Após fechar a trilogia “Moonlover” (2017), “Starmourner” (2017) e “Self Loather” (2021), que abordava tragédia, êxtase e medo/ódio, respectivamente, o Ghost Bath volta a dar as caras em “Rose Thorn Necklace” (2025), seu quinto álbum de estúdio.
Controlado em todos aspectos por Dennis Mikula (Nameless), responsável pelas músicas, letras, artes e até agendamento de shows, “Rose Thorn Necklace” (2025) apresenta algumas mudanças em relação ao que foi feito no passado, especialmente em relação a “Self Loather” (2021).
A primeira mudança foi a promoção do grupo a artista nível internacional pela Nuclear Blast Records, o que lhe deu maior projeção, divulgação e turnês, sejam elas próprias ou mesmo atuando como suporte para gente de peso, como o Cradle Of Filth.

Mais mudanças
A segunda mudança foi a saída do baterista Jason Hirt. Segundo Mikula, por “não se conectar emocionalmente” com as novas músicas, ele deixou a banda. Para seu lugar chegou Mike Heller, que gravou três disco com o Fear Factory. Tim Church (guitarra), John Olivier (guitarra) e Josh Jaye (baixo) permanecem, mas dão as caras apenas nas apresentações ao vivo.
O som também teve alterações. Mais curto, “Rose Thorn Necklace” (2025) apresenta um Ghost Bath menos bruto do que outrora, graças ao uso de sintetizadores, pianos e guitarras mais moderadas, além das três belas faixas instrumentais, capazes de agradar qualquer pessoa, independentemente ser fã de Black Metal, Depressive Black Metal ou qualquer outro rótulo afim.
Mas a banda não perdeu sua ferocidade. Surgido de um intenso, caótico e autodestrutivo processo de criação. Mikula passou por longas e intensas jornadas de gravações e regravações em seu estúdio, isolado de tudo e todos, às vezes por semanas.
“Eu queria morrer na maioria dos dias, mas em vez disso, canalizei cada gota de energia que tinha para dedilhar cordas e gritar em um microfone sozinho no meu escritório. Depois, bebia até desmaiar e fazia tudo de novo, assim, por meses.”
As letras frequentemente falam sobre morte, muito sangue e sexo. Ainda segundo Mikula, “o verdadeiro truque foi tentar não me conter. Eu queria criar algo depressivo com desespero, luxuoso, gótico, grotesco, nojento e visceral como alguns dos temas orientadores”. Não achei uma referência confirmando minhas suspeitas, mas tenho a impressão de que sua temática tenha sido fruto de um ou mais relacionamentos kamikaze, cantado aqui em vozes ora rasgadas, ora guturais.

Carga dramática
Como tudo que gira em torno do Ghost Bath tem certamente uma carga dramática, a capa do disco, arte que já existia antes do seu lançamento, é obra de Ksenija Tarasova, artista e escritora lituana que aborda em seus trabalhos “o tema da vida após o trauma”. Um parêntese aqui: não sei se foi só comigo, mas a arte da capa do “The Laws Of Scourge” (1987), do Sarcófago, casa perfeitamente ao título do disco.
Talvez alguns fãs ou mesmo ouvintes costumazes de Depressive Black Metal achem o disco “Rock” demais para ser enquadrado nesse estilo, mas eu gostei mais desse “novo” Ghost Bath do que o de outrora. É um disco de um artista que arriscou um pouco mais e ao final acertou, ainda que quase tenha levado a extremos perigosos seu processo criativo.
“Rose Thorn Necklace” (2025) está disponível no Brasil pela parceria entre a Shinigami Records com a Nuclear Blast, assim como “Self Loather” (2021).
Nota: 8
Integrantes:
- Dennis Mikula (Nameless): (vocal, guitarra, baixo, piano, sintetizadores)
- Mike Heller: (bateria)
- Jason Tjoei (Chewie): (piano)
Faixas:
- 01 Grotesque Display (instrumental)
- 02 Rose Thorn Necklace
- 03 Well, I Tried Drowning
- 04 Thinly Sliced Heart Muscle (instrumental)
- 05 Dandelion Tea
- 06 Vodka Butterfly
- 07 Stamen And Pistil
- 08 Needles (instrumental)
- 09 Throat Cancer