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Resenha: Mechanic Tyrants – “St. Diemen Riots” (2024)

Ouvir este álbum do Mechanic Tyrants é quase como viajar no tempo. Sabe aquelas audições em que você percebe uma ligação imediata com o passado mesmo tendo total ciência de que se trata de um lançamento?

   

Me lembro de épocas em que um disco de estreia precisava ser realmente poderoso para conquistar os corações do público headbanger. Uma banda nova sabia que precisava causar uma boa impressão e, para tal, caprichava em todas as suas escolhas. Mesmo com pouco dinheiro (e muitas vezes era assim), os músicos escolhiam a melhor arte de capa possível, preparavam suas melhores músicas, gravavam tudo com muita paixão e depois as posicionava de forma estratégica no tracklist.

Tudo era feito com muito cuidado. A canção de abertura precisava impactar, assim como era necessário ter uma ou duas composições candidatas a clássico, a audição não poderia soar cansativa de jeito nenhum e o álbum tinha que encerrar deixando aquele gosto de quero mais. Muitas vezes, as novas bandas não conseguiam ter uma produção boa, um videoclipe era quase impensável, a divulgação também não seria das melhores, mas todo o resto tinha sido feito com tanto esmero que detalhes poderiam ser relevados ou passariam despercebidos.

Há bastante tempo que não pegava um disco de estreia que me fizesse remeter a esta época tão saudosa. “St. Diemen Riots”, debut do quarteto alemão Mechanic Tyrants conseguiu este feito com sobras e, desde minha primeira audição, me conquistou totalmente.

Reprodução/Divulgação

Muito além do Speed Metal

A fim de situar o amigo leitor na musicalidade da banda, te convido a relembrar daquela época em que o Thrash Metal estava apenas começando e as primeiras bandas ainda apresentavam composições predominantemente Speed Metal. É claro que, inegavelmente, estes grupos já possuíam aquele DNA mais letal e frenético que viria a se tornar o Thrash propriamente dito alguns anos mais tarde. Pense em discos lançados entre 1983 e 1985, e me refiro a obras como “Kill ‘Em All” (Metallica), “Killing Is My Business… and Business Is Good!” (Megadeth) ou até mesmo “Violence And Force” (Exciter).

   

O Mechanic Tyrants captura a atmosfera desta época, mas não fica nisso. Não estamos aqui falando apenas de um álbum de Speed Metal da era pré-Thrash, os alemães ainda adicionam a esta mistura o melhor do Heavy Metal tradicional e também podemos encontrar elementos de nomes mais atuais como Evil Invaders, Traveler assim como dos compatriotas do Stallion.

Se em muitos momentos da audição temos a sensação de estarmos ouvindo riffs e linhas saídas diretamente da mente brilhante de caras como Dave Mustaine ou James Hetfield, em outros somos cooptados por melodias e andamentos que parecem ter saído diretamente da NWOBHM e adjacências. Encontramos referências a “Screaming For Vengeance” (Judas Priest), algum conceito certamente nada aleatório de “Denim And Leather” (Saxon) e uma ou outra linha vocal de “Skeptics Apocalypse” (Agent Steel).

Reprodução/Facebook

Deixando claro que todas estas menções servem apenas para norteá-lo, já que o Mechanic Tyrants não se submete a copiar nenhuma destas bandas. Ao contrário disso, o registro é bastante original e ainda apresenta um conceito lírico muito legal. Aos moldes de “2112”, do Rush, “St. Diemen Riots” é um disco metade conceitual onde as 5 primeiras músicas contam uma história distópica ambientada na cidade fictícia de Meanhattan.

Habilidade na construção do tracklist

Enquanto você se aprofunda na narrativa imersiva sobre rebelião e violência descrita nas canções, também é apresentado a momentos musicais absolutamente imperdíveis e empolgantes. A audição abre com a frenética “Tower 42”, faz a transição para “Murder At The Barricades”, dona de algumas melodias que soam maravilhosamente bem e fecha a trinca inicial com “St. Diemen Riots”. Esta última já começando com uma introdução/solo a lá Megadeth da época de “Peace Sells… but Who’s Buying?” e depois segue evoluindo até descambar para a porradaria direta e certeira.

A instrumental “Madrugada” é belíssima e serve como ponte para outra grande composição. “Ruins Of The Past” tem uma veia acentuada que remete ao Metal britânico principalmente nas linhas vocais. Aliás, este equilíbrio entre agressividade e melodias bem construídas é um dos pontos mais fortes da banda.

   

Partindo para a segunda metade do registro, iniciamos com a candidata a clássico “Speed Metal Guerrilla”. Como o nome já entrega, temos aqui um Speed alucinante com riffs esmagadores, solos precisos e um refrão para ser cantado com os punhos cerrados levantados para o alto. O videoclipe desta música é outra pérola e merece ser exaltado. Nem vou me aprofundar muito para não estragar a experiência, apenas assista e depois volte aqui para comentar o que achou.

Um dos melhores do ano

“Sons Of Evil” chega na sequência com riffs a lá Saxon e precisamos enaltecer o trabalho de guitarras de Jakob Struve e Florian Fait. Certamente, uma das melhores e mais entrosadas duplas que esta nova geração nos apresentou. Na próxima, “Above The Law”, o Mechanic Tyrants nos convida novamente para o headbanging e, aqui vai um aviso, cuidado, esta canção pode viciar em poucas audições.

Já no final do tracklist, duas pérolas concebidas e forjadas no mais puro aço alemão. “Bad Seed” e “Mechanic Tyrants” trazem o Speed Metal em seu estado bruto e finalizam a audição em alta. Impossível não se sentir compelido a apertar o botão repeat e começar tudo de novo por inúmeras vezes.

Quando um álbum de estreia empolga desta maneira, é sinal que devemos ligar o sinal de alerta e, principalmente, ficarmos atentos aos próximos passos da banda. Caso mantenham este nível de trabalho em suas próximas empreitadas, é praticamente certo que em pouco tempo se tornarão uma das maiores referências do gênero.

Á propósito, “St. Diemen Riots” foi um dos destaques em nossas tradicionais listas de melhores do ano. Na categoria Speed Metal, o álbum alcançou com méritos a quarta colocação. Veja o ranking completo abaixo:

   

Nota: 9,5

Integrantes:

Danny Keck (baixo)
Orlando Mack (bateria)
Jakob Struve (guitarra)
Florian Fait (guitarra e vocal)

Faixas:

  1. Tower 42
  2. Murder At The Barricades
  3. St. Diemen Riots
  4. Madrugada
  5.    
  6. Ruins Of The Past
  7. Speed Metal Guerrilla
  8. Sons Of Evil
  9. Above The Law
  10. Bad Seed
  11.    
  12. Mechanic Tyrants
   

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