus solos a um patamar superior; por último e não menos importante, Vinny Apice batendo pesado e sendo técnico, não deixando a desejar em relação ao vazio que pudesse ter ficado pela falta de Bill Ward. Em suma, Black Sabbath estava em plena evolução de sua música.
Há os saudosistas, principalmente, os defensores da era Osbourne que negam isso, mas quem liga para eles? Eu não, pois somente me importo com o que eu escuto e o que eu escuto beira à perfeição, quando o assunto é som pesado.
“Voodoo” é mais cadenciada que sua antecessora e a defino como um Hard & Heavy, termo utilizado para a mescla homogênea entre Hard Rock e Heavy Metal. Sua letra é a velha relação temática do Black Sabbath ligada ao ocultismo.
“Diga que você não me conhece, você vai queimar / Você pode recusar, mas você vai perder, e é por mim / Diga que não me quer, e você aprenderá / Nada do que você fizer será novo, porque estou farto / Voodoo!”.
“Traga-me seus filhos, eles vão queimar! / Nunca olhe para trás, nunca regresse! / Chore-me um rio, você aprenderá / Voodoo!”.
A volta do Doomer Black Sabbath:
Para quem estava sentindo a falta do “Doomer” Black Sabbath, “The Sign Of Southern Cross” chegou para saciar esse desejo, pois, nesse momento, o quarteto explorou as suas raízes mais profundas em uma canção divina. É certo afirmar que músicas como essa influenciaram igualmente as vindouras bandas de Doom Metal como as da fase Ozzy. Portanto, não tenho o mínimo receio de fazer tal afirmação.
“Em um mundo real, a oeste das maravilhas / Em algum lugar, em lugar nenhum, tudo / Há um arco-íris, veja-o brilhar / Quando o verão cai / A partir do livro, a palavra é falada / Sussurros de salmos esquecidos / Reúna todos os jovens / Eles nos farão fortes! / É o sinal do Cruzeiro do Sul / É o sinal do Cruzeiro do Sul”.
Musicalmente, “E5150” é um tema instrumental que é um conjunto de efeitos sonoros. Mas, na verdade, é um nome simbólico para a palavra “EVIL”. E – V ( algarismo 5 em números romanos) – I (algarismo um em números romanos) e L ( que é 50 em numerais romanos).
Faz no máximo uns dez anos que eu sei disso, pois antes nem imaginava que “E5150” significava “MAL”. Vivendo e aprendendo, como diz o jargão popular, acredito que ainda não sei tudo sobre esse disco.
“The Mob Rules”
Logo depois, chega o momento da música que se refere ao título do full lenght. Eu achava que conhecia todo o seu potencial, até que eu vi a banda solo do Dio a executando no Hollywood Rock de 1997. “The Mob Rules” tem uma vibe, fantasticamente surpreendente, sendo capaz de ressuscitar os mortos-vivos mais sonolentos.
“Mate o espírito e você ficará cego, o fim é sempre o mesmo / Brinque com fogo, você queima seus dedos e perde o controle da chama, oh / Acabou, acabou / O fim começou / Se você ouvir tolos … / A ralé domina”.
Ou seja, se você der ouvidos ao que e a quem não presta, o pior vai sempre te dominar, por dentro e por fora.
Em seguida, mais um momento Doom Metal chega com “Country Girl”. Eu amo tanto essa música, que eu tive uma banda de músicas autorais e tocávamos alguns covers e fiz questão de que ela fosse um deles. O breakdown seguido do momento mais melódico com a estonteante voz de Ronnie James Dio eleva a alma encarnada ao mais alto galardão do paraíso por alguns segundos.
“Em sonhos eu penso em você / Eu não sei o que fazer comigo mesmo / O tempo me decepcionou / Ele traz sonhos desfeitos, estrelas caídas / A busca sem fim de onde você está / Navegar, navegar (e não encontrar você)”.
Geezer Hour
“Slipping Away” deveria se chamar “Geezer Hour”. Butler só não faz chover nessa canção porque, obviamente, ele é baixista e não um pajé (rs). Qualquer baixista, que ame o seu instrumento, gostaria de ter composto uma linha de baixo como essa, pois, ele simplesmente faz um duelo de solos com Tony Iommi. Coisa linda demais de se ver, ou melhor, de se ouvir.
Chegamos então ao terceiro momento Doom do disco. “Falling Of The Edge Of The World” começa lenta com a voz de Dio explorando os seus recursos melódicos, mas, subitamente, na sequência, o riff de Iommi chega impondo respeito nessa atmosfera chamada Black Sabbath.
“Eu tenho que ser forte / Oh, estou caindo da beira do mundo / Pense que você está seguro, mas você está errado! / Estamos todos caindo da borda do mundo!”.
Em resumo, a letra diz que o mundo atual nos mostra que precisamos ser fortes se não quisermos “cair da beira do mundo”, se não quisermos fazer parte da MATRIX indesejada pelos lúcidos, alimentada pelos ímpios.
“Over And Over”
“Over And Over”, que é a mais Doom do registro, encerra esse álbum que está acima de qualquer crítica negativa que alguém possa ter feito a seu respeito. O riff de Tony Iommi é uma mistura melancólica e sombria e seu solo é o meu favorito desse disco.
A interpretação vocal de Dio também está entre suas melhores participações na carreira do Black Sabbath. Dos fãs da banda que apreciam a era Dio, a impressão que tenho é que, a maioria prefere “Heaven Hell” (1980) ou “Dehumanizer” (1992). Mas, eu sou uma excessão. Se eu estiver certo, faço parte da minoria que tem o “Mob Rules” como o disco favorito, não só da fase Dio, como de toda a história do Black Sabbath.
Aos saudosistas da fase Ozzy, meu conselho é que eles ouçam, carinhosa e cuidadosamente, “Mob Rules”, pois assim chegarão a conclusão que há muito da sonoridade que eles defendem como “verdadeiro Black Sabbath” nesse registro. Saiam de sua caverna e deem uma chance a vocês mesmos, quebrando tabus, que garanto, que vocês não vão se arrepender.
Nota: 9,5
Integrantes:
- Tony Iommi (guitarra)
- Geezer Butler (baixo)
- Ronnie James Dio (vocal)
- Vinny Apice (bateria)
Faixas:
- Turn Up The Night
- Voodoo
- The Sign Of Southern Cross
- E5150
- The Mob Rules
- Country Girl
- Slipping Away
- Falling Of The Edge Of The World
- Over And Over
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz
Fala aí, Cris!
Ó eu de novo…cara tua resenha tá excelente, só não tá perfeito por causa do Sabbath Bloody Sabbath (rsss) que acho um álbum fantástico! Quanto ao Mob Rules possuo até uma T-shirt com a capa em fullprint estampada e acho sim o melhor depois do SBS, realmente é um discaço!
É como disseste: “quebrem tabus.”
Até porque o Dio cantava pracaraio!
Grandioso abraço!
Obrigado pelo reconhecimento!
Meu favorito da fase Ozzy é o “Master Of Reality”. Também escrevi resenha dele:
https://www.mundometalbr.com/classicos-black-sabbath-master-of-reality-1971/
Gosto da técnica de Vinny Apice…toca muito!!!! O Termo ¨Heavy Metal¨ se adequa melhor a fase ¨DIO¨nos vocais do Sabbath, bons tempos de antigamente!!!! Valeu!!!!