Nordrhein-Westfalen. Esta é forma escrita original do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, onde se localiza a cidade de Essen que ficou bastante conhecida graças ao gigante germânico Kreator. Essen é a oitava maior cidade da Alemanha e outrora foi um grande centro de extração de carvão e de produção de aço, e que hoje se encontra em um período de reestruturação. Tal cidade é o berço também da banda de Technical Thrash Metal, Manifestic que surgiu em 2015, tendo lançado sua primeira demo auto-intitulada no mesmo ano. E que neste ano de 2019 acabara de lançar seu debut nomeado “Anonymous Souls” mais precisamente no dia 29 de março via Punishment 18 Records. Tal vertente possui um tempero regado também pelo Speed e algumas doses de Prog sem exagerar no molho. O line up dos alemães é formado por Rob (The Night Eternal) na guitarra e vocal; Jerome (Destroy Them, Final Depravity, The Very End, Extinct The Scum) comandando a batera além de também soltar a voz; Samy na guitarra; e Tristan (ex-Antagonist) no baixo. Agora vamos ver se o tempero é ou não bastante homogêneo e equilibrado.
Após uma breve introdução que remete ao vasto universo, e seus mistérios a descobrir, a faixa título, “Anonymous Souls”, abre as cortinas logo entregando uma constante metranca de riffs de um modo que me fez perceber uma junção entre Kreator e Ancient Empire. Também é possível notar nuances, as quais se comparam com a sonoridade de bandas como Aspid e Shah, ambas da gloriosa Rússia. Faixa esta que recebeu um videoclipe muito bem produzido e pode alimentar qualquer alma anônima que o assistir. Em seguida a viagem segue com “Deaf Dumb And Blind” que mantém a ideia da técnica apurada e veloz com espaço para melodias que enriquecem ainda mais a harmonia entre o som veloz e quebrado. Falar de solo aqui é algo até simples, já que o conceito é altíssimo do início ao fim da canção. Há partes em que eu considere mais progressivas por darem aquela “escapada” sem sair do tom. Sob a lembrança dos “Três Macacos Sábios” (Mizaru – o que cobre os olhos, Kikazaru – o que tapa os ouvidos e Iwazaru – o que tapa a boca, que é traduzido como não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal) a faixa apresenta uma sonoridade de amplitude qualificada. “Wide Open” tem um início marcado por uma lentidão proposital aprumando a nave toda aberta a tal experiência rumo a esta viagem sem deixar de reparar no quão destacável é o baterista e vocalista Jerome.
A quarta canção intitulada “Time Wlll Collapse” se apresenta inicialmente como uma dobra entre o Heavy mais tradicional e o Prog, que logo descamba para o Thrash que eu gosto. Pesada, veloz, cortante e eficaz. Porém, com seus cortes de tesoura de seis cordas e umas pitadas de Speed Metal para azeitar o percurso. Rob não só impõe muito bem seus vocais juntamente com Jerome, como também é capaz de fazer desmoronar vilarejos ortodoxos com seus solos amplamente qualificados. E ao ouvir isso é fácil de notar como faltam solos em alguns discos de Thrash lançados por aí afora. “Civilization Collapse” do álbum “Phantom Antichrist” (2012) serviu de inspiração tanto para nomear a música quanto para a elaboração de trechos sonoros da mesma. Sabendo que o tempo poderá entrar em colapso, a nave alinha o seu voo seguindo em frente.

“Incognito” honra seu nome sendo uma incógnita em sua apresentação tornando o ambiente um tanto inóspito e rarefeito. E o que parece ser ruim acaba casando muito bem com o que vem a seguir sabendo que esta faixa é instrumental e estende o tapete para… “Spiritual Abyss”! Trata-se de mais uma música com teor alcoólico de progressividade e velocidade alto principalmente para quem não é muito adepto dessa mistura que revela o abismo espiritual durante a caminhada espacial. Por ser curta, quase não se percebe que é a vez de “Silicon War”. Tal nome me fez lembrar um dos melhores álbuns do Blaze Bayley, “Silicon Messiah” (2000). E que para muitos adeptos se trata do melhor disco dele mesmo. Junto a isso os temperos de bandas como Onslaught e Voivod também se fazem presentes no certame.
“Code Of Silence” chega para impor o código do silêncio ensurdecendo a todos de maneira positiva com seu arsenal sonoro completo sem deixar pedra sobre pedra, como o ermitão dizia. Esta é outra faixa que carrega em seu DNA uma dose certeira de Kreator sabendo lidar muito bem com a situação e entregando ao ouvinte todas as características de um Technical Thrash de verdade. E eis que notas harmônicas acompanhadas por um chimbal suave chamam a donzela para bailar no jardim do castelo. “263” é o nome de mais uma bendita faixa instrumental que não assusta tanto de primeira como a anterior.

“Pillars Of Democracy” chega chutando a porta derrubando o charuto do magnata que pensa que nada o atinge. Os pilares devem ceder e o som se elevar perante todos que apreciam uma boa pancadaria. Mais solos corridos e aprumados com todos os inimigos sob a mira prontos para serem alvejados pelo material sonoro bélico dos germânicos. “Poisoned Waters” encerra os trabalhos e pousa a nave em segurança, mas antes o caminho é bastante emocionante com muitos inimigos querendo interromper essa jornada especial e marcante para a boa música. Tal jornada é tão interessante que algumas passagens entregam algo de Angelus Apatrida e MX não só neste final como também em alguns detalhes de faixas anteriores que valeriam uma audição ainda mais minuciosa do que esta que fiz. Embora eu não ouça apenas uma vez para avaliar determinado full length. Estamos ficando à mercê das águas envenenadas pela ignorância desumana que assola o mundo tendendo a piorar cada vez mais.
De acordo com as nomenclaturas que encontrei, eu poderia classificar a banda e o disco como Technical Speed Thrash ou como Progressive Speed Thrash, mas o que importa aqui é saber se presta ou não. Ou se parte para outra banda e outro lançamento. Nesse caso aqui eu já resumi em Technical Thrash mesmo e garanto que vale sim não apenas ouvir como também fazer a aquisição do produto físico sem sombra de dúvida! Afinal de contas, ninguém aqui exagera no molho e o tempero é com toda certeza bastante homogêneo e equilibrado sim!
Nota: 8,9
Integrantes:
- Rob Richter (guitarra solo / vocal)
- Jerome Reil (bateria / vocal)
- Samy Lee (guitarra base)
- Tristan “Lucifer” (baixo)
Faixas:
1. Anonymous Souls
2. Deaf Dumb And Blind
3. Wide Open
4. Time Wlll Collapse
5. Incognito
6. Spiritual Abyss
7. Silicon War
8. Code Of Silence
9. 263
10. Pillars Of Democracy
11. Poisoned Waters
Redigido por Stephan Giuliano