“Thunder Seven”, como o próprio nome já sugere, é o sétimo full lenght da banda canadense de Prog/Hard Rock, Triumph. Logo após uma sequencia de dois álbuns que aumentaram a sua visibilidade na cena mundial, “Allied Forces” em 1981 e “Never Surrender” em 1983, o power trio canadense de Prog/Hard Rock, Triumph, escalou ninguém menos que o gênio Eddie Kramer para a produção do seu sétimo disco, “Thunder Seven”.
Kramer faz parte da elite de produtores, da mesma forma que Martin Birch, Andy Sneap, Rick Rubin, Chris Tsangarides, George Martin, entre outros.
Lembro até hoje o dia em que fui pela primeira vez na casa de um amigo e, posteriormente, professor. Ele tinha três álbuns do Triumph, “Just A Game”, “Never Surrender” e “Thunder Seven”.
Foi dessa forma que eu conheci a banda e, instantaneamente, me tornei fã. Gosto de todos os dez discos deles, mas o sétimo full-lenght se tornou cada vez mais especial com o passar dos anos.

Esse álbum possui uma estranha peculiaridade, que talvez provavelmente tenha sido o seu único equívoco. Os dois singles, embora sejam duas ótimas canções, são as faixas com o menor potencial entre as dez.
Desde que inicía, já parece enfeitiçar a alma
Um dos singles, “Spellbound”, abre o álbum com um riff envolvente e mágico, um Hard Rock fascinante que hipnotiza como se enfeitiçasse.
“Fascinado, sonhando com você o tempo todo… / Encantado, parece que estou caindo sobre a linha… / Encantado, ficará tudo claro em minha mente ao amanhecer?”
Do mesmo modo, o refrão me congela de forma criogênica em minha juventude e depois demoro a sair desse transe.
“Eu não faço promessas / as quais eu não possa cumprir, então é melhor eu pensar bem / pois estou muito envolvido”.
Esse último trecho é outro que descreve com perfeição como me sinto.
Em seguida, a introdução de “Rock Out, Roll On” já faz com que eu me arrepie todo e que eu derrube as primeiras lágrimas as quais eu nem sei ao certo o porquê estão caindo. Em suma, essa canção realmente me deu forças para me superar e derrubar todos os meus limites.
“Você não consegue ouvir o futuro batendo na sua porta… / Você não consegue ouvir os passos assassinos no chão / chega uma hora que você se cansa e decide romper a barreira / daí então é tudo uma questão de tempo”
Uma linda guitarra acústica faz com que soem os primeiros acordes de “Cool Down”, um Rock’N’Roll clássico que inegavelmente remete a Led Zeppelin. Certamente, o toque genial de Eddie Kramer se faz presente nessa canção.
“Follow Your Heart”
Já o segundo single, “Follow Your Heart”, foi aposta da banda para ser um eterno hit, porém infelizmente não ocorrera. O que eu posso dizer sobre uma música que começa assim?
“Dizem para que nunca olhemos para trás / felicidade é só um estado de espírito… Rock And Roll vive e respira nos corações dos jovens”?
Além disso, qualquer coisa que eu dissesse a mais seria muito menor que…
“sua hora está chegando / mantenha os seus sonhos vivos / siga o seu coração / vivendo o hoje e esquecendo o amanhã”.
Michael Levine, Gil Moore e Rik Emmet jamais saberão, mas eles me ajudaram de alguma forma a não desistir de absolutamente nada.

Vamos então para o lado B do álbum, já que a partir daí não é humano o que acontece comigo. Tentei por diversas vezes entender o que sinto, mas fracassei em todas. Nesse sentido, “Time Goes By” em um dos hinos da trilha sonora da minha vida. Emmett e Moore revezam o vocal principal e o resultado final demonstra que não poderia ter sido de outra forma.
“Você pode sentir o trovão rolando no coração de um jovem? / Você pode ver a frustração que o está afastando?”.
Juventude e tempo são os temas mais tratados pela banda nesse disco, pois é justamente nessa fase que somos invadidos pelos mais diversos questionamentos profundos. Assim sendo, parece o roteiro da minha jornada interior.
“Ninguém sabe realmente o que dizer / Amanhã é outro dia, que parece a milhas de distância, muito, muito longe…/ O tempo passa / pontes queimam e grandes rodas giram…/ O tempo voa / ele te trará de volta? / Você sabe que eu não posso viver sem o seu amor… / O tempo passa / você sabe que jamais viverei sem você / sem você…”
Algo que é característico nos registros do Triumph, é Rik Emmet demonstrando toda a sua musicalidade como guitarrista em temas instrumentais. Com “Midsummer’s Daydream” não foi diferente, pois Emmett é um músico diferenciado.

“Time Canon”
A capela “Time Canon” me leva ao pleno êxtase durante um minuto e trinta e três segundos. Rik e Moore não conseguiriam fazer mais perfeito do que fizeram, pois não há menor possibilidade. Gil e Emmett novamente revezam as vozes na fantástica “Killing Time”, o ponto mais elevado do “Thunder Seven”. A emoção transborda novamente da minha alma, enquanto sua introdução me entorpece.
”Você sente que é agora ou nunca / mas as palavras parecem não vir…/ O tecido dos seus sonhos começa a se desmanchar…/ Você percebe que acabou antes de ter começado, você busca por algo especial, mas esse algo nunca vem…”.
A última estrofe e refrão da música é a lição final que todos nós custamos a aprender, porém é fundamental que o façamos:
“O tempo que perdemos com ódio, cheios de raiva e ciúme / todas as vezes que se voltou para mim, todos aqueles dias solitários / quando estávamos matando o tempo, eu precisava de você mais do que nunca, você não conseguia ver isso em meus olhos? / O tempo está se esgotando, passando por nós, eu até poderia chorar, porque se foi e nunca mais voltará…O tempo seguiu em frente e nos deixou para trás”.
Parte final e conclusão
Todas as vezes que eu ouço esse álbum completo e termina essa faixa, um Cristiano morre e outro nasce mais forte e mais cheio de energia do que antes.
“Stranger In A Strange Land” chega a fim de oferecer um relaxamento para o turbilhão de emoções explícitas vívidas até ai.
Uma bela canção que remete a sonoridade que a banda possuía nos anos 70, que foi quando alguns equivocadamente a comparava com outro power trio canadense, Rush. Comparação ridícula essa, já que são duas bandas diferentes de sonoridades completamente distintas.
O Rush teve somente a princípio algo parecido com Hard Rock e só, linha que sempre foi perseguida pelo Triumph. Aliás, nenhuma banda no mundo pode ser comparada com o Rush, isso é insano.
O lindo instrumental “Little Boy Blues” encerrou o álbum seguindo a mesma fórmula de volta as raízes da faixa anterior.
“Allied Forces”, “Never Surrender” e “Thunder Seven” formam a trinca de diamante do Triumph, lamentável e inexplicavelmente esse último só se tornou clássico para os fãs de carteirinha.
Tivesse eu um dia a oportunidade de fazê-lo, agradeceria pessoalmente aos três músicas e ao Eddie Kramer por terem ajudado a aliviar todas as minhas frustrações cotidianas e por terem tornado a minha missão mais tênue através dessa obra prima.
Nota 9,8
Integrantes:
- Rik Emmett (vocal e guitarra)
- Gil Moore (vocal e bateria)
- Michael Levine (baixo e teclado)
Faixas:
- 1.Spellbound
- 2.Rock Out, Roll On
- 3.Cool Down
- 4.Follow Your Heart
- 5.Time Goes By
- 6.Midsummer’s Daydream
- 7.Time Canon
- 8.Killing Time
- 9.Stranger In A Strange Land
- 10.Little Boy Blues
Rapaz , você terminou a sua resenha exatamente com o que eu iria falar , que Allied Forces , Never Surrender e Seven Thunder são a trinca de ases do Triumph , porém eu entendo as similaridades encontradas com o Rush mesmo que mínimas nos dois primeiros álbuns e acredito que isto é até normal , pois no início e principalmente naquela época, era comum as novas bandas estarem a procura de identidade própria , inclusive o próprio Rush que havia lançado apenas três álbuns ainda estava a procura de auto afirmação e não era aquele sucesso todo , ou talvez fosse apenas uma mera coincidência mesmo , não acho que seja nada que desabone a banda que acabou encontrando seu caminho graças a alta qualidade de seus músicos. Quando ao Seven Thunder eu acho simplesmente espetacular, mas confesso que demorei um pouco para digerir o disco , mas assim que assimilei passou a ser um dos meus favoritos . Parabéns pela ótima resenha . Grande abraço.