Donald Tardy, baterista do Obituary, concedeu uma nova entrevista a Oran O’Beirne da Bloodstock TV, onde refletiu sobre a resposta positiva dos fãs ao último disco “Dying Of Everything” (2023) e, a forma calorosa com que os fãs reagiram às “novas músicas”. O’Beirne observou que isso deve ter gerado um sentimento muito bom — o Obituary estava prestes a completar 40 anos quando “D.O.E” estreou. Donald Tardy disse:
“Sim, realmente, porque, você sabe, nesse ponto da nossa carreira, eu acho que você faz álbuns para se manter relevante, mas não vamos nos enganar… Quando o Obituary toca, as pessoas querem ouvir ‘Chopped In Half’, elas querem ouvir ‘Slowly We Rot’. Então, para elas relamente aceitarem o novo álbum e as novas músicas… Porque os membros da banda, que são bem opostos, mas querem que todos amem o novo álbum. Nós amamos nossos novos álbuns! Todo mundo faz isso. Mas, como um fã do Slayer, quando você vai ver o Slayer, é como se tocassem algumas músicas novas, mas você sabe que eu estou esperando por ‘Show No Mercy’ e ‘Hell Awaits’, e não é minha culpa. Você fez isso comigo quando eu era adolescente. [risos] Então, é legal. É legal ver as pessoas cantando [as músicas] de ‘Dying Of Everything'”.
Sobre os 35 anos do clássico “Cause Of Death”, o disco que ajudou a definir uma era, Oran O’Beirne indagou Donald sobre como é para eles, ver uma nova geração de fãs na faixa dos 15 a 20 anos, enlouquecendo com os clássicos do disco nos shows da banda. Perguntado se a energia continua a mesma dos shows de antigamente, o baterista também aproveitou para falar sobre sua performance em “Cause Of Death”:
“Sim, é verdade. E São fãs muito jovens. O legal é que o álbum já tem quase 36 anos. Então, 35 anos atrás, nós éramos apenas garotos de 20 e poucos anos e escrevemos músicas nas quais acreditávamos e íamos atrás delas. E agora vejo jovens de 20 e 15 anos, vivenciando isso pela primeira vez, mas muito apaixonados, na primeira fila, indo fundo e realmente curtindo. Isso é legal. Mais uma vez voltamos aos compositores e às pessoas, os fãs acreditam no álbum que você acabou de lançar em comparação aos membros da banda. Eu tinha 20 anos quando escrevi essas músicas em ‘Cause Of Death’. E, honestamente, eu já disse isso em outras entrevistas, eu não suporto minha performance naquele disco. Essa também foi a época em que o trigger e a substituição de som estava apenas começando no mundo do Heavy Metal. Então, eles decidiram substituir o bumbo e a caixa naquele disco.
A única coisa da qual tenho orgulho são minhas habilidades de bateria atrás de uma bateria e meu som ambiente. Eu faço um rimshot com minha caixa. E mesmo com 20 anos, lembro-me deles substituindo a caixa bem na minha frente, como acontecia naquela época nos computadores e você tinha que deixar que cada um a substituísse. E eu acabava de ouvir a magia ir embora. Eu só sei que eles eram mais consistentes, mas isso ainda remete ao fato de eu ser bastante consistente. Não sou o melhor baterista do mundo, mas sou consistente. E eu senti a magia ir embora. Então, sim. Os jovens adoram ‘Cause Of Death’. Mas eu me encolho quando ouço esse disco. Honestamente, agora que estamos comemorando 35 anos, voltamos e reaprendemos o álbum inteiro e estamos tocando no palco nos andamentos que eu gostaria de ter feito em 1990, e com os sons reais de bateria ambiente, não há gatilhos na minha bateria ao vivo. Sabe, nós vamos em frente e é muito legal. Essas músicas são brutais.”
Apesar disso, Donald Tardy descartou a possibilidade de regravar “Cause Of Death”:
“Você tem que se colocar no lugar dos fãs. Eles realmente querem isso? Eu acho que eles reagiriam a isso antes mesmo de ser lançado, eles teriam uma razão para dizer que não é bom, ou melhor ou pior, antes mesmo de ouvirem, e eu entendo isso, cara.
De novo, isso remonta a uma das minhas bandas favoritas do mundo. Voltando ao Slayer, as produções do Slayer em ‘Show No Mercy’ e ‘Hell Awaits’. E nós sabemos, mas é parte disso, é parte do motivo pelo qual é tão doentio. O som do bumbo do Dave Lombardo é hilário, mas seus pés são muito fortes. E voltar e tentar gravar só para gravar melhor, você faria isso, mas não faria justiça. Não quero gravar. Não temos nada a ver com regravar.”
Indagado sobre o novo boxset “Godly Beings” com os quatro primeiros discos da banda lançados pela Roadrunner Records, “Slowly We Rot” (1989), “Cause Of Death” (1990), “The End Complete” (1992) e “World Demise” (1994) e faixas bônus, Donald Tardy disse que ninguém da gravadora pediu a opinião da banda sobre o assunto, eles apenas foram comunicados sobre a novidade:
“É um assunto delicado porque o boxset simplesmente não foi ideia nossa. Nós apenas…”
Oran O’Beirne o interrompeu e perguntou se Tardy gostaria que essa parte do vídeo fosse cortada, e ele respondeu:
“Não. Você pode expor para os fãs para que eles tenham certeza. Mas isso é apenas algo que a Roadrunner, como empresa, fez com todas as suas bandas, e as bandas não tiveram voz ativa, porque, claro, como artista, se eu não fosse uma empresa, se eu não estivesse vendo nada disso, seriam centavos, ou amendoins. E o lado criativo disso não é que você nem está perguntando a minha opinião, então porque eu iria querer que isso existisse? Você sabe, se não fazemos parte dessa gravadora? Já faz um tempo… Então era algo que eles queriam e nós não tínhamos escolha. Eles vieram até nós e disseram que iriam fazer isso, e não perguntaram: ‘Vocês querem fazer isso?’, eles apenas disseram: ‘Vai acontecer.’ Esse é o lado brutal de ser gerido [por uma gravadora]. Você não pode chorar pela cerveja derramada. Nós simplesmente seguimos em frente como empresa.”
Sobre se há planos para um novo álbum em 2026 ou 2027, Donald respondeu:
“Na indústria do rock and roll, você faz planos e nada nunca dá certo, e ser adiado, isso sempre acontece. Então, não quero dizer às pessoas que vai ter um novo álbum, porque tem? Não sabemos. Estamos nos divertindo muito. Meu irmão e eu estamos nos divertindo muito.
Deveria haver mais um disco? Possivelmente. Possivelmente para os fãs. Com 40 anos de carreira, nos perguntamos: para onde vamos com essa nossa carreira? E por quanto tempo mais? Queremos fazer isso? Podemos fazer isso? E devemos fazer isso?”
E então, para responder à pergunta, amamos compor músicas e amamos a ideia de um novo álbum, mas definitivamente vamos dedicar nosso tempo e compor as melhores músicas possíveis, assim como fizemos com ‘Dying Of Everything’. Então, 26 e 27 serão um processo de composição, e depois a gravação. Então estamos olhando para isso assim: se ainda estivermos deste lado da mundo e pudermos fazer isso, haverá outro, simplesmente porque os fãs merecem. E nós ainda estamos nos divertindo fazendo o que fazemos.”
Em seguida, assista a entrevista na íntegra:
Obituary em show recente no Summer Breeze 2025:
Por fim, saiba os detalhes do retorno da banda ao Brasil em fevereiro de 2026: