“Master Of Reality” é o terceiro full lenght da lendária banda britânica, Black Sabbath.
O disco foi lançado no dia 21 de julho de 1971, sucede o debut homônimo e, também, “Paranoid”. Descrevo hoje um dos mais importantes álbuns da história do Rock/Metal.
Isso é inegável para qualquer um que tenha pleno respeito pela música pesada. Porém, antes de falar sobre as faixas do disco, é obrigatório mencionar fatos que são de suma importância. “Master Of Reality” transmite de forma mais intensa o que a banda pretendia passar nos lançamentos anteriores.
A sonoridade é sombria, brutal e desafiava, definitivamente, todos os padrões da época, tanto na musicalidade, quanto nas temáticas líricas.
O som fantástico do baixo de Geezeer Butler
O som extraído pelo baixo de Geezer Butler é incrível e, simplesmente, algo que não é desse planeta. O caro leitor pode mencionar nesse instante da leitura, que o som de baixo era mesmo diferenciado nos anos 70 devido aos equipamentos valvulados, eu, de antemão, digo que sim, isso é certo, porém o que aconteceu em “Master Of Reality” é inigualável.
Geezer ultrapassou os limites possíveis na época e se tornou referência para as gerações futuras de baixistas, mas como? Simplesmente, eu não sei explicar. Vamos às faixas, mas resgatarei o assunto sobre o encorpado som do baixo de Butler no momento oportuno.
Canções do “Master Of Reality”
O disco abre com o som de alguém tossindo. O tema “Sweet Leaf” era escandaloso para a ocasião.
“Minha vida estava vazia, em queda livre / Até você me levar, me mostrar o lugar / Minha vida está livre agora, minha vida está clara / Eu te amo folha doce, embora você não possa ouvir”.
Um verdadeiro hino de adoração a tal “folha doce”, uma clara menção a maconha e os seus efeitos na mente. Logo depois, “After Forever” traz ainda mais polêmica ao álbum.
“Acho que foi verdade que foram pessoas como você que crucificaram Cristo / Acho que é triste que a opinião que você teve foi a única a ser expressa / Você terá tanta certeza quando seu dia estiver próximo, diga que você não acredita? / Você teve a chance, mas a recusou, agora você não pode a recuperar”.
Essa canção chegou a ser regravada pela banda de Heavy Metal Stryper, a qual usa temática cristã, porém eu creio que o “cristianismo” presente na letra seja apenas uma metáfora para definir o bem e o mal. Mas na verdade há muitos que pensam de forma diferente e devem ser respeitados.
“Talvez você pense antes de dizer que Deus está morto e se foi / Abra seus olhos, apenas perceba que ele é o único/ O único que pode te salvar agora de todo esse pecado e ódio / Ou você ainda vai zombar de tudo que ouve? / Sim! Acho que é tarde demais.”
Observe que tudo isso pode ser, simplesmente, negar o bem que pode despertar dentro do seu próprio ser. O que acham?
O sombrio tema instrumental “Embryo” serve como introdução para a clássica “Children Of The Grave”, canção que tem um dos riffs, inegavelmente, mais lindos e conhecidos de toda a história do Metal.
Embora a mesma ainda possua muito da veia Doom, que é a marca registrada do Black Sabbath, principalmente, na fase Ozzy, a vejo como uma das canções que moldou o que chamamos, posteriormente, de Heavy Metal tradicional.
“Então vocês, filhos do mundo, escutem o que eu digo / Se vocês querem um lugar melhor para viver, espalhem as palavras hoje / Mostrem ao mundo que o amor ainda está vivo, vocês devem ser corajosos / Ou vocês, filhos de hoje, são filhos do túmulo, sim!”.
Com essa mensagem clara de resgatara a humanidade do mal, o lado A se encerra.
Então, vamos ao Lado B.
O belo tema instrumental acústico de Iommi, “Orchid”, serve de introdução para minha favoritíssima do disco, a fantástica “Lord Of This World”, que vem logo depois. Ela tem a introdução mais macabra de toda a discografia do Black Sabbath.
É uma música perfeita em todos os quesitos, já que sua letra e sua parte instrumental não têm defeitos e nem criticas a serem feitas. O arranjo de baixo dessa canção é paranormal, pois, como algo pode soar tão maravilhoso assim?
Ouço “Lord Of This World” há mais de trinta anos e não consigo sacar tal segredo e acredito que jamais conseguirei. Só sei que quando estudei baixo, essa faixa era a referência de onde eu pretendia chegar. Geezer e Iommi solam ao mesmo tempo e com uma sincronia perfeita.
O som do baixo tem o volume um pouco acima do da guitarra e isso o torna ainda mais fabuloso. Se eu escrevesse duas páginas só sobre “Lord Of This World”, ainda assim não conseguiria exteriorizar o que ela representou e ainda representa pra mim.
“Senhor deste mundo / Possuidor do mal / Senhor deste mundo / Ele é seu confessor agora”!
“Solitude”
“Solitude” é o momento, profundamente, psicodélico do disco. A mente desses quatro brilhantes músicos vivia em constante viagem pelos lugares mais distantes do universo da criatividade.
Mais uma vez, Geezer me deixa babando cada vez que o escuto nessa música, pois ele consegue transbordar feeling, fazendo tudo o que o baixo precisa fazer, tendo a leitura exata do que a música necessita e a dá exatamente isso.
Iommi não fica atrás, ao passo que ele é puro sentimento, em forma de solos de guitarra. Enquanto isso, Ozzy dá uma atmosfera soturna com a sua interpretação vocal e que encaixa perfeitamente no contexto.
“O mundo é um lugar solitário – você está sozinho / Acho que vou para casa – sentar e chorar / Chorar e pensar é tudo o que eu faço / Memórias que tenho me lembram de você”.
Nunca me aprofundei a respeito, mas esse disco, certas vezes, me soa como conceitual. Pois, parecem que suas temáticas se interligam.
“Meu nome não significa nada, minha fortuna (sorte) ainda menos / Meu futuro está envolto em uma selva escura / O sol (luz) está longe, as nuvens (escuras) permanecem / Tudo que eu possuía – agora foi embora.”
O pesado Doom/Stoner “Into The Void” encerra o álbum da maneira que ele merecia ser encerrado. Em suma, um riff macabro com uma atmosfera infernal.
“Deixe a Terra para Satanás e seus escravos / Deixe-os com seu futuro na sepultura / Faça uma casa onde o amor está lá para ficar (seria uma casa interior?) / Paz e felicidade todos os dias.”
Observo nessa letra, o mesmo que eu observo em “After Forever”, o lado cristão é usado como uma metáfora do bem e o mal dentro de cada um de nós. O “mestre da realidade”, ou seja, da própria realidade, seria cada um de nós.
Existem discos bons, discos excelentes e discos perfeitos. Poucos discos, eu classifico como perfeitos e, “Master Of Reality” é uma dessas raras perfeições. Inclusive é o único álbum da era Ozzy a figurar no meu TOP 5 do Black Sabbath e, sem dúvida, ele foi e é referência para o que eu me tornei.
Nota: 9,5
Integrantes:
- Tony Iommi (guitarra)
- Geezer Butler (baixo)
- Bill Ward (bateria)
- Ozzy Osbourne (vocal)
Faixas:
- Sweet Leaf
- After Forever
- Embryo
- Children Of The Grave
- Orchid
- Lord Of This World
- Solitude
- Into The Void
Redigido por Cristiano “Big Head” Ruiz
CONFIRA A RESENHA DO CLÁSSICO “VOL. 4” (1972):
Classic Sabbath!!!! Bons tempos de antigamente!!!! Valeu!!!!