Pois é meus amigos, o Pantera voltou e fará shows em 2023. O que parecia pouco provável se concretizou e os membros remanescentes da formação clássica, o vocalista Phil Anselmo e o baixista Rex Brown, terão os reforços de nada menos que o guitarrista Zakk Wylde (Ozzy Osbourne e Black Label Society) e o baterista Charlie Benante (Anthrax) para excursionar sob o nome Pantera. E quem diria, tudo com o aval da família Abbott, com direito a homenagem aos irmãos Vinnie e Dimebag e execução dos grandes clássicos que fizeram a cabeça de muitos headbangers nos anos 90.
Mas nem tudo são flores. Existem aqueles que não se conformaram com a notícia e tomaram as dores dos falecidos irmãos. Mas este artigo não é sobre estes, até por que já desvendamos este assunto em uma outra matéria que você pode ler logo abaixo:
Aqui neste texto vamos falar de uma outra turma que não se conformou com o retorno do Pantera: a turminha do cancelamento, do politicamente correto e da famigerada lacração. Obviamente, este texto será ao mesmo tempo divertido e esclarecedor, até porque falamos de pessoas que não podemos e nem devemos levar a sério, ainda mais dentro do universo Rock & Metal.
“Ah, lá vem vocês passar pano para o escroto do Phil Anselmo! Eu sabia!”
Segura a onda, jovem! Nós fomos provavelmente o primeiro veículo brasileiro a criticar publicamente Phil Anselmo por ter feito a saudação nazista no evento “Dimebash”, em janeiro de 2016, no Lucky Strike Live, em Hollywood, em homenagem ao falecido guitarrista Dimebag Darrell. Phil Anselmo é apenas um entre uma vasta gama de rockstars que tem a sua carreira marcada por falar e fazer bobagens e não estamos aqui para transformar o errado em certo. Existe uma diferença abissal entre ouvir a música do Pantera e concordar com as atitudes de Phil. E nós jamais concordamos com tais atitudes.
Há algum tempo, está em pauta uma longa discussão sobre separar a obra do artista e, inclusive, já escrevemos artigos sobre isso. Aqui está um deles:
Resumindo essa questão: tudo depende da concepção individual de cada um. Não existe uma regra a ser seguida, apenas o indivíduo descobrindo os seus limites. Para alguns, é inadmissível ouvir bandas em que músicos defendam abertamente algum ponto de vista diferente, para outros não importa o que o músico fala ou defende, mas sim a música que é feita por ele. Mais uma vez, esta é uma questão pessoal em que você, caro amigo leitor, analisa diante das suas convicções e escolhe qual atitude deve tomar diante de cada caso.
Sobre Phil, existem muitas outras questões. Para ser mais claro, questões políticas que fazem dele um alvo fixo para um dos lados da moeda. Em tempos polarizados e cheio de pessoas ávidas por cancelar outras pessoas, um cara como Phil Anselmo sempre será colocado em cheque.
Em 2019, o vocalista comentou o incidente ocorrido três anos antes. Ele disse o seguinte para a revista Kerrang:
“Eu sinto que é ridículo. Eu fiz uma piada e ‘boom!’ É como se eu fosse literalmente Hitler! E não sou. Eu tenho respeito por cada indivíduo. Eu tenho amor em meu coração. Ao longo dos anos, eu aprendi a colocar o amor como meu primeiro passo e a boa fé em primeiro lugar. Eu me dou bem com todos. Se ainda há qualquer dúvida sobre minhas inclinações político-ideológicas, as pessoas deveriam tirar isso de suas cabeças. Eu fui criado entre um elenco de personagens deslumbrantes do teatro em um hospital psiquiátrico, havia todas as esferas da vida ali, todas as cores, todos os credos e todos os tipos de pessoa. É absurdo para mim que qualquer pessoa nos dias atuais ainda julgue alguém pela cor da sua pele, sua fortuna ou sua religião. Eu sou um reacionário, não um encrenqueiro.”
Prestem atenção nestas palavras:
“Eu sou um reacionário, não um encrenqueiro”
Acredite, é aqui que está basicamente todo o “problema”. Para quem cancela, lacra, patrulha o quintal do vizinho e faz militância partidária para um lado específico, é intolerável que uma personalidade assuma ser um “reacionário”. Obviamente, para esta pequena, porém, barulhenta meia dúzia de gatos pingados, Anselmo é visto como se fosse o próprio satanás e merece ser apagado da história do Rock.
Na última semana, começaram a surgir fortes rumores de que o Pantera seria a atração surpresa do Knotfest Brasil que irá acontecer em 2023 na cidade de São Paulo. E adivinhem?! Começou imediatamente uma campanha pífia para tentar cancelar a banda do festival.
Caros amigos, vejam bem, esta não é uma questão de achar certo ou errado a atitude de Phil ao fazer o gesto nazista em 2016. Isto não está sob julgamento. Foi uma atitude errada e fim de papo. O músico foi extremamente criticado com razão, sofreu as consequências, pediu desculpas, se disse arrependido, o episódio não se repetiu e a vida seguiu. Quem decidiu não ouvir mais as músicas do Pantera por conta do ocorrido tem que ser respeitado e quem decidiu seguir ouvindo também tem que ser respeitado. E é nesse ponto que temos um grande problema.
Enquanto temos uma enorme maioria de fãs que pouco se importam com qualquer bobagem dita ou feita por Phil e tem o Pantera como uma referência da música pesada, há aquele grupo de tontos que acreditam ter poder para ditar regras em cima da vida dos outros e que querem sentenciar o não-apoio ao Pantera para pessoas que estão pouco se lixando para o que um músico faz ou deixa de fazer. Este segundo grupo, aquele que escolheu detestar qualquer coisa que tenha o nome do vocalista envolvido, por conta de algum distúrbio psiquiátrico grave, acredita ter o poder de cancelar a banda, boicotar o evento e coagir outras pessoas a fazer o mesmo. Paradoxalmente, são os que dizem prezar e lutar por democracia… (aham, conta outra!)
“Ah, mas defender o nazismo não faz parte da democracia! Nazismo é crime!”
Ei, cara pálida, e quem está defendendo nazismo? Nem o próprio Phil Anselmo, o autor do gesto, defende. O próprio músico declarou o seguinte após o incidente:
“Estava no Dimebash, era extremamente tarde da noite, houve muita conversa entre eu e aqueles que amavam o Dime e muitas emoções rolaram, piadas do backstage acabaram indo para o palco. Foi feio, desnecessário e qualquer um que conhece minha natureza verdadeira sabe que não acredito em nada disso.”
Se o próprio Phil diz não defender tal ideologia nefasta, por que meros fãs do Pantera, que não tem qualquer relação com o frontman, defenderiam? Percebam que o mecanismo desse raciocínio é absolutamente ilógico. Um músico faz um gesto absolutamente reprovável, é linchado pela mídia, pede desculpas, diz não acreditar em nada disso, mas ainda assim é rotulado sem direito a defesa. Até aí, ainda é aceitável já que a atitude do cantor foi realmente digna de todas as críticas possíveis. Mas o pior de tudo é o fã que não tem nada a ver com o que foi feito ou falado pelo músico, pelo simples fato de escolher seguir ouvindo a música do Pantera, também receber as mesmas taxações que foram dadas ao músico. Vocês só podem estar de brincadeira!
Quer dizer que esse pessoal pretende começar a escolher quais as bandas que ‘podem ser ouvidas’ e quais ‘não podem’? Querem escolher quais bandas vão tocar em festivais e quais não vão de acordo com ideologias e agendas políticas?
Aos jovens (e, principalmente, aos velhos) padawans emocionados com a política brasileira e contagiados com o atual Fla x Flu partidário em que nosso país está afundado, lançamos um desafio:
Sigam em frente com a sua campanha pífia de cancelamento ao Pantera!
Estaremos aqui comendo pipoca e nos divertindo a beça quando vocês descobrirem por vias tortuosas que a (talvez) maior banda de Metal dos anos 90 JAMAIS SERÁ CANCELADA OU BOICOTADA por um grupelho de tontos adestrados. Produtores de eventos visam lucro e verdadeiros fãs de Metal querem saber de boa música. Se o Knotfest Brasil se render a essa campanha sem fundamento (e duvidamos bastante que isso aconteça), não faltarão produtores querendo trazer este show para o Brasil. E sabe qual o motivo para isso? O Pantera é GIGANTE e é capaz de fazer o que nenhuma das bandas parasitas partidárias que esse pessoal apoia faz: lotar arenas e causar comoção. Goste você ou não, enquanto o seu projeto defeituoso de rockstar está por aí tirando fotos com político em campanha, Phil Anselmo seguirá sendo um ícone da música pesada e vai tocar para multidões em 2023.
Aceita que dói menos…
Redigido por: Fabio Reis