Em entrevista ao site The Metal Voice, o vocalista Todd La Torre conta que após mais de uma década de Queensrÿche, finalmente, foi aceito como vocalista do grupo. La Torre se juntou a banda em 2012, após a saída de Geoff Tate, o cantor original.
Conforme transcrito pelo blabbermouth, Todd explica:
“Olha, toda vez que há uma mudança de vocalista em uma banda, especialmente em uma banda onde o vocalista era uma grande parte daquele som, vai ter gente que, de cara, vai ficar muito cética.
Eles não vão gostar. Isso incomoda os sentimentos deles porque eles têm todas essas memórias com aquela banda, com aquele vocalista, com aquelas músicas e aquela voz.
E eu entendo completamente. E sim, há momentos em que tocamos shows e algum cara está com os braços cruzados, tipo, ‘me impressiona, cara’, com uma atitude meio ruim. E eu vou olhar para ele e dizer, ‘sorria, cara. Estamos nos divertindo’. E eles nem sequer sorriem de volta para mim. E então, algumas músicas depois, eu estendo a mão para dar um soquinho e eles vão fazer isso, nove em cada dez vezes eles vão fazer isso. E eles percebem, e talvez pensem, ‘ei, esse cara é legal’. A guarda deles está um pouco mais baixa e eles estão um pouco mais receptivos a apenas ouvir o
vocal por seus próprios méritos.”
Quantos exemplos não podemos citar de grandes bandas que trocaram de vocalista e precisaram lidar com a hostilidade dos fãs? Não deveria ser algo tão difícil de lidar, afinal, a banda vai trilhar um caminho novo com a nova voz e provavelmente teremos outro tipo de material do vocalista antigo em outra banda.
Porém os fãs mais radicais acabam ignorando essas possibilidades e colocando toda sua toxicidade para fora. La Torre então faz uma provocação:
“Digamos que eu coloque uma gravação da voz do vocalista original tocando no sistema de som e eu estivesse fingindo a voz dele. As pessoas ainda diriam, ‘ugh, ele é horrível’. É tipo, você está literalmente ouvindo o cara original. Eu adoraria fazer isso como uma pegadinha um dia, mas não faria. E então, depois de um tempo, as pessoas pensariam, ‘tudo bem. Isso foi muito bom’.
Eu nunca vou ser o cara original, e tudo bem. Eu disse isso a Geoff quando o vi na Espanha em 2017. Conversamos e eu disse a ele o que disse. Eu disse, ‘Sim, eu posso alcançar as notas agudas, mas você é o cara original. Você gravou alguns dos melhores discos de todos os tempos. Eu não me importo se você nunca mais cantar uma nota aguda. Você não tem nada a provar no que me diz respeito’. Mas são todos os outros que tentam comparar e colocar as pessoas umas contra as outras. E ele disse que eu soava incrível. Então, para as pessoas que querem dizer que não, o seu ídolo está dizendo que eu canto muito bem. E no final do dia, cara, eu sei quando canto bem e sei quando tenho uma noite ruim.
Isso nos faz refletir em como muitas vezes o público muitas vezes parece preferir um vocalista antigo em ‘piores condições’ ao invés de um novo, entrosado e com lenha pra queimar. Ter uma banda amada em uma situação deteriorada por puro saudosismo. Muitas vezes, tem gente que diz, ‘ei, eu te devo um pedido de desculpas’. Eu nem sei quem são. Mas me dizem, ‘eu disse algumas coisas horríveis sobre você. E eu não queria gostar de você, mas você me conquistou e agora sou fã’. Demais isso. E essas pessoas vão te defender 10 vezes mais porque elas estavam, tipo, ‘oh, eu também não gostava dele, mas você tem que ouvir isso’ ou ‘você não ouviu o que ele fez naquela música’, ou o que seja. E sejamos honestos, tocamos tudo na afinação padrão. Algumas pessoas dizem, ‘oh, ele não consegue alcançar aquelas notas’. Sim, eu consigo. Eu faço isso toda noite.”
Assim, o atual frontman do Queensrÿche mostra que deu a volta por cima e que conseguiu encantar até mesmo o duro coração de seus haters. Tudo isso enquanto performa os sons clássicos da banda em afinação original, no alto de seus 50 anos de idade.
Definitivamente, algo para se orgulhar e também mostrar porque o Queensrÿche ainda é relevante nos dias atuais.
