O vocalista do Sepultura, Andreas Kisser, contou a Metal Hammer quais são as cinco canções que definem a carreira da banda. Ele justificou a escolha de cada uma delas, como veremos a seguir com a transcrição do Mundo Metal:
5. “Guardians of the Earth” (2020)
“Essa é do último álbum, um dos mais importantes da nossa carreira e nós estamos passando por tudo agora nessa turnê por causa do Quadra, você sabe que sobrevivemos ao lockdown com o álbum que criamos para o evento Sepulquarta, um álbum que saiu disso.
Guadians of the Earth é especial porque musicalmente é uma música que eu queria incluir mais violão acústico, não apenas como introdução, mas principalmente como parte da música em si.
É por isso que tem uma parte longa no começo com bateria, cordas, violão, violão acústico, e então o fogo vem… E começa destruindo tudo que você conhece, a distorção e os gritos, etc., e tem essa linda guitarra também muito simples, mas muito significativa para tudo o que você conhece, a beleza da natureza e outras coisas, independente do que fazemos com a natureza. Ela está lá. A beleza está lá. Então precisamos aprender com ela, e não destruir as coisas.. Esse é outro tema sobre o qual falamos, especialmente em Kaiowas no Chaos A.D.”
4. “Kairos” (2011)
“Kairos representa um novo capítulo na carreira do Sepultura, porque fizemos Roorback, Dante, e então Alex com as trocas de bateristas… Foi um período muito difícil da nossa carreira, passamos diferentes empresários e gravadoras e coisas assim, para então chegarmos na Nuclear Blast, e eu lembro de mim e Derrick e um dos nossos empresários, fomos jantar com Markus Staiger na época, ele era o dono e fundador da Nuclear Blast, e foi uma reunião fantástica.
Ele conhecia toda a história do Sepultura, e foi uma das maiores conquistas para a sua gravadora ter o Sepultura com eles, ele ficou muito feliz. Então fomos um pouco crus, tiramos a percussão, não tiramos tudo, mas uma boa parte da percussão, da maioria das cordas, orquestra, e etc. e focamos apenas nas guitarras, bateria, baixo e vocais. Foi isso que fizemos.”
Derrick Green acrescentou:
“Acho que quando o Andreas veio com o conceito de Kairos e explicou o seu significado, estar naquele momento fez muito sentido e sempre faz ao tocarmos essa música. É como sentir arrepios só porque este momento está acontecendo, e é tão poderoso.
Muitas pessoas esquecem que estão sempre pensando no passado, e isso descreve o Sepultura de muitas maneiras… Como esquecer todas essas coisas e apenas estar no momento e estar focado em fazer o show e tocar a nossa música.
Isso tem um impacto tão forte trabalhando com Roy que é ótimo. Como Andreas estava dizendo, liricamente nos empurrando para os elementos que dentro de nós, e não ter medo, não ter medo de cometer erros.
É só relaxar e estar naquele momento e não precisa ser perfeito. E isso realmente nos deu confiança e estávamos trabalhando com o baterista Jean Dolabella para o segundo álbum, então isso foi ótimo. Quando tocamos essa música é como o fogo incendiando o ambiente, e é ótimo ver a reação dessa nova geração que está chegando.”
3. “Roots Bloody Roots” (1996)
“Essa tinha que estar. É um álbum que realmente nos fez explodir, naquela direção brasileira com percussão, tribos xavantes, Carlinhos Brown… E a música que abre o álbum você conhece a letra e de onde viemos, a maneira como retratamos o mundo como brasileiros e não tivemos medo de trazer esses elementos para a música. Gostávamos muito dessa vibração.
Estávamos trabalhando com Ross Robinson, e ele sempre nos estimula para o erro e nós cometemos esse erro que é muito feliz porque estávamos quebrando limites, descobrindo coisas novas, nos colocando fora da zona de conforto, então Roots tem tudo a ver com isso… Ampliar nossas habilidades e possibilidades.
Roots representa isso, quero dizer, é a música do Sepultura por si só. Você sabe do que se trata. Somos do Brasil, somos heavy e é isso que fazemos. Roots é uma referência até para nós em termos de som, e é sempre um ponto de referência em nossa história, e tantos músicos foram inspirados por aquele álbum, tantas bandas do new metal. Quando tocamos ao vivo é uma grande explosão, porque toca não apenas os fãs do Sepultura, mas outras pessoas. Pessoas normais [risos]”
2. “Territory” (1993)
“Territory é uma das nossas maiores músicas, do álbum Chaos A.D., e acho que representa as vibrações brasileiras que estávamos trazendo para a música de forma mais intensa. Acho que a introdução do riff de bateria que o Iggor criou é uma mistura fantástica de heavy, hardcore, metal e ritmo brasileiro.
Até hoje é uma das introduções de bateria mais originais na minha opinião. Representa o que o Sepultura era naquela época… Realmente era mais groove, para trazer mais desses ritmos brasileiros e até melodias, você sabe, nas linhas de guitarra, nas coisas acústicas, Kaiowas… Nós fizemos as coisas com percussão e etc., mas Territory é uma música que realmente representa o que é o Chaos A.D.”
1. “Inner Self” (1989)
“Beneath the Remains foi o primeiro álbum que fizemos com a Roadrunner para lançá-lo em todo o mundo, o nosso primeiro videoclipe que fizemos no Brasil por causa da demanda, e fomos pegos de surpresa porque estávamos no Brasil e a Roadrunner nos contatou pedindo um videoclipe que não esperávamos, mas nós fizemos no Brasil com alguns amigos, é muito caseiro, muito alternativo e foi incrível estar no Headbangers Ball e outras coisas assim.
Beneath the Remains criou um impacto que nem mesmo a Roadrunner acreditava, porque eles mudaram nosso logo, nossa capa, e outras coisas. E ficamos muito frustrados por não podermos fazer o álbum que estávamos sonhando, mas depois do lançamento de Beneath the Remains, do sucesso de Inner Self como uma música mais groove comparada com as outras coisas que estávamos fazendo em Beneath the Remains, esse disco realmente abriu os olhos da gravadora e da imprensa em geral e dos fãs que estavam tomando conhecimento da existência do Sepultura. Inner Self foi realmente a primeira introdução para muitos fãs do underground que estavam começando a seguir o Sepultura.”
Na matéria consta “Andreas Kisser vocalista da banda”. Tratar-se do guitarrista. Corrige aí \m/