Pela forma que o ano passado terminou, se eu precisasse apostar em quais estilos iniciariam 2025 em alta, certamente, diria algo relacionado ao Metal extremo. Death Metal foi muito prolífico durante todo 2024, Black Metal terminou muito bem a temporada, assim como o Thrash mesmo sem os lançamentos dos medalhões conseguiu cumprir seu papel com louvor.
Heavy Metal surpreendente neste início de ano!
No entanto, o Heavy Metal é quem chega com força demonstrando que a New Wave Of Traditional Heavy Metal não se trata de um movimento passageiro. Ao contrário disso, a cada dia, mais e mais novas bandas tem surgido e apresentado álbuns realmente proveitosos e agradáveis aos ouvidos mais exigentes.
Por exemplo, o Crimson Storm, banda fundada na Itália em 2009, mas atualmente com base de operações estabelecida em Barcelona (Espanha), até o momento só tinha lançado um EP em 2014 (“Motor City Maniac”). O quarteto chega finalmente ao seu primeiro disco completo e, assim como previsto, apresenta uma proposta bastante simples: tocar Heavy tradicional simples e direto mesclando também faixas direcionadas ao Speed Metal.

Basicamente, é isso que “Livin’ On The Bad Side” apresenta ao ouvinte em suas 9 faixas que rendem pouco mais de 33 minutos de pura nostalgia oitentista. E é preciso destacar que o quarteto formado por Lögan Heads (guitarra), Aless Oppossed (baixo), Pau Correas (vocal) e Pol Esteban Sánchez (bateria), demonstra muita habilidade ao executar tal intento de forma natural e, inegavelmente, convincente.
Adentre o DeLorean com o Crimson Storm
Ao dar play, a introdução “Night Of The Tyrant” soa como uma viagem no tempo e prepara o caminho para a empolgante “Raging Eyes Of Tyrant”. Apesar do riff inicial muito bom e do refrão grudento, a primeira característica que realmente chama atenção são os timbres do vocalista Pau Correas. É como se Bruce Dickinson estivesse mais jovem e cantando Speed Metal. “Outrageous” inicia com urgência ao som de sirenes e ainda segue nessa linha mais Speed. No Crimson Storm, riffs marcantes são serventia da casa e, se pensarmos que a próxima do track é “Abuse Of Power”, ou seja, outra composição insana e que pisa fundo no acelerador, temos uma trinca realmente devastadora abrindo o álbum.
“Nightmare Deceiver” tem cara de hino Heavy daqueles que seriam cantados por uma multidão em um estádio lotado. Cadenciada, pegajosa e com backing vocals bem utilizados, esta é uma canção daquelas perdidas no tempo. Ao ouvi-la por duas ou três vezes, você começa a imaginar coisas do tipo, “como seria se esta música tivesse sido lançada em 1985”. Eu apostaria minhas economias que hoje seria um clássico.
Mas abandonando os devaneios, ou melhor, sendo retirado deles por conta da próxima canção, “Speed Hammerin’ Metal”, somos atingidos por um míssil que chega em alta velocidade com elevado poder de destruição. Os riffs e solos do membro fundador Lögan Heads são realmente impressionantes e, nesta composição em específico, temos uma quantidade generosa deles. Talvez esta seja a música mais insana do registro e, sabiamente, está posicionada no tracklist entre duas outras com características mais cadenciadas.
Promissores e insaciáveis
Dessa forma, chegamos a “Harakiri Rendez Vous”, e ela é não menos do que brilhante. Após os dedilhados no começo, a composição cresce e aparece, apresentando um andamento contagiante, assim como um refrão para cantar junto. O álbum ainda finaliza de forma impecável com as eletrizantes “Headfükker” (mais um ode a velocidade), e a surpresa “Seven Days Of Mayhem” (cantada em espanhol). Esta última, capaz de converter todos aqueles que acreditam piamente que o Heavy Metal precisa, quase por obrigação, ser cantado em inglês. Não precisa e, nesse sentido, pode ser tão excepcional quanto. A prova está aqui.

Pics by @mdmz32
“Livin’ On The Bad Side” foi produzido por Jaume Perna, assim como mixado/masterizado por Javi Félez. A dupla conseguiu um resultado bastante satisfatório ao encontrar a timbragem certa dos instrumentos, utilizar uma produção adequadamente analógica e, principalmente, manter intacta esta aura old school tão importante em um trabalho como este.
A arte de capa é Stanislav Atanasov e mostra um motoqueiro, provavelmente, um marginal, sendo completamente dominado e desarmado por pernas femininas imponentes. Mais anos 80 do que isso impossível. Caso sua dose de Metal da velha escola não estiver saciada ao final desta audição, é bom saber que o guitarrista Lögan Heads assim como o baixista Aless Oppossed ainda nos apresentarão mais um álbum este ano. A dupla do Crimson Storm também faz parte do Löanshark, que lançará seu disco de estreia, “No Sins To Confess”, no próximo dia 14 de fevereiro. Fique atento!
Nota: 8,7
Integrantes:
Lögan Heads (guitarra e backing vocals)
Aless Oppossed (baixo)
Pau Correas (vocal)
Pol Esteban Sánchez (bateria)
Faixas:
- Night Of The Tyrant
- Ragin’ Eyes Of Darkness
- Outrageous
- Abuse Of Power
- Nightmare Deceiver
- Speed Hammerin’ Metal
- Harakiri Rendez-vous
- Headfükker
- Seven Days Of Mayhem