A dualidade é um dos alicerces essenciais no desenvolvimento do Metal e seus subgêneros. E vamos novamente refletir sobre essa frase que inicia o quadro. Eu só conseguiria pensar em bandas ou projetos nos quais a sonoridade dualística. Ou seja, se a dualidade for um elemento inerente das mesmas. Aquela capacidade de transitar entre o caos e a calmaria com maestria, já supracitada anteriormente aqui. Quando a banda é muito mais aclamada e definida pela sua sonoridade agressiva, suja, pesada, direta e reta durante mais de três décadas, porém possuí um dos melhores exemplares de dualidade já feitos na história do Metal, é essa a premissa que estimula este quadro meus caros.
Depois de algumas semanas revisitando a discografia do gigante do Thrash americano, Overkill, eu concluí que ao longo de mais de 35 anos de estrada, nada se compara a “The Years Of Decay” quando se trata da dualidade fundamentada aqui. “Nooossa, mas uma faixa só burtini?” Isso mesmo caro leitor, assim como o Pantera, o Overkill possui um momento muito distinto dentro de um único registro, que vale a pena ser celebrado aqui.
“The Years Of Decay”
“The Years of Decay” , faixa que carrega o nome do registro lançado há 31 anos , é uma viagem melancólica, divagante. Inicialmente em forma de um monólogo intenso de alguém que já viveu e viu muita coisa. Alguém que não pode ser capaz de evitar o decair da vida, o tempo obstinado e severo do qual ninguém é capaz de escapar. ”Os dias se tornam semanas, e as semanas, anos”. Tudo isso na voz inconfundível de um Bobby Blitz. Pois, ele ainda prezava pela melodia do seu vocal. Além disso, lhe acompanhava um dedilhado acústico que casa perfeitamente com toada a descrição da viagem.
A dinâmica da voz de Blitz e da bateria
Até que sentimos uma sensação de eminência surgindo, a voz de Bobby vai crescendo junto com a bateria, e da inicio a toda a uma revolta interna, inquietante, mas também passa uma ideia de alívio, necessidade de extravasar e se rebelar contra algo. A mensagem que essa música trás é intrigante. Pois, dependendo do seu estado de espírito, podemos interpretar como uma luta diária e constante. Uma necessidade de seguir em frente mesmo caminhando pelos “anos de decadência” ou só um desabafo de um músico exausto de extensivas turnês de divulgação, não deixa de ser intrigante.
E a faixa conclui de forma épica com um riff grandioso, cortesia do lendário Bobby Gustafson, enquanto Bobby Blitz e D.D Verni cantam ao fundo.
Se estendendo por quase 8 minutos de audição, essa canção é um diferencial em toda a discografia do Overkill. Eu poderia citar outros exemplos, mas nenhum chega perto do que fizeram aqui, uma dualidade musical muito eficiente.
Dedico o quadro dualidade de hoje, não só a faixa título, mas o registro como um todo desde a faixa “Time To Kill” até “E.vil N.ver D.ies”. Até porque, “The Years of Decay” é um dos maiores clássicos do Thrash Metal mundial e merece audição de cabo a rabo.
The Years of Decay:
Redigido por Giovanni Vaz