Algumas histórias de bastidores precisam chegar ao conhecimento dos fãs. Principalmente as boas, como esta contada pelo vocalista Randy Blythe, do Lamb Of God, em uma nova entrevista concedida ao canal Turned Out A Punk.
É realmente impressionante que uma banda com o tipo de sonoridade do Lamb Of God, tenha conseguido permanecer em uma grande gravadora como a Epic e lançado 7 discos de estúdio sem mudar uma vírgula de sua sonoridade original.
E Randy respondeu a um questionamento exatamente sobre como isso aconteceu. A resposta é muito boa e vale cada segundo da leitura. Ele revelou o seguinte:
“Quando nos aproximamos da hora de assinar com uma grande gravadora, acho que provavelmente eu era o único na banda que estava realmente nervoso sobre isso, porque venho da cena Punk Rock e grande gravadora é uma palavra suja. Mas estou em uma banda de Metal. Você também tem que perceber que não somos estritamente uma banda de Punk Rock; somos uma banda de Metal. Mas, ao olhar para isso, a maneira como imaginei que aconteceria foi que eu via isso como uma situação de ‘Grande Fraude do Rock ‘N’ Roll’, como Sex Pistols.
Eu pensava algo como, ‘isso não deveria estar acontecendo. Nossa banda é muito agressiva. Não vamos fornecer nenhum tipo de sucesso de rádio ou algo assim. Por que uma grande gravadora está batendo à porta? Eu sei o que vai acontecer. O que vai acontecer é que eles vão nos dar esse dinheiro. Vamos escrever esse disco. Vamos dar a eles o nosso disco e eles vão nos abandonar antes do lançamento ou logo depois do lançamento’.
E eu sabia o suficiente sobre a maneira como a indústria musical funcionava para ser uma pessoa com um pensamento do tipo, ‘eles vão nos abandonar. Eles vão quebrar o contrato. Então vamos ficar com o dinheiro’. Então foi, tipo, ‘vamos pegar o dinheiro e fugir. Foda-se. Isso nunca vai dar certo. Eles nunca vão nos manter por perto’.
Fizemos um show no Knitting Factory em Nova York logo antes de assinarmos. E a presidente da Epic Records na época era uma mulher adorável chamada Polly Anthony. E ela veio para esse show. Estava um calor do caralho. Não sei se você já foi ao Knitting Factory. É um clube pequeno. É um calor brutal lá dentro. Terminamos e ela disse, ‘isso foi tão bom’, uma mulher de meia-idade muito organizada e bonita. Ela disse, ‘vamos sair para beber e comer alguma coisa para celebrar a música de vocês’. E nós dissemos, ‘ótimo. Comida de graça’ ou algo assim.
Então fomos para esse bar chique de Nova York, e estávamos sentados nessa mesa e eles estavam trazendo doses para a gente tomar uma dose. E ela disse, ‘eu só queria propor um brinde’. Eu fiquei, tipo, ‘espere só um segundo. Ok, eu tenho algo a dizer bem rápido. Antes de assinarmos isso…’ E foi como se a agulha tivesse sido retirada do disco, e minha banda inteira apenas olhou para mim. Eu me lembro disso claramente. Eu fiquei sério e disse, ‘número um, nós nunca vamos escrever uma música para rádio. Número dois, você não pode nos dizer o que escrever. Número três, você não pode nos dizer quem vai produzir nossos discos. Número quatro, você não pode tentar mudar nossa direção artística. Nós já estamos bem, então não precisamos realmente de você’.
E essa mulher olhou para mim e minha banda olhou para mim, tipo, ‘puta merda, cara. Ele acabou de destruir tudo para nós’. Então ela olhou para mim e disse, ‘oh, meu Deus. Eu sinto muito. Eu te dei essa impressão?’. Eu fiquei meio confuso e disse, ‘Não. É só para deixar claro’. E então funcionou. E nós acabamos de cumprir um contrato de sete álbuns com eles. É uma loucura. Lançamos sete discos em uma grande gravadora, soando como nós, sem entregar um único hit. Ainda não tenho certeza de como funcionou. Mas eles nunca nos disseram o que fazer, nunca nos disseram quem nos produzir, nunca tentaram nos dirigir de qualquer maneira, porque o que temos, não precisa ser consertado. Funciona por si só.
Acho que eles são inteligentes o suficiente para perceber isso.”
