Murillo Leite, vocalista e guitarrista da veterana banda paulistana de Death Metal, Genocidio, cedeu entrevista ao redator do Mundo Metal, Cristiano Ruiz, falando sobre o lançamento de seu mais recente full lenght, “Fort Conviction”, o qual saiu no dia 5/4/2024, pela Urubuz Records. Além disso, respondeu questões sobre a história da banda desde que ela nasceu, em 1986. A fim de saber mais, confira o nosso bate-papo abaixo.
Atualmente, o line-up do quarteto conta com os seguintes membros: Wanderley Perna (baixo), Murillo Leite (voz e guitarra), Wellington Simões (guitarra) e Levi Tavares (bateria)
Questões:
Mundo Metal: após sete anos, Genocidio, enfim, lançou seu novo full lenght, “Fort Conviction”. Ainda que saibamos que nesse período houve uma pandemia, teve algo mais que causou essa demora em sair o disco novo?
Genocidio (Murillo Leite):
“Na verdade, havíamos acabado de fazer quatro shows de uma tour chamada ‘Till 96’, em dezembro de 2019 e estávamos com agenda aberta para continuar em 2020, porém em março um vírus apareceu e mudou nossos planos (risos). O Wellington Simões (guitarrista) e eu tínhamos diversos riffs e resolvemos então começar a compor à distância.”
“Fomos montando os sons sem pressa, desenvolvendo as ideias até meados de 2022 quando o Levi Tavares entrou na banda e de cara abrimos pro Cannibal Corpse em São Paulo, sendo nosso primeiro show após 2019. Com a formação definida finalizamos os arranjos e em março de 2023 começamos a gravar o material, com a supervisão do produtor Marco Nunes, e em novembro concluímos o álbum. Em paralelo as vinhetas que abrem algumas faixas eram concebidas pelo André Zanferrari e foram sendo incorporadas conforme as gravações avançavam.”
“Sobre a demora, preferimos chamar este processo de maturação, pois por característica levamos em média três anos para lançarmos algo inédito, então juntando pandemia, transição de formação e vontade de mostrar um GENOCIDIO renovado, entendo que o prazo foi até que normal para nós (risos).”
Mundo Metal: a recepção de “Fort Conviction”, por parte da imprensa especializada e dos fãs, está de acordo com o que a banda esperava?
Genocidio (Murillo Leite):
“Está incrível e sendo bem sincero até que esperávamos por isso, pois acreditamos muito neste material, ele foi feito com muita paixão e honestidade! Nossas redes sociais estão sendo diariamente acessadas por fãs e amigos nos passando suas ótimas impressões sobre o ‘Fort Conviction’, as plataformas digitais permitem levar o nosso som para vários países e as vendas dos CDs, pelo que temos conhecimento, estão boas.”
“A repercussão é um ótimo termômetro para atestar que a maturação criativa citada anteriormente foi preponderante para o resultado final que obtivemos.”
Mundo Metal: quais são os planos da banda para o futuro próximo, já que o novo álbum está em mãos para ser divulgado? Turnê nacional/internacional, novos videoclipes ou começar a compor o próximo registro?
Genocidio (Murillo Leite):
“Nosso foco é irmos pra estrada para apresentar o álbum, ficamos muito tempo nos dedicando a ele, temos shows para o RJ em agosto e Campo do Meio (MG) em novembro, penso ser razoável divulgar o álbum até o final de 2025.”
“Até o momento, lançamos quatro vídeos em nosso canal oficial do YouTube e a ideia é ter as dez músicas do “Fort Conviction” disponibilizadas desta forma. Shows internacionais vão depender de muito planejamento e serão consequência da aceitação do disco fora do Brasil.”
Mundo Metal: sobre “Fort Conviction”, quem produziu, mixou e masterizou o material e em qual local ocorreu a gravação?
Genocidio (Murillo Leite):
“Quando começamos o processo em março de 2020 tive que aprender como registrar as ideias no software de gravação e posteriormente assumi a função de assistente nas captações dos instrumentos em home-studio (com exceção da bateria, que foi feita em estúdio pelo Michel Oliveira, e das vozes, em que tivemos Fabio Moyses e André Zanferrari pilotando) para que o nosso produtor Marco Nunes pudesse realizar a mixagem e masterização do álbum.”
“Na minha opinião entendo que fizemos um ótimo trabalho e a sonoridade ficou exatamente como desejávamos!”
Mundo Metal: embora só o baixista W Perna faça parte do Genocidio desde o princípio, é possível avaliar quanto a banda evoluiu desde o EP homônimo? Além disso, quanto a sonoridade mudou desde o começo até a atualidade?
Genocidio (Murillo Leite):
“Evoluímos bastante, do EP para o ‘Depression’ já houve um salto significativo de musicalidade e isso foi ocorrendo à medida em que os álbuns foram sendo lançados. As mudanças ocorreram naturalmente, afinal as gravações retratam o momento e procuramos sempre adicionar novidades sem perder a nossa essência. Por isso um álbum é diferente dos demais na nossa discografia, não nos repetimos ou tentamos emular um disco feito anteriormente, esse é o nosso DNA, o da originalidade.”
Mundo Metal: de quais assuntos, primordialmente, tratam as composições do Genocidio e quais foram as temáticas do mais recente lançamento? Especificamente, sobre o que fala “Scorn Cult”?
Genocidio (Murillo Leite):
“Eu escrevi todas as letras e não há um conceito, como fizemos no “The Clan” (2010), por exemplo.”
“São reflexões sobre temas atuais como polarização, abordagens metafóricas para comportamentos humanos, assim como a inquietude com os rumos que nossa civilização tem tomado e que causam imensa preocupação para com nosso futuro.”
Mundo Metal: como ocorreu a escolha de “Never Tear Us Apart” do INXS para ser o cover presente em “Fort Conviction”, pois ela é uma canção bem diferente do coers que o Genocidio geralmente grava em seus registros?
Genocidio (Murillo Leite):
“Essa ideia partiu do Perna por volta de 2018, quando na época falávamos sobre um possível álbum novo. Ele entendia que essa música com apelo pop poderia ficar interessante se aplicássemos o verniz que despejamos nas versões para The Sisters of Mercy, Joy Division e depois The Cure.”
“Logo, não chegou a ser muito novidade gravar INXS apesar de a maioria dos covers que gravamos serem de bandas de Metal.”
Mundo Metal: assim como publicamos na resenha de “Fort Conviction”, o tema instrumental “Voivoded” passeia por outros elementos musicais sem sair da essencial Metal. Seria o nome da canção uma homenagem ao Voivod?
Genocidio (Murillo):
“Concordo, é um tema diferenciado, com bastante fraseado de guitarra e peso de heavy metal tradicional. O clima etéreo tem uns mantras sinistros e apesar de sermos muito fãs do Voivod não há homenagem envolvida, mas se você entende que sim quem sou eu para contestar? (risos)”
Mundo Metal: esse espaço serve, a princípio, para que vocês avaliem a entrevista e digam o que quiserem sobre a história do Genocidio. Ou seja, fiquem a vontade e digam o que sentirem que devem.
Genocidio (Murillo):
“Muito obrigado, Cristiano e Mundo Metal pelo espaço, foi bem legal o bate papo.”
“O GENOCIDIO está completando 38 anos de existência e só estamos aqui porque as pessoas nos acompanham, nos apoiam, o que é extraordinário, atravessar décadas e continuar tocando o estilo que a gente ama, portanto, muito obrigado a vocês também!”
Mundo Metal:
Nós é que agradecemos pela entrevista e por podemos estar presente nesse momento tão especial da história da banda. Longa vida ao Genocidio.
Entrevistado: Murillo (Genocidio)
Entrevistador: Cristiano “Big Head” Ruiz