O Traveler, banda de Heavy Metal canadense, lançou o terceiro álbum chamado “Prequel to Madness”.
Dizem que quando uma banda atinge a marca de três álbuns de estúdio, é sinal de que a mesma se consolidou no cenário musical. Ou não. Afinal, depende de uma série de fatores para que isso aconteça. Dentre eles, a aceitação de público e mídia. Pois dessa forma, determinada banda pode atingir um público maior e, consequentemente, ampliar e melhorar os seus contratos, seja com gravadora, seja com os organizadores de eventos, enfim.
Decerto, para quem já é um frequente espectador do Mundo Metal, sabe bem que o Traveler é sim uma das queridinhas da nossa equipe e isso tem todo um significado para nós. Afinal, o Traveler faz parte de uma nova e frutífera safra de bandas da chamada NWOTHM, ou em seu significado literal, Nova Onda do Heavy Metal Tradicional. Quem conhece o Traveler desde o seu debut, sabe que seus integrantes fazem e fizeram parte de outra grande leva de bandas e uma delas é a banda de Thrash Metal chamada Hazzerd, que tem lançado ótimos álbuns também.
O Traveler, por sua vez, decidiu ir mais longe e trabalhar de melhor forma para o seu terceiro disco. Se antes a coisa era um pouco mais rústica até por serem os primeiros passos dos caras, agora com a experiência adquirida e a oportunidade de aprimorar seus equipamentos, a banda resolveu investir em uma melhor produção. Para os puritanos isso pode assustar em primeira mão, porém isso não tem nada a ver com a qualidade de som dos músicos. Afinal, estamos falando de uma das melhores bandas de Heavy Metal da nova geração, acompanhadas por Air Raid, Enforcer, Ambush, Iron Curtain, Stallion, entre outras excelentes bandas atuais.

Breve histórico do Traveler
Conforme foi mencionado acima, o Traveler vem sendo acompanhado desde a sua fundação e ao menos um de seus dois álbuns à época foi resenhado. E para manter a tradição, o seu mais recente trabalho também está aqui para ser dissecado por nós, eu com meu nanquim virtual e você que registrará tudo através de seus olhos de lince e memória de elefante.
Para relembrar os álbuns anteriores do Traveler, vale mencionar que em 2019 foi lançado o debut autointitulado, sendo resenhado por mim mesmo. Em seguida, no ano de 2020, foi lançado o segundo álbum nomeado “Termination Shock”, que figurou nas listas de melhores daquele ano. Portanto, coube novamente a mim a missão de contar sobre o conteúdo de “Prequel to Madness”, lançado no dia 23 de fevereiro via No Remorse Records.
Relembrando o ponto de partida
Ao contato pela primeira vez com o material inaugural dos canadenses à época, tive um vislumbre que já é costumeiro para quem acompanha minhas ranhuras feitas com peças sólidas e pontiagudas nas paredes petrificadas das galerias subterrâneas musicais. Ou seja, seu nome me trouxe algo. Então, vamos relembrar o primeiro trecho da resenha para o debut dos caras.
“Quando me deparei com tal nome, logo me veio à mente aquelas agências de viagens que oferecem diversos pacotes diários para visitar vários países e coisas do tipo até mesmo pelo seu significado. Porém, se trata de mais uma banda dessa nova safra que vem conquistando fãs mundo afora carregando aquela sonoridade oitentista que muitos adeptos admiram e veneram.”
E então? O que mudou? É isso mesmo o que vem acontecendo? Decerto, podemos dizer que sim. Afinal, a banda está no seu terceiro ato e ninguém pediu para salvar o Metal. O Metal não precisa ser salvo. O Metal está para quem deseja o Metal e o Metal é para quem vivencia o Metal. O nosso talismã da Fiel, Gradelino, aprova essa frase e ela possui sentido quando você deixa de ouvir falácias por aí afora e vai em busca da sua música através do seu gosto e não pela opinião imbecil dos outros.
Vários nomes que eram tidos como futuras promessas hoje vivem a realidade de serem de fato as bandas da nova safra, goste ou não. A partir de agora viajaremos para o longínquo espaço sideral em busca de uma sonoridade adequada e qualificada. O Traveler provou isso por duas vezes. Será que conquista a tríplice coroa?
Asas batendo, marchas de decolagem, turbinas e já!
“Mayday” é o primeiro disparo dos mochileiros metálicos. Quando uma faixa introdutória resolve queimar os violões e acender as turbinas das guitarras, consideremos parte da projeção de sucesso inicial.
O ônibus espacial foi lançado e com ele toda a estrutura revigorante de um Heavy Metal aguerrido e unindo forças com elementos do Speed. Porém, a ala percussiva apresenta resquícios de um Sepultura da era “Chaos A.D.”. O enquadramento da bateria funciona muito bem e, somada a toda estrutura e escalada musical breve, entrega em tapete vermelho estendido para a próxima etapa do circuito musical.
“Pray for your life”
“Take the Wheel” é o nome da jurada e atende muito bem o pedido para oferecer a devida sequência destruidora. Você deve rezar por sua vida ao estar no banco do carona dessa “caranga” endiabrada. A corrida selvagem te faz sentir-se imprudente dentro do próprio cérebro ao liberar toda a revolta pela janela do carro. Você observa pelo retrovisor a plumagem envolvendo o Iron Maiden “dasantiga”, aquela que você e eu amamos e decolamos juntos ao ouvir seus grandes clássicos.
A descida é iminente e provoca a adrenalina como em uma montanha-russa junto ao impecável refrão desta horda espacial. Os solos escalonam alto até atingirem a margem surpreendente até mesmo aos puritanos de plantão. O ser supremo do submundo está no comando agora e você pode acelerar ainda mais. Aproveite sua curta vida, enquanto a morte não o (a) cumprimenta. Ore por sua vida, pois o som veloz não deixará rastros ao atravessar o seu peito sedento por Heavy Metal!
“But to fight for your life”
Depois temos “Dark Skull”, a cidadela sonora da caveira amaldiçoada. Vivemos tempos perigosos através das ruínas dos heróis. A caveira sombria é o retrato desse local devastado por nós mesmos durante toda a linha do tempo. Nós vemos através dos olhos ferozes e o desembainhar das armas ocorre de maneira contundente, complementando a trajetória que o álbum propõe ao ávido ouvinte. Portanto, o caminho a ser percorrido pertence à Roma antiga e era uma de suas principais estradas, a chamada Via Appia, ou Appia way, conforme descrito na própria canção.
O poder bárbaro é desafiado pelas cordas afiadas das guitarras flamejantes e seus riffs incandescentes. O momento é mais cauteloso por se tratar da ruína dos heróis e estarmos vivendo em tempos perigosos. As melodias se sobrepõem ao contato com a marcação de contrabaixo regado com gotas de chumbo. Assim sendo, a linha do tempo oferece aos desbravadores universais o espaço necessário para executarem solos de excelência, sempre obedecendo o balanço das chamas. Você acaba cantando o refrão durante a exploração quase que sem querer. Todavia, é mais do que justo te provocar e te fazer cantar agora mesmo!
“Dark Skull – The bane of heroes
We live in peril’d times
Dark Skull – The bane of heroes
We see through feral eyes”

“Plead for your life”
Diante de uma lei implacável e obsoleta, o mais importante a se fazer é implorar por sua vida e estar junto de sua família, fortalecendo os laços e a vontade de seguir em frente. Por mais que pareça impossível enxergar ao horizonte, devemos percorrer o caminho denso e arenoso para que possamos ver o outro lado do mar. Contudo, é assim que “The Law” joga todo o arsenal fortemente afiado e qualificado para destacar as mazelas de um mundo que se faz de correto, mas apenas está te controlando de diversas maneiras. O seu corpo é “nosso” e a sua mente idem. Portanto, siga com seu crachá fazendo o que pedimos todos os dias.
A chave para a fuga do total controle é o dedilhado supersônico e a máquina de triturar crânios mais conhecida como bateria. Os riffs são ignorantes a ponto de intimidar o mais bravo dos guerreiros e o mais sério dos seguranças de algum líder imbecil à sua escolha. Os versos ganham velocidade e encantam ao preencher todos os moldes feitos com maestria pelos músicos. Se você achava que as surpresas já haviam cessado, se enganou precocemente. Entretanto, a viagem não pode ficar sem ser concluída e é necessário contar como funciona, pois até a famosa Merck é citada nessa história.
Os versos iniciam em modo normal de se cantar e ganham tons muitos velozes logo em seguida, para a partir de então terem frenagens excepcionais junto aos refrãos, sem perder a aderência com o cosmos. A emenda entre refrão, que entrega o bastão para os solos concluírem o revezamento nos moldes do atletismo, funciona tão bem que você acha que já está no espaço trafegando com a nave canadense. Alguns chamariam de aula de Metal e nós também podemos chamar de “exemplo a ser seguido”.
“A cry from outer space”
As estrelas sempre querem nos mostrar algo. Portanto, cabe nós mesmos olharmos para o céu de vez em quando. Afinal, o Heavy Metal brilha como a calda de um cometa e pode incendiar o seu lar, assim como é dada a chegada de “Rebels of Earth”. Favor, não confundir com aquele bagulho horroroso feito pelo “retardinha” do Zach Snyder. Pois bem, o lance aqui é explorar o espaço de verdade e atingir o horizonte de eventos junto à trilha sonora do Traveler. Seu início é marcado por um fragmento que insinua um sobrevivente perdido no espaço com sua nave avariada. Além disso, não é à toa que a Deep Sixed é citada em meio às estrofes da quinta faixa do álbum.
A cadência sonora é proposital e proporciona o lado investigativo da trama, tornando a viagem ainda mais misteriosa que o habitual. A segunda parte sofre um impacto nos acordes como se estivesse te chamando para ir até o local e compreender que toda a pesquisa está errada. O aviso precisa ser dado antes que seja tarde, pois os rebeldes são aqueles que demonstram apreço pela nossa casa, a Terra. Os dominantes estão cada vez mais poderosos e poderão causar mais problemas não apenas aqui em nosso planeta, como também fora dele. Embora a estrutura musical sofra alterações, o andamento inicial retoma a ponta para interligar ao fechamento com pedais duplos de maneira magistral. Enfim, você e eu também somos os rebeldes que lutam contra as amarras daqueles que fingem ser anjos todos os dias.
“Staring at the sky”
Estamos na sexta escalada rudimentar espacial e nos damos de cara com o principal single dos canadenses intitulado “Heavy Hearts”. Nossos corações pulsam pelo Metal, o nosso sangue carrega glóbulos vermelhos, leucócitos e Heavy Metal, além da nossa alma ser feita de puro Heavy Metal. A introdução clama por vossa excelência e após o grito agudo inicial, toda a constelação se apresenta ao honorável público. O Metal pulsa em cada acorde sem dar chance do acaso tornar as coisas vulneráveis para a vertente.
“Embora as coisas pareçam perfeitas
A faísca simplesmente desaparece
As cores verdadeiras pintam as paredes, é onde elas ficarão”
O espaço visto por nós parece sempre em paz, porém apenas vemos o passado dele. Quando ficamos mais tempo olhando, estamos indo cada vez mais para trás, sem darmos conta de que o nosso futuro está virando presente cada vez mais rápido. Nossos corações são pesados e suportam todas as batalhas, e embora tudo seja muito tênue e complicado, conseguimos sobreviver com um punhado de grana.
Engolimos as lágrimas e seguimos em frente e o Heavy Metal toma conta de nós, nos protegendo como o nosso anjo da guarda. Corações e pulmões pesados, nunca desistiremos, nunca nos ajoelharemos e iremos além do jamais visto antes. Os pedais duplos elevam essa vontade de prosseguir sem dar chance para qualquer tragédia. Nosso sangue é valioso demais e não será derramado por qualquer malfeitor que deseja tomar controle de todos nós. Em meio a isso temos nuances que lembram brevemente os experimentos mágicos e históricos realizados por seus conterrâneos do Rush, principalmente pelas linhas alcançadas através do contrabaixo, enfeitado por belas melodias das guitarras. Cante novamente comigo antes do final com mais um solo fenomenal. Ih, rimou!
“Heavy Hearts
Heavy lungs
I’ll never kneel to you
I’ll swallow my tears
Heavy Hearts
Sure, they bleed
I’ll never bleed for you
This time, you’ll bleed for me”
Não se esqueça de bangear na hora do último solo, hein!
“How can we stay alive?”
Estamos sem destino e com a luz no fim do túnel apagada. Como resolver isso? Como se livrar disso? “No Fate” chega com tudo para mostrar o caminho a ser explorado. E esse caminho possui um roteiro que varia entre Mad Max e Terminator, sendo mais puxado para o segundo em questão da citação de Connor, que pode ser tanto a lendária Sarah Connor, ou até mesmo o seu filho John. A narração dá a entender que a máquina aliada começa a processar os pensamentos do personagem principal e passa a raciocinar em favor dele, sendo possível até o seu sacrifício por ele. Eu prefiro ter a impressão de que seja a própria Sarah Connor envolvida, pois a romantização da história fica bem melhor e mais adaptada para a leitura.
Entretanto, não se pode ter a certeza disso por conta do início dos versos. Tudo começa em um hospício com a alegação de que quem está contando a história, está trancado lá e diz que se você soubesse o que ele sabia referente a destino temporal, a morte é apenas uma porta e o tempo é apenas uma janela.
“Connor, em sua homenagem, eu morro
E finalmente
Agora eu sei porque os humanos choram”
Máquinas Vs. humanos
A maquinaria solta muita fumaça, pois deseja ser veloz e imponente. O espaço para o Metal transcendente é ocupado por completo e a canção toma forma logo de cara. Assim, a ligação entre tema e som se tornam uma coisa só. Tudo isso com o intuito de promover a interminável guerra entre máquinas e humanos. As malditas máquinas surgem através de circuitos e do fio, enquanto as guitarras espalham suas melodias e peso afiados através de circuitos e do fio que conduz seu arsenal até os amplificadores e retornos. Não apenas elas como também o baixo afiado e preciso, além da bateria com suas viradas incessantes.
Todavia, por conta da explosão causada pela canção anterior, esta não atinge o mesmo nível mesmo que ela possua grande qualidade. Ela traz um pouco de calma para esse caos sonoro e isso não é nada negativo, já que estamos falando de uma canção com temática futurista misturada com os tempos atuais.
“Never have to cry”
Enquanto as crianças desamparadas choram, as pessoas enlouquecem cada vez mais a ponto de perderem qualquer resquício de razão. “Vagrants of Time” mostra a inutilidade de muitas situações e revela trajetos a serem explorados para que haja alguma melhora entre presente e futuro. O tema central a ser discutido é a relação do ser humano com a tecnologia, não com relação a máquinas igual ao tema da faixa anterior, mas ao que utilizamos no dia a dia. A própria internet que se tornou praticamente um órgão externo nosso, pois dependemos dela para tudo, literalmente falando. Nós fazemos compras, nos alimentamos, conhecemos pessoas, iniciamos relacionamentos, formamos famílias e nos divorciamos, somos vítimas de vários golpes virtuais todos os dias e arrumamos todo tipo de confusão através dela.
A canção até questiona se não estamos sendo separados por forças externas. Ao mesmo tempo em que podemos conhecer pessoas que não são nossas vizinhas, deixamos de conhecer quem mora na nossa própria rua, em frente à nossa casa, no apartamento ao lado. Sabe aquele prédio E que você nunca entrou? Você mora no prédio D e mal sabe que o amor da sua vida pode estar lá, mas você se utiliza da internet para conhecer quem mora mais longe. É, entendemos bem essa separação que a letra sugere e questiona. Afinal, você e eu somos tecnoescravos e somos vigiados desde o nosso nascimento, principalmente em se tratando da geração 2000 em diante.
Os vadios dos tempos atuais
A energia não poderia ser maior ao começar a penúltima canção do espetacular “Prequel to Madness”. Somos os vadios dos novos tempos e isso é demonstrado nota após nota. Você não pode perguntar, pois a resposta está na pulsação do baixo e na condução da bateria. As guitarras iluminam as placas de vídeo e os vocais tornam a capacidade e armazenamento do computador ainda maiores. Os solos desafiam a placa mãe e unem o equipamento quase que em uma bênção para destacar o controle feito pelo mesmo. Somos controlados controlando e assim segue o baile virtual. Trechos de bateria e boa parte das melodias lembram bastante o disco único do Blind Fury, “Out of Reach” (1985).
Quantos explosivos você ainda possui nesse veículo atômico?
Possuo apenas uma “Prequel to Madness”, que é o equivalente a 140tons de peso, velocidade, técnica e feeling – palavras do próprio álbum ao ouvi-lo.
A cavalgada a partir da segunda dobra da esquina sonora detém partículas de poeira cósmica denominadas Power Metal, porém sem sobrepujar o principal assunto: o tradicional Heavy Metal.
“Ethereal Traveler”
A canção que encerra o novo expediente dos viajantes do tempo canadenses acontece em um formato com várias camadas, assim como fora destacada acima de maneira breve. Seguindo pela linha temporal, os versos nos contam que há muito tempo atrás, no futuro, o túmulo foi o nascimento. Isso acabou resultando em uma existência muito boa no conhecimento de toda precognição. Praticamente, tão ousado e forte quanto Salomão. Alguém acredita na jornada de Salomão? Salomão esteve nessa vasta terra? O que importa é o resultado de várias crenças, mitos e folclores mundanos passados eras após eras.
Existe o controle total de tudo isso e eles possuem sua alma até o decimal, através do medo pelo decibel. Junto a isso, uma crise havia começado. Que razões haviam para continuar? Nós seguimos, mesmo que alguns percebam o perigo à volta. Entretanto, a viagem entre passado, presente e futuro nunca termina. Ela segue e é acompanhada pelo som do Traveler.
Eu sou a mente que eles não podem conter
A intro da canção é muito convidativa ao baile categórico do mais puro suco do Traditional Heavy. Mas, se engana que a leveza e a calmaria pairam por aqui. A crise traz o Speed Metal como essência e você descobre maneiras e razões para continuar seguindo em frente. Cada vez que se escuta os bumbos estourando as caixas de som, você percebe a fúria de cada alma enfurecida com o grande emaranhado. Você pode ser adepto de qualquer mitologia, pois o caos fez aparecer diversas delas. Você escolhe a que melhor lhe cai bem e está tudo certo. Porém, é bom lembrar da energia misantrópica e suas nuances sonoras. Acredita que após os dedilhados de violão junto com toda a estrutura sonora pode ser encontrado vestígios de Visigoth?
Os solos desafiam a gravidade e abrem caminho para mais velocidade. A massa e sua pobreza pós-moderna é fruto de um conflito muito antigo, enquanto as palavras dançam e se destacam nas telas ao exibirem um romance quântico conectado. Este que, por sua vez, rebita em sua mente e conecta á sua negatividade primordial. Os dedilhados escalam as montanhas mais altas para observar o mais alto possível e entender o mínimo sobre a vastidão do universo e seus conflitos, muito mais arrasadores do que os daqui da nossa mãe Terra. Embora, estejamos a passos largos de perdê-la para sempre. Portanto, podemos dizer que a figura do homem sem nome, sendo também o viajante etéreo, é o olhar sobre a linha do tempo e toda a destruição que se pode causar.
O final é dedicado aos violões mais afinados das melhores canções com trechos nesse formato esplêndido. Um desfecho apoteótico para poucos.

Curiosidades intergalácticas e entropia conclusiva
O Traveler manteve sua premissa de ser uma banda que explora o universo, mas sem deixar de fazer comparações com o que acontece na Terra. É uma ideia inteligente de explanar sobre muitos dos descasos que ocorrem por aqui, porém acaba se tornando um pouco abstrato quando misturam as linguagens científicas e de rua. Entretanto, isso não é demérito algum, pois eu mesmo escrevo dessa forma, variando entre o real, a fantasia e determinados termos ligados ao enredo citado.
Certamente, o desafio ao lançar um terceiro disco de estúdio é bem grande para todas as bandas que alcançam essa marca. Afinal, é como dizer para si mesmo o que será daqui para frente. Quanto ao Traveler, a banda demonstrou estar vivendo o seu melhor momento criativo e cada vez mais mergulhada no Heavy Metal tradicional, com excelentes doses de Speed e um temperinho especial de Power para dar aquele clima no momento certo. E os canadenses acertaram em cheio!
Termos encontrados nas escrituras cibernéticas do Traveler
A Via Appia, em latim, é uma das principais estradas da antiga Roma. Recebeu este nome em memória do político romano Ápio Cláudio Cego, que iniciou sua construção em 312 a.C. Inicialmente a estrada estendia-se de Roma a Cápua, numa distância de 300 quilômetros. Em italiano o nome é um pouco maior, sendo Via Appia Antica, e em nosso idioma podemos citar como Via Ápia.
Merck é uma empresa e seu nome original atende por Merck KGaA. Trata-se de uma empresa alemã da indústria química, farmacêutica e de ciências biológicas fundada em 1668 com sede em Darmstadt. Nem é preciso aprofundar muito o assunto para entender a desconfiança encontrada em letra, não é mesmo?
Sobre a tripulação do ônibus espacial
JP Abboud canta como nunca nesse full length e utiliza sua habilidade com as partes agudas nos momentos em que realmente se pede e isso acaba por se tornar uma arma e tanto em favor do vocalista. Assim sendo, é algo que eu costumo comentar sobre o vocalista saber utilizar suas habilidades especiais. A dupla de guitarristas Toryin Schadlich e Matt Ries mostrou um entrosamento muito acima da média, promovendo altos recursos dentro de cada música, utilizando muitos artifícios do estilo, seja durante a criação e execução dos solos e também das bases. Jake Wendt representa com muita competência, técnica e feeling a condução de seu baixo, sem deixar o mesmo retilíneo e sempre presente nas linhas das canções. Por fim, foi premiado com a exímia apresentação no single “Heavy Hearts”, só para exemplificar.
Contudo, ainda tivemos a participação especial o baterista Chad Vallier e o baixista Dave Arnold nas faixas “Mayday” e “Rebels of Earth”. Em resumo, também foram muito competentes e contribuíram em favor de um dos melhores lançamentos de 2024.
“Give me all your money
Mind and body now
Your body works for meThere’s predator and prey
And every single day
The people will still die”
nota: 9,3
Integrantes:
- JP Abboud (vocal)
- Toryin Schadlich (guitarra)
- Matt Ries (guitarra)
- Nolan Benedetti (bateria)
- Jake Wendt (baixo)
Músicos convidados:
- Chad Vallier (bateria – faixas 1 e 5)
- Dave Arnold (baixo – faixas 1 e 5)
Faixas:
1. Mayday
2. Take the Wheel
3. Dark Skull
4. The Law
5. Rebels of Earth
6. Heavy Hearts
7. No Fate
8. Vagrants of Time
9. Prequel to Madness
Redigido por Stephan Giuliano