A banda dinamarquesa de Power Metal, Pyramaze, lançou seu sétimo full length chamado “Bloodlines”.
Então, quer dizer que os dinamarqueses do Pyramaze acabaram de lançar um novo trabalho? Podemos dizer com toda a certeza que sim!
Sem tanta badalação, os representantes de um dos crucifixos escandinavos contornados pelo vermelho em sua flâmula estão de volta com uma nova obra a ser apresentada por aqui, com o intuito de ser analisada como tal para o aprecio de nossos caríssimos leitores.
Certamente, você deve estar esperando algo tão qualificado quanto seus discos anteriores. Correto? A resposta veremos juntos após os comerciais.
Decifrando o novo código dinamarquês
Decerto, até o presente momento, “Contingent” (2017) segue sendo o melhor trabalho da banda. Isso de acordo com o pensamento crítico e o gosto pessoal do autor dessa nota. O álbum mais recente, “Epitaph”, também apresenta ótimas canções e conseguiu manter a banda no prumo e em alta no quesito “múzga da boa”.
Como podemos ver, nem só de Artillery ou Pretty Maids vive a Dinamarca! Isso sem sequer mencionar King Diamond & Mercyful Fate. Portanto, nunca é bom duvidar da capacidade de uma localidade ao tratar sobre o Heavy Metal como um todo. Certamente, poderíamos citar outras diversas bandas desse magnífico país, porém não é o caso.
Assim sendo, basta citar os pilares do Heavy e do Hard para entender aonde queremos chegar com tudo isso. Quanto ao Pyramaze, a banda já está consolidada e busca se tornar cada vez mais relevante dentro de um cenário tão disputado quanto a cena de Power Metal ao redor do planeta.
De acordo com informações obtidas junto ao site oficial da banda, para gravar o novo álbum, foi feita uma nova assinatura com a AFM Records, dando início a mais uma saga com essa parceria.
Informações iniciais de “Bloodlines”
“O Pyramaze voltou a assinar com a AFM Records para o lançamento de seu sétimo álbum. Tendo verdadeiramente marcado seu som, este lançamento combina sua mistura contagiante de Metal melódico, vocais poderosos e riffs de guitarra. O novo álbum pinta uma paisagem sonora rica em tons cinematográficos e refrãos contundentes, com participações vocais de Melissa Bonny (Ad Infinitum).”
Um dos pontos favoráveis para isso acontecer é a voz de Terje Harøy, com um timbre bastante agradável e que não atinge negativamente nem mesmo os ouvidos de quem não é tão adepto do estilo. Isso é um ganho muito importante para a conquista de um público maior dentro do Metal, além dos muitos fãs desse nobre subgênero.
Vale ressaltar com toda a certeza a revelação da surpresa do comentário acima, encontrado no site do Pyramaze. A participação especial da vocalista Melissa Bonny em um dos singles é algo a ser analisado detalhadamente dentro do tracklist do álbum, assim sendo uma situação um pouco diferente de quando se escuta o single solto.
Iniciando os estudos da nova linhagem sanguínea musical
Sem qualquer tipo de cerimônia quanto ao tracklist, a banda inicia sua jornada logo com a faixa-título para cravar mais uma nova estaca na cena Metal. “Bloodlines” é uma faixa instrumental com toda a pompa cinematográfica, evidenciando toda a magia envolvida (normalmente) em um álbum de Power Metal. A voz feminina e os arranjos orquestrais abrem as cortinas para um breve conjunto de notas do principais instrumentos de guerrilha sonora dar as boas vindas ao ouvinte.
“Taking What’s Mine” chega com todo o poder de um druida controlador das florestas. Os teclados de Jonah Weingarten elevam a aura da canção logo em seu início, remetendo aos trabalhos de bandas como Battle Beast, por exemplo. Tudo isso somado aos esforços imprescindíveis do baterista Morten Gade Sørensen.
Já as guitarras soam mais Hard, enquanto os vocais de Terje Harøy trazem certa distorção que liga os pontos para isso, tornando a ideia ainda mais forte e vibrante. Sua sequência quase entra em um universo Pop, mas recua brevemente e não deságua em maus lençóis, só para ilustrar.
A tradução literal “pegando o que é meu”, pode ser associada ao fato da banda estar utilizando seus próprios artifícios para compor suas canções, em especial essa que atende pelo número 2 na ordem do disco.
Diante da fortaleza
“Fortress” encontra os mares das harmonias mais potentes com grandes combinações de notas e se mostra imponente a ponto de lembrar outro ótimo expoente do estilo, The Lightbringer Of Sweden.
Através de uma comparação desse porte, a canção ganha ainda mais importância, principalmente por ser o segundo single lançado pela banda no dia 24 de março, reforçando a boa divulgação do novo artefato giratório brilhante.
Os vocais de Terje Harøy alternam e ganham mais drives, acompanhando a sonoridade que desempenha um papel brilhante quanto à trama. As trilhas, teclados e orquestrações contornam de maneira assertiva e condizente para que tudo se sobressaia de maneira honesta e equilibrada.
Os versos contam sobre alguém que vem a ser o rei de determinado local, com o intuito de que seja preciso administrar o território para que não seja tomado com facilidade pelos inimigos.
A batalha foi vencida e agora a intenção é proteger o local com fogo, ou seja, com todas as forças. “É melhor você administrar esta cidade / Você precisa de suas costas contra a parede / Não deixe que as emoções o arrastem para baixo / Oh / Você vai ter que usar aquela coroa / Você terá que mostrá-los de uma vez por todas / Que eles nunca podem te derrubar” – desse modo, a figura principal precisa cuidar da fortaleza a qual ela chama de lar.
O primeiro single lançado, agora inserido no álbum
Ao passo que o rumo do álbum toma, chegamos diante de “Broken Arrow”, faixa que mistura a receita apresentada em cada uma das canções anteriores.
Trata-se do primeiro single divulgado e lançado pela banda, na qual a mesma alega ter sido uma escolha bem simples, já que a canção envolve muito de sua sonoridade habitual e original como um todo. Assim, tendo uma junção bem abrangente entre a era “Disciples Of The Sun” e a sonoridade contida em “Epitaph”. Só para ilustrar o complemento, o single foi lançado no dia 3 de fevereiro.
Com elementos melódicos e até mesmo radiofônicos, além de boas doses de sinfonia, a faixa possui uma energia comovente e vibrante, sem precisar passar recibo a ninguém.
Porém, todo cuidado é pouco para não cair nas tentações do Hard Rock mais meloso de bandas famosas e estranhas, para não dizer coisas que desfoquem a leitura. Vale uma conferida em seu refrão:
“I’m like a broken arrow
I don’t know where I end or I begin
I’m heading for a war that I can’t win
I fight for the right side
Still I’m losing pace and time
I get if it’s on me
But I’m just finding ways to feel alive”
Grudou o refrão na cabeça? Segura que ainda tem muito mais!
Adentramos literalmente na metade de “Bloodlines”!
Depois que passamos pelo mar de riquezas e dúvidas quanto ao direcionamento dessa embarcação, surge em alto mar “Even If You’re Gone” e, mesmo que você for embora agora, se lembrará ao menos do pouco que ouviu até aqui. É assim que funciona essa fórmula mágica.
Um misto de Power e Symphonic com linhas melódicas sob medida é entregue aos bons ventos, encarregados de levar a mensagem aos quatro cantos da Terra.
Bons arranjos do guitarrista Jacob Hansen entoam o ritmo, hora mais cadenciado, hora um pouco mais dinâmico, sem acelerar tanto o compasso. O baixo demarca as passagens sonoras com maestria, ampliando o peso e o equilíbrio da canção, principalmente em seu riff introdutório. Além da própria bateria de Morten Gade Sørensen, tanto em questão da ala pesada entre bumbos e tons, quanto em relação ao jogo de pratos com excelente marcação e técnica apurada.
A segunda parte da canção traz mais drama e emoção, de acordo com as linhas vocálicas acrescentadas por Terje Harøy.
Os temas orquestrais envolvem a faixa de maneira que possa se tornar um ícone dentro do disco e, possivelmente uma trilha para algum filme de aventura e investigação de algum artefato mágico.
Juntemo-nos à límpida aliança com uma bela convidada
Melodias doces de piano e arranjos leves de violino colocam em primeiro plano a canção “Alliance”, assim se tornando uma balada do álbum, juntamente com a participação da vocalista do Ad Infinitum, Melissa Bonny.
Dessa forma, o duo está formado para purificar os tímpanos e acalmar os ânimos. Alternando as partes e juntando as vozes a partir da terceira estrofe, os cantores engradecem a canção, que em seus acordes, não apresenta muita coisa diferente. O destaque fica para o tecladista Jonah Weingarten e o timbre de bateria de Morten Gade Sørensen, que se sagrou de modo bastante evidente.
Somando tudo, esse é o terceiro videoclipe lançado pelos dinamarqueses.
Contudo, as estrofes apresentam os diversos pontos causados por uma aliança. Principalmente se a ideia for de uma aliança duradoura, passando por vários percalços e se reforçando cada vez mais. Seja uma aliança de matrimônio, ou até mesmo uma parceria entre amigos, ou inclusive uma aliança entre países, pode mudar o mundo dos envolvidos de tal forma que:
“Esta aliança ao longo da vida é apertada
Estamos ligados por esta energia mútua.”
Em resumo, nada poderá mudar o sentimento mútuo se este for verdadeiro e tudo estará em completa mudança, obrigando aos alvos ampliares os horizontes da responsabilidade e do entendimento de cada situação. Pois afinal de contas, a boa e limpa relação é alma do negócio.
Mais um sol da meia-noite
Antes que mergulhemos em mais uma parte da película musical do Pyramaze, devemos ressaltar que o nome da próxima canção é bastante comum no universo do Metal, inclusive, a xará de sucesso recente foi lançada simplesmente pelo Kreator de Mille Petrozza. E se aqui tivemos participação feminina na canção anterior, nesse single dos alemães também teve a participação da cantora Sofia Portanet. O resultado tem sido muito gratificante e muitas bandas buscaram parcerias desse tipo, o que normalmente funciona muito bem.
Quanto a “The Midnight Sun”, a canção inicia de forma condizente ao que o adepto do estilo almeja. Teclado e guitarras convocando a cavalaria, vocais imprimindo melodia e drama, baixo colocando pregos de aço na estrutura, até que…
A cadência retorna e com alguns contratempos, ingredientes encontrados no Prog Metal. Todavia, a faixa possui seus momentos mais velozes a partir da segunda parte, com o baterista Morten Gade Sørensen utilizando mais os pedais duplos de seu kit.
Vocais potentes, riffs pesados, paradas certeiras, tudo pronto para bangear mais livremente. Ainda assim, não pertence ao conjunto de canções velozes, mas sim daquelas cheias de camadas e variações sutis.
Pare o sangramento de seus ouvidos sensíveis
Para estancar os ferimentos, os dinamarqueses trazem “Stop The Bleeding”, faixa que utiliza o mesmo andaime que foi usado em “Epitaph”, se aproxima do formato encontrado na segunda faixa do disco, misturando o Power e o Heavy Melódico ao Hard Rock com melodias vocais se entrelaçando em cada momento da canção.
O armazém de variedades do tecladista Jacob Hansen coloca mais diferenciais na música e a tira do comodismo de apenas ser comparada à sua irmã já citada. Decerto, as linhas de guitarra não desaparecem junto ao emaranhando de sons e efeitos dos teclados.
Acaba efetivando o trabalho com dedilhados e acordes precisos, além dos breves e assertivos solos, enquanto o baterista Morten Gade Sørensen não economiza em seu kit. Sempre aproveitando de todo o seu arsenal para deixar o arquipélago sonoro do Pyramaze intacto.
O mistério se aproxima…
Sons de piano, acompanhado das orquestrações que simulam instrumentos de época, abrem espaço para a entrada dos pedais duplos com intervalos e uma guitarra sedenta por palhetadas.
A revelação de “The Mystery” é apresentada com boa dose de peso e velocidade, que alterna tanto o clima quanto a conduta ferrenha. Portanto, o resultado acaba sendo um misto de Power Metal com balada e com flertes ao Folk Metal.
Destaque para as linhas de guitarra de Jacob Hansen, que para coroar a sua participação, entrega o melhor solo desse full length! Entretanto, ainda temos os solos vibrantes do tecladista Jonah Weingarten, antes de novamente Jacob entregar as outras partes ainda mais impactantes dos solos.
Sobre o andaime para escalar até o topo sem destruir a sapata do prédio musical do Pyramaze, temos as linhas de baixo e a bateria de Morten Gade Sørensen tornando a canção ainda mais elegante e poderosa, então. Aqui o equilíbrio do álbum foi mantido para uma boa média final.
Assim como na abertura das cortinas musicais, os trabalhos são encerrados com uma faixa instrumental. Atendendo por “Wolves Of The Sea”, ela é quem serve de trilha para apagar a chama da lamparina.
Resumo da ópera
Em suma, o novo trabalho dos representantes de Hjordkær, Syddanmark, marca uma continuidade na tarefa de deixar a sonoridade mais palatável e sem a correria costumeira do Power Metal mais “decolante”, se é que existe tal termo.
A junção entre o Power, o Hard Rock, elementos de Symphonic e Melodic Heavy trouxe uma ligação mais ampla entre as nuances apresentadas, com o intuito de ligar os pontos sem se prender a truques baratos para tal.
Embora o álbum não traga nenhuma surpresa do porte de seus álbuns mais poderosos, “Bloodlines” não deixa a desejar e entrega um conjunto de canções de bom nível, assim tendo algumas mais legais que outras. Porém, sem nenhuma do tipo “preciso pular essa faixa, pois ela é horripilante demais”.
Finalizando, o Pyramaze optou por manter a calmaria em destaque, assim como fora em seu disco anterior. Isso é um erro? Jamais! Só que a partir de agora, será exigida uma resposta veloz à altura para a sequência da jornada, ou pelo menos algo bem mais robusto e presente. Quem sabe, se misturarem a receita deste com “Contigent”, ou até mesmo revisitar os primeiros álbuns, “Melancholy Beast” (2004) e “Legend Of The Bone Carver” (2006).
O que importa é fazer o adepto bailar enquanto aprecia sem qualquer moderação e sempre acompanhado de uma caneca de chopp bem cheia. Ou talvez um energético (risos)…
Ficha técnica do novo full length:
A produção, mixagem e masterização de “Bloodlines” ficou a cargo de Jacob Hansen. Remedy Art Design é quem assina a arte de capa. Agora, para a engenharia do álbum, foram postos à frente da missão três nomes: Irene Génova, Jakub Maggi Malášek e Tom Prestin, sendo este último também a cargo da gravação. Christer Harøy também cuidou da engenharia, porém cuidou da parte dos vocais. Fotografias tiradas por Niklas Lau Petersen. Via AFM Records, o álbum foi lançado no dia 23 de junho, contabilizando agora 7 álbuns de estúdio.
Curiosidades melódicas
Sabemos que o Pyramaze possui quatro integrantes fixos, contando com um guitarrista, um baterista, um tecladista, além do vocalista. Certo?
Mas, e o baixista?
É bem simples. Principalmente, se o leitor já acompanha a banda por um período maior.
Portanto, desde 2011 o Pyramaze não possui baixista fixo, ficando a cargo do guitarrista Jacob Hansen cobrir as linhas das cordas graves. Dito isso, fica mais tranquilo de entender o motivo do “baixista” não ser citado no texto.
Outro fato é que o guitarrista Toke Skjønnemand deixou a banda em 2022. A partir de então, o Pyramaze passou a contar com Jacob como único guitarrista oficial.
Curiosidades à parte, a melhor ideia é ouvir o disco na íntegra e, quem sabe poder conferir de perto em algum evento próximo aqui no Brasil, por exemplo.
“Entwined by the secrets of delight
This lifelong alliance shines tonight
(Hold on)
Somehow this madness fades away
(Hold on)
You’re leading my darkness astray”
Nota: 8,4
Integrantes:
- Terje Harøy (vocal)
- Morten Gade Sørensen (bateria)
- Jacob Hansen (guitarra, baixo, vocal de apoio)
- Jonah Weingarten (teclado, orquestrações)
Faixas:
1. Bloodlines
2. Taking What’s Mine
3. Fortress
4. Broken Arrow
5. Even If You’re Gone
6. Alliance
7. The Midnight Sun
8. Stop The Bleeding
9. The Mystery
10. Wolves Of The Sea
Redigido por Stephan Giuliano
Muito boa a resenha. Particularmente gosto do Disciples of the Sun, mas todos são grandiosos.