“Somewhere In Time” é o sexto full lenght da banda britânica de Heavy Metal, Iron Maiden.
Em 1985, o Iron Maiden havia se tornado um verdadeiro gigante e lançado álbuns tão épicos que era simplesmente inconcebível pensar que a banda um dia iria apresentar trabalhos sequer medianos.
De 1980 até 1984, foram 5 registros perfeitos onde a ascensão havia sido constante e ininterrupta, culminando na “World Slavery Tour”, a maior turnê que a Donzela um dia sonhou fazer e, inclusive, rendendo uma passada rápida pelo Brasil no primeiro Rock In Rio.
“Iron Maiden” (1980), “Killers” (1981), “The Number Of The Beast” (1982), “Piece Of Mind” (1983) e “Powerslave” (1984) representam a essência do que era o Heavy Metal na época e, certamente, 9 em cada 10 bandas tinham eles como referência, inspiração ou exemplo a ser seguido.
Tudo isso nos leva as questões mais relevante feitas naquele momento:
O que fazer quando se chega a este estágio de grandeza? Como se superar? Quais os próximos passos?
Foi essa atmosfera que o Maiden vivenciou ao compor “Somewhere In Time” e, como todos sabem, apesar do disco ser considerado um clássico, atualmente, na época de seu lançamento não foi bem assim e o álbum foi o primeiro da carreira do grupo a dividir opiniões.
Arte fantástica de Derek Riggs
Na arte, um dos melhores trabalhos (senão o melhor) de Derek Riggs, a capa é uma inspiração no filme de “Blade Runner”, sendo a mais detalhada e cheia de nuances entre todas.
Apresenta um Eddie futurista carregando uma arma e, tanto capa como contracapa, se complementam, nem mesmo os músicos deixaram de aparecer na ilustração e o número de referências a fatos do passado e presenta da carreira do Maiden são inúmeros.
As composições do álbum
Nas composições em si, o que mais desagradou o público foi o fato da banda tentar levar o tema futurístico para dentro da musicalidade e, para isso, investiram nas famigeradas guitarras sintetizadas, o que segundo alguns, serviu para tirar o peso das canções.
De certa forma, esta afirmação é correta, já que as composições de “Somewhere In Time” não possuem aquele punch certeiro de “Piece Of Mind” ou “Powerslave”, porém, as construções e melodias presentes no álbum são simplesmente fantásticas.
Murray/Smith
O trabalho de guitarras da dupla Murray/Smith beira a perfeição e os famosos duetos entre os dois apareceram, ainda mais, durante todo o registro.
Harris/Nicko
Steve Harris desenvolveu linhas belíssimas, enquanto Nicko foi responsável por andamentos ímpares e, se o disco não é tão pesado, em compensação ele é repleto de músicas velozes.
Dickinson
Inegavelmente, Bruce estava numa forma exuberante, o cantor variou entre temas melódicos, agressivos e estava mais interpretativo do que nunca, sem dúvidas um dos grandes destaques individuais.
Em contrapartida, o cantor, desta vez, não participou do processo de composição do álbum, que ficou totalmente a cargo de Harris e Smith, a exceção foi Murray, que apresentou “Deja Vu”.
Singles
Como singles, foram escolhidas “Wasted Years” e “Stranger In A Strange Land”, a primeira com uma das introduções mais famosas da história do Heavy Metal, um refrão grudento e, ademais, tem o solo de Adrian, que é no mínimo marcante.
A segunda é a mais cadenciada do disco e, além disso, detentora de uma melodia crescente que culmina em outro refrão daqueles que fixam no subconsciente.
Vale destacar que a faixa ainda possui outro grande solo de Adrian Smith, pois o cara estava demais e, em “Somewhere In Time”, nos presenteia com uma de suas melhores performances.
“Heaven Can Wait”
“Heaven Can Wait” acabou se tornando uma das favoritas dos fãs e a mais executada ao vivo, porém este é um álbum que possui algumas das canções mais injustiçadas de toda a carreira da banda, me refiro a “The Loneliness Of The Long Distance Runner” e “Alexander The Great”, sendo que esta segunda nunca chegou a ser executada ao vivo, uma pena…
Sobre o álbum
Sobretudo, pode-se dizer que o sexto disco de estúdio do Iron Maiden não é daqueles em que a assimilação é imediata e precisou passar pelo teste do tempo para que pudesse ser chamado de clássico.
É claro que isso aconteceu e não poderia ser diferente, pois mesmo buscando uma sonoridade que fugia dos padrões antes adotados e capaz de chocar muitos dos headbangers mais conservadores da época, o trabalho é detentor de momentos excepcionais, onde a competência e a criatividade garantem um resultado mais do que satisfatório.
Posteriormente, foi lançado “Seventh Son Of A Seventh Son”
O registro ainda faz parte da era clássica da banda, que na minha visão termina com o disco posterior a este, “Seventh Son Of A Seventh Son” (1988), este sim, o último dos álbuns realmente fantásticos que o Maiden concebeu.
Posteriormente a ele, momentos inspirados, muitos outros nem tanto e alguns erros homéricos que, de forma alguma, apagam ou desmerecem a história deste grande ícone do Heavy Metal mundial.
Up The Irons!
Nota: 9
Integrantes:
- Bruce Dickinson (vocal)
- Steve Harris (baixo)
- Adrian Smith (guitarra)
- Dave Murray (guitarra)
- Nicko McBrain (bateria)
Faixas:
- 1. Caught Somewhere In Time
- 2. Wasted Years
- 3. Sea Of Madness
- 4. Heaven Can Wait
- 5. The Loneliness Of The Long Distance Runner
- 6. Stranger In A Strange Land
- 7. Déjà Vu
- 8. Alexander The Great
Redigido por Fabio Reis
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É o meu disco favorito do Iron Maiden, muito em cima de tudo que está escrito no texto, a forma como o heavy metal foi tratado, sem o peso tradicional do Maiden de seus trabalhos anteriores (mas sem perder a sua essência), a inclusão dos sintetizadores, o tema futurista (algo comum em tempos que os filmes de ficção científica tinham ótima aceitação, ainda mais um Blade Runner) e, sem dúvida, a melhor capa de todas as ótimas já feitas. Só a música tema já começa matando a pau!
Enfim, pra mim, um trabalho impecável. Claro que gosto muito dos anteriores, inclusive do próximo, o maravilhoso Seventh Son Of A Seventh Son, mas Somewhere In Time é daqueles álbuns que ouço com muita satisfação, querendo ouvi-lo novamente (por sinal estou ouvindo agora no YouTube e comentando junto).
Parabéns pelo ótimo texto e concordo plenamente sobre a citação da fantástica “The Loneliness Of The Long Distance Runner”!
Observação: Surpreendente uma música maravilhosa como Alexander The Great nunca ter sido executa ao vivo.
Existem bandas em que as vezes os anos tem que passar para depois de muito tempo tal disco virar um clássico, essa é a verdade!!!! Gosto muito desse disco, com excelentes músicas, refrões marcantes e não enjoa de tanto ouvir…só fui conhecer o som do Maiden no final dos anos 80 e assim comecei a minha jornada dentro do Heavy Metal!!!!
Valeu!!!!