Durante uma entrevista ao canal Todo Dia Um Rock, o guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, falou sobre como ele enxerga cenário atual do metal no Brasil. Ele também voltou a falar de sua colaboração com a cantora baiana Ivete Sangalo, há um ano, no estádio do Maracanã.
“Cara, eu tenho um programa de rádio, na 89 FM, aqui em São Paulo, se chama Pegadas de Andreas Kisser e vai ao ar todo domingo às 21h, eu faço junto com meu filho Johan Kisser, e já estamos no ar há 12 anos. É uma marca que eu nunca imaginei… ter um programa de rádio com tanta longevidade numa rádio fantástica que é a 89, com muita história, e tudo.
E o metal está mais forte do que nunca. No meu programa, 80% do espaço são para bandas nacionais, com entrevistas, rolar música, e não é só uma coisa específica do metal. É o metal e suas influências, eu já toquei projetos paralelos, por exemplo, o do Mariutti, que não tem muito a ver com o metal… o irmão dele o Hugo Mariutti que também fez uma coisa bem mais etérea, enfim… Rolou de tudo, desde Beatles até Napalm Death. Até coisas mais recentes, até o grind do Desalmado e tudo. Mas é um espaço para o metal nacional, seja o estilo que for, eu faço a entrevista, rolo a música, divulgo shows que estão acontecendo bastante, você vê esses festivais cada vez mais vindo para cá, o Summer Breeze, que mudou de nome, o próprio Rock In Rio, infelizmente não está com um dia de metal, mas sempre trouxe o metal para cá.
Então eu acho que está muito fértil, o metal é um estilo muito inclusivo, muito democrático, você vê muitas mulheres participando, você vê o Rob Halford do Judas Priest assumindo ser homossexual e ninguém queimou disco do Judas Priest, nem fez boicote para a banda, nem nada, é uma galera que tem uma mente aberta. Então o metal é isso, essa coisa bem democrática mesmo, de aceitar outros estilos para desenvolver. O próprio Sepultura com a música brasileira, o Metallica com a música country, a Noruega com as influências da Noruega, e cada região vai criando seu próprio estilo.”
Questionado sobre a experiência de tocar com as cantoras Sandy e Ivete Sangalo, ele respondeu:
“Eu amo, é o que eu mais faço. Eu já ganhei na MTV o troféu de arroz de festa, com muito orgulho [risos] porque eu toco com todo mundo mesmo. Já gravei com os Paralamas, com os Titãs, com o Skank, Ira!, Roberto Carlos, Chitãozinho e Xororó… eu já toquei com tanta gente diferente e para mim é um privilégio, é uma honra ser respeitado por essa galera, Zé Ramalho, Orquestra Sinfônica Brasileira. E a Sandy é minha comadre, a Sandy é família. A Patrícia, minha esposa que faleceu era madrinha do Téo, do filho da Sandy, então tem uma conexão muito forte entre as famílias e tudo, e é sempre um prazer estar com a família. Sempre é uma alegria estar com eles e tocar alguma coisa, a Sandy também é muito versátil, ela canta pra caralho, e ela adora fazer esses lances. fizemos Beatles também, Metallica, Evanescence, umas coisas bem legais naquela festa lá.
E a Ivete Sangalo, porra, foi um convite irrecusável. Ivete Sangalo é Ivete Sangalo, caralho! Uma força da natureza… ver aquela mulher trabalhar de perto é maravilhoso, a noção que ela tem de tudo o que acontece, e a falta de medo, de realmente misturar e fazer as coisas acontecerem. No ensaio foi lindo, porque ela tinha tudo na cabeça, ‘Olha, faz esse negócio aqui, faz aquela parte da música do Sepultura, aí você entra e faz o solo, e tal’.
Foi sensacional, eu fiquei muito honrado e feliz com o convite, um show de final de ano, no estádio do Maracanã, ela gravando um especial para a Globo, e aquela música já é pesada, já tem uma guitarrada ali que não foi difícil de adaptar. Foi uma experiência maravilhosa, e quanto aos comentários, porra mano, é o que é, né? Qualquer coisa que você faz você vai ter os haters e os lovers, eu amo todos, inclusive os haters… principalmente os haters [risos].
E eu fiz porque é uma experiência única, trabalhar com uma das melhores artistas, é o Michael Jackson do Brasil, artista gigantesca do Brasil com uma influência e uma diversidade absurda, e ela respeitar o Heavy metal e o Sepultura e me convidar para fazer parte de um especial tão importante na carreira dela, porra… super honrado. Faria 15 vezes, de novo!” [risos]