A dualidade é um dos alicerces essenciais no desenvolvimento do Metal e seus subgêneros. Desde os primórdios do que viria a ser o Heavy Metal Tradicional propriamente dito, ainda no final da década de 70, havia uma necessidade e pressão por conta das gravadoras de se fazer hits radiofônicos mais acessíveis e simples ao ouvintes. Digamos sem medo, que 9 em cada 10 bandas veteranas do gênero, se arriscaram em desviar um pouco da aclamada sonoridade mais direta e reta orientada por riffs marcantes e vocais rasgados para compor uma balada ou um belo exemplar de dualidade, transitando perfeitamente entre a melancolia, mansidão dos vocais, e o peso do instrumental.
A questão aqui é que isso veio a dar muito certo no decorrer dos anos, seja por pressão de lançar algo mais acessível ou não. Apesar de não ser uma regra, uma balada ou um momento mais reflexivo e imersivo no decorrer do álbum se tornaram algo muitíssimo bem vindo em pouco tempo, eu diria até, que foram exigidos por alguns fãs. E se tem uma banda que fez pós-graduação em “composição de baladinha”, essa banda foi o Accept. Desde o seu debut há mais de 40 anos atrás até os dias de hoje, a banda do Tio Hoffmann vem colecionando uma serie de joias em sua discografia, algumas delas como “Breaking Up Again” cantada impecavelmente por Peter Baltes, e “Can´t Stand The Night” na voz inconfundível do Sr. Udo Dirkschneider, ambas presentes no álbum “Breaker” de 1981, são alguns dos exemplos mais conhecidos. Porém, temos aquelas joias escondidas de alto quilate, infelizmente esquecidas no baú, como “The King” do álbum “I´m Rebel” de 1980, novamente na lindíssima voz de Peter Baltes, e “Mistreated” do álbum “Eat the Heat” de 1989, na voz do injustiçado David Reece em sua breve passagem pela banda.
Desde de sua ressurreição no ano de 2010, com o clássico moderno “Blood of The Nations” e a estreia do mestre Mark Tornillo no Accept, na época com cinquenta e tantos anos, o patrão Wolf Hoffmann e Peter Baltes, cinquentões completos, mantiveram a tradição de sempre nos presentear com uma joia no meio do registro…Qual a necessidade de citar a idade você pergunta? Digamos que com a idade vem a experiência, uma capacidade maior de autoconhecimento, esperança de dias melhores e muita pancada da vida, e desde o retorno triunfal da banda, todos os álbuns subsequentes possuem um momento de calmaria no meio da porrada, todas na voz de Mark Tornillo, que tem um dom diferenciado pra interpretar suas canções, sempre com um desempenho vocal genuíno, e o patrão Wolf Hoffman é o responsável por arranjos e harmonias instrumentais incríveis e de beleza sonora sem igual.
Sem mais delongas meus caros, hoje selecionamos quinze dos melhores exemplares da dualidade muito particular do Accept, dos anos iniciais até mais o recente lançamento, “Too Mean To Die”, que com certeza ajudou a estabelecer a presença da humilde balada como um aspecto muito requisitado e esperado em um registro do gênero.
Sessão Dualidade:
Redigido por Giovanne Vaz