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Live Review: Avantasia no Summer Breeze 2023

Em toda a minha vivência assistindo a shows de Rock e Heavy Metal, percebi que existem diferentes tipos de espetáculos ao qual podemos presenciar. Podemos ir a um show em que, principalmente, iremos apreciar a técnica apurada dos músicos. E neste caso não é necessário ser um grande fã da banda, um bom exemplo deste tipo de show ocorreu no próprio Summer Breeze com a apresentação do The Winery Dogs. Não era necessário ser um fã para admirar a performance virtuosa de caras como Billy Sheehan, Ritchie Kotzen e Mike Portnoy. É claro, podemos ir a um show por que amamos determinada banda e, neste caso, o show nem precisará ser impecável, afinal, iremos para ouvir, agitar e cantar junto as nossas canções favoritas. Nesse caso, somente isto já bastará para que a satisfação seja completa, nenhum outro atrativo é mais importante que a paixão de um fã por seu ídolo. Há também aqueles shows em que vamos para conhecer mais a fundo a musicalidade de alguma banda. Muitos são os casos de grupos que são muito melhores ao vivo do que em estúdio e, de repente, uma má impressão causada pela audição de um disco pode ser curada após uma grande exibição ao vivo. Obviamente, há aquele tipo de show que independente do gosto pessoal, o artista irá entregar um espetáculo tão convincente e tecnicamente perfeito, que mesmo não existindo uma identificação muito grande com a obra, iremos admirar e respeitar.

   

Este último exemplo é exatamente o caso do Avantasia.

Sabemos que nem todos os headbangers curtem e nem todos tem muita afinidade com o Power Metal melódico. Sabemos também que Tobias Sammet ainda adiciona diversos outros elementos de outros estilos em seus álbuns, não é nenhuma novidade ouvirmos canções Hard Rock ou com referências Heavy em trabalhos da banda. Outro ponto é que durante toda a discografia do Avantasia, tivemos inúmeras participações especiais estelares e não seria possível levar todas as feras do estúdio para um show, isto seria praticamente impossível. Imaginem um palco juntando caras da estirpe de Michael Kiske, Jorn Lande, Hansi Kursh, Kai Hansen, Bob Catley, Klaus Meine, Mille Petrozza, Ralph Scheepers, Ronnie Atkins, Jon Oliva, Tim Ripper Owens e tantos outros. Seria algo inimaginável. E isso por que só mencionei vocalistas, há muitos outros músicos extraordinários que participaram dos discos no decorrer dos anos…

Bem, mesmo não sendo possível ter a presença de todos eles, o que sempre ouvi dizer é que as performances do Avantasia eram impecáveis. Confesso que apesar de gostar muito de alguns trabalhos lançados, esta não era uma banda ao qual eu pensaria em assistir caso fosse apenas um show solo. Provavelmente eu passaria batido e investiria o dinheiro em algum outro evento. Mas como estamos falando de um festival, no caso, a primeira edição brasileira do Summer Breeze, obviamente, aproveitei a oportunidade para conferir de perto e ver se era isso tudo mesmo.

Por volta das 18:30, estávamos todos ainda em êxtase após a performance devastadora do Kreator. E foi neste momento que o show do Avantasia teve início no Ice Stage.

Confira a resenha do show do Kreator:

Talvez por conta do apocalipse sonoro ocorrido minutos antes, pude me concentrar mais no espetáculo de Tobias Sammet e, quando percebi, já estava totalmente fisgado e contagiado pela mágica que a banda despeja no ar. O início ocorreu com a ótima “Twisted Mind”, do clássico “The Scarecrow”, de 2008. Abro um parêntese sobre este disco, quando ele foi lançado me lembro que muita gente torceu o nariz pois era bem diferente dos aclamados “The Metal Opera I & II”, porém, precisamos nos render e admitir: “The Scarecrow” sobreviveu ao teste do tempo e, mais do que isso, é um disco repleto de músicas extremamente marcantes e importantes na carreira da banda. Muitos clássicos do Avantasia nasceram nesta fase e vamos ver que mais algumas faixas deste registro foram apresentadas em pontos muito altos deste show. Fechando o parêntese e retornando a “Twisted Mind”, é uma música que me remete bastante ao disco “Hellfire Club”, do Edguy, possui guitarras marcantes e pesadas, uma introdução perfeita para abrir um setlist e uma vibe excelente. Boa escolha.

Photo: Diego Veras (Trendkill Inc.)

Logo na sequência fui surpreendido por “Reach Out For The Light”. Me lembro quando ouvi “The Metal Opera” na época de seu lançamento e foi paixão à primeira vista. “Reach Out For The Light” é uma das canções mais fortes do trabalho e imediatamente me perguntei, “quem cantará os trechos originalmente gravados por Michael Kiske?”. Para minha surpresa, lá estava Ralph Scheepers (do Primal Fear) no palco e, então eu já sabia, seria uma execução brilhante. Ralph é um vocalista insano ao vivo, daqueles que alcançam aquelas notas mais absurdas e altas sem muito esforço, Kiske foi muito bem representado e o show iniciou muito melhor do que eu esperava. Óbvio que com a presença de Ralph a próxima seria “The Wicked Rule the Night”, já que é a composição do mais recente álbum que conta com a participação do cantor. Bem, foi outra porrada Power para ninguém colocar defeito.

Era chegada a hora de “The Scarecrow” e aqui preciso abrir mais um parêntese. Quando decidi ir ao Summer Breeze, no auge de minha inocência, achei que o momento em que iria realmente me emocionar seria no tributo ao maestro André Matos. Infelizmente, os problemas técnicos ocorridos e outras bizarrices presentes no show me deixaram bastante chateado e vou abordar o tema em uma análise vindoura, mas adianto que foi absolutamente brochante o que foi apresentado neste dito tributo que de tributo não teve quase nada. De volta a “The Scarecrow”, estamos falando do momento de maior emoção do evento, pelo menos para este que vos escreve. Quando vi Ronnie Atkins (do Pretty Maids) adentrando o palco carregando consigo um câncer em estágio 4, inoperável e fatal, e vendo toda a entrega e toda a paixão com que ele cantou os trechos originalmente gravados por ninguém menos que Jorn Lande, foi inevitável e as lágrimas desceram. Ronnie é um cantor muito bom e é absolutamente comovente sua luta para continuar produzindo álbuns e se apresentando ao vivo. Para deixar registrado, ele cantou como nunca, como se não existisse amanhã, foi aboslutamente bonito e uma lição de vida. Me senti com sorte de poder estar ali naquele momento e poder presenciar aquilo.

Photo: Diego Veras (Trendkill Inc.)

Confira o artigo “Grandes Vozes”, com Ronnie Atkins:

Como dizia o poeta: “o show não pode parar”, e após este momento tocante, tivemos a poderosa “Book Of Shalows”, originalmente, gravada com as presenças de Hansi Kursh (Blind Guardian) e Mille Petrozza (Kreator) nos vocais. Fiquei com uma ponta de esperança que ao menos Mille, que havia deixado o palco ao lado há cerca de 30 minutos, pudesse aparecer, mas não, as partes de Hansi foram interpretadas brilhantemente por Ronnie Atkins e as partes de Mille foram conduzidas por Adrienne Cowan (uma das backing vocals). Ambas as substituições foram à altura e uma das minhas canções favoritas da banda foi executada com perfeição. “The Story Ain’t Over” é sempre outro momento muito especial em uma apresentação do Avantasia e o público adora esta faixa. Bob Catley (Magnum) foi chamado ao palco e a execução foi não menos do que exuberante. A canção não é daquelas mais agitadas, mas tem um alto grau de emoção. O mesmo pode ser dito de “Dying For An Angel”, originalmente gravada com Klaus Meine (Scorpions) nos vocais, mas aqui com a ilustre presença de Eric Martin (Mr. Big). E sejamos justos, o cara é um showman de primeira linha. Um adendo é que no mesmo dia, pudemos conferir (em shows separados) dois terços do Mr. Big em ação, já que Billy Sheehan tinha se apresentado mais cedo com o The Winery Dogs.

“Avantasia” (a música) foi outra com Eric Martin e esta é uma canção realmente empolgante com um dos melhores refrãos de todo o Power Metal. Levantou a platéia e fez todos cantarem em uníssono. O show que já se apresentava como tecnicamente perfeito e com a qualidade de som altíssima, marca de todo o festival, começou a pegar fogo novamente quando “Shelter From The Rain”, outra do álbum “The Scarecrow”, foi anunciada. Nesta tivemos três exímios vocalistas no palco, além de Tobias Sammet. Foram eles: Ralph Scheepers, Bob Catley e Herbie Langhans (Firewind). Energética, veloz e com um refrão de fácil assimilação, até quem não conhecia o Avantasia começou a cantar junto.

Photo: Diego Veras (Trendkill Inc.)
   

Já próximo da parte final do show, foi a vez de outro hino oriundo do icônico “The Metal Opera I”. É claro que não poderia faltar “Farewell” no setlist e ela foi tocada com todos os presentes no Memorial da América Latina cantando junto com Sammet. Há muitos anos atrás, eu assisti uma participação do vocalista na lendária gravação do DVD “Ritualive”, do Shaman. Na época, ele cantou a insana “Pride” junto com nosso saudoso maestro André Matos e demonstrou ser um vocalista muito talentoso. Atualmente, não sabia como ele estava e me surpreendi de forma muito positiva, pois além de ainda estar cantando muito, o rapazote de outrora se transformou em um grande frontman. Uma verdadeira simpatia em cima do palco, brincando a todo momento com o público e com os convidados, tendo absoluto controle da multidão e provando para todos que duvidaram de sua capacidade, que o Avantasia é um projeto consolidado na cena Metal.

No final, a inevitável “Lost In Space”, com os fãs mais uma vez cantando todos os versos junto com Sammet e a explendorosa “Sign Of The Cross” sendo intercalada na parte final com “The Seven Angels”. Uma performance verdadeiramente estonteante que ficará marcada na minha memória para sempre. Apesar de acompanhar a discografia do Avantasia, nunca pude me dizer um grande entusiasta, mas ao assistir os caras ao vivo posso afirmar com toda a certeza que ganharam mais um fã assíduo.

Reprodução/ Facebook Avantasia

Se não fosse o show sobrenatural que o Blind Guardian fez um dia antes, certamente, o Avantasia ganharia o prêmio de melhor apresentação do Summer Breeze Brasil. Naquela noite, saí do evento muito impressionado e farei questão de assistí-los mais vezes. Se fosse pontuar um ponto a ser criticado, seria apenas a falta de canções do álbum “The Metal Opera II”, creio que composições do porte de “Chalice Of Agony”, “No Return” ou “The Looking Glass” (ao menos uma delas) poderiam ter somado bastante e feito com que o setlist fosse ainda melhor. Mas isso é apenas um detalhe e não diminui em praticamente nada todos os acertos e pontos positivos apresentados.

“We are the power inside
We bring you fantasy
We are the kingdom
Of light and dreams
Gnosis and life: Avantasia!”

Confira a resenha do show do Blind Guardian no Summer Breeze Brasil:

Setlist:

  • Twisted Mind
  • Reach Out for the Light (com Ralf Scheepers)
  • The Wicked Rule the Night (com Ralf Scheepers)
  • The Scarecrow (com Ronnie Atkins)
  • Book of Shallows (com Ronnie Atkins e Adrienne Cowan)
  • The Story Ain’t Over (com Bob Catley e Chiara Tricarico)
  • Dying for an Angel (com Eric Martin)
  • Avantasia (com Eric Martin)
  • Shelter from the Rain (with Ralf Scheepers, Herbie Langhans e Bob Catley)
  • Farewell (com Adrienne Cowan)
  • Lost in Space (com Chiara Tricarico)
  • Sign of the Cross/The Seven Angels (com todos os participantes no palco)

Redigido por Fabio Reis

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