
O Sepultura é a banda brasileira mais conhecida e de maior sucesso no exterior, não há a menor dúvida. Atualmente, eles estão em uma turnê de despedida e também comemorando seus mais de 40 anos de estrada. Contudo, ao longo de sua jornada, muitos criticaram o Sepultura acusando-os de não ajudarem a divulgar outras bandas do Metal nacional no exterior. Refletindo sobre este assunto durante uma entrevista ao podcast Entrando na Mente, o crítico musical Regis Tadeu observou:
“Eles não têm obrigação nenhuma disso. A pessoa que fala, ‘Pô, o Sepultura não falava das bandas nacionais nas entrevistas lá fora’… Cara, eles não têm obrigação nenhuma de fazer isso. Esse é o grande problema, inclusive, do rock, das bandas de metal nacionais, elas sempre ficam achando que alguém tem que vir aqui no Brasil, pegar pela mão e levar para a Europa. Não!
Essa crítica eu percebo muito mais em relação ao Sepultura, aliás, tem um documentário a respeito disso, cara. Os caras falando que o Sepultura não deu nenhuma abertura, não falou de ninguém da cena de Belo Horizonte, mas eles não tinham a menor obrigação de fazer isso. Eles estão fazendo o deles. O Sepultura está fazendo o dele? Então vai fazer o seu!
‘Ah, os caras do Dr. Sin ninguém falou deles’, cara, vai fazer o seu! Eles tentaram, mas não deu certo.”
Ele acrescentou:
“Cara, a cena brasileira precisa se valorizar. Para começar… Não adianta ficar pedindo esmola de atenção. Vai lá e faz o seu trabalho. ‘Ah, o público brasileiro paga pau para gringo’… Tem umas entrevistas do Edu Falaschi que é uma coisa constrangedora, ridículo aquilo. Aquilo presta um desserviço para a cena brasileira, esse tipo de coitadismo.”
Regis também falou sobre a importância da uma gestão de carreira e divulgação citando os Ratos de Porão:
“O Ratos de Porão, por exemplo, merecia ter um reconhecimento internacional muito maior do que a cena underground que eles têm na Europa. O grande problema também é que ali faltou gestão de carreira, e é uma coisa que eu sempre falo nas lives com o Paulo Baron, cara, não adianta, se você não encarar a sua banda como uma empresa, você não vai sair da garagem com a parede forrada com caixa de ovo.”
Ele acrescentou:
“Começa pela divulgação. Hoje em dia é uma coisa tão fácil você fazer divulgação, você não precisa nem mandar disco, você manda link. O problema é que as pessoas ficam aqui no Brasil com esse coitadismo, ‘Poxa, ninguém vem aqui descobrir a gente. A gente faz um som tão legal e ninguém…’ Claro, ninguém vai vir aqui buscar você pela mão! Então se você não tem gestão de carreira, se você não tem alguém sacando que houve uma boa receptividade no exterior, e foi lá e pagou para abrir… Cara, as pessoas falam, ‘Ah, a banda não sei o que pagou para abrir show de banda gringa!’ Fez muito bem, é assim que funciona! Não é demérito, é assim que funciona! Você acha que a banda vai vir aqui no Brasil e dizer, ‘Eu gosto muito do som de vocês, vem abrir minha turnê.’ Não, cara! Então é uma mistura de coitadismo com ingenuidade.”