Desde que o Megadeth foi formado com a promessa de “vingança” de Dave Mustaine ao Metallica, os fãs de ambas as bandas passaram a travar uma guerra entre si para provar qual das bandas é a melhor.
Obviamente, o Metallica se tornou maior e conquistou mais público que o Megadeth. Mas os debates mais acalorados entre os fãs falam de qualidade dos discos e não de tamanho e temas relacionados a números e estatísticas.
Esse embate nunca vai chegar a lugar nenhum pelo simples fato da música ser algo totalmente subjetiva no que diz respeito a gostos e opiniões. Existirá o fã que vai preferir “Master Of Puppets”, assim como o que proclamará aos quatro cantos que “Rust In Peace” é a obra perfeita. Gostos…
Acontece que os músicos de ambas as bandas, principalmente, Dave Mustaine, no decorrer da história, sempre emitiu declarações polêmicas, frases enviesadas e provocações expressas aos membros do Metallica. Muitas dessas, inclusive, respondidas da mesma maneira por Lars ou James. Sendo assim, a rixa foi sendo alimentada pelos próprios músicos e os fãs seguiram tomando partido.
Mustaine: sincerão e incompreendido?
Mustaine sempre foi um cara polêmico e sem papas na língua, nunca foi do tipo que perde a oportunidade de causar uma boa briga, pelo menos, nos tempos áureos. E portanto, acabou recebendo as pechas de “falastrão”, “ranzinza”, “mal humorado”, “brigão” e tantas outras.
Mas seria Dave Mustaine um cara incompreendido no mundo do Rock? Durante muito tempo ele mesmo alimentou esta ideia. Certa vez, em uma entrevista mais antiga de 2012, ele disse:
“Um dos problemas sobre o Megadeth é que fomos severamente mal interpretados pela imprensa. Eu digo algo em uma entrevista e eles ou tiram o que eu disse completamente do contexto ou avaliam com base em uma única declaração e não na ideia toda.”
Já em 2016, Mustaine ainda mantinha o teor principal de sua análise:
“Provavelmente a maior coisa que prejudicou minha carreira foi ser mal interpretado, mas é melhor ser compreendido ou entender?. Eu entendo muito mais agora, então estou menos inclinado a ficar pregando ou reclamando sobre ser mal interpretado agora. Há pessoas que me amam e pessoas que não, mas todo mundo tem direito. Eu tenho amor no meu coração por ambos. Eu não fico bravo com as pessoas que não gostam de mim. Você pode ficar obcecado com isso. Alguém não gosta de mim? Que merda para mim.
Tenho uma péssima reputação. Havia um cara que costumava ser meu empresário e quando tivemos uma briga, acho que ele começou a espalhar boatos sobre eu ser difícil. Mas nos tornamos amigos novamente e nos reconciliamos. E isso tudo foi parte de um processo de reconciliação, inclusive, com o Metallica e David Ellefson também. E sabe de uma coisa? Quando isso aconteceu, meu braço machucado e meu polegar machucado começaram a funcionar novamente. Loucura, hein?
Acho que muito disso remonta à separação com o Metallica. Há pessoas que pegaram essa rixa para si e nem sabem por que estão escolhendo lados”
Em uma nova entrevista concedida a Tom Reardon, do Phoenix New Times, Dave Mustaine foi novamente questionado sobre se considera a si próprio uma figura incompreendida. Ele deu uma desconversada, vejam:
“As pessoas ficam animadas quando veem outras pessoas lutando por algum motivo maluco. Existem pessoas lá fora que amam você e querem que você faça o bem e pessoas lá fora que, por qualquer motivo, não querem que você faça o bem. Você se pergunta: ‘o que eu fiz pra você? Você está com tanta inveja assim?’. Existem muitas pessoas assim. Você só precisa aprender a evitá-las.”
Ele ainda aproveitou para mencionar novamente o Metallica:
“Depois que terminamos com James Hetfield e Lars Ulrich e seguimos caminhos separados, foi realmente estranho com toda a animosidade contra mim vindo de pessoas que eu nem conhecia.
Eu acredito que as pessoas têm direito às suas opiniões. Houve inúmeras vezes em que as pessoas tinham o direito de se opor a algo que eu fiz porque houve algumas coisas que eu fiz ou disse que eu olho para trás agora e penso, ‘uau, isso foi um pouco exagerado, Dave’, mas às vezes as coisas simplesmente precisam ser ditas. Não havia pessoas que tiveram coragem de dizer nada, mas esse não sou eu. Se alguém estava tentando nos dar um golpe, isso não vai acontecer.”
Agora com 62 anos de idade e mais maduro, vocês acham que o músico entrou finalmente na era da razão ou é apenas uma nova forma estratégica de se posicionar sobre um tema que, francamente, já deu o que tinha que dar?
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