“Reign of the Reaper” é o quarto full lenght da banda de Epic Doom Metal, Sorcerer, que chega no próximo dia 27/10/2023, daqui a exatamente um mês, pela Metal Blade Records. No entanto, estamos oferecendo a vocês o spoiler de uma obra a qual vale muito a apreciação. Mais de três anos se passaram desde que o fantástico “Lamenting of the Innocent” chegou, fomentando expectativas para o seu sucessor, pois digo, de antemão, que quem apostou em uma pequena queda de nível que seja, errou e errou muito feio.
Até o dia de hoje (27/9/2023), ocorreu o lançamento de apenas um single, “Morning Star”, inclusive, é exatamente essa a canção de abertura de “Reign of the Reaper” e dessa forma, não poderia ter havido melhor início.
Line-up impecável
Creio que já não seja segredo, o quão competente é o vocalista Anders Engberg, em relação ao timbre, à técnica, ao feeling, à interpretação, tudo em seu trabalho soa de acordo com o que se encaixa no termo perfeição.

A dupla de guitarristas, Kristian Niemann e Peter Hallgren, decerto, fez o seu melhor trabalho até aqui, demonstrando evoluir a cada novo registro e posso dizer isso com exatidão, pois ouvi incessantemente toda a discografia do Sorcerer, assim como ouvi várias vezes “Reign of the Reaper” antes de escrever as conclusões para vocês.
O baixista Justin Biggs, que também é o responsável pelos vocais guturais, igualmente, superou suas performances anteriores. Devo mencionar que houve muito mais momentos de gutural que em qualquer dos três full lenghts anteriores. Contudo, esse recurso foi muito bem utilizado e não descaracterizou a sonoridade do Sorcerer em nenhum momento sequer.
Richard Evensand, o baterista, se deligou da banda logo após a conclusão do trabalho, sendo substituído por Stefan Norgren (Seventh Wonder). No entanto, deixou constar em seu legado no Sorcerer, mas um registro perfeito. Da mesma forma que eu me referi os outros instrumentistas, devo dizer que ele se manteve em constante progressão de sua técnica e performance.

“Morning Star” – “Reign of the Reaper”
Antes de ter contato com esse novo trabalho do Sorcerer, eu ficava pensando como cada seus detalhes viriam. Um dos pensamentos era, “será que vão conseguir uma canção de abertura tão marcante quanto ‘The Hammer of Witches’ ? sim! eles conseguiram. “Morning Star”, que também é um das melhores músicas desse full lenght, cumpriu a tarefa de superar, e bastante, “The Hammer of Witches”, e olha que não é nada fácil, pois trata-se de uma ótima canção.
Outro devaneio que eu tinha antes de por os ouvidos nesse novo disco, era em relação à faixa título. “Reign of the Reaper” é linda, entretanto, não superou “Lamenting of the Innocent”. Mas é tão somente uma análise objetiva de caráter individual. Obviamente, muitos dos ouvintes podem preferir a música que intitula o atual registro e não há como não aplaudir tal escolha, pois trata-se de duas canções de altíssimo nível.
Vamos traçar uma comparação entre a primeira e a segunda faixa. Digamos que “Morning Star” soa mais moderna pela sua produção. “Reign of the Reaper”, por sua vez, tem a pegada mais voltada ao Epic Doom Metal old school.
“The Kingdom Wil Come” – “Eternal Sleep”
“The Kingdom Will Come” soa mais Heavy/Doom em alguns momentos, porém a veia mais purista acaba prevalecendo, mesmo que a produção se assemelhe com a que foi utilizada em “Morning Star”. Seus solos de guitarra, aliás, tem a marca da escola sueca de seis cordas e eles podem se orgulhar do trabalho que fizeram, sem falsa modéstia alguma.
“Eternal Sleep” é a mais puramente Doom de todas, inclusive, me faz vir à mente uma mescla entre Black Sabbath na era Tony Martin e Candlemass, ou seja, a mistura homogênea do bom e do melhor da história do Doom. Destaco, ainda, o trabalho de Richard Evensand, que faz com que a bateria não seja monótona nem tocando algo no estilo balada, a fim de dar sempre mais dinâmica ao resultado final da composição.
“Curse of Medusa” – “Unveiling Blasphemy”
Nunca o termo Epic Doom Metal fez tanto sentido na carreira do Sorcerer. Para ser sincero, sempre discuti esse termo e após ouvir esse novo disco, já não encontro motivos para tal discussão. Realmente, letras e produção, juntas, desenvolvem uma atmosférica envolta em um ambiente, inegavelmente, épico ( Parei um minuto para tomar água e pensei, “que disco maravilhoso”). Assim sendo, para entender o espírito presente em “Curse of Medusa”, é necessário reler a frase antecessora a essa aqui, pois ela diz mais do que o necessário para uma aceitável compreensão.

“Unveiling Blasphemy” segue mantendo todos os elementos presentes até aqui, sem soar repetitiva, uma vez que nada aqui parece soar como repetição, ainda que as composições intercalem entre Doom e Heavy/Doom. A cada nova audição que realizo, noto a perfeição da produção em estúdio, tanto na parte de captação de performances e timbragens, quanto na parte de mixagem e masterização.

“The Underworld” – “Break of Dawn”
Está quase chegando na hora do adeus e “The Underwolrd” se apresenta como a mais Heavy Metal do full lenght, embora a alma Doom esteja ai e intacta. Anders Engberg e seus companheiros de banda me impressionam gradativamente a cada nova música que inicia, sendo que nesse ponto da audição, já estou completamente imerso nesse universo chamado Sorcerer, pois, sem forçar o trocadilho, me encontro inteiramente enfeitiçado pela magia do Doom Metal sueco.

“Break of Dawn” encerra o quarto disco da carreira do Sorcerer e, talvez provavelmente, o melhor disco de Doom Metal de 2023, já quee dificilmente algum lançamento terá condições de ser páreo para ele. Enfim, assim como ocorrera em “Lamenting of the Innocent”, não encontrei nenhum argumento possível para tirar algum ponto da avaliação desse mais novo masterpiece da carreira do Sorcerer, talvez ainda venha a ser o seu Magnum Opus, só o passar do tempo deve dizer, eu não me atrevo a tal audácia.
Nota: 10,00
Integrantes:
- Anders Engberg (vocal)
- Kristian Niemann (guitarra)
- Peter Hallgren (guitarra)
- Justin Biggs (baixo e vocal estilo gutural)
- Richard Evensand (bateria)
Faixas:
- 1.Morning Star
- 2.Reign of the Reaper
- 3.Thy Kingdom Will Come
- 4.Eternal Sleep
- 5.Curse of Medusa
- 6.Unveiling Blasphemy
- 7.The Underworld
- 8.Break of Dawn
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz
Disco do ano no estilo Doom, que vocalista sensacional. Sinceramente não conhecia a banda e virei fã depois de escutar essa maravilha, músicas cativantes e não são previsíveis. O vocalista também é o destaque lembrando as vezes Tony Martin e a dupla fantástica de guitarristas.