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Resenha: Black Sabbath – “Born Again” (1983)

O passar do tempo tornou “Born Again”, décimo primeiro full lenght do Black Sabbath, ainda mais especial para aqueles fãs que o cultuam. No entanto, há aqueles que simplesmente o ignoraram através dos anos. A fim de entendermos melhor a atmosfera desse disco enigmático, é necessário que voltemos alguns anos no tempo.

   

Em 1979, logo após o lançamento de mais um disco, “Never Say Die”, cujo resultado foi aquém do esperado, Ozzy Osbourne é demitido do quarteto. Pouco tempo depois, Ronnie James Dio (ex-Rainbow, ex-ELF) dava inicio a sua curta, mas marcante, era no Black Sabbath. Como resultado, “Heaven and Hell” (1980) e “Mob Rules” (1981) serviram para calar a boca daqueles que acharam que tudo estava acabado. Contudo, o sucesso deles não chegou nem perto do que obtiveram os principais discos da era clássica, a qual contava com Ozzy como vocalista. Para piorar as coisas, Dio também deixou a banda posteriormente ao lançamento do ao vivo “Live Evil”, com o intuito de formar o seu projeto solo.

Ian Gillan e Black Sabbath, juntos no “Born Again”

Depois da saída de Ronnie, enquanto a banda considerava convidar Robert Plant (Led Zeppelin) ou David Coverdale (ex-Deep Purple, Whitesnake) para a vaga, o empresário Don Arden, isso mesmo, o sogro de Ozzy, sugeriu outro ex-Deep Purple, Ian Gillan. Houve então a famosa bebedeira que envolveu Tony Iommi, Geezer Butler e Ian Gillan, que resultou em um contrato assinado entre eles. Através de uma bebedeira ou não, eles se reuniram, compuseram as novas canções e 9 de setembro de 1983, “Born Again” surgia para colocar seu nome na discografia do Black Sabbath, mesmo que cheio de histórias controversas.

A história conta que Ian Gillan gravou toda a sua parte sozinho, já que os membros passavam a noite festejando. Tão logo Gillan partia para o seu descanso, os demais integrantes começavam as sessões de gravações de seus específicos instrumentos. Diferentemente de dos dois álbuns anteriores que contaram na produção com a genialidade de Martin Birch, “Born Again” teve como produtores, a banda e, ao mesmo tempo, Robin Black. Ou seja, o nível da produção foi muito abaixo e isso, claramente, interferiu em seu resultado final. A volta de Bill Ward, que deixara a banda antes da gravação de “Mob Rules”, durou apenas o suficiente para a gravação do disco, pois Bev Bevan (ELO) foi o baterista dos shows da turnê. Embora Ward ter regressado a banda em outra oportunidade, esse foi o último registro que ele gravou.

Born Again / “Black Sabbath” – line-up da gravação – Acervo

Quando os rumores da volta da Mark II do Deep Purple tornaram-se oficiais, Ian Gillan seguiu o seu caminho para que eles gravassem “Perfect Strangers” e o lançassem em 1984.

   

Ainda assim, com tudo isso que acabamos de mencionar, temos nove canções que fazem valer a pena à audição.

Lado A

Tão logo a poderosa “Trashed” começa a soar os seus primeiros segundos, já é possível que nos questionemos de como é possível essa canção não estar entre os clássicos absolutos do Black Sabbath? Temos Ian Gillan poderoso tanto quanto ele era nos melhores anos do Deep Purple, ao passo que temos uma das formações mais pesadas do Black Sabbath.

A faixa de efeitos, “Stonehenge”, serve somente de preparação para a excelente canção que vem em seguida. “Disturbing the Priest” é o puro creme do Heavy Doom, recheada por uma atmosfera sombria, a qual é capaz de perturbar não somente ao padre, mas o próprio diabo.

Nem nos melhores sonhos dos jovens roqueiros da década de 70, alguém imaginou poder unir o instrumental além de macabro do Black Sabbath com o poderoso vocalista do Deep Purple, porém, isso aconteceu e para aqueles que souberam ouvir com atenção merecida, foi algo maravilhoso.

Black Sabbath / Reprodução / “Born Again” line-up de turnê / Acervo

Da mesma forma que “Stoneheange”, “The Dark” é apenas uma faixa de efeitos em preparação para a música que vem na sequência. “Zero The Hero” é tão fantástica quanto “Trashed” e “Disturbing the Priest”, contudo, ao contrário de ambas, ela puxa mais a veia Deep Purple. O que realmente atrapalha tudo é a produção. Esperamos que a versão remasterizada prometida por Toni Iommi, assim como fez com os discos da era Tony Martin, faça justiça a esse álbum maravilhoso.

   

Lado B

“Digital Birch” faz com que o lado B inicie tão exuberante quanto o lado A, mesmo que o melhor do álbum ainda estivesse por vir e não tardaria a chegar. Além de Gillan, o mestre Iommi se mostra em um momento inspirado em cada um dos solos, ainda que não consigamos ouví-los com a qualidade que eles merecem ter.

Ian Gillan teve várias interpretações que o consagraram na década de 70 em sua era no Deep Purple, mas nenhuma se tornou tão épica como “Child in Time”, canção presente no “In Rock”. Há alguns poucos fãs de Black Sabbath e Deep Purple que dizem que podemos considerar a faixa título do álbum “Born Again” como a “Child in Time” da década de 80. E eles simplesmente têm razão! Inclusive, não é exagero se alguém disser que ela é o melhor momento de Gillan, pois o seu poder é indiscutível. Além disso, que não é pouco, Iommi gravou nela um dos solos mais lindos de sua carreira.

“Enquanto você olha pela minha janela / No fundo do meu quarto / Nas tapeçarias todas desbotadas / Suas glórias vagas e distantes / Escondidos na escuridão / Os dedos gelados das paixões esquecidas / Escovando suavemente meus lábios / Nas pontas da minha alma primitiva / Enquanto você olha pela minha porta / No fundo do meu quarto / Você pode sentir a poderosa parede de poder / Está esperando, esperando na escuridão / As sombras distantes de campeões esquecidos / Aqueles que ainda vivem em mim / E subirá quando desafiarmos e matarmos / Renascido / Você nascerá de novo / Olhe para este príncipe do mal / Lutando pela sua mente / Lutando contra todos os sacerdotes da vergonha / Pois o impulso do meu desafio visa / Nos corações dos deuses mutantes / que pensam que somos todos iguais / Eles estão controlando nossas mentes / E eles nos usam para fortuna e fama / Enquanto você olha pela minha janela / No fundo do meu quarto / No seu futuro e liberdade / A cinza e o plástico retardam tudo flutuando em círculos / E enquanto você saboreia os frutos de novas sensações / Escovando suavemente os lábios / À medida que subimos quando desafiamos e matamos / Renascido /
Você nascerá de novo / Se você quer ser rei por um dia / Apenas faça o que eu digo / Todo mundo tem que pensar como um caçador / Basta procurar sua presa / Esteja vivo durante a noite e o dia / Apenas faça do meu jeito”

Black Sabbath / Reprodução / Line-up turnê “Born Again”

Logo depois vem “Hot Line”, mais um momento com uma veia Deep Purple presente em um dosagem maior que a esperada para um disco com chancela Black Sabbath. Entretanto, não podemos esquecer que Ian Gillan participou de todas composições desse disco em questão. O mesmo podemos afirmar em relação a “Keep It Warm”, canção que teve a tarefa de fechar “Born Again”, e que, certamente, vai crescer muito com uma nova masterização. Afinal de contas, nós, fãs, precisamos ouvir “Born Again” como merecemos.

Se fossemos levar em conta a produção, a nota desse disco formidável teria que ser bem mais baixa, mas, levando em consideração que o seu conteúdo, apesar de tudo, é audível, a manutenção da nota alta se deve ao conteúdo e potencial de suas sete canções.

Nota 9,3

   

Integrantes:

  • Ian Gillan (vocal)
  • Tony Iommi (guitarra, flauta)
  • Geezer Butler (baixo)
  • Bill Ward (bateria)
   

Faixas:

  • 1.”Trashed”
  • 2.”Stonehenge” (instrumental)
  • 3.”Disturbing the Priest”
  • 4.”The Dark” (instrumental)
  • 5.”Zero the Hero”
  •    
  • 6.”Digital Bitch”
  • 7.”Born Again”
  • 8.”Hot Line”
  • 9.”Keep It Warm”
   

Redigido por: Cristiano “Big Head” Ruiz

   

Comentários

  1. Lembro de um amigo dizer que esse foi o album da ¨Pinga¨, o que a cachaça não faz!!!! Ouvia muito esse clássico em uma fita cassete que eu tinha, bons tempos aqueles sem internet!!!! Valeu!!!!

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