Belo Horizonte, meados dos anos 80. Um grupo de jovens descontentes com a mesmice sonora e visual do Metal começa a arquitetar uma revolução. Nascido em 1985, o Sarcófago não apenas fez história no Brasil, como também se tornou uma das bandas mais influentes do cenário extremo mundial, sendo cultuada por nomes como Euronymous (Mayhem), Fenriz (Darkthrone) e uma enormidade de outros músicos relevantes. Sua trajetória é curta, intensa e marcada por inovação, controvérsia e uma sonoridade à frente do seu tempo.
O Início
Fundado por Wagner Lamounier (ex-Sepultura), o Sarcófago rapidamente chamou atenção com seu visual agressivo e uma sonoridade caótica que misturava Black, Thrash e Death Metal. Sua primeira aparição relevante foi no split “Warfare Noise I” (1986), ao lado de Chakal, Holocausto e Mutilator.
No ano seguinte, lançam o revolucionário “I.N.R.I.” (1987), pela Cogumelo Records. Com vocais urrados, letras anticristãs e a bateria alucinante de D.D. Crazy, o disco tornou-se referência do Black Metal primitivo, sendo reverenciado até hoje por músicos e fãs do mundo inteiro.
A banda continuaria sua escalada com “Rotting” (1989), trazendo um som mais coeso, letras ácidas e uma das capas mais polêmicas da época — o corpo de Jesus em decomposição. O disco ampliou sua visibilidade fora do Brasil, especialmente na Europa. Mas foi com “The Laws Of Scourge” (1991) que o Sarcófago surpreendeu: trocou o caos por técnica, os vocais urrados por uma abordagem mais controlada, e praticamente abandonou os temas satânicos para focar em violência urbana, assassinato e depravação.
O álbum é um clássico do Death/Thrash técnico e prova do amadurecimento musical da banda. Com o avanço da tecnologia e o desejo de alcançar níveis extremos de velocidade, o Sarcófago gravou “Hate” (1994) com bateria eletrônica — uma decisão ousada que dividiu opiniões. Se por um lado perdeu em “alma”, por outro ganhou em brutalidade. Em 1996, lançam “The Worst”, último álbum completo, e em 2000, o EP “Crust”, encerrando de vez as atividades.
O fim?
A banda nunca fez shows internacionais, nunca buscou fama e se recusava a fazer concessões comerciais. A atitude anti-mainstream tornou-se marca registrada, sendo fiel ao espírito do underground até o fim.
Mesmo após o término, o Sarcófago continuou a influenciar gerações de músicos. O impacto de “I.N.R.I.” pode ser sentido em bandas de Black e Death Metal de todos os continentes. Wagner Lamounier, vocalista e principal compositor, abandonou a música e tornou-se professor universitário de economia. Ele recusou inúmeras ofertas para reuniões.
Já o baixista Geraldo Minelli comandou por um tempo uma banda tributo com ex-integrantes, mas o Sarcófago nunca mais voltou oficialmente. Pelo menos até agora…
Sarcofago no Maryland Deathfest 2026
Minelli está atualmente à frente do The Laws Kill Destroy, banda que tem tocado material do Sarcófago com mais intensidade, principalmente, em festivais internacionais.
Após tocar recentemente no Steelfest de 2025, o The Laws foi anunciado no Maryland Deathfest de 2026, mas perceba que o grupo foi anunciado de outra maneira e com outro nome. Na descrição do evento, a banda que se apresentará é o “Sarcófago (Brazil) – Performed by Gerald “Incubus” Minelli and The Laws”. Aliás, o logo no poster de divulgação é o do Sarcofago e o grupo aparece entre os headliners do evento, ao lado de Kreator, Grave, Destruction e outros. Veja:
A pergunta que não quer calar é: Minelli irá realmente reformar o Sarcofago de forma oficial? Ao que tudo indica, sim.
O canal Além do Metal Clássico fez uma análise muito interessante sobre este “retorno” do Sarcofago, veja o que o apresentador e redator do Mundo Metal, Carlos Chaves, disse sobre o assunto:
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