“Powerslave” é o quarto full lenght to Iron Maiden.
Em 1984, a NWOBHM já havia cumprido seu papel e caminhava para seu inevitável fim. Enquanto isso, o Iron Maiden, seguindo o caminho oposto do movimento que o revelou, nadava de braçadas rumo ao estrelato. Depois de um início visceral com o debut homônimo de 1980 e a sequência igualmente arrebatadora que o sucedeu (“Killers”, de 1981), Steve Harris resolveu trocar o talentoso (mas problemático) vocalista Paul Di’Anno por um outro jovem cantor inglês. Foi assim que Bruce Bruce (como era conhecido na época) deixou o promissor Samson para fazer história no Iron Maiden.
O início foi difícil e Bruce enfrentou a ira dos fãs de Di’Anno em sua primeira turnê. Porém, o chefe Harris sabia muito bem o que estava fazendo e, ao contrário do que muitos pensam, tinha um plano traçado e muito bem esquematizado para a Donzela de Ferro. Harris sabia que para alcançar seus propósitos precisaria de um cantor de ofício, um cara que pudesse elevar a música da banda a um novo patamar, um cara que ao mesmo tempo em que pudesse cantar linhas extremamente técnicas, também pudesse ser um showman. E foi tudo isso que Bruce Dickinson demonstrou ser.
Depois de “The Number Of The Beast” (1982) e “Piece Of Mind” (1983), o frontman provou que o “boss” estava correto e, mesmo os fãs mais ardorosos de Di’Anno não podiam negar o talento de Bruce. Enquanto os dois discos eram sucesso absoluto de vendas, o Maiden se tornava maior a cada dia. Dessa maneira, pode-se afirmar que em 1984, Iron Maiden era a banda que mais evoluía no cenário mundial e o Heavy Metal, mais uma vez, havia vencido, apresentando ao mundo mais um gigante capaz de arrebatar multidões e se tornar um legítimo representante do primeiro escalão no gênero.
Powerslave, o auge do Iron Maiden
Inegavelmente, a banda se encontrava no auge técnico e, finalmente, iria repetir uma mesma formação em uma álbum de estúdio. Além disso, tudo conspirava a favor. E foi em meio a esse clima 100% favorável que Steve Harris e sua trupe compuseram e gravaram o todo poderoso “Powerslave”.
Lançamento 3 de setembro de 1984
O disco chegou nas lojas de todo o mundo em 3/9/1984 e, de cara, apresentava duas músicas que imediatamente se tornaram clássicos da banda. A veloz “Aces High” e a poderosa “2 Minutes To Midnight”. O quinto disco de estúdio do Maiden é visceral, porém técnico e classudo. E é ao mesmo tempo um álbum direto e também cheio de viradas e mudanças rítmicas. Portanto, traz uma banda que sabe dosar suas melhores características, tirando enorme proveito da musicalidade diversa de cada um de seus integrantes.
“Losfer Words (Big ‘Orra)” é uma instrumental que, assim como em “Transylvania” (presente no debut), empolga e te faz cantarolar cada um dos riffs e solos. “Flash Of The Blade” é dona de um dos melhores riffs de toda a carreira da banda e, na visão deste que vos escreve, é uma das mais injustiçadas, sendo que jamais foi executada ao vivo. “The Duellists” tem um instrumental impecável e um dos solos mais sensacionais de todo o Heavy Metal, o que Adrian Smith e Dave Murray construíram para esta faixa é algo que beira a perfeição.
O disco ainda conta com a rápida, porém, melodiosa “Back In The Village”, onde Bruce dá um show de técnica e interpretação, a canção título “Powerslave”, que se apresenta cheia de climatizações e linhas de guitarra que nos remete diretamente ao antigo Egito é outro momento absurdamente inspirador e a audição termina com um verdadeiro épico com mais de 13 minutos de duração e diversas passagens memoráveis: a mágica “Rime Of The Ancient Mariner”. Provando que o quinteto inglês era muito mais do que uma simples banda de Heavy Metal, mas sim, uma verdadeira fábrica de músicas marcantes, complexas e de extremo bom gosto.
A produção fantástica de Martin Birch
“Powerslave” ainda se destaca por diversos outros fatores, a começar pela saudosa produção de Martin Birch, que é soberba e memorável em todos os sentidos, nos fazendo pensar com enorme melancolia no trabalho executado por Kevin Shirley nos mais recentes trabalhos do Maiden, a comparação é inevitável e, me desculpem a sinceridade, chega ser vergonhosa. A capa idealizada por Derek Riggs é uma das mais marcantes de todos os tempos, trazendo o mascote Eddie como uma personificação das esfinges egípcias e do poder dos faraós. A arte traz uma enorme quantidade de detalhes e, de tão nostálgica, me faz retornar a minha adolescência, quando eu parava por horas a fio olhando para a capa do disco procurando por algum detalhe escondido que ninguém ainda havia descoberto.
A turnê mais fantástica de todas
Pois foi nesse período que a velha donzela se tornou realmente enorme comercialmente e a turnê “World Slavery Tour” a maior da carreira da banda até o momento, tendo inclusive uma passagem memorável pelo Brasil, onde tocaram no primeiro Rock In Rio em 1985. Posteriormente, neste mesmo ano, lançaram o ao vivo “Live After Death”, que foi gravado nos dias 8, 9, 10 e 12 de outubro de 1984, no Hammersmith Odeon (em Londres, Inglaterra) e 14 a 17 de março de 1985, na famosa Long Beach Arena (na Califórnia, Estados Unidos). Assim como “Powerslave” é considerado por muitos fãs o melhor trabalho do Iron Maiden e um dos melhores de todo o Metal oitentista, “Live After Death” também é tido como um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos.
Esta obra é nada menos que o ápice técnico e criativo de uma das mais importantes, relevantes e influentes bandas de Metal da história. É obrigatório, não possui pontos fracos e está acima do bem e do mal.
Up the irons!
Nota: 10
Integrantes:
- Bruce Dickinson (vocal)
- Dave Murray (guitarra)
- Adrian Smith (guitarra)
- Steve Harris (baixo)
- Nicko McBrain (bateria)
Faixas:
- “Aces High”
- “2 Minutes to Midnight”
- “Losfer Words (Big ‘Orra)”
- “Flash of the Blade”
- “The Duellists”
- “Back in the Village”
- Powerslave”
- “Rime of the Ancient Mariner”
Redigido por: Fábio Reis
ALIÁS. CONFIRA TAMBÉM AS RESENHAS DOS CLÁSSICOS “KILLERS” (1981) E “SOMEWHERE IN TIME (1986):
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Um dos melhores discos, considero!!!! valeu
Eu também
Powerslave realmente é uma obra prima, perfeito