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Sepultura: reunião da formação clássica seria memorável ou apenas fan-service de quinta categoria?

Desde que o vocalista/guitarrista Max Cavalera saiu do Sepultura em pleno auge comercial da banda em 1996, os fãs (principalmente os mais antigos) nunca deixaram de cogitar e pedir uma reunião da formação clássica. Acontece que os anos foram passando, muitas coisas foram acontecendo, muitas declarações foram feitas pelos integrantes e ex-integrantes e, como todos sabem, em 2006, o baterista Iggor Cavalera também deixou de fazer parte do quarteto mineiro, deixando este sonho ainda mais distante.



Mas será que essa reunião seria realmente proveitosa em algum ponto?

Eu sei que talvez esta seja uma verdadeira obsessão para os que viram o Sepultura em ação nos anos dourados ou para os que não conseguiram ver e gostariam de provar esta experiência. Mas para quem acompanha a banda há anos como acompanho, é nítido e notório como os irmãos Cavalera vivem em um mundo absolutamente distante da realidade de Andreas Kisser e Paulo Jr. Não estou aqui para tomar lados, até por que gosto bastante dos trabalhos do Sepultura com Derrick e também gosto muito dos projetos e bandas de Max Cavalera. Só o que precisamos ponderar é: esses caras seriam funcionais novamente depois de mais de 20 anos separados?

A resposta é um tanto óbvia: não seriam. E vou explicar o porquê desta afirmação nas próximas linhas.

Esses rumores sobre reunião sempre retornam de tempos em tempos, seja em razão de alguma declaração de um dos músicos ou por algum clamor dos fãs, mas este é um tema que invariavelmente volta para nossas pautas. Acontece que o homem responsável por organizar o Sepultura desde a partida dos irmãos Cavalera não enxerga uma reunião como algo realmente vantajoso. É claro que me refiro a Andreas Kisser. E quer saber? Neste ponto ele está totalmente correto.



Temos que pensar, racionalmente, sobre o fato

Não estou aqui analisando este assunto de forma apaixonada, mas racionalmente. Vamos lá, toda esta confusão entre Max e o Sepultura teve como ponto de partida a insatisfação da banda com a empresária Glória Cavalera (esposa de Max). Max ainda está com Glória (casado e ainda empresariado por ela). Um retorno dos irmãos ao Sepultura trazendo de volta a pessoa que causou a ruptura da banda nos anos 90 não teria o menor sentido. Pense como se fosse a sua empresa e me diga, você aceitaria algo assim?

Reprodução/Twitter

O primeiro ponto que deve ficar claro é que se Glória estiver envolvida, a reunião jamais ocorrerá. Max ou qualquer um que esteja interessado em uma reunião precisa entender que esta é a cláusula numero zero para que o assunto seja discutido com um mínimo de seriedade. E você sabe qual a razão de mencionar que “Max precisa entender”? Fácil, é que Max é o cara que sempre tentou uma reunião ao longo dos anos. Aliás, Max foi o cara que mais vezes mudou de opinião sobre este tema. Abaixo estão algumas declarações conflitantes do músico.

Em 2014, Max disse o seguinte ao site hollywood.com:

“Na verdade, perdi todos os tipos de esperança sobre uma reunião. Sinceramente, hoje, eu não vejo isso acontecendo, digo isso por causa de como é a nossa vida e como é a vida desses caras (os outros membros do Sepultura)… Vivemos em mundos completamente diferentes daqueles caras… Não será a mesma coisa. A magia se foi. Não acho que um reencontro seria o melhor para o Sepultura… Eu meio que prefiro ficar assim como estou e preservar a memória de como foi. Era uma ótima banda… Estou orgulhoso dos discos… e você pode ir ao YouTube e conferir todos os vídeos antigos e ver como eramos ótimos, e meio que deixar apenas assim.”



Já em 2015, a certeza já não era tanta e o músico disse o seguinte ao site DCHeavyMetal.com:

“É, provavelmente não vai acontecer, sabe. Quer dizer, eu não vejo isso acontecendo e realmente não me importo muito com isso.”



Em 2016, o discurso mudou e Max falou ao Metalpaths TV:

“Sim, se fosse feito da maneira certa, seria ótimo, mas agora, eu nem acho que precisamos, porque acho que esta turnê “Return To Roots” meio que provou que os fãs nem ligam se a banda é formada por todos os membros da formação clássica. Eu acho que eles apenas… eles gostam de ver eu e o Igor tocando juntos. A maioria dos fãs só quer ver eu e Igor, então eu acho… eu quase acho que esta é a reunião de verdade. Mas, você sabe, se eventualmente chegar o dia em que Andreas disser que… e eu não acho que isso vá acontecer, porque eu o conheço (Risos). Mas se acontecer, sim, é claro, faríamos uma turnê de reunião adequada, você sabe.”

Como foi a tentativa de Max em fazer a reunião?

Nesta época, rolou uma grande comoção, por que Max chegou a telefonar para Andreas Kisser, mas como vocês podem ver, os termos de Max não eram tão interessantes assim para Andreas:



Bem, como não houve avanços e a turnê dos irmãos Cavalera tocando na íntegra o álbum “Roots” foi um sucesso, em 2017 Max deu a seguinte declaração ao site Metal Wani:

“Faz muito tempo que não planejamos isso. Faz muito tempo que tentamos fazer o reencontro com os outros idiotas. Mas eles não querem fazer isso. Eles continuam estragando tudo e ao mesmo tempo em que liguei para Andreas e disse ‘Vamos lá, cara’. Fiquei tão frustrado. A conversa não estava indo a lugar nenhum. Quero fazer isso pelos fãs. Então, graças a Deus, Gloria teve essa ideia. Ela estava dizendo: ‘Que tal você e Iggor, façam vocês mesmos. É o seu disco, você o escreveu. Iggor tocou bateria nele. Você escreveu todas as músicas nele. Você cantou todas as coisas. Acho que as pessoas vão gostar de ver assim, elas não se importam com o resto’. Fiquei um pouco apreensivo no início. Fiquei tipo ‘Não sei…’ e então fizemos um teste. Decidimos tentar primeiro, então fizemos um festival no Canadá. O show foi ótimo pra caralho. Todo mundo adorou. Em seguida, fizemos uma turnê pelos Estados Unidos e foi fantástico.”

Reprodução/ TV Mirante

Ao mesmo tempo em que Max batia nesta tecla e demonstrava o interesse de fazer este reencontro da formação clássica, o Sepultura atual capitaneado por Andreas Kisser jamais demonstrou qualquer apreço pela idéia. Tanto que no mesmo ano (2017), Andreas declarou ao Eonmusic:



“Nós nos acostumamos com isso. As pessoas têm certos tipos de expectativas e ideias (se referindo a reunião), e a maioria das pessoas que querem ver isso acontecer obviamente nunca viram o Sepultura com essa formação. Quer dizer, isso não nos incomoda, é apenas uma parte do que somos, mas isso é algo em que não estamos trabalhando, com certeza. Estamos muito ocupados aqui trabalhando no novo álbum, fazendo o que fazemos, e isso é algo que não faz parte dos nossos planos, com todo o respeito. Quero dizer, apenas abordamos o assunto e é isso. Sei que muitas pessoas têm curiosidade sobre o que está acontecendo e outras coisas, mas não há nada acontecendo, estamos muito focados aqui no que estamos fazendo e gostando de tudo o que estamos fazendo.”

Max se arrependeu de ter deixado o Sepultura

Em 2018, Max reconheceu em uma entrevista que se arrependeu de ter saído da banda da forma que saiu e assumiu que ter deixado o nome Sepultura para trás foi um grande erro. Andreas Kisser foi questionado se ele se sentia incomodado com estas declarações em uma entevista cedida ao Metal Wani. O guitarrista do Sepultura alfinetou sutilmente:

“Não, de jeito nenhum. Essa é a opinião dele. O que posso dizer? Fizemos o que fizemos, ele escolheu o caminho a seguir e nós escolhemos o nosso. Tudo o que posso dizer é que arrependimento é algo muito, como posso dizer, é algo muito ruim de se sentir. Vejo coisas que podemos ter uma opinião diferente, tipo, ‘dez anos atrás, se eu não tivesse feito tal coisa, eu poderia ter feito essa outra coisa e tudo teria sido melhor’ e outras coisas assim. Nesse caso não é um arrependimento. Acho que é uma lição. Você tem que aprender com isso, e não apenas gritar: ‘Oh, eu tinha que ter feito isso’,’Eu deveria ter feito aquilo’. Você precisa pensar no porquê as coisas estão como estão agora e aprender com os erros, digamos. Nesse sentido, não me arrependo, tenho apenas momentos de aprendizagem (risos). Porque se você se arrepender, você sempre vai estar lá, sei lá, em algum lugar em 1996, você não vai sair daquele lugar. Porque você sempre vai pensar nisso: ‘Eu deveria ter feito isso’, ‘Eu deveria ter feito isso e aquilo.’ Isso é muito ruim para a sua saúde, é ruim para o seu espírito, é ruim para tudo, relacionamento com as pessoas e tudo mais. Portanto, prefiro ver como acabei de dizer, o arrependimento não existe. É apenas uma forma de aprender. É uma lição. Não é agradável, mas é onde aprendemos.”



Em 2020 aconteceram dois episódios bem equivocados e creio que isto foi a pá de cal em qualquer possibilidade de uma reunião. Primeiro, o vocalista Derrick Green foi questionado em uma entrevista sobre como ele se sentia quando via as pessoas pedirem uma reunião da formação clássica, o músico disse:

“Não me preocupo muito com as outras pessoas e se elas ficando presas no passado. É apenas algo que não quero fazer parte ou estar perto (Risos)”



Reprodução/Facebook

Como podem ver, o comentário nem foi algo desrespeitoso ou grave, mas gerou a fúria de Glória Cavalera, que imediatamente foi ao Twitter e disparou:

“Ei, eu tenho um grito! Foda-se! Max e Iggor nunca falam sobre uma reunião. Por que você acha que eles foram embora? Você precisa falar sobre Max e Iggor para conseguir alguma atenção?? Sim, é difícil para VOCÊ seguir em frente! Max e Igor podem voltar às raízes e tudo que você pode fazer é cantar as letras que meu marido escreveu!”

Max saiu do Sepultura, mas o Sepultura nunca saiu dele

O segundo acontecimento esquecível deste ano foi quando Max apareceu em uma live tocando o clássico “Dead Embryonic Cells”, do Sepultura. E depois disse o seguinte:



“Galera do Brasil, tô com a bandeira aqui atrás. Max Cavalera aqui, detonando tudo com ‘Dead Embryonic Cells’ e não se esqueçam, esses são os meus riffs. Não se esqueçam, os impostores estão aí no Brasil tentando convencê-los. Continuam tocando essas músicas até hoje, mas nunca se lembram de onde vieram esses riffs. Vieram daqui, tá bom? Vocês nunca se esqueçam disso, tá? E os impostores nunca nem deram obrigado, esses filhos da puta aí do caralho. Então é isso aí, vocês não se esqueçam disso, dos riffs de Max Cavalera, ‘Dead Embryonic Cells’. Cada vez que vocês escutarem essas músicas, saibam de onde vêm esses riffs, tá? Não é daquele bando de pau no cu, filho da puta. Então é isso aí, valeu galera do Brasil que tá assistindo, um puta abraço pra vocês e vamos ver se a gente se vê aí no ano que vem, já estamos marcando umas turnês por aí, espero que role alguma coisa.”

É claro que a essa altura do campeonato, onde todas as tentativas e tratativas sobre uma possível reunião da banda já tinham falhado miseravelmente, este tipo de comportamento acaba sendo apenas o ato de “apertar o botão do foda-se”. É o tipo de atitude que pode até ser libertadora no momento. Mas a longo prazo não contribui em nada para que uma resolução amigável aconteça. Cada vez que observamos esse tipo de comportamento sabemos que um entendimento fica mais e mais distante.

Notem que não são poucos os desentendimentos. E tudo isso sem mencionar todos os problemas envolvendo o documentário “Sepultura Endurance”. Já que os irmãos se recusaram a participar, não deram qualquer tipo de depoimento para o filme. Além disso, ainda exigiram a retirada das músicas clássicas originais que apareciam na trilha sonora.



A diferença entre Kisser e os Cavaleras

O que podemos perceber é que enquanto Andreas Kisser demonstra ser um cara centrado e focado em sua carreira, estando sempre atento aos negócios do Sepultura, não mudando basicamente uma vírgula do seu discurso e se mantendo coerente com o que acredita. Max é do tipo impulsivo, fala o que vem na telha e a cada ano quer alguma coisa diferente à respeito do mesmo tema.

Talvez por isso acaba quase sempre atropelando a si próprio com declarações polêmicas que fazem a festa de jornalistas ávidos por um bom clickbait. Nenhum dos dois são vilões, não existe um certo ou um errado nesta história. Portanto, são apenas dois músicos que possuem visões absolutamente antagônicas sobre um mesmo tema. Os dois funcionaram muito bem enquanto houve a parceria e colaboração mútua. Pois havia química e isso fez com que o Sepultura chegasse ao topo do mundo do Metal. Mas com o passar do tempo acabaram tomando rumos opostos e o show precisa continuar.

Reprodução/Getty Images

Musicalmente, ambos vem apresentando trabalhos dignos em seus respectivos projetos, porém, vejo o Sepultura numa grande curva ascendente, principalmente, se analisarmos os dois últimos trabalhos. Já Max, sempre esteve em evidência e sempre foi um músico extremamente respeitado principalmente no exterior. O que estes dois ganhariam com uma reunião do Sepultura? Primeiro vamos falar o óbvio: dinheiro pra caramba. Mas e depois? Por que o que fica muito evidente ao analisar as declarações e a postura de ambos, é que eles querem coisas diferentes.

As diferentes propostas musicais da atualidade

Enquanto o Sepultura atual aposta em novas propostas e expande os seus horizontes musicais a cada novo trabalho, o Soulfly, o Cavalera Conspiracy e, mais recentemente, o Go Ahead And Die, buscam sonoridades mais old school e calcadas no passado de Max ou nas coisas antigas que o músico gostava de ouvir em sua juventude. Ambas as propostas tem o seu valor, são válidas, mas temos aqui duas personas basicamente opostas, algo como água e óleo.



No mais, o Sepultura passou por um processo muito longo e cheio de percalços até chegar nesta nova ascenção. É difícil acreditar que Andreas dispensaria um parceiro de banda de mais de 20 anos como Derrick Green, que carregou sua cruz de forma serena e entregou justamente no último disco da banda a sua melhor performance. É difícil acreditar que um cara bem resolvido com seu passado, satisfeito com seu presente e sabendo onde pode chegar no futuro, dispensaria um dos bateristas mais fantásticos da atualidade (Eloy Casagrande) e apostaria tudo em uma reunião tresloucada onde não se tem qualquer garantia que possa sequer ser funcional.

Em 2021, Andreas disse ao portal G1:

“Não vejo a coisa dos Cavalera como nostálgica, vejo como um fato histórico da banda. A gente está num momento muito melhor da nossa carreira em todos os aspectos: de união, de respeito entre os músicos, de clareza de comunicação com os empresários e dos objetivos da banda. Se a gente fosse nostálgico, não estaria aqui hoje. Estaria tentando inventar turnê para tocar o disco ‘Arise’ ma íntegra ou fazendo celebração de disco velho, coisa que a gente não faz.”



E eis que nesta última declaração temos a comprovação definitiva do quão errado é manter qualquer expectativa sobre este assunto. Na verdade, separei duas declarações, uma de Max e outra de Andreas, e depois delas tudo ficará ainda mais claro.

Max sobre uma possível reunião:

“A idéia não é fazer nada novo, nada de compor um álbum novo. Apenas tocar coisas antigas. Isso é ótimo. Tocar coisas velhas é melhor ainda. Músicas antigas são mais poderosas de qualquer forma.”



Andreas sobre o atual Sepultura:

“Estamos em um ótimo momento e a intenção é construir algo para o futuro e não ser escravo do passado”

A resposta para a pergunta: reunião da formação clássica seria memorável ou apenas fan-service de quinta categoria?

Através destas palavras, podemos concluir que caso um dia ocorra a tal reunião da formação clássica do Sepultura, não será nada mais do que um tremendo fan service de quinta categoria, tendo como único objetivo arrecadar o máximo de dinheiro possível e engordar as contas bancários dos envolvidos. Os músicos iriam apenas se aturar durante o tempo em que acontecessem os shows e aquela mágica que um dia existiu no passado, seria despedaçada e substituída por imagens de uma banda muito aquém dos seus dias de glória.



Que fiquem como estão agora. Precismos de mais “Quadra”, “Machine Messiah”, “Archangel”, “Ritual” e “Go Ahead And Die”. Deixem “Schizophrenia”, “Beneath The Remains”, “Arise” e “Chaos AD” em paz!

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Comentários

  1. Acredito também que, se um dia tiver essa reunião será mesmo por dinheiro e assim vai!!!! Já foi o tempo do auge do Sepultura e dos projetos de Max Cavalera, até o Angra está em maior destaque do que muita banda brasileira de Metal!!!! Sem contar que o Troops of Doom também tem sua qualidade que tanto gosto, nada de Groove Metal e um som mais cadenciado no Metal anos 80 e 90!!!! Hoje em dia tem muita banda brasileira escondida por aí, só esperando uma oportunidade…vejo muita coisa boa na cena metal brasileira, o que não pode é vc ficar nessa de esperar uma reunião entre os Cavalera e Sepultura, a Vibe já foi!!!! Valeu!!!!

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