Resenha: Elvenking – Reader Of The Runes – Luna (2025)

PUBLICIDADEspot_imgspot_img

O capítulo final de uma saga mágica e coesa

Imagine-se caminhando por uma floresta ancestral, sob uma lua cheia que ilumina ruínas antigas gravadas com runas esquecidas. É nesse cenário — místico, etéreo e carregado de simbolismos — que o Elvenking nos convida a embarcar na última parte da trilogia Reader of the Runes, encerrada de forma grandiosa com Luna.

Formada em 1997, na Itália, a banda sempre transitou com maestria entre o Folk Metal e o Power Metal, sem nunca se acanhar em flertar com elementos do Heavy tradicional, do Metal melódico e até de pitadas discretas de Pop ou música celta. Não é à toa que conquistaram uma base de fãs extremamente fiel no Brasil — país que, aliás, os acolhe com enorme carinho em cada lançamento e turnê. O que move essa legião? A resposta é simples: honestidade. Elvenking nunca foi uma banda que tentou agradar o mainstream. Eles são, e sempre foram, fiéis à própria essência.

A trilogia e sua jornada

O projeto Reader of the Runes começou em 2019, com Divination, álbum que apresentou um universo próprio, povoado por personagens, arquétipos, assim como lendas. Musicalmente, Divination trouxe aquele Elvenking mais luminoso, quase cerimonial, com músicas que transitavam entre a exaltação e o mistério.



Em 2023 veio Rapture, o segundo ato — mais sombrio, pesado e introspectivo. Foi aqui que a banda abraçou de vez uma faceta mais agressiva, sem perder o lado melódico, mas adicionando camadas de melancolia e peso.

Agora, com Luna, chegamos ao desfecho. E que desfecho. A obra mantém a densidade emocional de Rapture, mas recupera muito da energia épica e da exuberância de Divination, resultando em um equilíbrio que, honestamente, faz deste o mais coeso dos três álbuns.

A sonoridade da lua

O disco abre com a explosiva “Season of the Owl”, uma faixa que é quase um manifesto: riffs poderosos, violino em frenesi, bateria acelerada e vocais grandiosos. A estrutura da música é complexa, cheia de mudanças de andamento, mas nunca perde o fio da meada — algo que poucos fazem tão bem quanto o Elvenking.



Na sequência, a faixa-título “Luna” entrega aquele Power-Folk feito sob medida para palcos de festivais: rápida, direta, bem como com com um refrão pegajoso que gruda na cabeça. A seguir, “Gone Epoch” surge como uma das joias do álbum. Desse modo, é cativante, melódica, rica em camadas — e com um dos trabalhos de violino mais inspirados de Lethien até hoje, além de surpreender ao incorporar discretamente gaitas e instrumentos tradicionais.

“Stormcarrier” eleva o nível de agressividade, com participações vocais guturais que acrescentam textura e peso, mas sem descaracterizar a proposta. A presença de Mathias “Vreth” Lillmåns (Finntroll) deixa clara essa intenção de dialogar com o Folk mais extremo, e o resultado é simplesmente devastador.

Um lado mais sombrio

“Starbath” traz uma construção épica, com atmosfera crescente, enquanto “On These Haunted Shores” e “The Ghosting” mergulham no lado mais sombrio e melancólico da banda, ecoando os momentos mais densos de Rapture — sem abrir mão dos elementos Folk que fazem tudo soar familiar, ainda que renovado.

O álbum entra na reta final com a certamente visceral “Throes of Atonement”, que funciona como uma ponte emocional para “The Weeping” — faixa carregada de sentimento, quase uma balada épica, que prepara o terreno para o grand finale.



E aqui chegamos a “Reader of the Runes – Book II”. São quase 11 minutos de pura alquimia sonora. É como se a banda condensasse tudo o que representa — Folk, Power, Heavy, passagens sinfônicas, blast beats inesperados, violinos dramáticos, riffs cortantes e refrãos épicos. Há quem veja aqui ecos de “Rime of the Ancient Mariner” (Iron Maiden) ou “And Then There Was Silence” (Blind Guardian). E, acredite, a comparação não é exagerada.

Conclusão — um final digno dos deuses da floresta

Reader of the Runes – Luna é um disco que confirma o que os fãs do Elvenking sempre souberam: essa banda não segue tendências, não busca atalhos, não se dobra ao mercado. Eles fazem música por paixão, por crença, e entregam uma obra que não só amarra com excelência a trilogia, como também reafirma seu lugar entre os grandes nomes do Folk/Power Metal contemporâneo.

Se no passado alguns críticos enxergavam a mistura de estilos do Elvenking inclusive como “caótica” ou “excessiva”, hoje é impossível não reconhecer que justamente essa capacidade de transcender rótulos é o que os torna tão únicos.



Para os fãs brasileiros — que sempre tiveram papel fundamental no apoio à banda —, este álbum é quase uma recompensa: poderoso, emotivo, dançante, pesado, épico e, acima de tudo, autêntico.

Ergam suas taças, acendam suas fogueiras e celebrem. As runas foram lidas, os segredos revelados. A jornada chega ao fim — e que jornada gloriosa foi essa. Para os colecionadores, Luna está disponível no Brasil através da Shinigami Records.

Integrantes:

  • Aydan (guitarra, teclados e backing vocals)
  • Damna (vocal)
  • Lethien (violino)
  • Symohn (bateria)
  • Jakob (baixo)
  • HeadMatt (guitarra)

Faixas:

  • 01 Season Of The Owl
  • 02 Luna
  • 03 Gone Epoch
  • 04 Stormcarrier
  • 05 Starbath
  • 06 On These Haunted Shores
  • 07 The Ghosting
  • 08 Throes Of Atonement
  • 09 The Weeping
  • 10 Reader Of The Runes – Book II
PUBLICIDADE

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Veja também

PUBLICIDADE

Últimas Publicações

PUBLICIDADE