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Resenha: Andralls – “Universal Collapse” (2024)

Vamos falar de lançamento nacional? Com vocês, Andralls!



Decerto, é sempre uma grata notícia quando uma banda do nosso país consegue êxito na conclusão de lançamento de material novo. Tanto para bandas novas quanto para os medalhões do underground, a coisa nunca é fácil. Porém, não vamos ficar aqui chorando as pitangas e vamos logo colocar o assunto principal para jogo!

O Andralls está de volta e não é o prédio, mas sim a banda! Ela está de volta com mais um novo disco e esse novo trabalho foi batizado de “Universal Collapse”. Nome bastante condizente com o que ocorre nos dias de hoje. Com toda a certeza, trata-se de um prato transbordando para uma banda de Thrash Metal qualificada como é o caso dos paulistanos do Andralls.

Resumo dos andares do edifício musical Andralls

Sua discografia comporta o equivalente a sete álbuns ao todo, com espaço para três lives. Não possui EPs, mas nem é preciso. Afinal, seus full lengths falam por si só. Surgiu em 1998 e dois anos mais tarde, lançou o debut “Massacre, Corruption, Destruction…”. Três anos mais tarde foi a vez do excelente “Force Against Mind” ser lançado. “Inner Trauma” foi lançado em 2005, enquanto o autointitulado foi lançado somente em 2009. “Breakneck” viu a luz a partir do ano de 2012 e… Por fim, após longínquos sete anos de espera, a banda lançou “Bleeding for Thrash”. E agora com a banda reformulada, o Andralls promove a sua retomada sem deixar o fã esperando muito tempo.



Embora eu goste de todos os álbuns do Andralls, creio que o poderio maior da banda esteja reunido em “Force Against Mind”, álbum simples, porém muito agressivo, cortante e com todos os padrões primordiais do estilo, além da importante identidade própria. “Inner Trauma” e “Andralls” também possui um motor de arranque muito potente. Além disso, o álbum de estreia não deve nada a ninguém. A partir de “Breakneck”, ficam mais perceptíveis as mudanças na sonoridade com relação aos detalhes. Nada de fuga do Thrash, mas em questão de composição e arquitetura das canções, principalmente por conta das mudanças no line up.

Andralls e seu Fasthrash

Se o Claustrofobia tem seu som apelidado de Metal Malóka e o Broken Heads tem o Metal Favela, o Andralls chama a sua sonoridade de Fasthrash. Milênios atrás, minha extinta banda tocava o nada famoso Violence Metal. Decerto, é super normal as bandas brincarem com a nomenclatura que representa o seu tipo de música e dentro desse cenário, alguns nomes acabam marcando e fazendo parte de toda a trajetória da banda. Com o Andralls não é nada diferente e isso é reforçado através de materiais com esse adjetivo. A prova disso é o “Fasthrash Live 2003”, álbum ao vivo autoexplicativo.

Atualmente, a banda é formada por um quarteto com figuras conhecidas do cenário underground. Alex Coelho (vocal e guitarra) comanda a bagaça fumegante, acompanhado por seus compatriotas, sendo o baterista Alexandre Brito, o baixista Renato Carvalho e o também guitarrista Guilherme Goto. Os dois primeiros são os responsáveis por carregarem a bandeira do Fasthrash e para mantê-la tremulando firme e forte, foram convocados os outros integrantes em 2023.

Foto: Maíra Nakahara (@niponik)

Ficha técnica sobre a construção do novo edifício sonoro do Andralls

“Universal Collapse” foi lançado junto ao selo Marquee Records no dia 25 de maio. O tracklist é composto por 11 sons velozes, assim presumo, e um desses sons é um cover para “Beber Até Morrer”, clássico da banda Ratos de Porão. Além disso, também inclui uma curta faixa instrumental chamada “The Body Is Here but I’m Gone”. O nome parece ser maior que a própria música. Edu Nascimentto cuidou da arte de capa e todas as suas extremidades. O novo full length foi gravado, mixado e masterizado no Dual Noise Estúdio pelo produtor Rogerio Wecko. Outro fato a ser citado é que “Universal Collapse” estará sendo disponibilizado na Europa pela MDD Records. Portanto, isso resultará em mais uma turnê pelo velho continente, assim sendo a sexta vez em que os paulistanos estarão apresentando o seu Thrash veloz por lá.



Os melhores momentos do esporte sonoro promovidos pelo Andralls

De fato, as escolhas sobre quais músicas soaram melhores que outras dentro de um mesmo álbum são de gosto e aprecio individual. Portanto, você pode muito bem ouvir o disco e acabar por apreciar outras faixas ao invés das que estarão em destaque por aqui. Contudo, nem eu e nem você estamos errados quanto a isso, pois o gosto é subjetivo e jamais será a verdade absoluta. O lance aqui é funcionar como uma espécie de guia turístico para indicar os locais paradisíacos em que você poderá contemplar através da ótima sacada do Andralls.

E como estamos falando de uma banda que louva a arte da velocidade cortante e visceral, já cito logo a faixa de abertura, “Cross of Shame”, como o primeiro destaque. Calma, que não é a melhor faixa do disco. Apenas estaremos seguindo a ordem do tracklist para não bagunçar a festa. O início é contido e carregado, mas que dura poucos segundo. Logo na emenda do encaixe da sapata, temos a velocidade costumeira entrando em ação. Embora os riffs cortantes estejam presentes logo de cara, também são colocados em primeiro plano a parte percussiva com muito jogo de tons e bumbo, além dos próprios pedais. Primordialmente, temos um solo bem trabalhado e condizente com a trama. Em suma, uma típica faixa do Andralls e com um final que pode ser muito utilizado ao vivo.

Thrash com variações e levadas imponentes

“Escape from the Traps” é a terceira faixa do disco e considerada também a terceira melhor música do novo trabalho. Certamente, eu mesmo é quem assino tal premissa. Novamente, a correria está presente e é bom você ficar atento para conseguir fugir das armadilhas do falso Metal. Além de ser totalmente voltada para a receita caseira da banda, possui nuances interessantes que remetem ao Torture Squad à época dos primeiros álbuns. Possui boas variações e coloca mais molho na macarronada musical. Entretanto, a armadilha só é ativada se você não ouvir com a devida atenção essa canção.

“Dead Consumers” possui um preparo específico para o seu início. Imagine um riff curto, porém com palhetadas concentradas, acompanhadas pela bateria e pelo baixo e que contam com pausas antes de vir a quebradeira. Imaginou? Agora coloque na sua lista mental o destaque maior para o baixo por possui pequenas partes isoladas e que está bem evidente e presente na construção sonora. Os consumidores mortos rastejam diante das pausas extremamente pesadas e somadas a um breakdown feito sem maiores exageros. O som remete à fase que envolve os álbuns “Innertrauma” e “Breakneck”. Os solos poderiam ser mais vibrantes, mas cumprem o seu papel ao dilacerar o consumo exacerbado e impedir que mais moribundos viciem nessa onda de comprar somente para conseguir um pouco de fama e “amigos” momentâneos.



Foto: Maíra Nakahara

Colapso sonoro

A cadência de “Call Me Madness” incomoda de início, mas logo você se acostuma com essa nova roupagem dos caras. Talvez estivessem descansando ou aquecendo e afinando os seus respectivos instrumentos musicais. Brincadeiras à parte, o riff de comando inicial após a abertura carregada da faixa, lembra ainda mais o Torture Squad, agora dos tempos de “Pandemonium” (2003) e “Hellbound” (2008). É bem verdade que a loucura musical da banda quase sempre esteve presente em doses bem detalhadas junto ao cardápio dos fasthrashers. O dedilhado rápido e agudo das guitarras soam como um grito em prol da loucura. Loucura essa que assombra os lares da cidade e fazem com que a canção ganhe pontos a mais, mesmo sem ser o ápice dessa história.

As leis do universo chegam através da sétima faixa de “Universal Collapse”. Primeiramente, devemos mencionar que aqui o alinhamento parece ter sido retirado do álbum autointitulado do próprio Andralls”. As levadas intensas de Laws of the Universe” mostram que o universo deve ser levado à sério, pois somos apenas grãos de nada nessa imensidão caótica e abissal. Os riffs de base são muito mais apresentáveis que os solos, mas isso não é questão de perda de pontos. Quem conhece o Andralls sabe bem que o forte dos caras sempre foram os acordes afiados e o ímpeto acelerado de bateria, coisa que temos de sobra por aqui.

O potencial do Andralls atual

“Universal Collapse” é a representação e confirmação de quando a faixa-título de um disco funciona a ponto de se tornar um dos principais destaques dentre todas as canções da obra. A meu ver, acaba por ser a segunda melhor faixa do disco. Ademais, é sempre bom mencionar que o colapso universal não é nada previsível e é muito bem trabalhado com suas nuances inseridas com a devida atenção e suas variações colocadas em primeiro plano. Ao mesmo tempo em que o colapso sonoro com alguns experimentos a mais ocorre de maneira ordenada, o lado visceral, tradicional e retilíneo contorna e comanda a portaria do prédio. Destaque para as pausas, variações conforme já citadas, liberdade para com os vocais e versos específicos, além da habilidade dos músicos ao encaixar todas as guias dessa calçada sonora.

Já ouviu um álbum e acabou gostando mais da faixa de encerramento do que das anteriores? É o que acontece ao se ter contato com a apoteótica “Blood Fire Revenge”. De longe, sem sombra de dúvida, é a melhor faixa de “Universal Collapse” e vamos aplicar os conceitos e justificativas para tal. Bateria moendo o café logo de início para acompanhar a vingança do fogo sangrento.



Certamente, é a receita ideal para fechar o álbum de forma que mantenha o ouvinte mais do que acordado, e sim empolgado para ouvir novamente o disco. Em virtude de possui um vocal potente e que não se acomoda, além deste mesmo tocar guitarra e muito bem, temos o poderio em destaque dos backing vocals. Assim sendo, o refrão é transformado em uma alegoria marcante dentro do novo full length. Portanto, o colapso já está feito e se você sobreviveu ao impacto, pode recolher os cacos e encarar esse espetacular desafio novamente.

Andralls – Blood, Fire, Revenge

Considerações velozes

Antes de tudo, é bom conhecer os motivos da brincadeira com o nome do Andralls envolvendo um edifício. Em síntese, Andralls é baseado no nome de Andraus, um prédio que desabou após um incêndio em 1972, matando 16 pessoas e ferindo outras 330 em São Paulo, Brasil. Dois anos depois, outro famoso incêndio destruiu o prédio Joelma, no mesmo bairro.

Sobre a banda com a nova formação, vemos um Andralls buscando unir os seus preceitos musicais com algumas alas diferentes, ampliando um pouco o seu arquivo de inspirações e conjecturas das quais resultaram em muitos momentos qualificados. Nesse sentido, vejo o Andralls com grandes expectativas para o futuro e fica a torcida para que a banda consiga se manter para dar sequência à sua trajetória com mais álbuns lançados em intervalos próximos. No momento em que a banda engrenar novamente, poderá figurar novamente entre as principais do cenário nacional. Não que tenha deixado, mas o espaçamento e as pausas acabam por colocar a banda no que podemos chamar de ostracismo.

Não romantize o underground e ouça esse colapso universal!



nota: 8,6

Integrantes:

  • Alex Coelho (vocal, guitarra)
  • Alexandre Brito (bateria)
  • Renato Carvalho (baixo)
  • Guilherme Goto (guitarra)

Faixas:

1. Cross of Shame
2. How Many Lives I Need to Die
3. Escape from the Traps
4. Dead Consumers
5. Call Me Madness
6. Masters of the Lie
7. Laws of the Universe
8. The Body Is Here but I’m Gone
9. Universal Collapse
10. Blood Fire Revenge
11. Beber Até Morrer (Ratos de Porão cover)

Redigido por Stephan Giuliano

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