O WASP, de Blackie Lawless, está vivenciando um ano importante em sua longa estrada: o álbum de estreia autointitulado está completando 40 anos desde o seu lançamento oficial.
Muitas bandas da velha guarda estão chegando aos seus 40, 50 e até mais anos de estrada. Isso se deve ao fato destas perdurarem e resistirem às areias do tempo, mesmo com muitas dessas bandas tendo sofrido com diversas mudanças de line up e até mesmo com pausas em suas respectivas carreiras. Entretanto, dentro disso tudo existem os álbuns lançados e estes acabam por completar longos anos de vida e são marcos históricos para as mesmas e para o cenário musical como um todo.
O WASP é, com toda a certeza, uma dessas bandas a alcançar uma marca importante. Assim como foi dito a princípio, a banda do líder, vocalista e guitarrista Blackie Lawless está comemorando o 40º aniversário de lançamento do seu debut.
Muitos fãs colocam “WASP”, lançado em 17 de agosto de 1984, como sendo o melhor trabalho de Lawless e sua trupe. Porém, isso não é o principal fator aqui.
Em meio a essa marca importante, existem os imensos percalços e aventuras para se chegar a esse número. E não foi diferente com o WASP, já que a banda passou por vários desafios até conquistar o seu devido espaço.
Blackie Lawless e as lembranças de um passado nostálgico, porém difícil
Através do site oficial da banda, Lawless compartilhou suas lembranças e pensamentos sobre os 40 anos do álbum de estreia.
Blackie Lawless disse exatamente o seguinte:
“Há 40 anos, minha vida mudou. Mudar de maneiras que eu havia sonhado, mas também acabar diferente do que eu havia imaginado.
É impossível para qualquer um prever a totalidade de maneiras que a vida mudará quando esses sonhos se tornarem realidade.
Faz 40 anos que o W.A.S.P. fez seu primeiro show, em 28 de agosto de 1982, em um clube antigo chamado Woodstock. A formação na época era Tony Richards na bateria, Chris Holmes na guitarra solo, eu na guitarra e vocais e Don Costa no baixo. Esse foi o nosso humilde (se você quiser chamar assim) começo.”
Blackie falou sobre a forma utilizada para conseguir um contrato de gravação:
“Muitos de vocês me ouviram dizer que quando começamos, nunca tivemos a intenção de fazer shows ao vivo. Em Los Angeles, na época, era praticamente impossível conseguir um contrato de gravação apenas tocando ao vivo. Ironicamente, nossa verdadeira intenção era apenas fazer discos e sabíamos, por termos vivido em Los Angeles por tanto tempo, que a única maneira real de conseguir um contrato de gravação era fazer a melhor fita demo que você pudesse fazer. Então foi isso que fizemos. Fizemos uma demo de músicas que acabariam sendo principalmente nosso primeiro álbum, mas enviamos essas fitas para gravadoras alguns meses antes e não obtivemos resposta de nenhuma delas. Então, em nossa impaciência, dissemos, bem, achamos que essas músicas são muito boas, por que não as pegamos e tocamos ao vivo para ver o que acontece. Então, novamente, foi o que fizemos! Um mês depois, nos mudaríamos para Hollywood no Troubadour.”
Ele continuou:
“Para nós que fizemos parte desta noite histórica, a importância deste show não pode ser exagerada. Éramos um grupo de músicos que não tínhamos ideia do que ou como pareceríamos em um show ao vivo. Tudo isso viria mais tarde, ao longo das próximas semanas. Gostaria de agradecer pessoalmente à banda e a toda a equipe que estava envolvida naquela noite para aquele primeiro show. Todos os nossos destinos mudariam naquela noite.
Explicarei mais no mês que vem em um segmento que farei para marcar o primeiro show que fizemos no Troubadour. Pelo que a maioria do mundo sabe, foi realmente onde a banda começou, mas este show também é significativo porque foi o verdadeiro começo da banda em sua jornada de 4 décadas. Este show seria a primeira noite em que alguém ouviria ‘Love Machine’, ‘On Your Knees’, ‘Hellion’ e ‘School Daze’. Lembro-me de subir no palco naquela noite e pensar, ninguém sabe quem somos e ninguém conhece essas músicas. A partir desta noite, quase 2 anos até a data do lançamento do nosso primeiro álbum, tudo isso mudaria!”
O WASP jamais deixaria essa data passar em branco e a banda tratou de organizar uma grande confraternização para os fãs. Afinal, será a primeira vez em quarenta anos que a banda tocará o 1º álbum na íntegra. A turnê batizada de Album ONE Alive, acontecerá nos EUA durante o outono local de 2024. A abertura dos shows ficará a cargo das bandas Armored Saint e Unto Others (ex-Idle Hands).
Blackie Lawless participou do podcast Chris Akin Presents e foi questionado sobre se ele estaria aberto a alguma possibilidade de qualquer um dos ex-membros, à época do debut, (o guitarrista Chris Holmes, o guitarrista Randy Piper e o baterista Tony Richards) poderem fazer alguma participação especial durante a turnê.
Blackie Lawless respondeu:
“Lembro-me especificamente de ter essa conversa com alguém que passou pela mesma coisa. E ele basicamente perdeu sua banda original e teve que reconstruí-la com músicos de estúdio. E eu lembro dele me dizendo naquele momento, ele disse, ‘Esses caras são tocadores. Eles são matadores, esses músicos.’ E foi só depois de anos que comecei a entender o que ele estava dizendo e compararia sua banda original com o que ele havia construído mais tarde com tocadores, músicos. E ele estava certo.”
O músico continuou:
“Aqui está o que aconteceu conosco. Quando começamos, e isso remonta ao que estávamos dizendo antes na conversa sobre desenvolver sua habilidade como compositor, melhorar como músico, aprender a usar o estúdio como uma ferramenta, todas essas coisas que você aprende, os discos melhoram, mas os discos ficam mais complexos. Você chega a um ponto em que a musicalidade começa a crescer. Nem todos na encarnação original de uma banda crescem juntos, ou crescem na mesma direção.
Todo mundo já ouviu o velho ditado sobre, ‘Bem, nós terminamos por causa de diferenças musicais’, e por mais piegas que isso possa parecer, muitas vezes há verdade nisso. E você realmente encontra pessoas crescendo em direções diferentes ou alguns caras não conseguem acompanhar o resto da classe. E então, por uma razão ou outra, se nada mais, apenas o desgaste começará a eliminar os caras, especialmente quando você começa a entrar em material mais complicado.”
Acrescentou Lawless:
“Você não pode realmente comparar a banda… Tanto quanto o primeiro disco que fizemos, a magia que está nele, e eu reconheço isso não como um fã, mas como a pessoa que o criou. Mais uma vez, você nunca verá como o público médio vê, porque você não pode — você está em uma bolha. Você não pode ver do jeito que eles veem. E você tem que realmente abrir seus ouvidos e ouvi-los quando eles falam. Quer você concorde ou não, você tem que ouvir e tentar levar em consideração o que eles estão dizendo. Mas quando você chega a um ponto em que a banda cresce — no nosso caso particular, você vai do primeiro disco para (o quarto álbum de 1989) ‘(The) Headless (Children)’, a banda que criou o primeiro disco não conseguiu criar ‘Headless’. Era impossível. A musicalidade necessária para fazer ‘Headless’ era muito diferente da que criou o primeiro álbum. O primeiro álbum foi feito com atitude, meleca e cuspe. Foi um disco raivoso feito por uma banda raivosa. Mas isso me lembra um pouco de… No filme ‘Rocky 3’, onde Rocky quer lutar contra o Sr. T e Burgess Meredith, que interpreta seu empresário Mickey, ele diz a ele, ele diz, ‘Você não pode,’ ele diz, ‘Você não pode lutar contra o Sr. T. Você não pode vencer.’ E Rocky diz, ‘Sim, eu posso. Sim, eu posso.’ Ele diz, ‘Escuta, garoto.’ Ele diz, ‘Todo lutador acha que tem mais um bom lutador dentro de si.’ Ele diz, ‘A pior coisa que poderia acontecer a um lutador aconteceu com você. Você se tornou civilizado.’ Isso acontece com bandas de Rock.”
Blackie Lawless trouxe uma explicação mais aprofundada sobre essa questão:
“Você mencionou no início desta conversa sobre os primeiros cinco anos de bandas juntas. Se você voltar e olhar para a maioria das bandas que você gosta, seus ossos foram feitos nos primeiros cinco anos em que estiveram juntos. Quase todas as bandas se encaixam nessa descrição. Há algumas exceções. E isso não significa que eles não possam fazer grandes discos depois desse período de cinco anos, mas seus ossos são feitos nos primeiros cinco anos em que estão juntos, e então eles começam a se mover e crescer em direções diferentes e isso muda e se transforma.
Eu aprecio o nível de energia que saiu daquele primeiro disco (W.A.S.P.) — eu realmente aprecio. Mas como eu volto para os caras com quem toco há 25 anos e digo: ‘Seu mandato nesta banda foi cinco vezes maior do que os caras com quem trabalhei originalmente, mas você não pode tocar nesta turnê.’ Eu não posso fazer isso. E em segundo lugar, faremos o show em duas metades. A primeira metade é o primeiro disco na íntegra. A segunda metade é como um set dos melhores. A banda que vai tocar o primeiro set tem que ser capaz de tocar o segundo set também.”
Ele diz que compreende, mas especifica:
“Escute, eu entendo totalmente a ideia do romance que as pessoas têm na cabeça sobre o que uma formação original poderia ser, mas eu, como a pessoa que está no palco, tenho que entender que não importa o quanto o público queira que seja do jeito que era, minha responsabilidade com eles como compradores de ingressos, eu tenho que dar a vocês o melhor show possível. Eu tenho essa responsabilidade com vocês. Não importa o que vocês acham que querem, eu sei que tenho que entregar para vocês. E, novamente, especialmente quando as pessoas estão fora do jogo há muito tempo, para nós fazermos o que está sendo sugerido, que a banda original faça, eu acho que isso seria praticamente impossível. Esqueça o cenário de casamento/divórcio que você sugeriu primeiro (sobre reunir a formação original sendo semelhante a sair de férias com a família com uma ex-esposa para fazer as crianças felizes), o que não é totalmente falso, porque há muito a ser dito sobre isso, mas com o passar do tempo, a menos que você permaneça neste jogo e permaneça ativo, você começa a perdê-lo. E todos nós já vimos situações de algo que achamos que seria ótimo e então quando você vê, você percebe, não, nunca mais poderá ser o que era antes. A menos que você esteja trabalhando com pessoas que permaneceram constantes, que permaneceram em forma, que fizeram o que quer que seja que precisassem fazer para manter essa vantagem, elas vão sair por aí e não vai ser muito bom. E eu não posso fazer isso com nossa base de fãs.”
Formação atual e datas da turnê comemorativa dos 40 anos de “W.A.S.P.”.
Dito isso, é sempre bom lembrar e ressaltar que o WASP não lança nenhum álbum de inéditas desde 2015, quando lançou o álbum “Golgotha”. Já sobre a atual formação, a banda conta com Doug Blair na guitarra, Mike Duda no baixo e Aquiles Priester na bateria. Além da ilustre presença de Blackie Lawless, comandando os vocais (playback?) e guitarra (bases pré-gravadas e playback?).
Em resumo, a turnê passará por 39 cidades e começa no sábado, 26 de outubro em San Luis Obispo, Califórnia, fazendo paradas pela América do Norte em Vancouver, British Columbia; Toronto, Ontário; Minneapolis, Minnesota; Dallas, Texas; Nova York; Orlando, Flórida; e mais antes de terminar no sábado, 14 de dezembro no Hollywood Palladium em Los Angeles, Califórnia.
Por fim, será oferecido novamente aos fãs ingressos VIP que dão a chance de conhecer Blackie Lawless, tirar uma foto pessoal com o músico, autógrafos e participar de uma sessão de perguntas e respostas muito pessoal com a principal figura do WASP. Em suma, um verdadeiro meet & greet. Os ingressos VIP podem ser comprados em waspnation.myshopify.com.