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Resenha: Holy Moses – “Invisible Queen” (2023)

“Invisible Queen” é o novo full length da banda alemã de Thrash Metal, Holy Moses.

   

Quando foi anunciado que a rainha do Thrash Metal e sua cidadela musical estariam colocando fim a toda uma excelente jornada, e que seria lançado um último álbum para a despedida definitiva, passei a recuperar memórias de quando conheci o Holy Moses da consagrada Sabina Classen através de uma dica esporádica, não pensada e muito menos perguntada.

Afinal, eu nunca fui do tipo que fica pedindo dicas de bandas. Acabava conhecendo por influência direta, audições de rádio e TV, ou quando a conversa tomava determinado rumo, oferecendo a oportunidade de alguém lembrar de uma ou outra banda.

E foi assim que ouvi o nome Holy Moses pela primeira vez. A conversa se direcionou para o Metal representado por mulheres e veio a dica de uma mulher que liderava uma banda de som pesado de verdade.

“Queen Of Siam”

Eis que fui apresentado aos trabalhos de uma das amazonas mais destemidas de todo o Metal e isso foi um tiro certeiro!

   

De “Queen Of Siam”, debut lançado em 1986, até o último álbum chamado “Redefined Mayhem”, de 2014, um dos tradicionais representantes do underground teutônico nos brindou com grandes momentos do esporte germânico e tornou amplamente possível a introdução de cada vez mais mulheres na música extrema.

Obviamente que já existiam grandes frontwomen e ícones do Metal, como Doro Pesch, Leather Leone, Lee Aaron, Wendy O. Williams, Lita Ford, Joan Jett, Kelly Johnson, Kate de Lombaert, e tantas outras.

Sabina Classen

Porém, faltava a ascensão do público e das artistas femininas dentro do sagrado Thrash Metal. Brilhantemente, Sabina foi capaz não apenas disso, como também ao fato de consolidar seu incrível trabalho frente ao nobre Holy Moses.

O retrato disso trouxe grandes discos do mais puro aço além dos já mencionados como:

“Finished With The Dogs”, segundo álbum de 1987, “The New Machine Of Liechtenstein”, aquele que fecha a primeira trinca de ases, lançado de 1989, “Strength Power Will Passion”, de 2005, e “Agony Of Death”, de 2008.

   

Isso só para citar os outros preferidos do redator ao lado dos dois citados em parágrafos anteriores.

Holy Moses/Dragon Productions / Resenha: Holy Moses – “Invisible Queen” (2023)

Sabina e sua tropa sabiam que estariam lidando com uma história muito rica e que sua apoteose deveria ser algo no mínimo grandioso e com respeito à própria obra.

Certamente, não deve ser muito fácil anunciar que estariam diante do desfecho final de uma das bandas mais importantes do Teutonic Thrash.

Depois de 9 anos sem lançar nenhum disco de inéditas, a banda sabia que precisaria resgatar muitas coisas, incluindo o seu renome, constituído e conquistado ao longo do tempo.

Não que seu renome estivesse em jogo, mas em se tratando de uma banda tradicional do underground germânico, ficava aquele vazio e ano após ano de não presenciarmos nenhum novo full length.

   

“Invisible Queen”

O tempo passou e era hora da banda dar uma resposta para si e para seus fãs.

A tão esperada hora chegou e saberemos aqui como foi o andamento da carruagem sonora e o desfecho final dessa nova história com seu capítulo final.

Antes de mergulharmos nos mares musicais de “Invisible Queen”, é necessário saber o mapa do novo trabalho.

Gyula Havancsák

A brilhante arte da capa é assinada por Gyula Havancsák, com design e ilustração feitas por Hjules. O álbum foi mixado e masterizado por Gerd Lücking no RawSound Studio. Produzido pela própria banda.

Aproveitando as informações sobre a equipe que ajudou a dar vida ao novo álbum, Sabina contou sobre a sua decisão para esse capítulo final no comando do Holy Moses:

“Na verdade, também é um sinal de que sou mega grata por ter estado com o Holy Moses por 43 anos. Começamos como uma banda de escola e passamos por todos os altos e baixos, mas por outro lado também tocamos em todo o mundo, o que nunca imaginaríamos como uma banda de escola. Também o fato de termos conseguido um contrato com uma gravadora naquela época foi incrível (risos) e a gratidão da cena do Metal. Acho que tem que encontrar a hora certa de parar. Você pode arrastá-la para fora como mascar chiclete, mas eu não queria fazer isso. Claro que ainda poderíamos tocar no ano que vem e no ano seguinte, a princípio também havia o pensamento de parar em 2021, porque era a época em que eu estaria com o Holy Moses por 40 anos, mas havia esse vírus interessante neste mundo e ninguém sabia como continuaria e como poderíamos tocar, e como gosto de datas redondas, a próxima deste ano foi meu aniversário de 60 anos. Parar no auge com um álbum realmente bom e uma turnê final realmente incrível, você fez de tudo com isso. Como musicista, saber quando parar, quando ainda é excitante. Agora sei que ainda estou cheia de energia e posso decidir sozinha e não quero que ninguém ou nada decida quando parar e ao contrário de outros músicos, já disse que não quero morrer no palco. Ainda tenho muito o que fazer na vida. Tenho muitos projetos, um ótimo trabalho (Sabina é psicoterapeuta) e sei o suficiente de outras coisas para fazer e não ficarei entediada. Claro que vou ficar na cena porque sou uma metalhead do fundo do meu coração, fiz parte de tudo que começou no Metal e vou continuar indo a festivais, só curtindo sem a pressão de ter que tocar, olhar as outras bandas e curtir o festival. Isso também é algo especial e é por isso que a decisão de realmente dizer que paramos agora em um ponto em que ainda podemos decidir por nós mesmos.”

Sabendo que o Holy Moses produziu seu próprio disco, a confiança aumenta para que esta seja uma viagem rica em insanidade, agressividade, velocidade, técnica, peso e o mais importante, a alma Thrash!

   
Holy Moses/Dragon Productions

Hora de conferir os últimos capítulos da Rainha do Thrash e seus comparsas! Vamos para o mosh!

Capítulo 1: “Downfall Of Mankind”

A abertura dos portões possui um rangido imponente que é provocado por dedilhados calmos de guitarra, evidenciando um ar de puro mistério.

Posteriormente, emendando em um chiado crescente, a massa sonora surge para inundar os seus tímpanos.

Assim que, riffs envolventes invadem suas entranhas com muitas partes distorcidas, muitos jogos de hammer on e pull off para os técnicos das seis cordas não botarem defeitos.

Rainha dos vocais insanos

Os vocais da Rainha conectam o ouvinte ao lado mais extremo de sua sonoridade, combinando ao alicerce veloz e técnico de baixo e bateria.

Isso pode ser notado ainda com mais clareza a partir da segunda parte da canção, antecedendo os chamados para o incrível solo.

   

Como uma inundação ele vem e te carrega até o topo da cadeia montanhosa para assistir o estrago lá cima junto da poderosa alteza.

“The New Machine Of Liechtenstein”

A Rainha assistindo do alto da cordilheira mais alta por entre as nuvens e um intenso nevoeiro, nos avisa sobre a queda e o fim da humanidade através dos constantes indícios de controle feito pela máquina.

Fazendo uma alusão ao clássico álbum “The New Machine Of Liechtenstein”, a banda nos alerta sobre o testemunho da perdição e do fim da humanidade.

Campos magnéticos, impulsos elétricos, curtos-circuitos e faíscas mostram a preocupação com os constantes erros humanos e o avanço descontrolado da tecnologia, aproximando a todos de um colapso global.

Alerta sobre o nosso fim

Através desse alerta, é interessante analisar que nós ainda temos como se desvencilhar de parte desse controle ao protegermos nossas mentes das amarras estatais e dos modismos descarados e escravizadores.

   

O preço da liberdade

A liberdade está cada vez mais cara, mas enquanto não seja preciso parcelar no cartão, ainda podemos buscar viver nossas vidas de forma minimamente saudável para que nossos herdeiros possam ter alguma chance também.”

Holy Moses/Cult Of The Machine/Single

Capítulo 2: “Cult Of The Machine”

A segunda etapa mostra uma explosão refletida e dividida por uma virada introdutiva de bateria, quando logo em seguida, o peso é ampliado por conta das cordas incessantes.

Nossa honorável Majestade comanda os versos em meio aos riffs sangrentos que esmagam ossos como um tanque de guerra com combustível quase infinito.

Os refrãos são completamente insanos, feitos de forma esganiçada e escabrosa no melhor dos sentidos.

Destaque do baixo

O baixo sempre presente, destaca suas interseções com as linhas de guitarra, além da bateria que traz toda a aura do Thrash mais visceral e contundente.

   

Faixa curta, pesada, direta e com uma timbragem marcante.

“O culto da máquina acelera a busca pelo controle definitivo da população, governado pelo medo, movido pelo ódio, o Império avança para empilhar seus escravos. Podemos chamar a reapresentação da liderança de algo como Deus ex machina e assim teremos mais proximidade com o ímpeto do caos diante da humanidade onde muitos estão apoiando o falso comando, alegando ser a tal da salvação. Os apoiadores estarão nos vendo como sabotadores e colocarão em prática o plano de contingência e repressão para acabar com o motim e a liberdade de pensar. Dirão para eliminar os traidores, ou seja, nós que fugimos das garras do falso profeta. Fiquemos firmes diante de tudo isso.”

Capítulo 3: “Order Out Of Chaos”

O início desta que fecha a primeira tríade, começa de forma incisiva com o avanço da bateria guiando as notas insanas de guitarra e baixo para que emendem a ótima intro a riffs afiados e cortantes como um serrote cheio de glóbulos vermelhos coagulados.

Uma pausa é feita com efeito para a guitarra se elevar e pisar fundo logo em seguida.

Não há trégua e nem mesmo no refrão você respira. Isso fica para a parte do solo que contrapõe o lado extremo da música.

Porém, essa é somente a primeira parte do solo. A parte seguinte é o completo inverso e serve como a peça perfeita para o retorno dos riffs base até que chegue ao seu final de modo massacrante e anti-heroico.

   

“O sentimento de futilidade absoluta paira sob cada vitória conquistada à base de tristeza. Coração e corpo estão dormentes e a navalha está na ‘minha’ mão. A ordem constituída às margens do caos, está diluindo qualquer resquício de valor à vida. Tudo está ficando sem valor ao mesmo instante em que a navalha está na ‘minha’ mão. Cultivar o caos pode levar ao fim da história sem chance para uma possível salvação.”

Sabina Classen/Holy Moses/Dragon Productions

Capítulo 4: “Invisible Queen”

É chegada a esperada faixa-título e ela apresenta seu arsenal de notas ao estilo Holy Moses de ser!

Intro com cara de Thrash e com grito inicial da Rainha para começar o encanto sonoro. Vocais raivosos e rápidos, acordes velozes e estrutura sólida fazem a canção soar cada vez mais potente enquanto se ouve sem interrupção.

Ponte memorável para um refrão marcante. A guitarra distorcida ganha a parceria de um kit habilidoso ao trançar seus pedais, impondo um ritmo que te convida para a pista em busca de eliminar todas as porcarias “musicais” à sua volta.

Um breve solo determina o final de mais uma grande canção.

“A rainha invisível, que vive em outra dimensão, possui todos os poderes necessários para que você se curve diante dela. Sendo o olho que tudo vê e a consciência que tudo sabe, a escapatória se torna praticamente nula por conta de sua onipotência e onipresença. Nascida e imortalizada pelo fogo como uma bruxa invencível, a rainha é implacável, se alimentando de furacões e devorando tempestades. A entidade gloriosa possui um rugido através de simples sussurros, o que evidencia o seu alcance e o estrago que a mesma pode causar. Aos fiéis súditos que a seguem, sua lenda se tornou eterna e seu rugido ecoará por toda a eternidade. A Rainha do Thrash viverá por toda a extensão dos tempos.”

A pergunta pairou no ar e Sabina respondeu. Você é a Invisible Queen?

“Sim, claro. Quero dizer, eu não me chamaria de Rainha agora, mas também os membros da minha banda sempre disseram em conexão com os fãs e a imprensa e, enquanto isso, acho que tenho que admitir que fui a primeira mulher no mundo que cantou com esses vocais descarados. Tantas pessoas dizem “Você é a Rainha do Thrash” ou “Você é a Rainha da Morte” ou algo assim e quando eu conversei com a banda e disse que gostaria de parar em um certo ponto e me tornar invisível, Peter, nosso guitarrista disse imediatamente: “Ok, Invisible Queen”. Todos imediatamente disseram que era o título apropriado. Se você ver que começamos com “Queen Of Siam”, mesmo que tivesse um significado diferente naquela época, mas Queen no começo e Queen no final se encaixam e no final tem um duplo significado novamente. Mas eu disse que não posso escrever letras sobre mim porque sou muito tímida para isso e os caras então disseram que eu não deveria me preocupar, eles só escreveriam o que as pessoas sempre dizem sobre mim. Peter então me escreveu a letra para o corpo, também usou palavras que eu também posso cantar bem ao vivo e gritar bem ao vivo.”

Capítulo 5: “Alternative Reality”

Iniciando com uma versão mais contida, esticando as notas, a música inicia sua jornada com quebras e variações que servem de banquete aos hóspedes ávidos por Metal.

Além disso, riffs cortantes chegam para angariar votos para mais uma canção excelente.

   

Surpreendentemente, o contrabaixo faz as placas tectônicas auditivas estremecerem e isso ganha maiores tons por conta dos pedais duplos e da guitarra que presta serviços macabros em prol da boa “múzga”, não se perdendo ao buscar linhas mais harmônicas e melódicas, sendo feitas através dos solos ricos em magnésio sonoro.

“O guardião contemporâneo do conhecimento oculto mergulha em completa paranóia, desconfiando de tudo e ao mesmo tempo, acreditando naquilo que for mais absurdo como sendo a verdade do século para si.

A realidade alternativa da vida

Os fragmentos de percepção são apagados pela verdade que cada mentira se torna.”

As pessoas vivem e querem cada vez mais viver em uma realidade alternativa com todas as contradições em cena e todas as ilusões se fazendo presentes em meio a uma gritante decepção por parte de quem ainda não foi abduzido para esse mundo desfuncional.”

Capítulo 6: “The New Norm”

Temos nessa faixa um “arranhado” de notas que funcionam como uma abertura não apenas da própria música, mas também simulando a abertura de alguma tampa ou portão.

É como se alguém estivesse saindo de algum esconderijo para seguir seu caminho sem ser visto pelos fofoqueiros e alimentadores de falsas notícias.

Em contrapartida, a canção anda em comboio com os caminhões de guerra trajados de guitarra, baixo e bateria.

Assim que, as linhas instrumentais representam o avanço das tropas com seus veículos blindados, trazendo a ideia de uma nova conduta junto aos seus pneus e esteiras.

   

Mais cadência e mais peso

A cadência coloca mais peso ao conflito e invade o cenário com amplo empenho e desejo de por tudo abaixo, já que serve de gancho para linhas mais extremas e profundas, emendando aos solos que alternam entre as partes mais viscerais e as mais melódicas com temperatura comparável ao deserto durante o meio-dia.

“A sociedade cada vez mais doentia e falida é o retrato ideal da nova norma de conduta atual. O errado é o certo e o contrário é condenável. Profanação, desolação e frustração é o que vemos à nossa volta, pois tudo está sendo jogado pelos ares e o que sobra é apenas besteira regada a relatos mentirosos junto aos mais diversos âmbitos. A propaganda de um novo mundo está angariando mais acéfalos e, mesmo que saibamos que tudo o que é empurrado goela abaixo não passa de enganação, seguiremos afundando em plena ganância por informações que condizem aos anseios inúteis das mentes manipuláveis, além da própria ganância por grana em troca de popularidade barata e vazia.”

Capítulo 7: “Visions In Red”

O caminho escolhido é o dedilhado centrado de guitarra, enquanto baixo e bateria alternam linhas e se aprontam para o que está por vir.

Porém a lava fervilha e borbulha ao homenagear o Thrash através dos riffs místicos de tão agressivos e acachapantes, acompanhados por uma cozinha fortíssima.

Pois, são aproveitadas duas linhas de guitarra, provavelmente dando a oportunidade de apresentar ao vivo com uma pré-gravada (a mais simples) e o dedilhado sendo tocado do início ao fim.

Destacando a bateria

Atendendo aos pedidos dos acordes extensos, temos linhas de bateria voltadas aos blast beats, engrandecendo ainda mais a obra e oferecendo uma bela vista para o castelo do líder profano.

   

Como resultado, os solos surgem e com eles chegam os códigos para habilitar as linhas devastadoras e humilhantes aos pobres seres que não aguentam ouvir uma banda de Thrash Metal “dasantiga” in action!

“Provocar o medo é a melhor arma para um comandante imbecil poder exercer suas vontades contra determinado povo. Os atos racistas, culpando a quem tiver aparência estrangeira e não for branco como porcelana, permitindo e exaltando a violência ao mesmo tempo em que uma falsa esperança é vendida a todos os pobres e completamente desfavorecidos. As visões estão em vermelho, pois só se vê sangue ao contabilizar as intermináveis mortes em vão. O coração de quem vê de perto é completamente aniquilado pelo peso da ignorância mundana e da falsa fé em favor de monumentos imprestáveis com suas estruturas fanáticas. O mais fraco deve ser eliminado e há quem compactue com isso… Mas, e se o que compactua for o mais fraco?… Tela azul na mente desse ser estúpido com certeza.”

Holy Moses/Dragon Productions

Capítulo 8: “Outcasts”

Riff inicial animal de guitarra? Check!

Chamando todos os instrumentos para o combate no estúdio e no palco? Check! Vocais rasgados e esganiçados que exprimem revolta, dor e ódio em formato de aula a quem deseja vociferar por aí em algum momento da vida? Check!

Então, o caminho está bem pavimentado para que a violência sonora tome conta do espaço e ocupe todas as arestas da residência do adepto que se arriscar a conferir o disco.

Os pedais duplos dominam a área e convidam a guitarra e o baixo para passear de forma técnica, veloz e inquieta.

   

Os solos formam uma camada que prende o ouvinte e o faz o mesmo colocar a faixa em modo repeat.

“As párias da sociedade são tratadas como tal, mas ao alcançarem alguma glória, a inveja vem a galope como se nada de ruim tivesse acontecido. Se a pessoa não dá a mínima para quem segue a luta no campo de batalha, não precisa aparecer para fingir apoio e torcida após a vitória. Os condenados, as párias, os renegados, ignorados, ao vencerem são exaltados de forma apelativa e proposital. Claro que o paga pau e vacilão vai querer dizer que sempre apoiou e que deseja ser como seu ídolo momentâneo. Mandar ir se foder é pouco para esse lixo de ser.”

Capítulo 9: “Forces Great And Hidden”

A pancadaria começa logo aos primeiros tilintares das notas musicais. A partitura pega fogo e o ritmo insano contagia sua mente de forma vibrante e impetuosa.

Refrão poderoso e sequência de versos hora esganiçados, hora mais próximos do gutural, causando um efeito genial para a trama.

Os solos aparecem de sobra e colocam mais tempero do submundo na canção.

A narração da Imperatriz

A sequência se dá por conta de ritmos mais lentos, até que a Imperatriz exibe uma narração do além, de forma distorcida, abrindo caminho para movimentos mais tempestuosos a quem aprecia o verdadeiro som pesado com mais solos que casam plenamente a toda a estrutura sonora.

“Você é usado por extremos políticos e mal se dá conta disso. Deve ser interessante ter a chance de escravizar e dominar a humanidade, não é mesmo? Oh, sim! Porém, não segue seu anseio. Você sabe a verdade e acha que milhões de pessoas estão envolvidas. Você faz perguntas que são direcionadas por quem ouve a conclusões erradas. Eles são os caras maus e vivem de forma oculta para que não se propague a maldade, deixando crescer de forma furtiva, escondida às sombras da razão.”

Sabina Classen/Holy Moses/Dragon Productions

Capítulo 10: “Too Far Gone”

De forma mais contida e misteriosa ela inicia sua jornada.

   

Todavia, dura poucos segundos até que ela toma forma e engata uma camada sonora grave e variada entre suas linhas mais profundas.

A bateria funciona como uma locomotiva dos anos 80 e mostra como funcionavam as coisas por lá.

O baixo envolvente engrossa o caldo verde da guitarra.

Logo, a mesma apresenta momentos de insanidade logo após a pausa com o famoso riff isolado que chama o restante da tropa para o combate.

Mosh destruidor garantido

O mosh está reservado para o desfecho momentâneo em que tudo ganha mais peso e velocidade, ligando ao final mais próximo dos conjuntos de notas anteriores a esses movimentos mais tresloucados, no melhor dos sentidos!

   

“Ir longe demais é o resultado de muita fúria que se resulta de uma mente despedaçada e sem chance de recuperação. Uma mente perdida. Uma vida em vão. A válvula de escape mais fácil é o caminho do ódio e da violência, situações propícias e favoráveis para os momentos insanos atuais. A decadência moral de uma alma à deriva no escuro é o alimento ideal para a armadilha que cerca essa mente perdida.”

Capítulo 11: “Depersonalized”

Mais um riff de abertura com toda a banda ligada, além disso, acordes ao estilo “escada” enfeitam e exaltam a primeira parcela da canção paga pelo ouvinte.

Aliás, a jornada prossegue com arranjos ferozes e capazes de te colocarem na pista em um fest e ainda por cima ganham mais poderes ao acrescentar mais variantes ao som e sem perder peso algum.

Na sequência, o detalhe bem feito é a alma desse negócio importante aqui.

A escada sonora reaparece e funciona como uma corrida de camundongos nos braços da guitarra e do baixo.

Os solos clareiam ainda mais essa façanha e ao retornarem aos acordes e dedilhados principais, conquistam o equilíbrio necessário para manter o alto nível do trabalho.

   

“Um estado totalmente vinculado ao descaso quanto ao sentimento abalado deve permanecer guardado para que não se perca a compostura, embora esteja desmoronando por dentro. Ninguém nota a verdade, mas a dor é iminente. Punhos cerrados, olhar vazio e sem piscar. O acúmulo dos sentimentos ruins pode resultar em uma explosão sem precedentes por conta da despersonalização.”

Capítulo 12: “Through The Veils Of Sleep”

Pratos, tons, bumbo e caixa.

Assim começa o último capítulo e é assim que o início do fim é apresentado ao encordoamento supremo para que juntos possam destruir encruzilhadas com seus raios sonoros.

Alteza

Não surpreendentemente, nossa alteza surge com seu desencanto vocálico e promove um abalo sísmico nas entranhas do plano terreno e energiza todo o andaime musical.

A marcação do baixo segue com suas premissas que fogem do lance quadrado e contínuo, enquanto a guitarra entrega toda a aura do som arruaceiro e espancador de seres imprestáveis.

“Dona da porra toda”

Um formato narrativo é colocado pela “dona da porra toda”, antecedendo ao solo animal e conclusivo de uma caminhada impecável. A cadência sonora em meio aos pedais duplos coloca um ponto final nessa grandiosa história.

   

“Um pesadelo ao dormir. Lembranças de um passado triste. A identidade apagada. Rostos que surgem e não trazem nada para que sejam lembrados. A névoa do esquecimento paira através dos véus do sono. Uma casca vazia, só que a sensação é a de que não sobrou nada. Não há força neste lugar. Você sente a vida saindo deste lugar. Um lugar em branco e entristecido por si só e não adianta remoer o que se sonha por aqui. A fuga desse território é talvez a melhor solução para uma sobrevida.”

Sabina Classen/Holy Moses/Reprodução

O FIM

Aqui o Holy Moses encerra a sua rica e longeva história, com início lá no ano de 1981, ainda como banda de escola.

Mal sabia o quanto seria gratificante, importante e histórica a sua passagem pelo Heavy Metal. Foram 43 anos dedicados a uma ideia que surgiu em sua época de escola no ensino médio e que tomou grandes proporções.

Holy Moses no Teutonic Thrash Metal

É bem verdade que o Holy Moses não alcançou patamares como Kreator, Destruction ou Sodom

Mas, o fato é que em qualquer lista de Teutonic Thrash, com toda a certeza é e será citado algum álbum da banda ou seu próprio nome simplesmente.

Thomas Neitsch

Sobre “Invisible Queen”, vimos que o último disco é um álbum de nível tão alto a ponto de ser colocado como um dos melhores álbuns da banda e até mesmo do Thrash como um todo.

   

Contudo, todas as músicas possuem poder de fogo suficiente para envolver o ouvinte e transformá-lo em um emissário do mosh supremo.

Thomas Neitsch mostrou total competência e devoção ao Metal com seu baixo sempre aparente, ultra veloz e potente, mantendo o prumo na medida com seu timbre e precisão ao tornar o alicerce sonoro firme e coeso.

Peter Geltat

Peter Geltat apresentou riffs variados com vários tipos de técnicas e artifícios extremos, além de solos magistrais e memoráveis, unindo rispidez com linhas melódicas, tudo de acordo com cada passagem sonora.

Gerd Lücking

Gerd Lücking demonstrou ampla segurança e habilidade no quesito “explorar seu kit com sabedoria”, colocando diversos ingredientes em suas linhas percussivas para que não apenas a base sonora, mas todas as viradas, repiques, pausas e blast beats pudessem soar de maneira agressiva e completa.

Sabina Classen, a rainha do Thrash teutônico

Enfim, Sabina Classen irá deixar saudades por conta de seu timbre vocálico, que em determinados momentos se assemelha aos vocais de Martin van Drunen (Asphyx).

   

Sua experiência contribuiu para que ela pudesse usar suas habilidades quanto aos seus vocais rasgados e guturais, hora rápidos e viscerais, hora pesados e intensos.

Em resumo, um final digno para uma banda seminal do estilo.

Portanto, o Metal agradece ao Holy Moses pelos 43 anos de serviços prestados.

Informações viscerais adicionais:

Normalmente os álbuns costumam ter vários estúdios para o andamento e conclusão das gravações, e com o Holy Moses não foi diferente.

Os vocais das faixas “Alternative Reality”, “Cult Of The Machine”, “Invisible Queen” e “Downfall Of Mankind” foram gravados no Stage One Studio com Andy Classen. Já as faixas “Order Out Of Chaos”, “The New Norm”, “Too Far Gone”, “Depersonalized”, “Forces Great And Hidden”, “Outcasts”, “Through The Veils Of Sleep” e “Visions In Red” foram gravadas no Absurd Studio em Hamburgo com Schrödey, ambos estúdios na Alemanha. Edição de Thomas Neitsch e Gerd Lücking. Fotos por Axel Jusseit. Gravações do baixo no Quarantine Studio em Essen. Guitarras gravadas no Mazz Studio em Berlim. Bateria gravada no RawSound Studio. Ambos os estúdios também na Alemanha, ou seja, o disco foi gravado em sua totalidade na pátria da banda.

   

Em edições extendidas, foi lançada uma versão dupla de “Invisible Queen”, contendo um segundo disco especial. Chamado “Invincible Friends”, o trabalho apresenta as mesma músicas do álbum principal com a participação de convidados do mais alto calibre. Confira a tracklist com os respectivos artistas:

1. Downfall Of Mankind (Feat. Marloes Voskuil – Haliphron)
2. Cult Of The Machine (Feat. Bobby Ellsworth – Overkill)
3. Order Out Of Chaos (Feat. Diva Satanica – ex-Nervosa / Bloodhunter)
4. Invisible Queen (Feat. Ingo Bajonczak – Assassin / Bonded)
5. Alternative Reality (Feat. Tom Angelripper – Sodom)
6. The New Norm (Feat. Chris Staubach – Courageous)
7. Visions In Red (Feat. Rægina – Dæmonesq)
8. Outcasts (Feat. Leif Jensen – Dew-Scented)
9. Forces Great And Hidden (Feat. Gerre – Tankard)
10. Too Far Gone (Feat. Jens Kidman – Meshuggah)
11. Depersonalized (Feat. Daniela Karrer – Headshot)
12. Through The Veils Of Sleep (Feat. Ryker’s)

“Invisible Queen” é o décimo segundo álbum de estúdio do Holy Moses e foi lançado no dia 14 de abril via Fireflash Records.

Considerações agressivas finais:

Sobre os trechos de uma entrevista recente concedida por Sabina, o entrevistador foi o site Metal Bite.

Em seus agradecimentos no encarte original de “Invisible Queen”, a rainha do Thrash, Sabina Classen, dedicou um espaço para que todo o fã do Holy Moses pudesse fazer parte dessa apoteótica festa. A frase é a seguinte:

   

“I also send all my love to my best friends, you know where you are ……………….. (Please insert your name here with a golden pencil!)”

Uma ideia muito legal de que alguém que se importa com seu fã e que tem a nítida noção de que possui fãs nos mais variados lugares e dos mais diferentes tipos. Sim, Sabina é a verdadeira rainha e bastante visível!

“My voice is forged in fire
made immortal by flames
my roar will be heard
across the seven seas

I have paved the way
for those who follow me
my screams will live forever
my legend will never die”

“Vielen Dank für alles, Königin Sabina.”

Nota: 9,4

Integrantes:

  • Sabina Classen (vocal)
  • Thomas Neitsch (baixo)
  • Peter Geltat (guitarra)
  • Gerd Lücking (bateria)
  •    

Faixas:

1. Downfall Of Mankind
2. Cult Of The Machine
3. Order Out Of Chaos
4. Invisible Queen
5. Alternative Reality
6. The New Norm
7. Visions In Red
8. Outcasts
9. Forces Great And Hidden
10. Too Far Gone
11. Depersonalized
12. Through The Veils Of Sleep

Redigido por Stephan Giuliano

Confira também a resenha feita para o histórico debut de Sabina e seus asseclas do magnífico e lendário Holy Moses:

Quem é Mundo Metal?

Mundo Metal nasceu em 2013, através de uma reunião de amigos amantes do Rock e Metal, com o objetivo de garimpar, informar e compartilhar todos os bons lançamentos, artistas promissores e tudo de melhor que acontece no mundo da música pesada.

   

Em primeiro lugar, veio o grupo, depois a página no Facebook, Instagram, Youtube e, posteriormente, nosso site oficial veio a luz. Apesar de todas as dificuldades da vida cotidiana, nunca paramos de crescer.

Sejam muito bem-vindos a nossa casa e desejamos de coração que voltem sempre que quiserem.

Além disso, todos os dias, publicamos notícias, indicações, resenhas e artigos que interessam aos que são, como nós, amantes do Rock e de todos os subgêneros tradicionais do Heavy Metal.

Contudo, divulgar a underground está entre os nossos preceitos.

Portanto, se vocês amam a música pesada de alguma forma, o lugar de vocês também é aqui conosco.

   
   

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