“Blackwater Park” é o quinto full lenght da banda sueca Opeth, lançado no dia 12 de março de 2001 pelo selo Music For Nations.
Ele sucedeu “Still Life” de 1999, consolidando definitivamente o nome do Opeth no mundo da música. Embora seus quatro primeiros álbuns tenham agradado, “Blackwater Park” foi o primeiro a atingir um nível superior de qualidade e relevância.
Em “Blackwater Park”, a sonoridade, que mesclava Progressive Death Metal, Progressive Rock e alguns temas líricos de Black Metal, estava próxima de atingir a sua plenitude, o que viria a acontecer em “Ghost Reveries” de 2005, oitavo disco da banda.
Line-up Clássico
O registro é o segundo a contar com o line-up clássico, Mikael Åkerfeldt (vocal, guitarra), Peter Lindgren (guitarra), Martin Lopez (bateria) e Martín Méndez (baixo), formação que ainda gravou mais três álbuns, “Deliverance” de 2002, “Damnation” de 2003 e “Ghost Reveries” de 2005.

“The Leper Affinity”
“The Leper Affinity” já faria sozinha com que a audição tivesse valido à pena. Já que seu alto nível de musicalidade dá orgulho alheio. Pois, nem os haters de Opeth encontram argumentos que justifiquem criticar a criatividade e a ousadia musical de Mikael Åkerfeldt e seus comandados.
A música e a letra causam um estado de transe e êxtase profundo, da mesma forma que a tempestade e a calmaria se fundem em uma única atmosfera.
“Entramos no inverno mais uma vez, nu e congelando a minha respiração / Sob a tampa, todos os membros dobrados, este caixão é sua morada de agora em diante / Seu corpo é meu para aproveitar uma visão tão trágica que você é / Escravo sob meu credo /me estimulando com essas lágrimas”. Após a primeira tonelada de peso e o lindo solo de guitarra, esse é o relaxamento lírico: “Perdidos estão os dias de primavera / Você avistou e me deixou entrar / Mantenha a besta acorrentada dentro de minha pele / Gritando que é tarde demais, perdendo para o meu ódio / Ela cresceu junto com sua pele, e percorreu as trilhas do pecado.”
“Batendo, coração parado / Batendo pela causa / Alimentando a alma quieta / Alimentando-se da perda”, esses são os primeiros versos de “Bleak”, uma canção que faz com que a alma brilhe tanto quanto sua antecessora. Destaco a maravilhosa capacidade que Åkerfeldt tem de utilizar tanta melodia mesmo cantando gutural. Ele é realmente um fenômeno nesse sentido. É inegável e impressionante essa faculdade musical que o mesmo possui. Não há como eu não me arrepiar. A cada vez que ouço, a emoção é garantida. É chegada a hora da colheita. “Harvest” é totalmente Rock Progressivo e, portanto, não possui vocais guturais. “Drenado pela carícia mais fria / perseguindo sombras à frente / Aureola da morte / Tudo que vejo é a partida / O lamento do enlutado / Mas sou eu o mártir.” Essa é a “Colheita” de “Harvest”.
Tempo de colheita dos malfeitores
Infelizmente vivemos um período de muita colheita. Ainda que sejamos os mártires da ânsia por poder e controle.

“The Drapery Falls” / Martin Méndez
“The Drapery Falls” introduz destacando o trabalho baixista. Carlos Martín Méndez Esposito, ou simplesmente Martin Méndez, nasceu em Montevideo no dia 6 de abril de 1978 e toca no Opeth desde 1997, sendo membro do line-up até hoje.
Voltando a canção que está sendo analisada, “The Drapery Falls” soa somente Rock Progressivo por mais de cinco minutos e só aí começa a ter uma pegada mais Progressive Metal, ganhando os guturais de Mikael e a bateria mais quebrada e dinâmica de Martin Lopez.
“Dirge For November”
“Dirge For November” começa na total calmaria com os vocais suaves e melódicos e Akerfeldt e um lindo solo acústico de guitarra, porém em menos de dois minutos, o peso chega e chega feito uma avalanche causando destruição por onde passa.
“O mero reflexo trouxe nojo / Nenhuma provação para conquistar / Esta fenda firme.” Essa parte pesada e muito intensa da canção se conecta com a sua tranquila introdução e isso é nítido em cada segundo da audição.
“The Funeral Portrait”
Nossas gerações mais antigas tinham o costume de fotografar os mortos. Claro que esse costume foi abandonado, como deveria ser, porém isso foi realidade. Pensei nisso pela tradução do título da faixa “The Funeral Portrait”, que é:
“Chega disto, você vai me deixar agora / Você vai ver agora, perecer em minhas mãos / Perto de você, emaranhado no cabelo / Estigma fresco parece, devo levá-lo comigo / E esta frio, olhos de rubi na névoa / Sou eu!”
Os riffs e solos de guitarra dessa canção são meus favoritos nesse álbum, pois traduzem o altíssimo nível da qualidade musical do Opeth. Em suma, esse disco é muito viciante.
“E você é como todos eles / manchada pelos nomes dos pais / Estou saudando minha queda, deixando a agonia para os outros.”
Herança maldita
Será que realmente herdamos as vergonhas de nossos antepassados? Fica o questionamento.

“Patterns In The Ivy” / “Blackwater Park”
O pequeno e bonito tema instrumental “Patterns In The Ivy” precede a faixa título que encerra o disco. “Blackwater Park” é a canção mais sombria e extrema do full lenght que por ela é batizado, além disso, também é a composição de mais longa duração do mesmo.
Noto nela uma excitante veia Black Metal, a qual faz uma enorme diferença. O peso de suas guitarras é incrivelmente lindo, assim como suas passagens acústicas.
“Confesso das tragédias humanas / Espreitando no âmago de todos nós / A última chamada de morte para o perdido / Encontros breves, dor sangrenta.”
Temáticas do Opeth
Os temas líricos do Opeth se baseiam em todas as cargas emocionais humanas adquiridas em sua convivência social. O arranjo de bateria de Martin Lopez nessa canção parece algo que não pertence a esse universo.
“Blackwater Park” tem vocais guturais do começo ao fim, não possuindo vocais mais limpos e ou melódicos. Pois digo que la funcionou bem demais nesse formato.
Sonoridade
Opeth produz uma daquelas sonoridades que estão acima da minha limitada compreensão e o que me resta é admirar e me deleitar da mesma. Quem ainda não conhece esse disco e o trabalho do Opeth em qualquer fase que seja, deveria se dar essa chance, pois vale muito á pena! Eu posso garantir.
Nota: 9,4
Integrantes:
- Mikael Åkerfeldt (vocal, guitarra)
- Martín Méndez (baixo)
- Peter Lindgren (guitarra)
- Martin Lopez (bateria)
Faixas:
- 1.The Leper Affinity
- 2.Bleak
- 3.Harvest
- 4.The Drapery Falls
- 5.Dirge For November
- 6.The Funeral Portrait
- 7.Patterns In The Ivy
- 8.Blackwater Park
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz