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Resenha: Judas Priest: “Rocka Rolla” (1974)

Para que não sabe, o primeiro disco do Judas Priest se chama “Rocka Rolla”. Geralmente, algo que se faz pela primeira vez é algo que não sai tão bom, justamente por aquilo nunca ter sido feito antes pela pessoa. Justamente por isso, no mundo da música, debuts que são bem construídos são lindos de ouvir. Podemos citar, “Iron Maiden” do Iron Maiden, “Kill Em All” do Metallica, “Show No Mercy” do Slayer”, “Batallions Of Fear” do Blind Guardian, “Walls Of Jericho” do Helloween, e outros, pois são exemplos de excelência quando nos referimos a primeiros lancamentos. Ou seja, foram bandas que apostaram e acertaram muito bem. Mas nem sempre é assim. Na década de 70, após o lançamento do maravilhoso “Black Sabbath”, as bandas sentiram um pouco de pressão das gravadoras para lançar algo tão único como aquele disco. É aí que encontramos um problema bem grande quando falamos de produtores e gravadoras.

   
Judas Priest / line-up 1974 / Repreodução / Acervo

Rodger Bain no “Rocka Rolla”

A história de Rodger Bain é interessante. Esse produtor simplesmente assinou o lançamento que mudou a cena da música pesada no ano de 1970, o debut do poderoso grupo inglês, Black Sabbath. Além disso, Bain ainda assinou a produção de “Paranoid” e “Master Of Reality” (1971). No mesmo ano, ele trabalhou com o grupo Budgie (aquele famoso pelo single Breadfan), lançando ao lado deles três discos, “Budgie”, “Squawk”. assim como “In For The Kill”. Era de se esperar que um produtor tão experiente soubesse o que fazer quando um grupo com potencial aparecesse em sua porta, sendo esse grupo ninguém menos que Judas Priest.

Judas Priest, o início

Vindo de algumas mudanças, a banda construída sob o nome Freight pelos dois colegas de escola, Ian Hill e KK Downing, só adquiriu o seu grandiosissimo nome após a entrada do vocalista inicial do grupo, Al Atkins.

Entre entradas e saídas de guitarristas e bateristas, a banda quase se separou quando Al Atkins decidiu deixar o grupo, mas a namorada de Ian Hill sugeriu a entrada de seu irmão no vocal. Com isso, surgia a participação daquele que seria a voz da banda! Contudo, como eles seriam alguem na “fila do pão”, sem um primeiro lançamento? Após alguns demos e assinarem com a gravadora Gull, surgiu a oportunidade do grupo lançar o seu primeiro disco.

Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que as primeiras demos gravadas pela banda são excelentes, agressivas e únicas, porém a execução não foi tão boa no lançamento final. Bain talvez estivesse pensando em fazer algo como fez com o Sabbath, um disco voltado para o Blues Rock. Mas dessa vez, ele conseguiu o que chamamos de “Rocka Rolla”.

   

“Rocka Rolla”, o debut do Judas Priest

Esse é o nome do primeiro disco da banda, e talvez um dos maiores fracassos da história da banda (Embora, Nostradamus seja beeeeem pior). Não me entendam mal, eu gosto desse disco, mas é um amor e ódio que andam tão perto que é difícil defender as vezes. Como um disco de Blues Rock é aceitável o que ouvimos aqui, mas quem conhece as demos apresentadas pela banda e sabe a história por trás, fica ainda mais odioso o que fizeram com esse lançamento. Todos sabemos que as melhores músicas foram cortadas desse lançamento. Bain vetou composições como “The Ripper”, “Victim Of Changes” e “Tyrant”, por isso é aceitável a raiva dos fãs da banda hoje em dia. Mas e na época?

AL ATKINS / First Judas Priest Singer / Reprodução / Acervo

Analisando apenas a sonoridade, não existe muito o que desabone o disco. Se trata de um lançamento comum e sem muitas novidades, uma produção mediana, sem peso. Digamos que um disco sem alma. Possui momentos bons, mas nada além. Justamente por isso, imaginamos o porquê o disco não vendeu tanto na época. A própria banda sentiu isso. Bain talvez estivesse muito na pilha dos lançamentos do Budgie e por isso tentava o mesmo caminho com o Judas. Mas não era isso que eles queriam. Assumindo meu papel como advogado do diabo, vou citar 3 pontos que considero antes de avaliar esse disco em questão:

1 – o produtor arruinou um disco que seria um belo início de carreira:

É fato que Rodger colocou demais sua mão ali, por isso o lançamento foi prejudicado. Imaginem-se no lugar dos músicos iniciantes na indústria. Um nome tão importante, que assinou diversos lançamentos, vem até vocês e da ideias no seu lançamento. É óbvio que iriam aceitar. Mas essa não foi uma boa escolha.

2 – produção fraca:

Além de decisões das músicas usadas, a produção não favoreceu nada esse lançamento, pelo contrário, só fez ele ficar mais enfadonho e fraco. Novamente um problema externo.

3 – composições feitas para outro vocalista:

É difícil pensarmos isso, mas muitas das músicas escolhidas para Rocka Rolla foram escritas para a voz de Al Atkins. Este com sua voz mais grave combinaria muito bem com o lançamento. Quer tirar a prova? Ouça ele cantando “Winter” e tire suas próprias conclusões. Rob é excelente, mas nesse lançamento em questão, não deixaram o MetalGod brilhar.

   

Sendo assim, vamos passar para a análise sonora.

A avaliação das faixas do Rocka Rolla

Não podemos dizer que o disco foi feito por músicos que não sabiam o que fazer. Assinado por Ian Hill, Glenn Tipton, KK Downing, John Hinch e Halford, “Rocka Rolla” tinha potencial. Logo na abertura, ouvimos “One for The Road”, uma composição simples onde ouvimos riffs fraseados, vocais controlados e uma bateria muito fraca de inspiração. Não se trata de uma faixa ruim, mas uma abertura bem fraca para o disco.

Em seguida, aquela que leva o nome do disco. Aqui ouvimos o que, caso tivesse uma produção mais inspirada, esperamos do Judas Priest. Refrões marcantes, riffs grudentos e passagens cavalgadas. Composição essa assinada pelo nosso querido MetalGod. “Rocka Rolla” não é ruim, só é mal direcionada, infelizmente. Inclusive, recentemente o Judas tocou ao vivo essa música com uma timbragem descente e olha… Seria interessante a banda relançar esse disco com uma gravação atual, e excluindo os retalhos, claro.

“Winter” é uma boa composição, sem peso, mas pensada em outro vocalista. Acredito que caso dado o peso correto, essa faixa seria bem mais aceita pelos fãs. Mas novamente, não é uma faixa de Heavy Metal, e sim Blues Rock com um pé no Hard. Logo depois, temos a esquizofrênica “Deep Freeze-Winter Retreat-Cheater”, que se ouvida como uma única música, causa estranheza, mas levada em consideração que são 3 faixas, posso dizer que apenas “Cheater” se salva. Infelizmente Bain achou que seria interessante adicionar gaitas ao refrão da faixa, e não, não ficou bom. Mas assim com a 2° composição do disco, essa não é uma música ruim, só mal aproveitada. As outras duas são completamente descartáveis.

“Never Satisfeid”, uma boa canção

Agora sim, chegamos ao ponto alto do disco, “Never Satisfied”. Uma boa composição, uma boa criação, riffs na medida certa, a voz de Rob encaixando perfeitamente, um belo solo. Mas aquilo, como uma boa produção faz diferença. Caso você, caro leitor, tenha curiosidade, ouça a versão gravada por Al Atkins e veja o quanto de peso essa música originalmente teria.

   

“Run Of The Mill” faz o papel de composição misteriosa/épica. Com seus 8 minutos de duração, consigo imaginar uma roupagem mais sombria sobre a faixa, dessa forma, dando a ela outro direcionamento. Mas no caso da gravação original, sinto que quiseram se aproximar bastante do que músicos como Gary Moore e Peter Green faziam. Não ficou ruim, mas cadenciou demais um disco que já estava, sofrível de ouvir. “Dying To Meet You”, até os 3 minutos, segue o padrão apresentado pela sua sucessora. Após isso a música se transforma, acelera e melhora. Mas só isso. Para fechar o disco, a música criada por Al Atkins que a princípio teria 14 minutos, foi reduzida a um relaxante instrumental de 2 minutos e pouco. Por sinal, “Caviar and Meths” finaliza muito bem o disco, relaxando muito bem a audição conturbada que é o debut do Judas.

Conclusões

Um disco fraquíssimo, se comparamos aos lançamentos assinados por Rodger Bain. Escolhas péssimas de tracklist. Uma produção erroneamente amenizada. Mas ainda sim, temos boas composições, uma banda bem entrosada e algumas decisões acertadas. Como o fato de nunca mais lançarem algo nesse estilo. Talvez a mudança de vocal tenha atrapalhado, ou não. Mas o fato é, “Rocka Rolla” foi o início e o divisor de águas da banda.

John Hinch / Acervo / Reprodução

Pergunto-me diversas vezes: será que se esse disco tivesse sido um sucesso de vendas, hoje teríamos o mesmo Judas Priest que temos? Tenho medo da resposta, por isso, é bom deixar os erros passarem, porque aí aprendemos deles!

Nota: 5,0

Integrantes:

  • Bob Halford (vocais)
  •    
  • Ian Hill (baixo)
  • Glenn Tipton (guitarra)
  • KK Downing (guitarra)
  • John Hinch (bateria) RIP
   

Faixas:

  1. One for the Road
  2. Rocka Rolla
  3. Winter
  4. Deep Freeze
  5. Winter Retreat
  6.    
  7. Cheater
  8. Never Satisfied
  9. Run of the Mill
  10. Dying to Meet You
  11. Caviar and Meths
  12.    

Redigido por Yurian ‘Dollynho’ Paiva

   
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