É muito interessante quando um músico de Heavy Metal é entrevistado por um jornalista que não faz parte do meio. Muitas vezes, acontecem aquelas perguntas meio estapafúrdias que, nós, fãs do gênero, olhamos e pensamos, “não acredito que essa pergunta está sendo feita”. É meio vergonha alheia, mas inegavelmente natural. Precisamos entender que não se trata da especialidade daquele profissional e o Metal é bastante complexo e cheio de camadas.
Na entrevista concedida por Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, ao jornalista Benjamin Back no podcast Benja Me Mucho, tivemos uma união bastante interessante de dois mundos. Benja não faz parte do meio Metal profissionalmente, mas é um fã declarado da música pesada, sendo assim, ele mescla a experiência de ter entrevistado diversas personalidades em mais de 25 anos de, carreira com as curiosidades de um fã de Metal convencional. É como se você tivesse a esperteza e a experiência para extrair as melhores respostas e também conhecesse do assunto.
Precisamos ser honestos, entrevistadores habituais da mídia especializada no assunto tem certa resistência em fazer determinadas perguntas incômodas. Obviamente, Benjamin Back não tem resistência alguma e, inclusive, faz estas perguntas. Em determinado momento da entrevista, foi bem interessante — para não dizer divertido — ver Andreas ser “apertado” e ter que explicar como funciona a relação de trabalho entre o Sepultura e um baterista novo, por exemplo.

Os funcionários do Sepultura
O interessante é que Andreas tinha acabado de fazer todo aquele discurso de sempre sobre Eloy Casagrande — sim, de novo! — e, mais uma vez, reafirmou que, “sim, é claro que eu fiquei puto com a saída dele”, se referindo a ida de Eloy para o Slipknot.
Após contar brevemente sobre como foi a chegada do jovem Greyson Nekrutman, Andreas vê Benja, como quem não quer nada, fazer a seguinte pergunta:
“Uma curiosidade minha, é coisa de fã. Aí você contrata um cara, ele vem, não quero saber quanto ele ganha, mas tipo, é um funcionário?”
Andreas parece que não esperava pela pergunta, mas acaba respondendo:
“Sim, é um funcionário. O Eloy também era um funcionário e ele é um funcionário do Slipknot. O Trujillo é um funcionário do Metallica.”
Mas Back não tinha saciado sua curiosidade ainda e prosseguiu:
“Então, é tipo, você ganha x por show, dia 10 tá na sua conta. É assim que funciona?”
E Andreas responde:
“É. (pequena pausa)
E é assim porque, cara, você fazer parte de uma banda como músico, não é a mesma coisa que você fazer parte da corporação. Do Business. Eu, o Paulo e o Derrick que somos a corporação Sepultura. Ali a gente define tudo sobre o Sepultura, os impostos, como vai ser feita a grana, onde que a gente vai fazer e etc. Deu certo, deu errado, é a gente que tá tomando, entendeu? Nós somos os donos do processo.
Mas tanto o Jean, essa galera que veio depois… uma coisa é você entrar pra tocar bateria, outra é pra ser sócio. São duas coisas completamente diferentes.”
Pois é, meus amigos, é por essas e outras que Andreas Kisser deveria urgentemente parar de ficar fazendo críticas sobre as escolhas de Eloy Casagrande. Afinal, todo trabalhador tem o direito de oferecer seus serviços para a empresa que melhor atenda suas necessidades profissionais. Ou como Andreas gosta de falar, para a “corporação” que melhor lhe atenda…
Assista a entrevista na íntegra: