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Live Review: Setembro Negro Festival – XV Edição; 3º Dia

O 3º dia do Setembro Negro Festival – XV Edição aconteceu no dia 10/09/23, domingo.



Enfim, chegou a hora de relembrar o que de melhor aconteceu no último dia desse magnífico festival. Todos os dias do evento proporcionaram grandes acontecimentos relacionando o som mais underground com o clássico e veterano.

Quanto ao público, entretanto, escolhia conforme sua vontade o que de fato estava a fim de assistir. Mesmo assim, ninguém ficou sem plateia, já que os fãs eram variados com relação aos gostos pelas bandas que tocaram em cada um dos dias. Era possível ver fãs do Erasy e também do Picture, só para exemplificar.

O Setembro Negro Festival possui a inteligente ideia de oferecer a liberdade de escolha e você pode muito bem sair do local e voltar no momento em que lhe for cabível, sem qualquer problema. Basta ter a pulseira fixa no braço e estará tudo certo. Pulseira essa que foi comentada nas edições anteriores.



A Tumba Productions conseguiu total êxito nessa história, capitaneada por Edu Lane, baterista e líder do Nervochaos. Assim sendo, podemos esperar por edições cada vez melhores e baseadas nas últimas, contando já com esta. Portanto, chegou a hora de conferir o 3º e último dia dessa grande festa do Metal e seus principais subgêneros.

Reunindo energia para praticamente emendar os dias de shows

Recapitulando um pouco sobre o desfecho final, ou seja, a volta para casa foi um desafio e tanto. Porém, tudo deu certo e todo mundo chegou em suas respectivas residências. Entretanto, o espaço entre um dia e outro de shows ficou encurtado por conta da demora para chegar em casa.

O desafio se tornou ainda maior para que não deixasse escapar o último dia do festival. E, quem disse que isso aconteceria? Jamais! Voltamos para rua tradicional do evento, na qual avistamos vários soldados abatidos pela maratona de shows e também pelo calor intenso que fez nesses dias todos.

Água e energético foram essenciais para seguir em frente e não passar mal. Não que isso tenha atrapalhado a curtição, mas é sempre importante lembrar dessas coisas. De fato, estávamos lidando com um calor escaldante e o evento não fica pertinho de casa. Ou seja, vale e muito tomar cuidado para manter a fibra e a energia na medida correta.



Muitas das figuras vistas nos dias anteriores já estavam presentes no local, porém ainda haviam muitas pessoas para chegar. Provavelmente, algumas dessas pessoas que estavam hospedadas em hotéis próximos, certamente descansaram um pouco mais para ao menos terem a chance de conferir os headliners do dia do Setembro Negro Festival, separando a Pré-Festa da contagem.

Cronograma do dia 10 de setembro

11:00 – abertura da casa
12:00 – 12:30 – Inferno Nuclear
12:50 – 13:20 – Siegrid Ingrid
13:40 – 14:15 – Miasthenia
14:35 – 13:15 – Lucifer’s Child
15:35 – 16:15 – Demonical
16:35 – 17:15 – Mantar
17:35 – 18:20 – Acid King
18:40 – 19:25 – Assassin
19:45 – 20:35 – Cancer
20:55 – 21:55 – Triumph Of Death

Abertura das cortinas negras para o último dia da 15ª edição do Setembro Negro

Como é possível notar, o cronograma para dia 10 de setembro, domingo, foi mais complicado por ter iniciado mais cedo. Enquanto na sexta e no sábado, a abertura da casa aconteceu às 13h, com abertura das já conhecidas cortinas negras às 14h, nesse dia a abertura se deu logo às 11h da manhã. Contudo, o início do espetáculo ocorreu ao meio-dia, horário da macarronada com a família.

Quanto ao público, podemos dividir em grupos seletos.



  • As pessoas que chegaram no horário e logo foram conferir desde a primeira banda;
  • As pessoas que chegaram no horário, mas optaram por tomar uma gelada e entrar na casa mais tarde;
  • As pessoas que chegaram no horário e só estavam interessadas em ver Tom Warrior tocando as músicas do Hellhammer, além dos shows do Cancer e do Assassin;
  • As pessoas que chegaram mais tarde e foram conferir os shows a partir do momento em que se colocaram presente;
  • As pessoas que chegaram tarde e optaram por aguardar as principais atrações;

De fato, isso ocorreu em todas as datas anteriores, mas o destaque maior ficou por aqui por conta do horário modificado. Afinal, o show de sábado acabou bem mais tarde e a estação de Metrô próxima havia fechado, fazendo com que as pessoas buscassem outras formas de chegarem até suas residências. Assim sendo, o show de domingo iniciou mais cedo, ocasionando esse conflito em maior escala. Agora, sem mais delongas, vamos às atrações do 3º dia do Setembro Negro Festival!

Andre Santos/Roadie Crew – Heavy Metal & Classic Rock

Unidos pelo underground: Inferno Nuclear

É muito difícil realizar uma apresentação importante sem poder contar com todos os integrantes da formação original e atual, pois o alicerce fica vulnerável e a sensação de dúvida quanto ao que pode ou não acontecer, é bastante iminente. Entretanto, vindos de Belém, capital do Pará, o Inferno Nuclear não desistiu de seu propósito e sua chance de figurar no evento indoor mais importante do país.

Antes de tudo, é bom colocar em primeiro plano como essa ideia radioativa começou. A banda paraense iniciou suas atividades em 2006 e se chamava Old School Attack, que pelo nome já dava para notar a inclinação para o Thrash Metal. E que de fato é real.

Gustavo Diakov

Embora tenha surgido no ano citado, o Inferno Nuclear conseguiu lançar seu debut recentemente, no ano de 2021. “Diante De Um Holocausto” foi lançado de forma independente e não somente o nome, mas as letras das músicas também são em português. Assim, oferecendo um ar de “estarmos em casa”. A demo intitulada “Demo 2008”, do mesmo ano em seu nome, foi o primeiro lançamento oficial da banda. Porém, lançaram outra demo chamada “Violência Contra A Mente” em 2020.



Além disso, O Inferno Nuclear trouxe mais três explosões isoladas, ou seja, três singles em 2021. “Soldados Do Mal”, “Evitamos A Vida, Provocamos A Morte” e a canção que fechou a apresentação e honrou o legado da banda e de toda a situação vivida naquele momento, “Unidos Pelo Underground”.

O público, inicialmente, era pequeno dentro do Carioca Club ao meio-dia. Portanto, não seria uma tarefa muito fácil para o Inferno Nuclear poder despejar seu Thrash oitentista cantado em português.

Substituições às pressas para tocar no festival

Todavia, a banda não desistiu e, mesmo com duas ausências importantes, das quais não puderam vir a São Paulo, conseguiu substitutos à altura. O guitarrista Paulo Bigfoot (Uganga) e o baterista Marcos Luz (Uganga, Trioxine), ajudam a tornar real o dito “unidos pelo underground”. Não foi à toa que “Unidos Pelo Underground” foi a tônica do show dos caras. Os integrantes ausentes foram o guitarrista Alexandre Durães (DeathBanger) e o baterista Jorge Raposo.

As músicas serviram como um ótimo cartão de visitas para os interessados conhecerem mais sobre a banda e também sobre o seu disco de estreia.



Diego Vieira

Integrantes do Inferno Nuclear:

  • Wellington Freitas (vocal)
  • Lendl Oliveira (baixo)
  • Paulo Bigfoot (guitarra)*
  • Marcos Luz (bateria)*
Gustavo Diakov

A velha guarda está de volta: Siegrid Ingrid

Assim que o Siegrid Ingrid foi anunciado como uma das atrações do Setembro Negro Festival, o saudosismo tomou conta do cenário diante dos comentários e das visões dos fãs, não apenas da banda paulista, mas também dos fãs de Metal em geral.

O Siegrid Ingrid, capitaneado pelo vocalista Mauro “Punk” e pelo guitarrista André Gubber, é considerado um patrimônio do underground paulista, na mesma escala que Genocídio, Attomica e MX, só para exemplificar.

O evento serviu para reforçar a premissa ao tratar a banda como um patrimônio, pois afinal, sua apresentação deixou todo o público presente satisfeito. O set do show contou com músicas dos álbuns “Pissed Off”, de 1995, e “The Corpse Falls”, de 1999. O balanço entre a base arruaceira do Thrash, a agressividade do Grindcore e o lado Groove noventista fizeram com que o som se tornasse mais destacável, muito por conta da timbragem e do áudio dos instrumentos.

Leandro Cherutti

Por fim, o momento mais vibrante foi quando tocaram a faixa “Enéas”, um dos carros-chefes da banda e que sempre agrada a quem a presencia. E os singles “Damned Conviction” (2020) e “Never Again” fazem jus a esse retorno triunfante.



Com toda a certeza, os fãs aguardam por aquele que poderá fechar a primeira trinca de álbuns da banda. Grande parte espera por algo voltado para o EP “The Choice”, primeiro registro oficial dos paulistas lançado em 1992. Só para ilustrar, o Siegrid Ingrid surgiu no ano de 1989.

Leandro Cherutti

Integrantes do Siegrid Ingrid:

  • Mauro “Punk” (vocal)
  • André Gubber (guitarra)
  • Borô (guitarra)
  • Luiz Berenguer (baixo)
  • Herbert Loureiro (bateria)
Gustavo Diakov

Entropia pagã à brasileira: Miasthenia

Eu, humilde dono do nanquim virtual, conheci o Miasthenia através do seu 4º álbum chamado “Legados Do Inframundo”. A partir de então, percebi o potencial de uma banda brasileira que percorria os caminhos do melódico e pagão Metal Negro. Sob o embalo de Tiwaz, Arkona, Smuta, Eluveite e alguns outros excelentes nomes, a sonoridade dos residentes de Brasília, Distrito Federal, fixou na mente a ponto de logo aguardar seu próximo álbum.

“Antípodas” veio como uma flecha de fogo sombrio, dilacerando e incinerando os tímpanos desavisados, tanto que o álbum lançado em 2017 figurou em várias de nossas listas nacionais e internacionais. Contando com presença feminina em 75% do line up, o Miasthenia soube representar muito bem as mulheres, principalmente aquelas que se interessam por Metal.

Trazendo o assunto para o presente, era notória a viagem mística, envolvendo toda a ancestralidade e toda a história meso e sul-americana. Assunto repleto de coisas a serem contadas e relembradas, e ao mesmo tempo raro de se ver por aí como temática de banda.



Andre Santos/Roadie Crew – Heavy Metal & Classic Rock

Setembro Negro e o período pré-colombiano

O respeito e a saudação aos nossos antepassados trazem o lado pagão, inclusos na sonoridade cativante e vibrante dos brasilienses liderados pela vocalista e tecladista Susane “Hécate” Rodrigues de Oliveira (ex-Mythological Cold Towers [ao vivo], ex-Omfalos [ao vivo]). Portanto, a apresentação da banda seria desse nível para melhor. No mínimo!

Completam o exército pagão: Marcos “Thormianak” Rizzato (Born In Black, ex-Omfalos, ex-Oxidizer, ex-Thormianak, ex-Harppia, ex-Vultos Vociferos, ex-Mythological Cold Towers [ao vivo]) na guitarra; Aletea Cosso (Males Fecundos) no baixo, e Ariadne “Lith” Souza (ex-Demolish, ex-Valhalla) na bateria.

@flpiresphotography e @onstage666

O público, que já estava em maior número, presenciou uma passagem pela discografia da banda com destaque para “Antípodas”, faixa que dá nome ao quinto álbum da carreira dos candangos, sendo acompanhada pelo público durante o refrão. Além disso, outros bons momentos aconteceram com “Araka’e” (também do álbum “Antípodas”, 2017), “Saga Ao Xibalbá” e “Entronizados Na Morte” (ambas pertencentes ao “Legados Do Inframundo”, de 2014).

As duas últimas citadas são as duas faixas do álbum em destaque na mesma ordem. Assim sendo, o Setembro Negro foi entronizado pela musicalidade do Miasthenia, que está levando a história do período pré-colombiano por onde passa desde meados de 1994.



@flpiresphotography e @onstage666

Integrantes do Miasthenia:

  • Hécate (vocal, teclado)
  • Thormianak (guitarra)
  • Aletea (baixo)
  • Lith (bateria)
Gustavo Diakov

A afronta do filho pródigo: Lucifer’s Child

O que pensar de uma banda cujo o guitarrista possui passagens por Rotting Christ e Necromantia, só para ilustrar? A sonoridade do Lucifer’s Child lembra em muitos momentos o Watain, mas não é apenas disso que a horda do país de Hades vive. Todavia, conforme a escola grega pede, o Black Metal praticado pelo Lucifer’s Child possui suas particularidades, sem deixar as harmonias densas e as linhas mais ríspidas de lado. O que de fato é um prato cheio para quem aprecia a cena grega de Metal Extremo.

George Emmanuel contribuiu para que o show do Lucifer’s Child soasse pesado e intenso, assim como manda o cardápio helênico. Seus versos abordam o luciferianismo e o ocultismo nos moldes das bandas gregas de Black Metal tradicionais.

Lucifer’s Child/Facebook

Diretamente de Athens, Attica, a banda surgiu em 2013, pelo próprio George Emmanuel (Rotting Christ) e Stathis Ridis (Nightfall). O nome foi retirado da letra de “Into The Coven”, pertencente ao Mercyful Fate do lendário Mr. Bendix, mais conhecido como King Diamond.

“The Wiccan” (2015) e “The Order” (2018) formam a ala principal da discografia da banda, além de ter lançado o split album em conjunto com os brasileiros do Mystifier. “Under Satan’s Wrath” foi lançado em 2022 e abriu o leque para conhecimento do público daqui. Incluindo um cover do Bathory para “Enter The Eternal Fire”. A confirmação de uma banda qualificada veio à tona no Setembro Negro Festival.



Lucifer’s Child/Facebook

Integrantes do Lucifer’s Child

  • George Emmanuel (guitarra)
  • Marios Dupont (vocal)
  • Kostas Gerochristos (baixo)
  • Nick Vell (bateria)
Gustavo Diakov

Devoção sueca ao Metal Da Morte: Demonical

Mais uma vez tivemos a presença de um músico ilustre, tornando a apresentação ainda mais interessante. Trata-se do baixista da banda conterrânea Centinex, Martin Schulman. Certamente, o centro das atenções da banda, a princípio então.

Os suecos do Demonical não tiveram uma aventura tão fácil, já que boa parte do público havia saído para se hidratar. Afinal de contas, era uma semana de forte calor e que necessitava de muita água (ou aguardente, para quem gosta de beliscar algo mais desafiador).

André Santos/Roadie Crew – Heavy Metal & Classic Rock

A banda oriunda de Avesta, Dalarna, foi formada por membros do Centinex no ano de 2006 e a premissa é a de quem pratica o Death Metal de manual. Ou seja, a tradição impera nesse âmbito. A banda possui ao todo sete álbuns de estúdio, tendo lançado o último (“Mass Destroyer”) em 2022. Entretanto, esse não é o último trabalho oficial até o momento, pois a banda sueca lançou em março desse ano o EP “Into Victory”, contando com um cover do Ramones para “Somebody Put Something In My Drink”.

O Demonical apresentou seu novo vocalista, Charlie Fryksell (Caedem, Högkvarteret, ex-Macabre Decay), e mesmo com a novidade, a banda não se mostrou muito segura disso. O cantor reclamou da iluminação do palco e tirou um pouco do ímpeto da banda, mas ainda sim conseguiram se sobressair, com “Aeons Of Death” (“World Domination”, de 2020) e “The Order” (“Darkness Unbound”) tendo um destaque em especial. Em resumo, o a banda recuperou a segurança e mostrou que o Death Metal sueco deve ser levado a sério sempre.



Gustavo Diakov

Integrantes do Demonical:

  • Charlie Fryksell (vocal)
  • Martin Schulman (baixo)
  • Johan Haglund (guitarra)
  • Eki Kumpulainen (guitarra)
  • Ronnie Bergerstål (bateria)

Tocando igual caranguejo: Mantar

Decerto, não era novidade o Test ter tocado dessa forma. Eu havia mencionado anteriormente que não eram os únicos a tocarem de lado para a plateia. O Mantar, duo representante de Hamburgo, e hoje residentes em Bremen, Alemanha, é praticante do chamado Sludge/Black Metal. Entretanto, tudo começou na área do Sludge e, tempos mais tarde, uniram forças com o Black Metal aos moldes da casa europeia, além de boas doses de Rock sujo e arruaceiro com o tempero na medida.

Hanno Klänhardt (vocal e guitarra) e Erinc Sakarya (bateria e vocal) além de músicos, são intérpretes de suas próprias emoções, de acordo com cada verso vociferado por eles. O layout visto numa projeção 2D, traz a impressão de estarem em um aquário ou até mesmo em uma esteira (qualquer hora o Sonic poderia passar correndo por eles), oferecendo uma sensação no mínimo diferente das convencionais.

Assim como o Test, os germânicos não possuem baixo em sua composição. Portanto, cabendo aos dois instrumentistas presentes cobrir o espaço deixado por não ter as linhas rasteiras tão providenciais ao tipo de som a qual gostamos.

Eins! Zwei! Eins, zwei, drei, vier!

Não sei se é uma constante, mas me parece que bandas ou duos que tocam de lado para a plateia, utilizam suas próprias baterias. Assim sendo, ao menos evitam brigas como em certa ocasião na saudosa, magnífica e extinta Led Slay, aonde rolou uma briga entre integrantes das bandas cover de Slayer e Mercyful Fate, respectivamente. Tudo por conta da bateria em que um não queria emprestar para o outro, enfim (risos).



O baterista Erinc, utilizando seu próprio kit, entregou um ótimo serviço. Destaque para os momentos em faixas como “Age Of The Absurd” (“The Modern Art Of Setting Ablaze”, de 2018) e também em “Spit” (“Death By Burning”, debut lançado em 2014).

Hanno esbanjou muita energia até mesmo na apoteótica “Era Borealis”, faixa pertencente a “Ode To The Flame”, segundo álbum lançado em 2016. Ainda que estivesse fazendo muito calor, os músicos se mantiveram “in action”, assim promovendo uma apresentação digna e deixando os espectadores satisfeitos em grande maioria.

E só para ilustrar a situação, Daniel e eu descobrimos que se tratava de uma banda nativa das terras de Wotan a partir da contagem feita por Hanno. Contar em alemão sempre foi muito legal!

“Eins! Zwei!
Eins, zwei, drei, vier!”



Stephan Giuliano/Mundo Metal

Integrantes do Mantar

  • Hanno (vocal, guitarra)
  • Erinc (bateria, vocal)
Stephan Giuliano/Mundo Metal

Viagem alucinante: Acid King

Hora do baseado? Hora da distração? Viajar no balanço da fumaça e no cheiro desgraçado de chumaço de planta velha queimada? Bom, alguns acendem o “charutinho da amizade” não importando o momento. A questão é baseada na estrutura sonora e viajante do Acid King. A banda surgiu em meados de 1993, São Francisco, Califórnia. Tudo em português para mudar o dialeto dos norte-americanos. Com a graça, os livros preguiçosos de história e geografia (mais risos).

A banda recebeu o nome de Ricky Kasso, o Acid King, um adolescente traficante de drogas que assassinou um amigo por causa de pó de anjo sob a possível influência de mescalina. E o mais interessante é que se juntar o nome de Ricky, o tira da pobreza. Pode rir também, eu deixo!

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Lori Steinberg é quem toma as rédeas da situação através de seus riffs e melodias transcendentais de guitarra e sua voz que persegue e complementa toda essa estrutura paranoica e psicodélica. Bryce Shelton coloca todo o plano voltado para o Doom Metal, o Stoner e o Blues Rock, encorpando todo o caldo dessa sopa apimentada.



Jason Willer conduz e tritura toda a zona de silêncio com sua levada honesta, vibrante e com diferenciais altamente competentes e, por vezes, preciosos nas canções. O baterista oferece o alicerce ideal e abre espaço para imprimir seu ritmo pesado e groovado, com o metrônomo afiado em sua cabeça.

Momentos sabbáticos memoráveis mesmo com desfalque

Um dos momentos marcantes se deu junto á faixa “Silent Circle”, presente no seu mais bem sucedido álbum “Busse Woods”, de 1999. O nome do álbum foi tirado da reserva florestal pertencente ao distrito de Cook County. A própria capa desse que é o segundo full length da banda, indica essa informação. Além disso, Lori e seus parceiros de cevada e boa música, fazendo alusão ao fato de terem tomado uma gelada durante o show, promoveram o novo álbum intitulado “Beyond Vision”.

O disco foi lançado no dia 23 de março desse ano e mostrou ser muito eficiente ao vivo, principalmente através das ótimas faixas “Mind’s Eye”, a faixa-título e uma das faixas instrumentais do novo álbum chamada “Color Trails”.

A formação oficial também conta com o guitarrista e tecladista Jason Landrian, e que participou das gravações de “Beyond Vision”. Porém, o músico não esteve presente na ótima e viajante apresentação do Acid King.



Integrantes do Acid King

  • Lori Steinberg (guitarra, vocal)
  • Bryce Shelton (baixo)
  • Jason Willer (bateria)
Stephan Giuliano/Mundo Metal

Palavrões em português e peita amarela: Assassin

Se o Sodom teve um intérprete à altura, com o guitarrista Frank Blackfire falando em português com a plateia, os conterrâneos do Assassin têm no baixista Joachim Kremer o seu porta-voz. Além disso, a banda se mostrou bastante animada em fazer parte da festa desde a entrada no palco de cortinas negras.

Diretamente de Düsseldorf, Nordrhein-Westfalen, o Assassin surgiu em 1983 e se chamava Satanica, tendo mudado para o nome que conhecemos em abril de 1985. A banda se separou em 1989. Esta decisão ocorreu devido a um infeliz acontecimento onde o equipamento da banda (instrumentos e outros itens) foi roubado. A banda retornou às atividades somente em 2002 e, desde então, segue firme com seu propósito de promover o seu Thrash Metal ao redor do mundo.

Assim como eu batizei minha camiseta do Sodom (“Decision Day”, de 2016) durante a apresentação de Tom Angelripper e cia. limitada, era o momento certo de batizar a minha camiseta amarela (isso mesmo!) do clássico álbum “The Upcoming Terror”, debut do Assassin lançado em 1987.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Um mosh amarelado pelo terror que se aproximava

O anoitecer não aliviou o calor ao mesmo tempo em que os alemães ensaiavam uma entrada triunfal. Após a intro, já percebia o ímpeto que a banda estava prestes a despejar diante dos headbangers. As rodas de mosh se formaram numa facilidade, parecendo que a banda havia feito o pedido por mensagem eletrônica. Logo de cara, o vocalista Ingo Bajonczak entregou um hino do disco de capa amarela. Sim! O mesmo em que homenageei ao ir vestido de amarelo no meio de um mar de camisas pretas. “Fight (To Stop the Tyranny)” foi uma escolha assertiva, logo mostrando que o repertório não estaria totalmente voltado para os discos mais recentes. Eu só aceitaria se fizessem algo mais voltado para o álbum “Combat Cathedral” (2016), quinto full length e segundo melhor álbum da banda em minha singela opinião.



Outros bons momentos aconteceram quando a banda tocou “The Last Man”, também do debut, “Red Alert” do penúltimo álbum e elogiado por mim acima, e por fim, a faixa que carrega o nome da banda, também do álbum clássico do tanque de guerra amarelo. “The Swamp Thing”, do mais recente álbum chamado “Bestia Immundis” (2020) e “Baka”, do segundo disco nomeado “Interstellar Experience”, não acrescentaram muito, mas também não prejudicaram a festa.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Comunicação que alegra e vestimenta que não incomoda

O baixista Joachim Kremer foi um dos principais destaques do show, tanto com suas linhas de baixo precisas, quanto com seu carisma e alegria ao se comunicar em português conosco. Como um bom estrangeiro tentando falar a nossa língua, Joachim, apoiado por Ingo, falou vários palavrões e até resultou em algo que todos os presentes acompanhassem em um uníssono:

“Filha da puuutttaaa!!!”



Isso foi bizarro e sensacional ao mesmo tempo! Porém, o Grade mencionou que faltaram outros hinos como “Bullets” e “Nemesis”, ambas de “The Upcoming Terror”, e eu concordei com ele. Afinal, seria muito mais interessante que eles voltassem mais os olhos para o seu melhor disco. Entretanto, gostei bastante e pude jogar os grifos e quimeras longe durante o mosh com minha camiseta amarela. Enfim, com o batismo concretizado.

Sobre o que supostamente incomodou, foi o fato de que Ingo estava trajado com uma camiseta do Pantera (e de bermuda. Pode isso, Massacration?). Em resumo, era sobre aquele mesmo assunto batido. Porém, durante o show eu não notei nada disso, mas como alguns canais e sites publicaram, achei viável destacar só para ilustrar. Mas, eu apenas vi fãs de Metal, de Thrash, de Teutonic Thrash, de Assassin, curtirem, vibrarem e mosharem felizes. Esse é o ponto!

Outro detalhe é que Frank Blackfire não participou do show e foi substituído por outro guitarrista. Sem mais informações.

Gustavo Diakov

Integrantes do Assassin

  • Ingo Bajonczak (vocal)
  • Jürgen Scholz (guitarra)
  • Frank Blackfire (guitarra – outro músico tocou em seu lugar)*
  • Joachim Kremer (baixo)
  • Björn Sondermann (bateria)
Stephan Giuliano/Mundo Metal

Death Metal à inglesa: Cancer

“Esse é o único Cancer bom, pois nem o Máscara da Morte era bom.” Assim, começamos a discorrer sobre a participação dos ingleses da lendária banda de Death Metal, Cancer.



Liderado por John Walker, o Cancer estava de volta para mostrar do que é feito o Metal Extremo britânico. A banda é natural de Telford, Shropshire, e surgiu no ano de 1987, bem próximo ao início do movimento musical a qual resultou no que conhecemos por Death Metal.

O Cancer lançou quatro álbuns entre 1990 e 1995, encerrando suas atividades em 1996. Deram um suspiro de 2003 a 2006 e, finalmente, retomaram o posto para valer em 2013. Desde então, a banda segue sua toada afim de espalhar todo o seu arsenal bélico sonoro pelo mundo. Após o retorno oficial, a banda inglesa aterrissou em solo brasileiro para fazer a alegria dos fãs de São Paulo. Assim sendo, estiveram de volta à capital paulista para estremecer toda a cidade com sua sonoridade.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

“Discurso” ao melhor estilo Cannibal Corpse

O vocalista do Cannibal Corpse, George “Corpsegrinder” Fisher, costuma ser bastante direto em seus discursos durante os intervalos de cada música e também com relação ao início de cada apresentação. Trata-se do método de simplesmente anunciar a música e partir para o ataque, ou seja, sem nenhum tipo de falatório.

John Walker deve ter se espelhado nesse manual das bandas de Metal Extremo e o fez dessa mesma forma. Dessa maneira, a banda emplacou três sons viscerais sem chance para se arrepender de estar naquele inferno maravilhoso. O poeta diria que “o amor está no ar”. E estava mesmo.



A tampa do bueiro foi aberta com “Blood Bath”, do debut “To The Gory End” (1990), “Tasteless Incest” (“Death Shall Rise”, de 1991) e “Ballcutter”, do mais recente álbum, o ótimo “Shadow Gripped”, de 2018. Além das duas arrasa-quarteirões e da excelente música do trabalho mais novo, a banda apresentou ao público uma música nova chamada “Enter The Gates”.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Desgraceira ampliada

A faixa-título também se fez presente, ampliando a desgraceira em favor do Metal Da Morte. Porém, o que mais impressionava nesse show era como a banda se portava com relação às suas músicas, pois o repertório foi bastante equilibrado entre sons dos discos clássicos e músicas do trabalho pós-retorno definitivo, além da grata surpresa com a inédita faixa “Enter The Gates”, citada novamente só para relembrar.

Entre “Garrotte” e “Down The Steps”, ambas do álbum de 2018, a banda executou a faixa “Meat Train”, do álbum “The Sins Of Mankind”, de 1993. Portanto, fica claro mencionar que o Cancer soube montar seu setlist de acordo com o tempo para tocar e toda a sua discografia. Agora, a ressalva fica por conta da guitarra de Miguel Ángel Ontivero Frutos, mais conhecido por Migueloud, a qual estava muito baixa, com o erro sendo consertado somente da metade para o fim do show dos ingleses. Entretanto, isso não foi capaz de atrapalhar a excelente e energética apresentação. A apoteose da banda inglesa se deu com a canção “Hung, Drawn and Quartered”, pertencente a “Death Shall Rise”.

Andre Santos/Roadie Crew – Heavy Metal & Classic Rock

Outro fato importante é que os três primeiros discos do Cancer tiveram relançamentos recentes aqui no Brasil, o que era esperado por muitos adeptos do subgênero e da própria banda dita. São merecidos e caprichados relançamentos desta que é uma das melhores bandas do estilo e uma das mais importantes do Death Metal inglês.

A banda ainda tocou outras faixas potentes como “Into The Acid”, “The Infocidal” e “Death Shall Rise”. Show curto por conta do tempo para cada banda poder tocar, mas sendo feito de forma brilhante e honesta. O amor britânico simplesmente pairou nos ares do Carioca Club.

Gustavo Diakov

Integrantes do Cancer

  • John Walker (guitarra, vocal)
  • Migueloud (guitarra)
  • Daniel Maganto (baixo)
  • Daniel Valcázar (bateria)
Stephan Giuliano/Mundo Metal

Urgh! – Triumph Of Death

O Triumph Of Death, projeto capitaneado por Thomas Gabriel Fischer, mais conhecido como Tom Warrior, em homenagem ao Hellhammer, banda que precedeu o nascimento do Celtic Frost, substituiu o Girlschool, sendo um dos headliners do festival. O guitarrista e vocalista suíço é conhecido por seu urro característico e que deu origem aos formatos mais guturais e rasgados de se cantar.



O cramunhão em forma de som foi criado por Tom Warrior em 1982, Nürensdorf, Zürich (Zurique, para os amantes dos livros de histórias podadas presentes nas escolas), juntamente de Steve Warrior, seu roadie na banda Grave Hill, banda anterior de Tom. Hammerhead era o nome à época, mas logo foi mudado para Hellhammer. E o que veio de banda chamada Hellhammer depois não cabe no gibi…

Gustavo Diakov

O Celtic Frost surgiu um dia após a dissolução do Hellhammer, antes que o álbum “To Mega Therior” fosse lançado ainda em 1984. O álbum continha as faixas “Beyond The Beyond”, “Ride On The Wings Of Sabbath”, “Defeat Of The Serpent”, “Demon Entrails” e “Phallical Tantrum”, entre outras. Porém, A banda se separou antes do processo de composição terminar e nenhuma dessas faixas foi gravada formalmente. No entanto, Tom Warrior e Martin Ain usaram o título “To Mega Therion” para o debut do Celtic Frost.



Entretanto, outro fato importante é que o Hellhammer teve mais dois baixistas de curto prazo em 83 que o tempo já esqueceu (Mike Owens já foi listado como baterista; no entanto, o novo site do Hellhammer o credita como baixista).

Stephan Giuliano/Mundo Metal

A nova e afiada formação em homenagem a um passado glorioso

O nome do projeto de Tom em homenagem ao seus serviços prestados junto ao Hellhammer vem do segundo EP da antiga banda. “Triumph Of Death”, além de ser o nome do segundo EP, também é o nome de uma das músicas do lado B do artefato musical. O material foi lançado em julho de 1983, um mês depois do lançamento da primeira demo chamada “Death Fiend”. Só para ilustrar, Satanic Slaughter era o nome artístico de Tom à época. Agora, qual das demos clássicas você gosta mais? As duas? Excelente resposta!

Tom fez uma nova parceria para executar seus sons apodrecidos e viscerais, fazendo com que o projeto Triumph Of Death ganhasse vida. Ou seja, o guitarrista André Mathieu, a baixista Jamie Lee Cussigh, mais conhecida pelo pseudônimo Slaughterwytch, e o baterista Tim Iso Wey, somaram forças para levar o projeto adiante.

A confiança era tão grande que ninguém questionou sobre o poder de fogo desse projeto organizado por Tom Gabriel. Talvez pela boa impressão causada ao ligar os integrantes diretamente ao som pútrido e nefasto de bandas como Venom, Necrodeath, Sabbat, o Thrash alemão dos primórdios e outras coisas do gênero. O fato é que o público estava extremamente animado ao aguardar o show.



Stephan Giuliano/Mundo Metal

Expectativas para a devastação sonora

O horário mais acessível foi o responsável por trazer mais conforto para o público, ao contrário do que havia ocorrido no sábado, quando após o show do Sodom, o Metrô havia fechado. Dessa vez, não foi preciso passar por esse obstáculo. Afinal, o início da programação de domingo ocorreu mais cedo, obedecendo as edições anteriores mais recentes.

Antes das cortinas negras se abrirem para a última apresentação da edição de número XV do Setembro Negro, era possível ouvir os urros característicos de Tom Warrior durante o aquecimento antes da desgraceira sonora começar.

Boa parte do público estava cansada, devido à maratona de shows em meio ao calor escaldante. Mal sabíamos que meses adiante faria um calor ainda maior. Mas, aqui não foi o caso. Era hora do Triumph Of Death entrar em cena para despejar rios lamacentos de muita homenagem ao Hellhammer e também ao Celtic Frost em menor escala.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

E as cortinas negras se abriram pela última vez na 15ª edição do Setembro Negro Festival

Eis que as cortinas negras se abriram e a alegria estava estampada nos rostos dos headbangers ao presenciarem um grande ídolo no palco. O Triumph Of Death agora era o dono da “preulinha toda”.



O início do espetáculo das trevas foi demarcado com o tridente em nome de “The Third Of The Storms (Evoked Damnation)”, que aparece no EP “Apocalyptic Raids”, de 1984, juntamente com “Massacra”. De fato, tudo o que o Hellhammer possui, foi lançado através de suas três demos. Vamos destacar o trio:

  • “Death Fiend”, lançado em junho de 1983
  • “Triumph Of Death”, lançado em julho de 1983
  • “Satanic Rites”, lançado em dezembro de 1983

Vale mencionar que em 2008 foi lançada a compilação das três demos sob o título “Demon Entrails”, com dois CDs, sendo o primeiro com a demo “Satanic Rites” e algumas regravações, e o segundo CD contendo as demos “Death Fiend” e “Triumph Of Death”. O EP “Apocalyptic Raids” (1984), além das faixas citadas no parágrafo anterior, também possui em seu tracklist “Triumph Of Death” e “Horus / Agressor”, ambas também tocadas nesse show.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Poder de fogo altamente destrutivo

As duas faixas iniciais provocam rachaduras no chão ao mesmo tempo em que invocam os soldados presentes para um combate infernal. A festa começa de maneira absoluta e proveitosa, enquanto a sede por mais rabiscos musicais é despejada como tonéis de tinta em uma ladeira.

Logo percebe-se o poder de fogo dos compatriotas de Tom Warrior, que por sua vez, se mostra resistente ao calor e feliz por fazer parte de um festival que, com toda a certeza, existe também por causa de seus trabalhos nos anos 80.



Stephan Giuliano/Mundo Metal

Se a banda austríaca Maniac já é sensacional e o álbum de mesmo nome dos belgas do Acid também é, imagina o som completamente sujo do Hellhammer e que também carrega esse nome. “Blood Insanity” complementa de forma unânime o estrago maravilhoso feito até aqui, tendo o guitarrista André Mathieu também como vocalista em homenagem a Steve Warrior, que é quem assina os vocais dessa música sob a alcunha “Savage Damage”.

“Decapitator” foi a quinta escolhida da noite e representou um carrasco ceifador de cabeças que não resistem ao poderio massacrante de Tom Warrior e seus asseclas, principalmente quando o baixo de Jamie tomou conta do cenário. Logo após a decapitação, veio “Crucifixion” com a nítida intenção de promover o caos sonoro. Entretanto, ainda sobrou espaço para desfilar a faixa “Reaper”, mantendo acesas as chamas negras infernais. Seus passos são mais vagarosos, mas nada que pudesse impedir a magia macabra de circular por todo o Carioca Club e adjacências.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

O martelo que atinge as profundezas do inferno

“Horus / Aggressor” é outra que surge como um sopro rasante de um dragão da catacumba e fez com que os fãs se felicitassem ao relembrarem o EP citado logo no início da trama.

As duas faixas seguintes pertencem ao split album famoso entre os headbangers mais antenados chamado “Death Metal” (1984). O split traz a parceria entre Hellhammer, Helloween, Running Wild e Dark Avenger. “Revelations Of Doom” e “Messiah” são as faixas presentes nesse split album e foram tocadas nessa mesma ordem, embora já estivessem presentes na demo “Satanic Rites”, só para ilustrar a força desse martelo ao atingir as profundezas do inferno.



Eu disse que o Celtic Frost seria homenageado em menor escala, já que o propósito é evidenciar os trabalhos de época do Hellhammer. Mas, aqui era chegada a hora de relembrar um dos grandes sons da geada celta. “Visions Of Mortality” foi a escolhida para ser entregue aos fãs nesta noite e funcionou muito bem. A canção faz parte do EP estreante do Celtic Frost chamado “Morbid Tales”, lançado em dezembro de 1984. Decerto, isso mostra a curta estrada do Hellhammer como banda, embora possua um legado secular.

Andre Santos/Roadie Crew – Heavy Metal & Classic Rock

Um desfecho magnânimo e apoteótico

A apoteose maligna acontece por conta daquela que carrega o nome deste projeto de Tom Warrior. A distorcida “Triumph Of Death” é apresentada, levando o público a delírio e o mosh é somente festa! O fim é anunciado de forma esplêndida e todos os integrantes esbanjam o mesmo empenho do início do show, sem deixar pedra sobre pedra. O baterista Tim Wey rouba a cena e deixa sua assinatura no ar com muita hombridade e dedicação a essa ideia magnífica. A homenagem ficou tão marcante que nem mesmo o fato de estarem tocando com equipamentos de primeira qualidade trouxe qualquer tipo de crítica. Afinal, os sons originais do Hellhammer foram gravados de forma bastante obscura e através de pouquíssimo investimento. E é essa podridão simplificada que trouxe toda a magia para o nascimento de mais subgêneros do chamado Metal Extremo.

Nesse show, muitos detalhes dos quais passam despercebidos por conta da gravação limitada à época, se puseram diante de todos nós. O que trouxe uma ideia ainda melhor sobre cada música tocada. Solos mais aparentes, diferenciais, distorções, e todo tipo de efeito utilizado pra incrementar cada canção, foi emulado com amplo sucesso. Esse formato poderá ser apreciado através do lançamento do álbum ao vivo chamado “Ressurection Of The Flesh”.

Andre Santos/Roadie Crew – Heavy Metal & Classic Rock

Integrantes do Triumph Of Death

  • Tom Gabriel Warrior (vocal, guitarra)
  • André Mathieu (guitarra)
  • Jamie Lee Cussigh (baixo)
  • Tim Iso Wey (bateria)
Andre Santos/Roadie Crew – Heavy Metal & Classic Rock

Setlist tocado no festival:

1. The Third Of The Storms (Evoked Damnation) (Hellhammer cover)
2. Massacra (Hellhammer cover)
3. Maniac (Hellhammer cover)
4. Blood Insanity (Hellhammer cover)
5. Decapitator (Hellhammer cover)
6. Crucifixion (Hellhammer cover)
7. Reaper (Hellhammer cover)
8. Horus / Aggressor (Hellhammer cover)
9. Revelations Of Doom (Hellhammer cover)
10. Messiah (Hellhammer cover)
11. Visions Of Mortality (Celtic Frost cover)
12. Triumph Of Death (Hellhammer cover)



Setembro Negro Festival – XV Edição

Curiosidades, informações e conclusões finais sobre o 3º dia de evento de número XV

A conclusão certamente é a de que o Setembro Negro Festival evoluiu bastante, alcançando o seu propósito, de acordo com Edu Lane (Nervochaos, Tumba Productions). O baterista, produtor e organizador de eventos disse que a origem de seu festival foi baseada no Milwaukee Metal Fest, que é um festival tradicional no circuito norte-americano e parece estar de volta ao front. Lembrando que este é um evento indoor, ou seja, em lugar fechado. Assim como é o Setembro Negro Festival.

A 15ª edição do festival contou com bandas dos mais diversos lugares do Brasil e do mundo, totalizando 36 bandas divididas em 4 dias de shows. 3 dias principais com 10 bandas cada e a véspera contando com mais 6 bandas.

O palco com uma tela substituindo os tradicionais backdrops funcionaram muito bem mais uma vez e o local se tornou primordial e fundamental para a organização do evento. O Carioca Club é o melhor lugar e possui a cara do Setembro Negro, mesmo que seja uma casa que abrange os mais diversos festivais de modelo indoor de São Paulo. Isso é importante dizer, pois em cada evento a casa fica de acordo com a festa, tirando qualquer ligação de um evento com o outro. Você só vê ligação através do calendário. Apenas isso.

Possibilidades

A liberdade para circular dentro e fora do local é algo a ser analisado por outros organizadores de eventos, pois ninguém gosta de ficar encaixotado em um lugar só o dia todo não. O que não é o caso do Setembro Negro.



Isso também abre vantagem para encontros entre amigos, familiares e por aí vai. Pois, a pessoa pode sair livremente para depois retornar ao local sem problemas e quantas vezes achar necessário, desde que tenha a pulseira do evento.

Os equipamentos são de primeira qualidade, tirando qualquer dúvida sobre a questão do som. É claro que aconteceram alguns problemas, mas estes foram facilmente resolvidos e são coisas que acontecem ao vivo mesmo. É ir acertando e tornando o evento cada vez melhor e mais agradável. E por enquanto, podemos dizer que se trata do melhor festival do gênero. Digo por enquanto, pois na próxima edição poderá ser ainda melhor, abrindo uma distância ainda maior sobre o possível segundo colocado.

Mulheres do Metal no Setembro Negro Festival

Essa parte do texto é para você, seu cavalinho! Você que se morde todo quando dá de cara com uma mulher cantando, tocando algum instrumento musical ou até mesmo ambos juntos. É para você, o tipo de sabichão da praça, manjador da preula toda e que não aceita mulher tomando a cena de assalto sem ao menos conferir para ver se aquilo que está sendo feito, presta ou não. Portanto, vamos quebrar a sua fuça da maneira mais sutil e elegante possível. Me acompanhe para o próximo parágrafo. E a propósito, como diria Sang, subordinado de Juntao em A Hora do Rush: “Limpa aí. (entrego um lenço branco a ti) Tá sangrando.”

As mulheres que estiveram no palco juntamente de suas respectivas bandas, ajudaram a elevar o já alto calibre musical no Setembro Negro. Não é qualquer um sobe ao palco do Carioca Club em um festival desse porte e desempenha tal função de maneira organizada e, por vezes, exemplar. Não quero dizer que uma banda necessita de uma mulher em seu line up para construir algo concreto. O que vale é a intenção e a busca pelo tipo de som que a banda deseja por em prática. Tudo isso é somado à qualidade da musicista e também a sua personalidade. Portanto, não é apenas tocar as músicas e ir embora. Há muito mais em jogo ao fazer parte de um projeto.



Ser mulher não é o caso principal, pois o que importa é ser mulher e competente naquilo em que se possibilitou a realizar. Entretanto, sabemos que o espaço delas é menor e continuará sendo, pois a probabilidade de um garoto passar a curtir som pesado é muito maior do que uma garota. A liberdade está aí para escolher o que se quer ouvir e tocar.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Os desafios vencidos pelas guerreiras do Metal

Os desafios são vários, principalmente quando uma mulher substitui um cara em uma banda, pois é colocada em jogo toda a história desse músico mais antigo e toda a sua contribuição para essa banda. Portanto, acaba sendo um desafio dobrado para uma garota executar.

A música é quem deve ser analisada antes de qualquer outro assunto. Assim, nada ficará fora de contexto e as possíveis críticas ou elogios não serão colocados em vão. Em resumo, não por tal integrante ser mulher que ela é competente e também não por ela ser mulher que vai ferrar com a banda. O que vale é a qualidade musical, ou seja, se para quem ouve, a banda está indo bem com a nova formação. No caso de ser uma banda com a formação tradicional composta por ao menos uma mulher, também deve-se analisar o desempenho e se a música entra no seu gosto. Não importa o sexo do anjo, desde que ele saiba tocar a sua celestial harpa.

O exército de mulheres que ajudou a elevar o nome do Setembro Negro

Mayara Puertas, também conhecida como May Undead e até mesmo Mayara Undead, foi a primeira das generais a figurar no palco do Carioca Club para o Setembro Negro Festival. Ela é a atual vocalista do Torture Squad e passou a fazer parte da banda paulistana após a saída de André Evaristo, este que por sua vez, cobriu a ausência de Vitor Rodrigues. O show do Torture Squad aconteceu no 1º dia do festival após a Pré-Festa, só para ilustrar. May já está mais do que adaptada à banda e vice-versa.



Vasiliki Biza é a baixista do Nightfall, banda grega de Melodic Black/Gothic Metal, em um resumo bem destacável e honesto. Sua presença é mais introspectiva com relação às outras instrumentistas, mas consegue manter o alicerce sonoro sem abalos. Além da semelhança física com Marta Gabriel (Crystal Viper).

Já no segundo dia sem contar o evento de véspera, quem subiu ao palco foi a baixista do SacramentumJulia von Krusenstjerna, banda sueca de Black Metal. Julia demonstrou amplo domínio de seu contrabaixo aliado a uma banda bastante afiada, honrando o legado do Metal Extremo sueco.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Mais amazonas em cena

O último dia do festival contou com o Miasthenia, banda brasiliense de Melodic Pagan Black Metal, também em um resumo que clareia melhor o direcionamento. A banda possui três mulheres, sendo liderada pela vocalista e tecladista Susane “Hécate” Rodrigues de Oliveira. A baixista Aletea Cosso e a baterista Ariadne “Lith” Souza completam o trio de amazonas musicais.

Lori Steinberg é a líder, guitarrista e vocalista da banda norte-americana de Doom/Stoner Metal, Acid King. Suas melodias, solos extasiantes e acordes pesados ditaram o ritmo viajante e denso durante a apresentação.



Para finalizar, mais uma baixista! Com seu baixo Rickenbacker, Jamie Lee Cussigh, ou simplesmente Slaughterwytch, mostrou a que veio durante o show do Triumph Of Death. Ela demonstrou total empenho ao encarnar toda a cena dos anos 80 quando Tom Warrior dava seus famosos urros no Hellhammer e, consequentemente, no Celtic Frost. Slaughterwytch roubou a cena completamente!

Só para ilustrar, Slaughterwytch é o pseudônimo de Jamie junto ao Sacrifizer, na qual ela também toca contrabaixo, enquanto na banda Letter 94, ela não apenas toca baixo como também faz as linhas vocais, além de se apresentar como Dolorès.

Portanto, para a alegria de muitos e tristeza de burros, a competência e o feeling são providenciais e muito mais importantes do que o gênero do músico. Seja homem ou mulher, a competência pode estar nas mãos e vozes de ambos.

O que essa edição pode levar de positivo para o próximo evento?

As formas de pagamento e as promoções foram boas, tanto que várias pessoas adquiriram o combo para os 3 dias mais a Pré-Festa. Um leque cada vez mais variado de bandas, tanto em subgênero quanto em localidade, proporcionando gratas e grandes surpresas para o festival.



Bandas com mulheres representando de forma sublime a essência do Metal e que não devem nada a ninguém. Combatentes forjados no calor do aço e que honram o legado do Metal como um todo. Bandas que se sentem bem ao tocarem no Setembro Negro e o público cada vez mais admirado com o evento. Evento esse que é nosso. É daqui do Brasil. E isso mostra o quanto você pode ser capaz de vencer aqui mesmo na nossa terra.

As pessoas olham para os fracassos e esquecem daqueles que se saíram vitoriosos após uma longa luta. O Setembro Negro não começou da noite para o dia e hoje, todos os envolvidos nessa luta merecem brindar com a melhor bebida que escolherem. Afinal de contas, o Setembro Negro Festival é mais do que uma realidade. É algo com continuidade e que deve melhorar a cada edição.

Por fim, a quem deseja organizar algo do tipo, deve se espelhar na história e no que o Setembro Negro se tornou ao longo dos anos. Foram 15 edições que ajudaram a colocar de vez o Brasil na rota de shows das bandas estrangeiras.

Agradecimentos

Os agradecimentos partem através do espaço a qual pertenço, que é o site Mundo Metal e todas as outras redes e formatos envolvidos com a marca Mundo Metal. Juntamente com Dan e Vaz, irmãos e parceiros de equipe aqui da casa, agradecemos a todos que nos conhecem, nos viram, falaram conosco, brincaram, tomaram uma gelada com a gente, e também participaram das várias rodas de mosh ao longo do festival.

Agradecemos aos nobres que foram citados durante essa rica história, Ale, Grade, Christian, professora Fernanda, Phillipe, Dani, Marcos e seu colete com patches famosos, e Wellington, além de outros que encontramos, mas ou não sei o nome, ou não lembro quem era. Valeu e esperamos revê-los na próxima edição do Setembro Negro e também em outros shows.

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Agradecimento especial pela honra de uma missão

O agradecimento mais que especial vai para quem de fato estava para ir ao evento. Porém, o técnico precisou fazer uma substituição repentina e lá estava eu no banco de reservas. Fui designado a exercer essa missão e creio que pude concluí-la da melhor maneira possível. Espero ter honrado a oportunidade e o espaço designado a mim. Ao mestre Eugênio Castro, minhas saudações e meu muito obrigado. Espero que na próxima edição possamos estar todos reunidos para bater aquele papo divertido, informativo, engraçado, regados a um ótimo elixir de cevada.

Obrigado, Eugênio, a todos meus amigos, a minha família, a todos. Obrigado, Mundo Metal. E obrigado a vocês que nos acompanharam arduamente até aqui.

Até a 16ª edição do Setembro Negro Festival! Nos vemos lá! Forte abraço!

Stephan Giuliano/Mundo Metal

Agora fiquem com o recado secular de Daniel Dante sobre mais um dia de Setembro Negro Festival:

“Em estado de putrefação, após quatro dias da boa e velha ultraviolência.”

 dia do Setembro Negro Festival – XV Edição foi realizado no dia 10 de setembro (domingo).

Local: Carioca Club
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros, São Paulo – SP
Organização: Tumba Productions
Apoio: Clube do Ingresso, Carioca Club, Ashby Cervejaria, Burn Networks, Xaninho Discos, LP Metal Press

Para acompanhar o que aconteceu na Pré-Festa, o e dias do Setembro Negro Festival, clique nas marcações.

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