Em 19 de abril de 2024, “A Mortal Binding”, décimo quinto full lenght da discografia da banda britânica de Gothic/Death/Doom Metal, My Dying Bride, veio à luz, diretamente das trevas. O sucessor de “The Ghost of Orion” chegou, portanto, pouca mais de quatro anós após o seu lançamento, pela Nuclear Blast. Logo depois, em 21/4/2024, o sexteto anunciou, através de suas redes sociais, que estava paralisando, temporariamente, suas atividades. Tal anúncio foi feito dessa forma:
“A produção deste último álbum foi árdua e desafiadora, a tal ponto que revelou fraturas dentro da banda. Essas tensões já haviam sido observadas durante a criação dos 2 álbuns anteriores e só foram exacerbadas durante o período da Covid. Nos últimos meses, elas se intensificaram, causando um profundo sentimento de descontentamento entre os membros da banda. O estresse resultante e o sentimento generalizado de esgotamento, juntamente com o mal-estar físico e mental que ele cria, exigiram um período de folga que infelizmente afeta os shows ao vivo.”
“O motivo da falta de uma declaração oficial até agora é porque a banda realmente esperava resolver esses problemas internos e fazer alguns shows este ano enquanto tentava encontrar uma resolução a tempo de satisfazer todas as partes envolvidas. Infelizmente, essa resolução ainda não foi encontrada.
Lamentavelmente, a falta de compreensão e a má comunicação de nossos parceiros profissionais resultaram em uma bagunça prematura e caótica da qual a recuperação é desafiadora. No entanto, os promotores já foram contatados oficialmente e espera-se que medidas possam ser tomadas para minimizar o impacto sobre todos vocês.
Pedimos desculpas por mantê-los no escuro, mas estes são realmente tempos desafiadores.”
Diante disso, o que podemos esperar a respeito do futuro do My Dying Bride? Por enquanto, não podemos ter essa resposta. No momento, o que nos sobrou é comentar sobre a qualidade de seu atual trabalho, “A Mortal Binding”, e é isso que faremos em seguida.
Iniciando sem maiores surpresas, mas com a qualidade de sempre
A canção “Her Dominion (Her Throat Labours at the Work of Felate)” inicia o álbum com um daqueles riffs que parecem ter a assinatura de Tony Iommi, ainda que os guturais de Aaron Stainthorpe carreguem a composição para o lado mais extremo da força. Ou seja, essa faixa de abertura é a personificação do Death/Doom Metal britânico, sem qualquer diferenciação. Essa música poderia muito bem estar presente nos primórdios do My Dying Bride, contudo está aqui, em pleno 2024.
Já “Thornwyck Hymn (A Choir of Sorry Girls)”, ao contrário de sua antecessora, abraça completamente o Gothic Doom Metal. Stainthorpe, por sua vez, não utiliza os seus guturais nesse oportunidades, mas sim seu timbre de voz que caracteriza o universo Gothic Metal. Além disso, a amosfera sombria ajuda a legitimar essa caracterização, oferecendo o que My Dying Bride sempre ofertou de melhor aos seus admiradores.
“The 2nd of Three Bells (Even Time Wishes You Were Here)”, da mesma forma, segue a conduzir o disco pela estrada Gothic Doom, com a velha e conhecida competência dos ingleses. Na sequência, “Unthroned Creed (Filled with Beautiful Blood)” utiliza de forma ainda mais intensa os ingredientes adequados para preparar a receita gótica. Sendo assim, embora tenhamos um disco que introduz através do Death/Doom, o mesmo alterna para Gothic Doom e parece querer continuar assim até o seu encerramento.
A trinca final de “A Mortal Binding”
Quando o destino da obra parecia estar definido, eis que “The Apocalyptist (He Did Not Weep for Me)” traz de volta, ao mesmo tempo, os guturais de Aaron e aquela irresistível veia Death/Doom. Entretanto, nessa música, especificamente, Stainthorpe passa a alternar os seus tipos de voz. Ora ele usa gutaral ora sua voz limpa e melódica, dando a essa canção um clima diferente dentro do álbum.
Dedilhados de guitarra é uma cadência completamente etérea dão vida a “A Starving Heart (Beyond the Rim of Sky)”, talvez a canção desse álbum que a princípio mais mergulha no Gothic. Contudo, a alternância de vozes recomeça e as tendências sonoras voltam a ficar mistas.
Coube a faixa “Crushed Embers (A Voice Full of Tears)” a missão de fechar “A Mortal Binding”, décimo quinto disco da discografia do My Dying Bride, e ela a cumpre de forma eficiente, mesmo que não traga nenhuma novidade em relação as demais composições desse disco.
Sobre o futuro do My Dying Bride
Para quem está de fora da situação, essa decisão do My Dying Bride pode parecer um tanto quanto estranha. Mas, talvez a banda necessite de novos ares. Eles poderiam se aventurar por alguma outra sonoridade como fizeram os compatriotas do Paradise Lost ou mesmo promover trocas no line-up. O importante, certamente, é a banda estar feliz para sempre oferecer o melhor ao seu público. Fora isso, não há críticas pontuais importantes contra o novo full lenght, salvo a repetição de fórmula, o que nesse caso não chega a ser algo negativo.
Nota: 8,5
Integrantes:
- Andrew Craighan (guitarra)
- Aaron Stainthorpe (vocal)
- Lena Abé (baixo)
- Dan Mullins (bateria)
- Shaun MacGowan (teclado e violino)
- Neil Blanchett (guitarra)
Faixas:
- 1.Her Dominion (Her Throat Labours at the Work of Felate)
- 2.Thornwyck Hymn (A Choir of Sorry Girls)
- 3.The 2nd of Three Bells (Even Time Wishes You Were Here)
- 4.Unthroned Creed (Filled with Beautiful Blood)
- 5.The Apocalyptist (He Did Not Weep for Me)
- 6.A Starving Heart (Beyond the Rim of Sky)
- 7.Crushed Embers (A Voice Full of Tears)