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Resenha: Hellbutcher – “Hellbutcher” (2024)

E a novidade sueca da vez é o debut do Hellbutcher!

   

Em quesitos musicais, a Suécia é um grande conglomerado de músicos famosos e emergentes. Sempre abrindo caminho para novas hordas sonoras surgirem, como é o caso do Hellbutcher. A banda é natural de Dals Långed, Västra Götaland. Caso fale sueco e entenda de geografia, saberá em qual área no mapa fica este nobre lugar. Agora, sobre a banda em si, esta segue as linhas sombrias e nefastas do Black Metal.

Decerto, o país é tradicional em revelar e projetar grandes nomes para a cena submundana da música nefasta e insana. Marduk, Dark Funeral e tantas outras grandes hordas do subgênero citado são oriundas dessa terra gélida de bandeira cruzada em dourado sobre o fundo anil. Entretanto, não podemos colocar somente a localidade como garantia de sucesso. Afinal, não é assim que funciona. Precisamos conhecer e apreciar a obra para entender e por fim, lapidar e expor a sensação após ter contato com o trabalho.

Satanismo, blasfêmia e pura maldade

Estás vibrando? Eu compreendo, pois o lado tradicional da temática toma conta dos versos dos neófitos escandinavos. Todavia, o que se tem a analisar não é simplesmente o tema, mas a observação e estudo faz parte de um todo.

Como fator de curiosidade, Hellbutcher vem do pseudônimo do líder e vocalista da banda. Porém, engana-se quem acha que os integrantes são novas figuras na área. Per Ola Arne Gustafsson, o nosso querido Hellbutcher, é uma figura tarimbada no certame underground. A lista de bandas que o mesmo integra ou já fez parte é extensa. São elas: Dead Kosmonaut, Friends of Hell, Necrocurse, Nifelheim, ex-Pagan Rites, ex-Necronaut (live), ex-Treblinka (live).

   

Além disso, ainda temos os seus parceiros de banda. Erik Martin “Devastator” Axenrot (Bloodbath, ex-Blasphemous, ex-Morgue, ex-Nephenzy Chaos Order, ex-Decay, ex-Opeth, ex-Witchery, ex-Nifelheim, ex-Triumphator, ex-Satanic Slaughter, ex-Funeral Frost, ex-Res) no comando das baquetas; Dan G “Necrophiliac” Andersson (Mordant, Total Inferno, ex-Firemass, ex-Wolfsblood) no comando da guitarra solo; Frode “Eld” Kilvik (Aeternus, Gaahls Wyrd, Gravdal, Phantom Fire, Taake [live], Kraków, ex-Malignant Eternal, ex-Viðr, ex-Torture Device) no comando do baixo; Fredrik Kristian “Iron Beast” Folkare (Dead Kosmonaut, Unleashed, ex-Firespawn, ex-Incardine, ex-Scudiero, ex-Soxity, ex-Firecracker, ex-Eclipse, ex-Necrophobic, ex-Siebenbürgen) no comando da guitarra base. Em resumo, tive a honra de assistir de perto a execução das bases por Folkare quando o Unleashed desembarcou na cidade de São Paulo em outubro de 2018 para a sua participação do Extreme Hate Festival 6ª Edição.

Metal Blade Records

Componentes do açougueiro infernal, o Hellbutcher

O debut foi lançado via Metal Blade Records no dia 31 de maio e a peça possui oito capítulos musicais, tendo dois singles com videoclipes lançados, “The Sword of Wrath” e “Inferno’s Rage”.

Sobre as gravações, a bateria gravada no Red and Black Hall, Köping, Suécia, em janeiro de 2023. Já os vocais e baixo, estes foram gravados no Metal Warriors Reh Studio, Halmstad, Suécia, em fevereiro e maio de 2023. As guitarras foram gravadas no Chrome Studios, Estocolmo, em fevereiro de 2023, e no Heavy Metal Studio, Laxarby, em 2022 e 2023.

O álbum homônimo foi mixado, produzido e masterizado no Chrome Studios, Estocolmo, em 2023. A produção, engenharia e mixagem são assinadas por três dos quatro integrantes. O próprio Hellbutcher, além dos seus compatriotas Iron Beast e Necrophiliac. Capa, layout e logo foram idealizadas e criadas por Hellbutcher, enquanto Iron Beast cuidou da masterização. E se quase toda a banda ficou responsável pela engenharia das partes de baixo, guitarra e vocal, Natalie Lorichs lapidou as partes de bateria. Fotografias tiradas por Soile Siirtola.

No açougue do inferno a carne é bem passada

Se a carne não é tão suculenta por lá, muito por conta das labaredas intensas e infinitas, as músicas possuem um sabor especial e são temperadas com bastante enxofre. Nesse emaranhado de trevas e putrefação sonora bem organizada, encontraremos a lendária espada da ira. Empunhar esse artefato mortalmente afiado provoca induz seu dono um encontro com a perdição. À sua volta só se vê uma completa destruição violenta, enquanto as hordas do deus chifrudo avançam e o cavaleiro da morte desfila por entre os corpos estirados ao solo. Solo este castigado por batalhas intensas e que atravessam eras. Quem participa acaba envolvido e possuído pelas chamas do Diabo, assim presenciando o grande poder de Satanás. Em resumo, conhecerás a verdadeira fúria do inferno. Vamos ao som!

   

Encontrando o calor do submundo

O início da jornada é marcado por um legado, um destino. A ira simboliza a luta sem fim pela vitória, com um derramamento de sangue constante e de forma gratuita. As primeiras notas isoladas de guitarra são tocadas até que se unem aos outros instrumentos em prol de uma abertura sinistra e com um belo abrir das cortinas negras desse teatro abissal. O ritmo frenético toma conta da relva e incendeia o local, assim como os invasores incendiavam os vilarejos sem prévio aviso.

O guardião dos caminhos sombrios demarca o território através de sua lâmina impiedosa e dilacera através de suas cordas e acabamentos percussivos. A veia do Black/Thrash pulsa e se alia ao Black Metal das atuais manifestações sonoras, fazendo o império do mal aplaudir de pé. Melodias gélidas são distribuídas como cortes flamejantes, enquanto os inimigos tremem e suplicam por misericórdia. Logo, eu me chamo “The Sword of Wrath”.

“Eu sou a espada da ira, sou a chama
O guardião dos caminhos sombrios
Eu sou igual aos guerreiros de antigamente
que cavalgou antes, eu sou o fogo que queima para sempre”

A perdição acontece diante dos olhos de quem vê as suas profundezas. A aceleração da matança provoca uma energia fulminante que conquista o ouvinte e amante da musicalidade afiada e nefasta. Um inferno ardente de poder incomparável entra em cena ao oferecer uma aliança entre pequenas linhas vocais densas e o tradicional rasgado e visceral.

Os solos promovem torturas lamuriantes e sangrentas a quem se espanta ao ouvir a desgraça se materializando diante deste ser. Próximo do fim, os blast beats encomendam o aviso de que a criação de deus queimará até tornar ao pó pelas chamas da condenação. O fim é o próprio desfecho causado pelas chamas, enquanto os céus são dominados pela escuridão da perdição, ou melhor, “Perdition”.

Que seja sombrio…

Uma breve introdução clara e justa quanto ao sentido da mesma pode ser conferido pela vítima. Aqui são apresentadas variações sonoras coesas e quem somam para o Metal Negro fechar o cerco e aprisionar o ouvinte antes de vir o solo gélido, veloz e cortante como uma navalha. As tempestades musicais carregam um grito de guerra. A morte do mundo está próxima e será uma destruição violenta.

   

Os solos fazem jus ao ritmo alucinante e evidenciam a qualidade dos músicos unida a insanidade musical dos mesmos. Os vocais mais esticados, com direito a risada “maléfica do mal do raio que o parta em dezoito”, provocam um rumo ainda mais incisivo ao Black Metal mais próximo da fase noventista. Entretanto, o equilíbrio se mantém e a sensação de TV fora de sintonia passa anos-luz desse lugar. Embora nessa época possua muitos discos com ótimas sintonias em se tratando de sonoridade audível, por assim dizer. Contudo, assim se faz uma bela “Violent Destruction”.

“Quando a tempestade de hades clama
O solo racha enquanto os mortos surgem”

…E devastador!

Deus possui o seu exército vindo dos céus. E lá embaixo? Existe alguma linha de defesa? Com toda a certeza que sim! Os adoradores se reúnem nesse advento sacrilégio elogiando e se curvando diante da glória do grande mestre. Os dedilhados melodiosos e misteriosos flertando com o Heavy tradicional servem de desculpa para inserir mais veneno sonoro ao cântico seguinte. Louve dessa forma:

“O irado senhor do abismo
O deus chifrudo das chamas
Quem tem o poder é eterno
Ouça os cânticos profanos de louvor”

Os riffs, dedilhados e os tremolos característicos do estilos se desdobram para estender o tapete negro ao grande deus chifrudo. Sua horda ataca sem piedade e entrega mais um solo adequado à nuance sonora. É nítida a percepção de vestígios mais claros do Heavy Metal, se aliando ao Black Metal e suas variações fortemente convidativas ao caos sonoro. Não tema o poder que Lúcifer possui, pois a sua luta será eterna em aliança e devoção às forças do mal. Louvadas sejam as Hordas do Deus Chifrudo, ou melhor dizendo, “Hordes of the Horned God”.

Hellbutcher / Official Site

O exército da escuridão e seus aliados

Já viu o Motörhead tocar Black Metal? É claro que não. O que estou querendo dizer com isso? Influências notórias, claro! Mais uma para conta de um dos maiores power trios que já existiram no planeta. O cavaleiro da morte nas sombras de um céu enluarado e você sente a presença da morte surgir logo de cara. Um som agudo e distorcido… Mais um… Acho que é o suficiente para o som esmagador incinerar os inimigos desavisados. Sujeira sagrada envolvida na trama com sucesso. Aqui podemos chamar de Black n’ Roll e não será um erro jamais.

Momentos melódicos surgem e abrem caminho para solos técnicos e destrutivos ao tímpanos mais sensíveis. O cavaleiro será visto novamente em busca das almas dos condenados e a sua alma está em jogo. Portanto, é bom se manter firme diante dessa canção de boteco de esquina do submundo. Lá estão figuras horripilantes e que sabem blefar em uma partida de truco. “Death Rider” está presente e a sua fé está selada!

   

Tomando posse

A possessão acontece em ligação com os principais instrumentos da boa “múzga”: guitarra, baixo e bateria. Aqui é encontrada a introdução mais pensada e trabalhada, se formos pensar de forma aparente. O começo apresenta um baixo marcando as bases e o tempo, enquanto a bateria mantém uma levada média e simples. Era apenas provocação. A pancadaria costumeira entra em primeiro plano logo na sequência, enquanto você é paralisado pelo mal e privado da vontade própria.

Tema-o e à sua ira. Será possuído literalmente pelo cão (isso lembra o nome de uma banda brasileira, se não me engano. Pense aí, pequeno inseto rastejante possuído pelo cão!…) e envolvido pelos solos de guitarra de abertura do abismo. O som é propagado para além dos portões da morte e a junção de voz grave com rasgada dão o toque ideal entre o rei do planisfério negativo e a representação de seus comandados. A força do refrão detém os direitos de poder profano da figura abissal maior, enquanto você é “Possessed by the Devil’s Flames”.

“Possuído – por forças de destruição
Possuído – pelas chamas do diabo
Possuído – um espectro maligno das trevas
Possuído- eu vou te levar para o inferno”

A força motriz da maior entidade bíblica

O poder queima dentro de você e de mim. Esse poder você sabe de onde vem. Sabe a origem e sabe quem é o dono de tudo. Não é deus. Decerto, é sim. Mas é o deus verdadeiro. Aquele com chifres e boas ideias para o mundo carnal. A personificação do pecado entra em campo para massacrar o adversário com riffs iniciais estridentes e vocais esganiçados para convocarem toda a tropa para o embate. Todavia, não ficamos apenas em um local de batalha. Avistamos outros e invadimos sem prévio aviso. O poder antidivino contra-ataca novamente com o intuito de recuperar aquilo que é seu por direito. Os solos mirabolantes evidenciam bem isso e colocam os fatos bem na parede à sua frente.

Os riffs atravessam gargantas e a bateria rufadora bafora como um bom rinoceronte antes de aplicar o seu golpe mais poderoso. O espírito mórbido da entidade máxima prospera enquanto outros solos são distribuídos como golpes de machado em crânios sem valor. Por fim, vale ressaltar a energia acumulada por conta dos acordes inseridos na trama a todo vapor, graças ao “Satan’s Power”. Além disso, o final apoteótico acontece como em um término de música em um show ao vivo. Em resumo, e até para chamar a atenção, aqui poderia ser o desfecho final do álbum. Afinal, colocaram um fechamento para ela desse tipo e poderia alçar a canção seguinte na frente desta.

A fúria infernal

Parecia que havia terminado, mas não. Existe muita fúria acumulada. A canção celebra a virada nessa guerra eterna entre céu e inferno.

   

“À medida que a criação do mundo desmorona
A raiva do Inferno se aproxima
Todas as forças da condenação
Agora reúna-se na esfera dos mortais”

O recado foi dado e não adianta se esconder. Aliás, a fúria infernal está em vantagem desta vez. Semelhantemente ao que o álbum apresentou até então, temos uma violência descomunal e abrangente. Os solos funcionam surpreendentemente em relação aos riffs proferidos. Portanto, a fúria é verdadeira e intensa em sua maior parte. Apesar disso, não fica em um formato retilíneo jamais, pois as mudanças mais Heavy continuam e o lado mais extremo também aparece nas horas certas.

O som termina em um formato de Black Metal bastante voltado para o que é feito atualmente, com ótimas variações e muito empenho quanto aos vocais e ao alicerce proposto e constituído. Entretanto, o dilúvio de sangue sonoro não possui um final tão incisivo quanto a faixa anterior a qual foi destacada referente a isso. Acima de tudo, vale ressaltar que “Inferno’s Rage” também é uma canção de gabarito alto e bastante digna de si.

Conclusões furiosas de um álbum visceral e de proposta bem conduzida

Hellbutcher, decerto, acaba por estrear bem no cenário concorrido do Metal. Principalmente o Metal extremo. Assim sendo, trata-se de um álbum agregador e que faz lembrar de outras excelentes bandas novas e antigas. Através do disco homônimo você consegue encontrar momentos que lembram grandes bandas do subgênero híbrido mais sólido do Metal, além do próprio Black Metal. Seja ele mais cru, seja ele mais trabalhado e recheado de solos e melodias, tanto afiadas quanto mais melódicas mesmo.

Hellbutcher, agora citando o próprio líder e vocalista da banda, mostrou a que veio e foi capaz de inserir linhas vocais de alto nível para a trama e colocando mais tempero em relação às suas linhas de voz. Necrophiliac e Iron Beast promoveram um grande esmagamento de vísceras ao comportarem ótimos riffs, intros e solos. Por fim, o baterista Devastator e o baixista Eld propuseram um grande desempenho quanto ao alicerce musical da banda e sem ficar preso em uma mesmice musical.

O Metal está mais vivo do que nunca e com o intuito de aumentar ainda mais o seu arsenal e poderio. Isso, com toda a certeza, é algo a ser observado e muito bem apreciado. Em síntese, o Black Metal segue a sua ótima fase construída ao longo dos últimos anos. A banda Hellbutcher veio para somar forças em apoio ao Metal, principalmente o Metal extremo. Nesse sentido podemos ficar tranquilos. Afinal, mesmo sem ser um disco completamente marcante, possui um equilíbrio muito forte. Contudo, vale ter o álbum em mãos para ouvir. Visto que é “BÃO”, ouça “Hellbutcher”!

   

“VIOLENT DESTRUCTION
VIOLENT DESTRUCTION
VIOLENT DESTRUCTION
The grand ending of existence is here!

Die die die die die!”

nota: 8,6

Integrantes:

  • Hellbutcher (vocal)
  • Necrophiliac (guitarra solo)
  • Devastator (bateria)
  • Iron Beast (guitarra base)
  • Eld (baixo)
  •    

Faixas:

1. The Sword of Wrath
2. Perdition
3. Violent Destruction
4. Hordes of the Horned God
5. Death’s Rider
6. Possessed by the Devil’s Flames
7. Satan’s Power
8. Inferno’s Rage

Redigido por Stephan Giuliano

   

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