Os amigos Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister se conheciam desde o final década de 70 e, suas aventuras juntos, evidentemente, eram sempre regadas à muita bebida e drogas. Em 2010, durante uma entrevista à Metal Hammer, Lemmy relembrou de muitos momentos insanos ao lado do amigo. Primeiramente, Lemmy contou que não gostou do reality show The Osbournes porque o programa não fez bem para Ozzy.
“Eu odeio reality shows. Se você quer ‘realidade’, então entre em um bar em Phoenix e diga “o Papa chupa o pau de Jesus no inferno!” e você terá toda a realidade que precisa.”
Ele acrescentou:
“Aquele programa não foi bom para ele, e não é um programa que vai envelhecer bem porque acho que as pessoas vão ficar mais limpas e correr mais. Acho que alguns vão do programa de TV para a música dele, talvez não soubessem quem ele era, então perguntarão ao pai ou ao irmão mais velho. Se estivessem interessados no personagem, iriam descobrir, mas o personagem não era completamente Ozzy, era apenas Ozzy, o palhaço.”
Em seguida, Lemmy relembrou a turnê de 1981, quando o Motörhead abriu para Ozzy na turnê Blizzard Of Ozz, era a primeira turnê solo de Ozzy pelos EUA, e também sua primeira turnê pelos Estados Unidos desde sua expulsão do Black Sabbath em 1979.
Lemmy contou que Ozzy estava sendo “linxado” pela imprensa por estar sempre embriagado algo que os integrantes do Motörhead teriam recebido mais como um desafio do que um aviso, em especial porque também era a primeira turnê do Motörhead pelos EUA. Até ali, eles ainda não tinham saído juntos realmente, apesar de se conhecerem dos dos pubs insalubres de Londres. Ele relembrou que Ozzy estava sempre muito louco e bêbado e, Sharon é quem o salvou, literalmente.
“Nós todos ficávamos no banheiro brevemente, fazendo o que fazíamos. Ele estava sempre no banheiro, como todos nós!”
“Nós nem tínhamos luvas! Bem, eu acho que Phil Taylor tinha uma, mas era uma luva de boxe! Ozzy estava bêbado o tempo todo, só bagunçado! Eles tinham um tecladista e ele não era muito bonito, então eles o esconderam atrás do sistema de som. Eles costumavam tirar sarro dele de uma forma horrível e uma noite Ozzy entrou no bar e irritou esse tecladista e simplesmente disse ‘ei, está chovendo!’
Esse é o tipo de estado em que ele estava naquela época. Quer dizer, essa foi a turnê em que Sharon salvou a vida dele. Você nunca sabe como as coisas vão acabar de qualquer maneira, mas dado o estado em que ele estava, eu teria dado a ele dois anos, no máximo! Especialmente se ele estivesse sozinho quando Randy morreu. Acho que isso teria acabado com ele. Mas então Sharon literalmente o resgatou. Nunca vi nada parecido. Um dia ele estava fodido e no dia seguinte ele estava bem, sabe?”
Um outro detalhe era que ozzy era uma espécie de “medidor” para os outros caras, você poderia ficar louco o quanto fosse, contanto que não estivesse tão mergulhado na merda quanto Ozzy.
“Eu nunca me senti assim porque eu também era um medidor do meu próprio jeito. Mas todos nós estávamos fazendo isso. Todo mundo estava, não era isolado. Todo mundo estava destruído! A equipe estava destruída, o promotor estava destruído, o público estava destruído! Era como uma bola de demolição! Se coubesse na sua mão, coloque na sua boca e veja o que acontece, certo? ‘O que foi isso? Cetamina!? Oh, merda!’ Algumas das melhores músicas vieram daquele período da equipe de demolição. Todos aqueles grandes álbuns foram escritos completamente devastados por drogas, goste ou não. É muito bom dizer que elas são realmente ruins para você, mas isso não contribuiu nem um pouco para muita criatividade! Mas a coisa com Ozzy era que ele começou aquela turnê como um homem destruído e terminou com um melhor, sabe? E eu pude vê-lo com Randy Rhoads todas as noites, o que foi uma delícia.”
Eles se tornaram amigos amigos e parceiros de negócios desde então; Lemmy até escreveu algumas músicas para Ozzy.
“Sim, eu escrevi algumas para ele. Eu escrevi quatro em ‘No More Tears’ e duas em ‘Ozzmosis’. Eu escrevi ‘Mama I’m Coming Home’, ‘Desire’, ‘I Don’t Wanna Change The World’ e ‘Hellraiser’. O mais engraçado é que um sujeito estava entrevistando Ozzy e eu estava sentado a cerca de dois metros de distância. O jornalista diz: ‘Em Mama I’m Coming Home’, finalmente chegamos ao âmago de todo o seu ser.’ E Ozzy simplesmente diz: ‘Lemmy escreveu!’ Eu as escrevi especificamente para ele. Ele estava na minha casa e passa metade do tempo se levantando e andando por aí, então você tem que segui-lo e ouvir, mas ele costumava me enviar demos dele apenas fazendo um barulho onde ele queria as palavras. Era um processo muito simples e é uma das melhores maneiras de fazer isso: você pode sentar com alguém por horas e horas e você basicamente só fará a mesma coisa porque ele sabe onde quer as letras.”
Questionado se os royalties das canções era bons, Lemmy disse:
“Ah, não, eu fiz isso por uma taxa fixa. [risos] Estamos falando de Sharon! Mas Ozzy é um desses caras, ele não é alto e bonito e ele se arrasta um pouco no palco, mas quando ele está no palco você não assiste a mais ninguém porque ele tem carisma escorrendo dele como cravos! Carisma incrível. É o que o manteve em movimento todos esses anos. Quero dizer, ele tem feito o mesmo ato por anos, mas não importa porque você não está contando as músicas que ele fez da última turnê, você está dizendo ‘uau! Esse cara soa muito bem!’”
Por fim, Lemmy falou sobre como ele acredita que Ozzy Osbourne será lembrado:
“Eu acho que ele será lembrado como um astro do rock monstro, porque é isso que ele é. Você não pode calcular a influência que Black Sabbath e Ozzy tiveram no rock n roll. É enorme! E bom para ele!”
