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Resenha: Delain – “Dark Waters” (2023)

Napalm Records

   

O ano de 2023 começou muito bem para os holandeses do Delain, banda de Symphonic Metal que acaba de editar um novo álbum de inéditas.

Delain / Divulgação / Facebook

Intitulado “Dark Waters” e lançado oficialmente no dia 10 de fevereiro através da Napalm Records, o sucessor de “Apocalypse & Chill”, sexto registro do quinteto, chega após um intervalo de três anos. O disco apresenta os novos contratados, o baixista Ludovico Cioffi e a vocalista Diana Leah, substituta de Charlotte Wessels, que deixou a banda após 17 anos e seis discos oficiais gravados.

Charlotte Wessels / Reprodução

Contendo 11 faixas inéditas divididas em pouco mais de 50 minutos de duração, o novo álbum apresenta a sonoridade característica do quinteto calcada no Symphonic Metal, flertando em alguns momentos com a sonoridade mais comercial de grupos como Evanescence e Within Temptation, por exemplo.

Formado em 2002 pelo tecladista Martijn Westerholt (ex-Within Temptation), a banda conta atualmente com Ronald Landa (guitarras, backing vocals), Sander Zoer (bateria), além dos já citados Ludovico Cioffi (baixo, backing vocals) e Diana Leah (vocais).

   
Delain / Divulgação / Facebook

Antes de adentrar na sonoridade de “Dark Waters”, é importante observar dois pontos interessantes.

  • Primeiro: temos aqui banda e disco voltados ao Symphonic Metal. Ou seja; a fórmula usada por grupos como Nightwish (atual), Xandria, Within Temptation, Sirenia, Edenbridge, Beyond The Black, Ad Infinitum, Mortemia, Follow The Cipher, Temperance, Smackbound, Visions Of Atlantis, etc, é a mesma usada pelos holandeses.
  • Segundo: se o termo “Symphonic Metal” lhe causa repulsa e nenhuma das bandas acima chama a atenção, então recomendo que não prossiga a leitura e/ou a audição.

Dito isto, é hora de conferir o novo passo do Delain e a primeira prova de fogo de Diana Leah. O disco abre com “Hideaway Paradise”, faixa que apresenta elementos de Gothic Metal, lembrando a sonoridade de “Lucidity”, álbum de estreia do quinteto editado em 2006.

   
Delain/Reprodução

De cara, fica claro que a banda acertou em cheio na escolha de sua frontwoman, já que seus vocais suaves aliados ao instrumental fazem desta uma excelente faixa de abertura. “The Quest And The Curse”, single que antecedeu o disco, dá sequência ao clima “gótico”, cabendo ao guitarrista Ronald Landa e ao baixista Ludovico Cioffi a responsabilidade dos vocais agressivos, lembrando o que fazem os noruegueses do Sirenia

O disco segue com “Beneath”, mais um single (o segundo) e mais um momento interessante no qual Diana encarna Sharon den Adel do Within Temptation, principalmente nas partes agudas. A faixa traz a participação especial do vocalista Paolo Ribaldini (Skiltron, Seraphiel), dividindo os vocais.

Com seus teclados modernos e vozes que lembram Liv Kristine (ex-Leaves Eyes, ex-Theater Of Tragedy), “Mirror Of Night” segue o curso do rio com suas melodias simples, porém cativantes.

O breve início de “Tainted Hearts” nos remete a “Across The Sea” doLeave’s Eyes, visto que ambas trazem em sua entrada uma atmosfera Viking/Folk/Epic, representada através de sons de tambores que logo se misturam as partes orquestradas em mais um momento Gothic.

Delain / Reprodução / Facebook

O momento épico medieval de “The Cold” é sem dúvidas um dos pontos altos do disco. Cheia de coros e orquestrações, a música segue aquela linha mezzo Gothic, mezzo trilha sonora, levando o ouvinte ao mundo do cinema, em especial aos filmes cuja temática giram em torno das fábulas medievais.

   

É provável que o quinteto tenha buscado referências em “Once“, álbum dos finlandeses do Nightwish, em especial nas faixas “Planet Hell”, “Creek Mary’s Blood” e “Ghosts Love Score”.

Nightwish/Reprodução

Em resumo: que música espetacular.

“Moth To A Flame” é mais uma canção que virou single. Trazendo em suas linhas de teclados algumas referências aos suecos do Amaranthe, temos aqui uma daquelas músicas com um certo apelo comercial, onde a sutileza nos vocais de Diana faz com que o ouvinte esqueça tratar-se de uma banda de Symphonic Metal.

É dada a passagem para “Queen Of Shadows”, faixa single que, assim como sua antecessora, traz uma linha mais comercial misturando a sonoridade do Gothic com o Rock. o resultado é deveras interessante.

Particularmente, vejo aqui o ponto alto do disco, proporcionado principalmente pelo refrão que insiste em grudar no cérebro logo na primeira audição. Mais uma vez, a participação de Paolo Ribaldini merece destaque, caindo feito luva numa das melhores músicas do álbum.

   

Em sua reta final, “Invictus” é mais uma composição que traz convidados. Desta feita, a presença de Marko Hietala, ex-baixista do Nightwish, dividindo as vozes com Paolo Ribaldini, em mais um momento voltado ao Gothic Metal.

Hietala / Reprodução / Facebook

Talvez a presença de Hietala tenha contribuído para que esta seja a música com o instrumental mais pesado de todo o disco, destacando também as partes orquestradas, os backing vocals e os coros.

“Underland” poderia facilmente estar em qualquer lançamento do Epica, já que as orquestrações e os coros parecem ter saído de algum disco composto por Mark Jansen (Epica). Com uma sonoridade fundida entre o Symphonic e o Power Metal, a música também passeia pela musicalidade de grupos como Sirenia e Mortemia. As comparações ao Epica esbarram nos vocais, já que Simone e Diana possuem vozes e tons completamente diferentes.

Diana / Reprodução / Facebook

Enquanto uma se entrega ao lírico, a outra faz uso de falsetes e agudos. O disco encerra com uma versão voz & piano para “The Curse And The Quest”, onde Diana mostra o por quê foi escolhida para ser a nova voz do Delain.

É verdade que com o passar do tempo, o gênero Symphonic Metal tornou-se chato, previsível e saturado. Porém, também é verdade que algumas bandas souberam dosar sua música e ao invés de tentarem ser mais um clone do clone do Nightwish, resolveram criar sua própria identidade.

   

Um ponto chato nos grupos do referido estilo está principalmente nos vocais, onde algumas cantoras, na tentativa de soarem líricas ou clones de Tarja Turunen (ex-Nightwish), mais pareciam um pernilongo com insônia se contorcendo com prisão de ventre ou algum violino desafinado, causando dores e danos irreparáveis aos nossos ouvidos.

Felizmente este não é o caso do Delain. A banda acertou o alvo ao escolher Diana como a nova voz, já que a mesma possui um timbre agradável, suave e, graças a Deus. ela não tenta buscar aquelas notas líricas inatingíveis. A propósito, sua missão como nova vocalista foi concluída com sucesso, já que em nenhum momento há uma preocupação em soar igual a Charlote Wessels.

O mesmo pode ser dito sobre a performance de Ludovico Cioffi (baixista), responsável por fazer com maestria a lição de casa, cumprindo muito bem seu papel. Diferente do trabalho anterior, o novo disco passeia por uma sonoridade mais pesada causando a nitida impressão de que uma volta às raízes aconteceu no novo trabalho.

Delain / Divulgação / Facebook

É provável que a troca de integrantes e também as participações especiais tenham uma certa responsabilidade no resultado final de “Dark Waters”, um disco honesto, muito bem produzido, de sonoridade agradável e alegre em seus “cinquenta e poucos” minutos de duração.

Nas palavars do tecladista e líder do grupo Martijn Westerholt :

   

“O futuro do delain parece brilhante”.

Que a nova formação mantenha-se estabilizada e que os próximos trabalhos, assim como este, surpreendam.

Delain / Divulgação / Facebook

Nota: 8,0

Integrantes:

  • Martijn Westerholt (teclados)
   
  • Diana Leah (vocal)
  • Ronald Landa (guitarra, backing vocal)
  • Ludovico Cioffi (baixo, backing vocal)
  •    
  • Sander Zoer (bateria)

Faixas:

   
  • 1.Hideaway Paradise
  • 2.The Quest And The Curse
  • 3.Beneath
  • 4.Mirror Of Night
  • 5.Tainted Hearts
  •    
  • 6.The Cold
  • 7.Moth To A Flame
  • 8.Queen Of Shadow
  • 9.Invictus
  • 10.Underland
  •    

Redigido por: Geovani “Latin Lover” Vieira

   

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