A triste partida de um dos maiores e melhores guitarristas de todos os tempos, Eddie Van Halen, ainda causa muito lamento e dor dentro do cenário da música. O Van Halen sem Eddie é mais que um Van Halen manco. Embora Sammy Hagar esteja fazendo um tributo honesto e para lá de qualificado para a banda e para o grande ícone dela. Além disso, o vocalista com o apoio do baixista Michael Anthony, o guitarrista Joe Satriani e o baterista Jason Bonham.
O baterista Alex Van Halen, irmão de Eddie, ainda lamenta muito a sua ida e, assim como nós fãs da boa música, também sentimos que é uma lacuna que jamais será preenchida. Entretanto, devemos seguir adiante.
Durante uma nova aparição no podcast “Talk Is Jericho”, apresentado por Chris Jericho, vocalista do Fozzy e figura tarimbada do wresting, Alex Van Halen falou sobre sua decisão de escrever seu livro de memórias, “Brothers”. Vale ressaltar que o livro foi descrito como uma carta de amor para seu irmão mais novo, enquanto ainda lamentava a morte prematura de Eddie.
Alex disse a respeito:
“Ed e eu éramos próximos. Trabalhávamos juntos, brincávamos juntos, fazíamos tudo. Mas quando ele estava perto do fim da vida, por causa da COVID, era muito difícil visitá-lo pessoalmente e vê-lo. Sempre havia uma barreira de vidro ou algo de plástico ao redor [dele]. Às vezes em que podíamos realmente tocá-lo eram poucas e distantes entre si. E isso realmente colocava tudo em um tipo estranho de — não consigo explicar, mas não parecia certo. Então, realmente não tivemos um encerramento, nesse sentido, e tudo foi apressado perto do fim, de novo, por causa da questão da COVID. Não tivemos realmente uma cerimônia depois. Ele foi cremado e suas cinzas foram espalhadas. Esta é a minha maneira de dizer adeus a ele. E não importa o que você acredite em termos de buscas espirituais e tudo isso, acho que ele ainda está aqui, ele ainda está aqui conosco de uma forma ou de outra — não a ponto de não poder ir para onde realmente quer ir. [Risos] Eles chamam isso de amarração; você não quer amarrá-lo a esta dimensão. Então, Ed, o que você quiser fazer é legal. Nós te amamos. E eu só queria dizer isso ao ponto do infinito, qualquer que seja a expressão.”
O baterista prosseguiu:
“É difícil descrever como é não ter alguém em sua vida que esteja lá por 65 anos. É muito, muito tempo, e não era apenas algo regular — e não estou dando trabalho para outras pessoas em termos de ‘meu relacionamento era mais forte que o seu’. Não é esse o ponto. É só que quando você tem algo que é tirado de sua vida depois de 65 anos, é difícil. E eu certamente não estou sozinho. Não estou dizendo que sou especial ou que deveria ganhar uma medalha — não, isso acontece com muitas pessoas diferentes. E acho que um dos efeitos colaterais deste livro foi que muitas pessoas entraram em contato comigo e disseram: ‘Ler este livro realmente me deu uma maneira diferente de encarar a separação de pessoas que eu amava.’ E sei que a tristeza pode ser um denominador comum, se preferir, e essa não é minha preferência — minha preferência são os momentos mais felizes — mas com o bom vem o ruim. E todo mundo vai passar por isso.”
Sobre a possibilidade de uma música inédita de Eddie Van Halen eventualmente ver a luz do dia, Alex disse:
“Falei sobre isso vagamente, e sou um tanto supersticioso, mas posso dizer algumas coisas que mencionei antes. Vamos passar pelo, entre aspas, cofre e passar por algumas das ideias musicais que estavam lá. De um lado do espectro está o fato de que pequenos licks não fazem uma música. No outro extremo do espectro, alguns desses licks são tão incrivelmente poderosos que é uma pena que eles tenham acabado no fundo do cofre, em vez de serem discos.”
Alex continuou sua explicação:
“Existem tantas variáveis diferentes em uma banda como a nossa. Nós não entramos no estúdio e planejamos, ‘Vamos fazer um disco’, embora tenhamos feito isso até certo ponto. Mas não é um processo mecânico para nós. Entramos, tocamos e vemos o que acontece, ouvimos, convidamos algumas pessoas e então vemos o que acontece com isso. E então você ouve e avalia. Se no dia seguinte, quando você entrar e ouvir, se não te der um chute na cara como aconteceu da primeira vez, então talvez você deva seguir em frente e fazer outra coisa. Não se apegue a uma ideia antiga só porque ela está lá. Não. Não foi assim que fizemos. Dito isso, também houve muitas ideias ruins. [Risos] Esse é sempre o risco que você corre, mas se você não fizer isso, você se tornará — ele se tornará inerte. Isso se chama inércia, ou o que quer que seja — entropia. As coisas vão cair e então você se tornará cada vez menos criativo. E o outro aspecto de tudo isso é que você está em um mercado aberto onde está sendo julgado, e se você não se sair bem no mercado, as pessoas vão dizer: ‘Talvez seja hora de fazer outra coisa.’ E esse é um problema real. Mas agora que Ed se foi, nenhuma dessas coisas é realmente válida porque tudo que eu tenho, e Wolf [filho de Eddie e baixista do Van Halen] tem, são todas as gravações no cofre. E elas ficarão lá até descobrirmos como, por que e o que fazer com elas. E, novamente, você tem que lembrar, tem que ser no nível em que Ed e eu costumávamos tocar. Não vamos simplesmente enfiar tudo. Temos acesso a alguns dos maiores músicos do planeta, e muitos deles estão mais do que dispostos a arriscar em algumas dessas coisas.”
Quando Jericho notou que parece que Alex tem mais do que apenas uma ou duas demos que ele poderia elaborar e lançar ao público, o baterista disse:
“Ah, sim. Provavelmente três ou quatro discos, se não mais. Estou falando sério. Havia algumas coisas boas, algumas coisas boas ali. E você tem que lembrar, quando no meio disso, às vezes as coisas realmente boas meio que passam por você. E não é até você revisitar dizendo, ‘Uau, eu esqueci disso. Isso é foda.’ Mas isso leva tempo. E você quer fazer direito. Eu quero fazer direito.”
Só para ilustrar, a versão em audiolivro de “Brothers” contém uma música inédita composta por Alex e seu irmão e que foi batizada “Unfinished”. Portanto, trata-se da última peça musical que eles escreveram juntos e que pode ser ouvida enquanto Alex narra sua história. O baterista do Van Halen disse o seguinte sobre:
“Não quero usar a palavra ‘espiritual’, mas há uma conexão com… Ed e eu éramos muito produto de como nosso pai via o mundo, e uma de suas músicas favoritas era uma canção chamada ‘Unfinished’ de Franz Schubert. Na verdade, só depois de fazer isso é que voltei e dei uma olhada. Acontece que ele tinha muitas peças inacabadas. [Risos] Essa parecia ser uma das suas principais características. Então tínhamos essa música que ainda não estava completamente finalizada. Era uma das minhas músicas mais memoráveis que tocava constantemente na casa. Então pensei que era uma espécie de sinal de alguma dimensão diferente: ‘faça isso’. E como você pode perceber, eu me desvio por uma tangente que pode ou não ser real, mas eu acredito nessas coisas, cara. Há muitas coisas neste mundo que não sabemos. Não há explicação para elas. Tudo o que você precisa fazer é sentar, desacelerar e ouvir, o que é mais fácil falar do que fazer. [Risos]”
Sobre o livro de Alex Van Halen
Por fim, “Brothers” foi lançado no dia 22 de outubro pela HarperCollins Publishers, contendo 384 páginas e a um preço de tabela de US$ 32,00.
Em “Brothers”, Alex conta a infância dele e de Ed em uma casa de 800 pés quadrados em Pasadena. Além de ter um pai músico itinerante e uma mãe nascida na Indonésia. Como eles chegaram aos EUA vindos da Holanda e lutaram para se encaixar. Ele também compartilha histórias de política musical, brigas internas e comportamento de bad boy. O livro inclui fotos nunca antes vistas dos arquivos particulares do autor, enquanto ele esclarece a vida e a morte de seu irmão no primeiro relato preciso de sua família e da banda.
