O guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, esteve recentemente em uma bate-papo com Zé Luiz e Bebé Salvego do Splash Uol e, questionado se ficou satisfeito com o resultado das regravações de “Bestial Devastation” e “Morbid Visions” dos irmãos Cavalera, Andreas respondeu:
“No final das contas, se eles estiverem curtindo, whatever!.. O que isso importa a opinião também? Mas eu acho assim, muito fraco artisticamente, né? Eu acho totalmente irrelevante e sem sentido nenhum, principalmente para um cara como o Max, que fala que fala que fez tudo sozinho, que é o cara mais criativo do mundo, ‘Eu fiz isso, fiz aquilo’… E chega num momento ele perde o tempo e a criatividade dele fazendo coisas que a gente fez há 30, 40 anos atrás, com um som diferente. Valor artístico zero, não tem sentido nenhum isso.
O que faz o Troops of Doom por exemplo, que é a banda do Jairo, que foi o primeiro guitarrista do Sepultura, faz aquilo honestamente. Inclusive, o Troops of Doom saiu primeiro, depois que o Max e o Iggor foram lá fazer uma cópia do que o Troops of Doom fez… E o Troops of Doom faz essa homenagem à essa época, fazendo som novo, original, algumas versões daquela época onde o Jairo é compositor também… Muito mais legítimo, uma proposta nova, uma proposta de hoje, né? E não simplesmente explorar uma parte da história só porque uma tecnologia talvez tenha um som um pouco melhor ou outro.
Eu acho que é muito desrespeitoso com tudo aquilo que… Eu falei agora, em 1987, a gente se dedicou muito para fazer aquele disco, o Schizophrenia, que é um processo que eu participei, foi meu primeiro disco com o Sepultura – trouxe todas as minhas ideias, mudamos o conceito da letra, eu trouxe as minhas letras, não estava falando mais de Satanás, anticristo, evil, e não sei o quê… Estava falando mais do que a gente vive hoje, infelizmente: ansiedade, crise de pânico, essa coisa que a juventude… Suicídio. Esquizofrenia… Pressão da sociedade, pressão em tudo, aquilo eram as minhas letras. Fatos históricos… Essa coisa do neonazismo que a gente está vendo hoje, ‘educando’ os jovens de hoje de uma maneira impressionante, né? E a gente vive esse tipo de coisa, que tipo de educação a gente está passando? Que ainda as pessoas se inspiram na ideia fascista, na ideia do imigrante, que não sei o quê, que está atrapalhando e etc.
Então, o Schizophrenia, ele é um marco. O processo que eles fizeram hoje é irrelevante no aspecto histórico da banda. Uma coisa mais para eles terem alguma diversão e algum trocado, talvez, sabe? Mas, putz… Realmente é triste. Eu acho que eles fazem um desserviço ao próprio passado.”
Assista a entrevista completa abaixo: