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Resenha: Todd La Torre – “Rejoice The Suffering” (2021)

Gravadora: Rat Pak Records

   

Que 2020 foi um ano de relevância para o Heavy Metal, isso nós já sabemos e se alguém disser o contrário, então o cidadão certamente esteve em outro planeta ou habitou em algum mundo paralelo. Se no ano passado tivemos uma avalanche de discos excepcionais em todos os gêneros, então pode se preparar pra apostar suas fichas pois este não será diferente. Pelo que temos visto até o momento, teremos um ano de grandes lançamentos.

Em seu primeiro mês de vida, 2021 tem causado grandes surpresas aos apreciadores do bom e velho Heavy Metal e claro, aos antenados de plantão que esperam novos trabalhos de suas bandas de cabeceira ou mesmo alguns “novos” representantes do estilo.

Na lista de Álbuns Relevantes, destaque para “Rejoice In The Suffering”, disco de estreia do vocalista Todd La Torre, lançado oficialmente no dia 05 de fevereiro. Contendo 10 faixas em sua versão normal e 13 na versão DeLuxe, o disco desfila um Heavy Metal de primeiríssima classe onde já é possível afirmar o seguinte: Temos um forte candidato a integrar a lista de Melhores do Ano (por motivos óbvios).

   

Antes de mergulhar nesta viagem sonora, vale lembrar que o disco foi gravado apenas por Craig Blackwell (guitarras, baixo e teclados) e Todd La Torre, responsável pelos vocais, guitarras e bateria. Então, é hora de mergulhar de cabeça nesta maravilha. Antes porém, dá uma ligadinha para seu ortopedista e marque uma consulta pois certamente você irá precisar.


O disco abre com “Dogmata”, faixa que chega nocauteando os ouvidos mais sensíveis com seus riffs transitando entre o Heavy e o Thrash Metal. De cara, já percebemos a versatilidade nos vocais de Todd La Torre, que em seus momentos mais agressivos nos remete as linhas de vozes de Mike Howe do Metal Church, numa faixa avassaladora que prepara o ouvinte para o que vem pela frente.

“Pretenders”, chega chutando o crânio trazendo consigo uma dose espetacular de peso, vocais agressivos, riffs cortantes e La Torre mostrando que bebeu na fonte de David Wayne, da fase oitentista do Metal Church, principalmente dos discos “Metal Church” (1984) e “The Dark” (1986). Aqui, já podemos usar a tecla “Repeat”, sem moderação em uma das melhores faixas do disco. Destaques para as linhas quase imperceptíveis de teclados mas que soam grandiosas ao longo dos seus quatro minutos (que faixa excepcional).

Os riffs agressivos e abafados de “Hellbound and Down”, chegam explodindo tímpanos e numa pedrada daquela que derruba gigante, temos La Torre destruindo tudo com seus vocais fazendo contrapontos entre o grave e o agudo, numa faixa que nos remete aos últimos trabalhos do Megadeth e dos canadenses do Annihilator. Essa é aquele música que convida o ouvinte a banguear até destroncar o pescoço (que música animal).

Sem perder o peso e a agressividade é hora de “Darkened Majesty”, faixa que por trazer os vocais mais polidos e mais agudos, lembram um pouco o trabalho mais recente do Queensrÿche, banda o qual Todd La Torre é o vocalista (tem alguém que ainda não saiba disso?). Se tivesse uma competição de melhor solo do disco, pode ter certeza que “Darkened Majesty” se consagraria vencedora. Sabe aquelas dobradinhas onde as guitarras duelam e ao final, aquele solo incrível aparece destruindo tudo? É exatamente isso que ouvimos aqui.

   

Hora de tirar o pé do acelerador e mergulhar nas melodias brandas de “Crossroads To Insanity”, faixa que ganhou videoclipe (excepcional, diga-se) e que traz La Torre mostrando seu lado Geoff Tate (principalmente as partes de backing vocals) numa música belíssima que transita entre a calmaria e a agressividade, embora sua concepção seja de uma power ballad. Destaques para as base de guitarras e pro solo genial de Craig Blackwell (o cara é um monstro). Se eu gostasse de palavrão, este seria o momento ideal para fazê-lo.

É preciso abrir um parêntese para dizer o seguinte: A escolha de Todd La Torre para assumir os vocais do Crimson Glory, após a morte precoce do vocalista Midnight, não foi por acaso, bem como sua ida pro Queensrÿche, cuja escolha foi mais que acertada e ele (La Torre) foi o vocalista perfeito para assumir a vaga deixada por Geoff Tate. O cara simplesmente faz a diferença e canta muito.

Voltando ao disco: “Critical Cynic” talvez seja a faixa mais Thrash Metal do disco. Trazendo em seu início a pegada característica do estilo aliados aos riffs pesados e cadenciados, temos uma daquelas canções que flertam com a sonoridade mais moderna do Thrash, nos remetendo a musicalidade de grupos como Allegaeon, Communic e Nevermore.

Hora de conferir a faixa que dá nome ao disco! “Rejoice In The Suffering” chega com seus riffs cortantes, ritmo cadenciado, linhas de vozes agressivas e backing vocals fazendo aquela diferença. Em dado momento Mr. La Torre encarna Warrel Dane (Sanctuary) ao mesmo tempo que busca referências em Rob Halford em sua época de Fight.

Destaque para o guitarrista Jordan Ziff (Marty Friedman Band, Ratt). E já que mencionei Warrel Dane e Sanctuary: Falemos de “Vexed” e seus acordes de violões a lá “Epitaph” (Sanctuary). Numa fusão perfeita entre peso, cadência e riffs, nos deparamos com mais uma música monstruosa em melodia, vocais absurdamente agudos e um solo animal. Meu amigo, que música bem construída é essa?

   

O soco na cara com “Vanguards Of Dawn Wall”, nos obriga a fazer a seguinte pergunta: Estamos diante um novo trabalho de inéditas do Metal Church? Em mais um momento grandioso de “Rejoice In The Suffering”, temos mais uma faixa que encabeça a lista de “melhores do disco”. Numa aula de peso, agressividade, vocais irados e backing vocals lembrando o que fazem com maestria o tanque de destruição alemão, também conhecidos como ACCEPT. À propósito, se esse disco tivesse sido lançado entre 1994 e 1996, poderíamos dizer sem medo de errar que a parte instrumental foi inspirada nos álbuns “Death Row” (1994) e “Predator” (1996), ambos do Accept.

Quem poderia dizer que o início suave e tranquilo de “Apology”, se transformaria na faixa mais pesada do disco? Pra começar, é impossível não espantar com o gutural monstruoso de Todd La Torre em seu início. Alguém poderia dizer o que este cara conseguiu fazer nesta canção? “Apology”, é mais uma daquelas composições perfeitas e absolutamente insanas (musicalmente falando). Em exatos seis minutos de duração o ouvinte embarca numa música épica, pesada, dona de uma melodia belíssima com seus vocais alternando entre o grave e o gutural, solo espetacular e uma verdadeira aula de Heavy Metal. Indiscutivelmente a MELHOR faixa do disco e não se fala mais nisso! Embora estejamos falando de um trabalho que segue uma linha de qualidade sonora avassaladora, tirando o fôlego do ouvinte da primeira a última faixa (literalmente!). Numa palavra: PERFEITA!

Mais um parêntese: acredito que ninguém ousa/ousou duvidar da capacidade vocal de Todd La Torre, visto que nas apresentações ao vivo com o Queensrÿche, ele conseguiu trazer os grandes clássicos para o setlist em interpretações impecáveis (pra não dizer perfeitas) e isso já é motivo mais que suficiente para admirá-lo. Porém, o que esse cara faz com sua voz nesse disco chega a ser anormal. Não, não dá para acreditar que estamos falando de alguém que nasceu nesse planeta.

Quase chegando ao seu destino final, encontramos “Fractured”, faixa que parece ter sido retirada dos discos lançados nos anos 90 pelos americanos do Fear Factory, em especial aquela fase dos álbuns “Demanufacture” (1995) e “Obsolete” (1998). Com seus vocais lembrando Burton C. Bell em seus momentos “Clean”, nos deparamos com mais uma faixa carregada de peso, rifferama comendo solta e mais uma vez as linhas sutis de teclados dão um toque especial em mais um momento satisfatório do disco. Sabe aquela listinha onde foram classificadas as melhores faixas desse disco? Por favor, acrescente mais essa.

Abram alas para “Set It Off”. No entanto, é bom que o amigo saiba o seguinte: se você tem problema de torcicolo ou sofre de artrose, recomendo que pule esta faixa. Dobradinha de guitarras (primeira e segunda), riffs poderosos, extremamente pesados, linhas de baixo avassaladoras e a “criatura” chamada Todd La Torre, usando e abusando de seus vocais, atingindo o limite máximo do tons agudos numa provável tentativa de explodir vidraças. Seria La Torre, uma versão humana do personagem “Banshee” dos X-Men?

   

Se o indivíduo ainda estiver vivo e de pé, então é hora de se surpreender com “One By One” a faixa mais destruidora do álbum. Pra começar, é quase impossível acreditar que aquela voz de urso sendo degolado vivo é a mesma que ouvimos até aqui. Não! Definitivamente me recuso a acreditar que La Torre é o cara por trás desses vocais.

Num hibrido perfeito entre o Heavy, Thrash, Industrial e o Black Metal, somos surpreendidos com esta britadeira sonora que chega esmagando o que sobrou de nossos pobres tímpanos, fechando de forma magistral esta preciosidade sonora.

Como fora dito anteriormente: A escolha de Todd La Torre para assumir os vocais no Queensrÿche, foi sem dúvida um tiro certeiro daqueles onde o alvo é atingido em cheio. Porém, é inegável que por ser um “empregado” ele (La Torre) não tenha tanta liberdade para trabalhar e executar sua ideias. Felizmente isso aconteceu em “Rejoice In The Suffering”, onde nos deparamos com um artista completo, dono de um talento absurdo, criatividade fora do normal e por incrível que pareça, consegue se superar até mesmo como vocalista excepcional que é. Digamos que numa disputa onde a intenção seja a de quebrar recordes, Todd La Torre certamente quebraria seu próprio recorde.

Apesar de “modernoso” em quase toda sua extensão, o disco consegue traçar um equilíbrio perfeito entre o Heavy, Thrash e algumas faixas flertam com o chamado Groove Metal. Por incrível que pareça, La Torre se dá bem em todos esses campos e estilos.

Traçando um parâmetro musical e ouvindo atentamente este trabalho, podemos dizer que o vocalista foi astuto ao trazer para sua música elementos dos anos 80, 90, 2000 e evidentemente do momento atual o qual vive o Heavy Metal.

   

E para não cometer injustiças, é preciso falar dos atributos musicais do guitarrista Craig Blackwell . O cara é simplesmente uma máquina cuspindo riffs e mandando solos geniais. Se esta união perdurar, então é bem possível que tenhamos num futuro não muito distante mais um daqueles casos onde “a criatura supera o criador”. Honestamente? Não duvido que este disco seja uma avalanche de vendas. Se isso de fato acontecer, então é preciso torcer para que La Torre não abandone os vocais no Queensrÿche. O que seria um golpe devastador para a banda.

Por fim: Num leque de influências e/ou inspirações musicais, acredito que não seria exagero dizer que temos em mãos um álbum recomendado aos fãs de grupos como: Metal Church, Annihilator, Grip Inc, Testament, Heir Apparent (fase atual), Fear Factory, Sanctuary (antigo), Nevermore, Crimson Glory, Vicious Rumors, Judas Priest (fase Ripper Owens), Overkill e Queesnrÿche da fase atual, claro.

Em resumo: Um dos grandes (e importantes) lançamentos de 2021, até o momento.

Altamente recomendado.

Faixa de destaque? Todas

   

Nota. 9,7

  • Integrantes: .
  • Todd La Torre (vocal, bateria)
  • Craig Blackwell (guitarra, baixo e teclado)
  •    
  • Participações Especiais:
  • Jordan Ziff (Marty Friedman Band, Ratt) – Guitarras em “Rejoice In The Suffering”.
  • Al Nunn – Teclados em “One By One”
  • Faixas:
  •    
  • 01. Dogmata
  • 02. Pretenders
  • 03. Hellbound And Down
  • 04. Darkened Majesty
  • 05. Crossroads To Insanity
  •    
  • 06. Critical Cynic
  • 07. Rejoice In The Suffering
  • 08. Vexed
  • 09. Vanguards of The Dawn Wall
  • 10. Apology
  •    
  • Bonus Tracks (Deluxe Version)
  • 11. Fractured
  • 12. Set it Off
  • 13. One by One
  •    
  • Redigido por Geovani Vieira
   
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