O baterista do Death Angel, Gene Hoglan (ex-Death), contou a Chris Garza do Garza Podcast, como os fãs receberam o penúltimo álbum do Death, “Symbolic”, de 1995. O disco, hoje visto como um trabalho único da lendária banda da Flórida, por sua direção mais progressiva e por ser uma das gravações mais ricas do falecido vocalista/guitarrista/compositor Chuck Schuldiner. “Symbolic” foi gravado e mixado no Morrisound Recording, em Tampa, na Flórida.
Gene Hoglan relembrou o hate que o disco recebeu por parte dos fãs que não paravam de compará-lo aos discos anteriores do Death. Mas o tempo comprovou que eles estavam errados, e muito, veja o que disse Gene:
“Quando nós lançamos — e se Symbolic é um disco clássico hoje, ele não foi recebido dessa forma de jeito nenhum naquela época. Não. Ele foi odiado. Odiado. simplesmente Odiado. Absolutamente odiado. Cem por cento odiado. As únicas pessoas que não odiaram foram alguns jornalistas que o resenharam, mas os fãs odiaram. Todo mundo odiou, porque era tipo: ‘O que diabos você fez com a minha banda favorita? Onde está Scream Bloody Gore? Onde está Leprosy? Onde está Spiritual Healing? Isso é uma porcaria musical, melódica. O que é isso?’. O mundo não estava pronto. Eles não estavam acostumados. Eles estavam acostumados a ouvir o death metal deles realmente brutal e nada melódico. E isso é uma coisa que eu vou reconhecer em relação ao Death, ao Chuck, a quem quer que tenha estado envolvido nisso.”
Elaborando sobre a importância do Death e de Chuck Schuldiner para o gênero, Gene falou sobre o papel do Death no surgimento do metal técnico:
“Uma coisa é quando você está envolvido em um gênero musical que já é aceito, você entra e toca um estilo popular de música e faz isso bem — isso é uma coisa. O Chuck, embora não tenha inventado o death metal, o Death foi uma banda muito importante na criação geral do death metal. Então, no brutal death metal, o Chuck e o Death fizeram parte da sua fase inicial.
Depois, quando se tratou do metal técnico, havia algumas outras bandas, como o Watchtower e coisas do tipo. O Cynic estava meio que fazendo sua coisa ainda na era das demos. Talvez o Meshuggah em algum grau — talvez por volta de 1990, 1991, quando o [Death estava] gravando Human. Tinha também o ATheist fazendo coisas técnicas. Outras bandas que também estavam nessa pegada — como o Mekong Delta, mais no lado técnico do metal. Mas o Death deixou uma marca real no lado técnico do metal. Esses são dois gêneros nos quais ele teve uma participação importante.
E então surge o death melódico, melodeath, melodic death metal, chame como quiser — o Death teve um papel real nisso com os álbuns Individual Thought Patterns e Symbolic. Ambos tiveram impacto no lado melódico do death metal. Não havia muito death melódico rolando naquela época. O Carcass estava apenas começando a se inclinar para esse lado com o Heartwork, se afastando do grind direto e contínuo… Mas aí está. Esses são três gêneros nos quais o Death teve importância…
Como eu disse, uma coisa é você entrar em um gênero que já está estabelecido, fazer algumas coisas legais e sua banda ficar popular por isso — isso é uma coisa. Mas ajudar a criar três gêneros diferentes, isso é algo que merece ser reconhecido. Então, parabéns, Chuck. Parabéns, Death. Com certeza.”