PUBLICIDADE

Nasty Savage: a banda que praticamente criou a cena Death Metal de Tampa e não decolou

Pode parecer um roteiro de ficção científica, mas a realidade é que o Nasty Savage foi a banda que praticamente pavimentou todo o caminho para a cena Death Metal de Tampa, na Florida. E é mais surreal ainda pelo motivo deles próprios não terem conseguido se beneficiar muito com todo este movimento.

   

É uma unanimidade entre quase todos os veteranos das bandas lendárias que fizeram o Death Metal explodir, que sem o Nasty Savage, eles não teriam conseguido chegar lá. Algumas destas bandas são nomes absolutamente relevantes como Death, Deicide e Obituary. Em alguns casos, a figura de “Nasty” Ronnie Galletti serviu inclusive para inspirar que os jovens garotos na época montassem suas próprias bandas.

Galletti foi um desbravador imparável que investiu praticamente todas as suas energias para fomentar a cena em Tampa. Ele, notoriamente, foi um conselheiro gratuito que distribuía dicas valiosas para as futuras lendas do Death Metal. Além disso, o vocalista trabalhava em jornais, zines, distribuição de fitas demo e na exaustiva campanha de encorajamento dos jovens locais.

Nasty Savage – Reprodução

Nasty Savage e a cena Death Metal na Florida

O Nasty Savage foi fundada em 1983, dessa forma, em plena exposição da NWOBHM no Reino Unido e no epicentro da criação do Thrash Metal nos Estados Unidos. Dois anos depois, já conseguiram um contrato com a Metal Blade Records para gravar seu álbum de estreia. Através da sua imparável divulgação, colocaram a região de Tampa sob olhares atentos das gravadoras.

Toda a sagacidade dos membros do Nasty Savage serviu para que as primeiras bandas clássicas da cena de Tampa surgissem. O Nasty não conseguiu nem de longe se equiparar ao sucesso e a importância de seus próprios pupilos. Mas, inegavelmente, é respeitado e mencionado como um dos fatores preponderantes para que tudo isso tenha acontecido.

   

Neste ano, o Nasty Savage resolveu lançar um novo álbum de estúdio chamado “Jeopardy Room”. O disco não conta com os dois membros fundadores David Austin (guitarra) e Ben Meyer (guitarra), mas traz a produção clássica de Jim Morris e permanece fiel as suas origens do Thrash Metal.

Caos no palco do Nasty Savage, cortesia do vocalista “Nasty” Ronnie Galletti – Reprodução

Em uma nova entrevista concedida a David E. Gehlke, do Blabbermouth, “Nasty” Ronnie Galletti não demonstrou nenhum traço de amargura ou inveja por não ter alcançado o sucesso. Diga-se de passagem, ele fala com prazer sobre tudo o que ajudou a conquistar.

Quando questionado sobre o assunto, ele disse o seguinte:

“Você não pode mudar isso. Nós éramos jovens e idiotas e fizemos muitas coisas estúpidas. Nós criamos aquela primeira onda de Metal que esses jovens (quase crianças) que estavam nos assistindo diziam, ‘oh, inferno. Vou pegar uma guitarra, algumas baquetas e vou criar uma banda’. O impacto que tivemos sobre eles os ajudou a criar outro nível de música extrema. Eu estava na New Wave Of British Heavy Metal com o Holocaust e Angel Witch. Então Venom saiu e foi como, ‘você pode fazer qualquer coisa! Não há regras.’ Então você teve Possessed. Esse foi o estágio do Death e do Metal extremo. Então apareceram Deicide, Obituary, Atheist e Morbid Angel. Todas essas bandas provavelmente foram inspiradas por nós porque nos viram tocar. Fiquei muito orgulhoso de que eles pegaram essa bandeira e a levaram a outro nível de sucesso ainda maior, eles tiveram decisões de negócios mais inteligentes que nós. De repente, Tampa Bay era a capital do Death Metal. Pessoas vinham de todos os lugares para gravar no Morrisound.

Se ajudássemos a criar isso, seria algo de que me orgulharia. Essa foi a segunda onda. Agora, gostaria de encontrar essa terceira onda. Quero deixar esse legado e fazer um álbum de compilação e promover a próxima terceira onda. Estou orgulhoso disso. As pessoas dizem: ‘oh, você é uma lenda’. Isso vai me pagar um café ou uma bebida no bar? (Risos). É legal que as pessoas se lembrem e respeitem isso. Tudo o que você pode fazer na vida é deixar um legado para trás ou dar valor aos outros para colocar algo de valor em algo que você criou ou talvez queimar algumas imagens no cérebro das pessoas. Seja o que for, é emocionante porque é tão eufórico fazer isso de novo depois de tanto tempo. E estamos fazendo isso com todos os caras e energias novas. A vida é uma jornada, cara. Você tem que aproveitar ao máximo. Estou no quarto trimestre da vida. Tenho 62 anos e estou mantendo isso de forma verdadeira. Estou comemorando 40 anos de carreira e ainda curtindo muito. Obrigado, Deus. Obrigado por isso.”

Galletti revelou que Glen Benton, em determinado momento, tentou ser o baixista do Nasty Savage:

“Glen Benton tentou entrar para o Nasty Savage para ser nosso baixista. Precisávamos de um novo baixista para ‘Abstract Reality’. Eu nunca fui aos ensaios porque deixei os caras que iriam tocar descobrirem se seria bom. Eu não me importava com a aparência deles. Se David Austin dissesse: ‘este é o cara’. Então era o cara. Eu tinha outras coisas para fazer.

Estava em uma festa que fizemos para Curtis anos atrás, ele faleceu recentemente, que sua alma descanse. Estamos fazendo um evento beneficente para Curtis por seu tumor cerebral e Glen veio até mim: ‘ei, filho da puta. Estou puto com você’. Eu disse: ‘por quê?’. E ele me disse: ‘você não me deixou entrar na sua banda e eu tentei ser o baixista’. Eu respondi: ‘você tentou entrar para o Nasty Savage?’, e acrescentei: ‘Glen, isso teria mudado o curso do Heavy Metal. Você podia não ter queimado uma cruz de cabeça para baixo na sua testa’.”

Galletti foi questionado se ele acredita que isso teria funcionado, se ele consegue imaginar Glen Benton tocando na sua banda:

   

“Provavelmente nunca teria funcionado! Veja o que ele fez. Estou orgulhoso de todos que fizeram esse tipo de sucesso. É disso que me orgulho. Os fanzines, o marketing das demos. Ajudei a criar uma cena. Eu pegava outras bandas como os caras do Siren e dizia para eles enviarem suas coisas para todos esses lugares porque eu queria que nossa cena crescesse. Não era sobre mim. Eu não era inteligente o suficiente para perceber que se eu ajudasse a criar a cena, isso nos ajudaria ao mesmo tempo e nós teríamos reconhecimento. Era uma visão que eu tinha. As coisas no palco… Eu assustava as pessoas. Eu me assustava. Eu ainda estou quebrando TVs por aí. Eu ainda estou ficando ensanguentado. Eu estou balançando correntes.

Galetti fazendo o que sabe de melhor no palco… – Reprodução

Agora, eu incorporei flores, como flores de sacrifício, como aquelas do necrotério. Eu as uso como gestos simbólicos. É muito legal porque você se concentra no que faz conforme envelhece, como se relacionar com um audiência e levá-los para uma montanha-russa emocional. Não há nada como quando eu tenho a TV nas mãos antes de quebrá-la. É como um toureiro. Você sabe o que acontece no final com o touro. O matador mexe com o touro e faz um show em homenagem ao touro e ao sacrifício. É uma coisa simbólica que acontece. É histórico. Quando eu finalmente chego a esse ponto com a TV e estou segurando-a no ar e olhando para ela, posso ver minha visão na TV acima da minha cabeça e posso ver a visão da multidão ao lado e os tambores e o caos, eu sei que está prestes a acontecer. É quase eufórico. É a melhor coisa a fazer.”

   

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.

Veja também

PUBLICIDADE

Redes Sociais

36,158FãsCurtir
8,676SeguidoresSeguir
197SeguidoresSeguir
261SeguidoresSeguir
1,950InscritosInscrever

Últimas Publicações

- PUBLICIDADE -