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Resenha: Judas Priest – “Point of Entry” (1981)

O disco da vez é um dos álbuns de sucesso moderado do Judas Priest. Falo de “Point of Entry”, sétimo álbum de estúdio lançado no dia 26 de fevereiro de 1981.

   

Tal sucesso mediano pode ser considerado grandioso quando o assunto é relacionado a algo de renome menor. Mas por se tratar de uma banda que vinha em uma ótima crescente, acaba meio que ofuscando o alcance menor atingido por determinado material. Esse é o caso de “Point of Entry”.

“Point of Entry” não é costumeiramente tido como um álbum clássico do nosso querido e amado “Judão da massa”. Muito por não estar no mesmo nível de trabalhos históricos como “British Steel” ou “Screaming for Vengeance”, só para exemplificar. Embora possua algumas faixas bastante populares e seja apreciado por muitos adeptos, a recepção crítica inicial foi mista, e alguns fãs sentiram que o disco tinha um apelo mais comercial. Entretanto, a obra carrega consigo canções do porte de “Headling Out to the Highway” e “Desert Plains”. Estas são bem recebidas e fazem parte das performances ao vivo dos ingleses, conferindo ao “Point of Entry” um lugar respeitável em sua discografia.

Judas Priest – Paris 1981 / Philippe Guy / Flickr

O sétimo disco do Judas Priest é apenas um resumo de duas músicas?

Não é bem assim, pois o trabalho possui mais competências do que as faixas mais conhecidas e melhor apontadas e lembradas do que as outras. O problema maior vem a ser o fato de que ele está inserido entre dois grandes clássicos da banda a qual falaremos um pouco mais a seguir. Lançado via Columbia Records, o álbum possui duas capas diferentes – a capa europeia em destaque na resenha e a capa americana inserida logo abaixo.

As linhas de ambas as capas evidenciam o ponto de entrada e um vislumbre do horizonte, até ligando ao que o Judas Priest viria a realizar a seguir. Voltando às faixas, o álbum apresenta um corpo maior do que se pareça e se mostra bastante importante dentro da discografia da banda. Apesar de possuir dez músicas, “Point of Entry” é um álbum de curta duração com pouco mais de 37min de duração. Isso em se tratando de tracklist oficial sem faixas adicionais, bonus tracks ou músicas lançadas em versões japonesas. Aqui trataremos apenas do conjunto original da obra (Será?).

   

Além disso, vale citar que o álbum foi gravado no Ibiza Sound Studios, Espanha, mixado no Starling Studios, Ascot, Inglaterra, e masterizado no Trident Studios. Tom Allom foi o responsável pela produção e mixagem, enquanto Ray Staff cuidou da masterização. Louis Austin comandou a ala da engenharia e o design ficou a cargo dos saudosos Roslav Szaybo (R.I.P. 2019) e John Berg (R.I.P. 2015). Fotografia de Art Kane (R.I.P. 1995).

Outras informações sobre o “Ping Point”

O apelido carinhoso para “Point of Entry” evidencia a importância das informações a serem destacadas e colocadas à mesa. As músicas “Heading Out to the Highway” , “Don’t Go” e “Hot Rockin'” receberam vídeos oficiais e mostram que esse artefato sonoro do exército musical inglês realmente possui outras canções a serem apreciadas com mais atenção e logo menos estaremos diante das esperadas justificativas reais. E por falar em música, todas as faixas e letras são de autoria de Halford, Downing, e Tipton.

Quase ninguém costuma mencionar, mas esse full length apresenta características de bandas do calibre de Black Sabbath, Led Zeppelin, Rainbow, Queen e até mesmo uma boa pitada de Eric Clapton, principalmente quando as guitarras fogem das bases mais contidas e sem muita alternância. Isso deveria enriquecer o disco, mas acabou não levantando a mesma poeira que outros álbuns mais bem recebidos por público e crítica. Apesar disso, jamais pode ser visto como algo ruim. Não foi um álbum a tirar nota zero em seus objetivos. Apenas foi um álbum de sucesso médio com relação aos maiores alcances da banda até então. Vindo logo após um estupendo “British Steel” (1980), era ou foi crueldade demais com ele, mas que soube suportar a pressão.

Outro fator preponderante foi o fato real de se integrar ao modelo de rádio, buscando angariar mais fãs e ampliar o sucesso comercial. Isso de fato não veio com esse álbum, mas com toda a certeza veio logo depois. “Screaming for Vengeance”, de 1982, está aí para contar toda a história.

Mike Franzman / Flickr / Judas Priest Live 1981

Um disco mais contido com receita radiofônica

É assim que muitas vezes “Point of Entry” é descrito dentro da discografia do Judas Priest. Porém, se formos analisar de maneira fria e sem qualquer tipo de paixão, veremos que esse tipo de conjectura não se apresenta somente aqui. Ela está em outros trabalhos e até mesmos nos álbuns clássicos. E isso não é demérito nenhum. Afinal, o rádio funcionava muito bem e era a principal fonte de conhecimento do fã para ouvir a música de determinado artista/banda. Se hoje temos outras fontes para conhecer novos e antigos trabalhos, antes a engrenagem funcionava de forma diferente. O que pode ter ocorrido nesse caso aqui em específico é o fato de que faltou aquela música tida como “arrasa-quarteirão” e que chamasse a atenção do ouvinte como um choque elétrico.

   

O meu nanquim virtual ainda possui justificativas para colocar esse álbum em um patamar pouco acima do qual ele costuma estar, mas não posso deixar de inserir questões que o tornam controverso ou até mesmo esquecível por boa parcela dos fãs. Ele está inserido entre dois grandes clássicos da banda e isso acaba o ocultando ainda mais. Somente o fã mais dedicado aos trabalhos menos iluminados do Judas Priest é que costuma lembrar de “Point of Entry”. Entretanto, o que deve ser encarado em primeiro plano é se ele é um álbum competente ou não. E isso veremos juntos a seguir.

Encontrando os grandes momentos de “Point of Entry”

Aos mais entusiasmados, caberia a calma para não se empolgar tanto antes do início do single detentor do título de faixa de abertura. “Heading Out to the Highway” oferece ao seu respeitável público um roteiro de viagem mais tranquilo e seguro de si. Sim, eu sei que você quer acelerar o carro pela rodovia de “Ping Point”. Mas acalme-se! Coloque o seu cinto de segurança para a ronda não nos parar. Eu sei que a abertura poderia ser mais explosiva, mas aqui não era a proposta e você ainda pode curtir a viagem de vidro aberto e vento no rosto.

A canção inicia com uma levada moderada e que será a tônica até o fim da primeira etapa do percurso, embora possua um refrão encorpado e com o combustível necessário para a época. Durante a viagem pela vida é percebido que você está dirigindo no banco de trás e suas mãos não estão no volante. Isso contrasta com a sensação de não possuir poder de voz e ser levado pela maré.

As notas estendidas indicam a posição do veículo na autoestrada e te faz pensar se deve seguir em frente ou não. Afinal, é muito fácil ir junto com a multidão. Porém, através da base sustentada pelo baixo e pelas viradas comportadas de bateria, é tenebroso descobrir mais tarde que sua opinião não é permitida. Guitarras gêmeas indicam que essa é a maneira de encontrar o que você está perdendo. Você é quem faz as suas escolhas, pois tem total direito a elas. Mas também tem o seu dever de assumir seus erros, enquanto a primeira quilometragem chega ao seu fim e estaciona o carro em frente a uma lanchonete de beira de estrada.

“Você pode ficar na esquerda ou na direita
A escolha é sua, faça o que quiser
A estrada está aberta para você fazer seus lances
Agora, onde quer que você vire, onde quer que você vá
Se você errar, pelo menos você pode saber
Há quilômetros e quilômetros para consertar!”

O que podemos ou não suportar

Se o single “Don’t Go” te diz para ficar e não ir embora jamais. Ela própria pode te espantar com seu baixo encanto. É quase como um lobisomem lhe entregar flores. Ainda sim continuará sendo um lobisomem com garras e presas afiadas. Já em “Hot Rockin'” a coisa fica bem quente devido ao motor em companhia do sol escaldante e do asfalto fervilhante. Ela é uma espécie de irmã por parte de mãe da clássica faixa “Breaking the Law”, pertencente ao “British Steel”. O agito fervilha realmente e coloca ordem no percurso. E se o mapa havia sido levado pelo vento através da janela do carro aberta, outro mapa foi tirado do porta-luvas e a viagem prosseguiu tranquilamente.

   

Depois do lanche na beira da estrada era hora de seguir em frente rumo a algum agito próximo. E o certo a se fazer seria ir atrás de um balanço caliente. Afinal de contas, o show não pode parar. Depois dos primeiros lances de bateria, o riff rasgado de guitarra te convida para a festa contagiante. É claro que Tipton e Downing fazem toda a diferença quando o assunto é incendiar os alto-falantes com suas guitarras poderosas e solos agudos magistrais, mas também ganham forças através dos vocais excepcionais e primordiais de Halford. O refrão possui vibração e energia de gente grande e só o que queremos é um rolê decente com música boa e cerveja gelada!

“It’s all I want, it’s all I crave
I just do want to go Hot Rockin’!”

O Classic Rock vive dentro do sacerdote inglês

“Turning Circles” não é das mais chamativas, mas pode ser considerado o momento mais alto da bebedeira após ir em busca de uma aventura maior. Enquanto o motor do carro esfria um pouco, encontramos os laços fortes do Rock clássico dentro de um dos pilares do Heavy Metal. O início parece algo mais relacionado ao verão, mas logo em seguida é revestido com conhaque e bala de canela. É o momento ideal de acompanhar o som enquanto joga uma partida de sinuca. Se tiver um taco quebrado eu ganho de qualquer um. Não me pergunte como eu faço isso. Apenas aprecie a sua derrota ao som do Judas Priest! Calma! Não é preciso levar tão a sério. Talvez eu e você já tenhamos tomado umas a mais e esse conhaque é forte também. Estou girando em círculos. É bom ficar longe de mim, pois sabe-se lá o que pode acontecer…

Os acordes ganham movimentos circulares, tônicas potentes e pegadas assinaladas pelo baixo de forma bem construída. Holland transforma o seu kit em um exímio armazém repleto de peças para melhorar o desempenho do carro e também oferece mais gasosa ao nosso parceiro de “pés emborrachados”. Talvez fosse o que Tony Iommi queria inserir no álbum “Never Say Die!” e que o Judas soube se espelhar e tirar melhor proveito.

Buscando o amor de Harley-Davidson

Das planícies desérticas, trago amor para você. Da viagem em asfalto reto e contínuo, vou em busca de ti e consigo te ver ao longe de pé e acenando com suas mãos. O seu encanto me conduz até você e o motor que ronca entre minhas coxas, faz com eu vá a toda velocidade em busca do que eu mais almejo – ter você em meus braços. O vento está em meus olhos enquanto as batidas secas de Holland na bateria causam trepidações durante a viagem. Tudo isso ganha corpo e o conjunto da obra funciona verdadeiramente como um motor de motocicleta na estrada. A forma com que Holland desfila seu arsenal percussivo remete aos bons tempos de Bill Ward à frente do Sabbath.

Os solos possuem vida própria e espalham o cheiro de borracha queimada ao derrapar no asfalto de maneira proposital e desafiadora. O horizonte é destacado junto à voz e a versatilidade de Halford, somado ao contrabaixo marcante de Hill e também às enérgicas linhas de guitarra da clássica dupla Tipton/Downing.

   

“Então, à distância
Eu vejo você de pé
No horizonte, você levanta sua mão
Em borracha queimando
Eu termino minha busca
Você cai em meus braços finalmente”

Fique e contemple o brilho magnífico dos anjos solares

Dessa vez você decide se realmente vai ou fica, pois para mim “Solar Angels” possui um apelo maior e melhor roupagem que a lupina “Don’t Go”. Seus versos retratam as maravilhas que o céu e o clima podem oferecer a quem puder ver.

Os halos e seus efeitos visuais são retratados como verdadeiros anjos solares, com um brilho intenso lembrando diamantes e outras pedras preciosas. São procissões do céu sendo observadas e admiradas. Em meio ao conhecido efeito de aeronave nas guitarras, a próxima viagem dá início e junto aos riffs, os efeitos saem das guitarras entram em seu próprio plano. Porém, o que ganha ainda mais presença são certamente os solos. Estes sempre bem acompanhados por uma cozinha bastante temperada. Outros efeitos se fazem presentes para irem de acordo com os dizeres da canção e a tornam mais brilhante do que já é.

Não era hora de ir ao bar de novo

“You Say Yes” é uma tentativa de Rock n’ Roll de boteco de esquina bem frustrado, sem o mesmo brilho de outras viagens. Após o vislumbre com tanto brilho, parece que houve um gasto disso tudo e não sobrou muito para dizer sim, sendo que o mais apropriado é não. Conhecemos esse jogo e sabemos aonde vai parar. É um duelo de cartas marcadas e não há maiores atrativos para se chegar à vitória. “You Say Yes” tenta impor um ritmo mais diferenciado, trazendo mais peso para trama. Entretanto, não eleva o seu destaque e acaba não sendo tão marcante assim. Meu sangue está pegando fogo e eu cerro meus dentes, mas muito por conta da canção sem maiores propósitos e os backing vocals acabam não se elevando como poderia ser.

“All the Way” inicia o quilômetro seguinte com mais energia e ímpeto junto ao riffs inicial mais agudo até ganhar corpo mais adiante. O Heavy/Rock acontece de maneira bastante natural e aqui não há desabono algum. Tudo bem, baby. Você sabe como se divertir, não é? E o lance é realmente se divertir. Você acabou de passar no lava-rápido e deixou a máquina tinindo novamente. Estava bastante empoeirada e agora está do jeito que você gosta. Divirta-se! Siga atraindo bastante atenção. Você sabe o que fazer diante de tal situação. Você nunca faz as coisas pela metade e parece ser um homem com uma boa reputação. A estrada avança e você se mostra ainda mais confiante de si. Você se gaba, pega o volante e estala o chicote. A situação é favorável e os acordes se mostram versáteis e potentes, assim como o próprio veículo em movimento.

“Agora com as mãos na cintura e um
Rosnado nos lábios
Seus olhos tinham o olhar de perigo
Há um leão em seu coração,
Que está pronto para começar rápido,
Para um olhar de qualquer estranho”

Crédito: © Lynn Goldsmith/Corbis

O solucionador de problemas

Ter alguém que possa auxiliar e colocar as coisas em ordem é algo bastante proveitoso e importante. Seja amigo ou algo acima disso, você possui alguém que lhe estende a mão, que se curva perante a ti e que sabe onde você deveria estar. A batida inicial seca de “Troubleshooter” sendo um 4 x 4, indica um modelo mais simplório e enérgico dessa penúltima etapa do circuito musical. Guitarras e baixo contornam essa estrada e oferecem comboios de notas, distorções e solos cheios de brilho, comovendo e envolvendo a quem ouve. O ritmo percussivo permanece em modo contínuo, porém com elevações através dos pratos de ataque junto aos refrãos. Enquanto isso, me recupero e me recomponho para a próxima e última viagem automobilística sonora.

   

Por fim, o encerramento oficial acontece por intermédio de “On the Run”. Certamente, nada mais justo do que uma faixa com um nome desse para terminar a viagem e descansar a “barca”. Esqueça o amanhã, pois o agora é o mais importante. Já estamos na estrada há tanto tempo. Portanto, beba um pouco mais. Ainda tem bebida no porta-malas. Eu só quero agitar e viver pelo Rock n’ Roll. Os riffs e as viradas dizem isso. Os agudos exuberantes de Halford dizem plenamente isso. O passear do baixo pela passarela asfáltica é formidável mesmo que simples. Não importa, pois Hill entrega o que a música pede. Holland brinca de tocar bateria e mantém o veículo em equilíbrio na rodovia. É com toda a certeza uma das músicas mais divertidas do álbum, contendo solos de guitarra incríveis como de praxe. Agora encha novamente seu copo e cante comigo!

“I’m a rockin’ and sellin’ my soul
Cause I’m livin’ for rock and for roll

Forget about tomorrow
Go for it today
Cause I’m on, on the run”

E vamos falar do bonus track sim!

“Thunder Road” e deveria estar presente no tracklist oficial de “Point of Entry”, porém acabou não figurando e deixando o álbum um pouco mais apagado. Embora esteja com uma roupagem muito mais pomposa, possui forte ligação com as demais canções. Destaque para o momento em que o baixo de Hill mantém o alicerce seguro, enquanto Halford espalha versos e mais versos com seu vocal memorável. Decerto as guitarras e a bateria também soam muito bem e isso faz com que a canção se torne mais encorpada e viva do que algumas outras dentro da lista oficial. Além disso, temos uma versão ao vivo para “Desert Plains” mais veloz e com mais intensidade do que a versão de estúdio.

Redferns / Fin Costello 

Considerações desérticas com visão ao horizonte

O Judas Priest possui picos altíssimos em questão de alcance e sucesso e isso acaba ofuscando sucessos mais contidos e moderados, mas não apagam jamais tais feitos. Somente para quem de fato não acompanha a banda. “Point of Entry” pode não estar na escala dos álbuns mais queridos dentro da discografia do Judas Priest, mas certamente é lembrado por quem acompanha a banda desde o início e esse nobre disco merece sim considerações positivas. Pode não ser espetacular, mas marca presença e possui músicas de boa e forte relevância, conforme pudemos acompanhar juntos.

Posições moderadas e de respeito

“Point of Entry” alcançou sim posições importantes. Podem até não das mais memoráveis, mas conseguiu bom êxito nos principais charts da música ao redor do mundo. Aqui estão algumas delas:

  • Canadá: posição #28
  •    
  • Estados Unidos: posição #39 na Billboard 200
  • Reino Unido: posição #14 no UK Albums Chart
  • Suécia: posição #26

Decerto, vale destacar que essas colocações refletem o sucesso comercial moderado do álbum na época do seu lançamento. Contudo, não é preciso desligar o motor. Pois essa viagem pode ser feita o quanto desejar. Portanto, é só seguir em frente ouvindo novamente “Point of Entry”!

   

So I’m heading out to the highway
I got nothing to lose at all
I’m gonna do it my way
Take a chance before I fall
A chance before I fall!

nota: 8,2

Integrantes:

  • Rob Halford (vocal)
  • Glenn Tipton (guitarra)
  • K.K. Downing (guitarra)
  • Ian Hill (baixo)
  • Dave Holland (bateria – R.I.P. 2018)
  •    

Faixas:

1. Heading Out to the Highway
2. Don’t Go
3. Hot Rockin’
4. Turning Circles
5. Desert Plains
6. Solar Angels
7. You Say Yes
8. All the Way
9. Troubleshooter
10. On the Run

Redigido por Stephan Giuliano

   

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