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Resenha: Grave Digger – “Bone Collector” (2025)

Bons álbuns se destacam não apenas através das boas ideias neles contidas, mas também pela forma como são executadas. O Grave Digger já teve ideias excelentes no passado, mas algumas foram colocadas em prática de maneira magistral enquanto outras nem tanto.

   

A premissa para “Bone Collector” é interessante. Mas resgatar a sonoridade mais old school da discografia, em tese, significaria que a banda se propôs a fazer um mergulho profundo em discos como “Heavy Metal Breakdown” (1984), “Witch Hunter” (1985) e “War Games” (1986). Convenhamos, esta não é uma tarefa das mais fáceis, até por que estes nem são os discos de maior sucesso da banda. Pensando no desempenho do álbum, ficou mais ou menos estipulado que, caso Chris Boltendahl e seus comparsas quisessem obter sucesso neste intento, dependeriam de uma adesão generosa de seus fãs mais antigos.

Reprodução/Divulgação

O fator produção

Além disso, estes são álbuns únicos e verdadeiros produtos de suas épocas. Replicar tal essência de maneira natural e convincente, dependeria bastante de qual tipo de produção seria usada. A timbragem dos instrumentos, principalmente, não poderia de forma alguma fazer com que as músicas soassem muito modernas. O ideal seria a boa e velha gravação analógica.

E veja bem, ao falar primeiro em produção, estou obviamente partindo do princípio que o Grave Digger realmente compôs canções calcadas em seus primórdios. Caso isso não tenha ocorrido, nem a melhor das produções funcionaria. Bem, logo nas primeiras canções disponibilizadas (ainda em 2024), vimos que nem uma coisa e nem outra.

Ao escutar “Kingdom Of Skulls”, “Killing Is My Pleasure” e “The Devil’s Serenade”, percebemos que teríamos dois fatores complicadores, já que todas elas exibem produção moderna e, mesmo que as estruturas sejam de canções oitentistas, em momento nenhum o ouvinte consegue sentir que está escutando um trabalho com foco no old school.

   

Isto nem seria um demérito muito grande caso esta não fosse a premissa principal do Grave Digger no disco. Sendo assim, fica difícil analisar, pois já iniciamos com a proposta número um do álbum totalmente comprometida. A saber, os trabalhos de produção, mixagem e masterização ficaram nas mãos do líder e vocalista Chris Boltendahl.

Com um balde de água fria desses logo no começo, você deve estar se perguntando:

“Bom, dito tudo isso, eu nem preciso perder meu tempo, então?”

Calma! Os alemães são tinhosos, possuem uma carreira longeva, conhecem alguns atalhos e, inegavelmente, o Heavy Metal é a casa de Boltendahl. Nos próximos parágrafos, entenderemos para onde “Bone Collector” poderia ter nos levado e qual viagem ele realmente proporciona.

Reprodução/Facebook

Nem tudo está perdido

Direto ao ponto, o álbum não promove um retorno aos primórdios, mas ele possui algumas mudanças importantes em relação aos registros anteriores. Em “Bone Collector”, o Grave Digger deixa de lado a veia mais Power Metal, investe em peso e busca soar revigorado na tentativa de iniciar uma nova era. Nesta audição, nós não ouviremos refrãos entoados na forma de coros épicos e tampouco seremos convidados a acompanhar alguma saga medieval fantástica. Mas mesmo assim, o mais próximo que este trabalho chegará dos clássicos gravados nos anos 80 é no que diz respeito ao teor das letras. Talvez, na condução rítmica de uma ou outra faixa isso também ocorra, mas não espere mais do que isso ou poderá comprometer sua experiência.

Partindo para a análise musical, precisamos ser justos, não dá pra dizer que faixas como “Bone Collector”, “Kingdom Of Skulls”, “Mirror Of Hate”, “Graveyard Kings” ou “Whispers Of The Damned” são ruins. Elas não são, aliás, muito longe disso, são excelentes composições.

   

Mas elas nos levam para um caminho mais simplório no sentido de construção criativa. E se você pensar que este fator pode corroborar a visão equivocada de que o disco é uma viagem old school aos primeiros dias da banda, tenha em mente que estas novas composições chegam muito mais próximas do que foi apresentado em “Healed By Metal” (2017), do que em “Heavy Metal Breakdown”, com certeza.

Contudo, estamos falando de músicos muito bons, ou seja, é natural que tenhamos grandes momentos. Inclusive, “Bonne Collector” apresenta uma estreia importante, o guitarrista Tobias Kersting assumiu a vaga do polêmico Axel Ritt e, se tivermos que fazer um grande destaque individual, certamente, será para os ótimos solos de Tobias.

Reprodução/Facebook

Busca por um novo direcionamento

Seria injusto de minha parte não mencionar que é absolutamente elogiável ver uma banda tão veterana e com tantos momentos brilhantes na carreira, ainda buscar por novos direcionamentos. Podemos criticar a forma como estas ideias foram colocadas em prática e crer que “Bone Collector” poderia ter sido mais do que realmente é. E sou um dos que creem piamente nisto. Por outro lado, não consigo deixar de ver com bons olhos esta nova atitude do Grave Digger.

Próximos de completar 45 anos de estrada, talvez fosse muito mais confortável para Chris Boltendahl e sua trupe criar alguma forma de revisitar um grande épico de sucesso. Provavelmente iriam falhar como já vimos em tentativas passadas, mas iriam atender a demanda de sua base de fãs mais xiita. Ao invés disso, em pleno 2025, temos uma banda que tenta se renovar e dar início a um novo momento. Esperamos que no próximo disco, as ideias sejam trabalhadas de uma forma mais assertiva e tenhamos, enfim, uma obra que mereça realmente ser reverenciada.

“Bone Collector” não cumpre a missão de levar o Grave Digger de volta ao Heavy Metal do início de sua carreira. Ele não soa como nenhum dos três primeiros discos e não captura aquele tipo de essência. E está tudo bem.

   

Ao invés disso, o vigésimo segundo disco de estúdio dos alemães leva a banda para um direcionamento mais pesado, mais direto e menos pomposo. Se esta visão musical irá emplacar e gerar curiosidade nos fãs, somente o tempo poderá dizer, mas para este fã de longa data que vos escreve, estamos diante apenas de um bom disco. Nada excepcional, nada que desabone em relação aos trabalhos anteriores e, é claro, nada que possa soar desastroso. Passa de ano, e só.

Nota: 7

Integrantes:

Chris Boltendahl (vocal)
Jens Becker (baixo)
Tobias Kersting (guitarra)
Marcus Kniep (bateria)

Faixas:

  1. Bone Collector
  2. The Rich The Poor The Dying
  3. Kingdom Of Skulls
  4.    
  5. The Devil’s Serenade
  6. Killing Is My Pleasure
  7. Mirror Of Hate
  8. Riders Of Doom
  9. Made Of Madness
  10.    
  11. Graveyard Kings
  12. Forever Evil & Buried Alive
  13. Whispers Of The Damned
   

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