Como é gratificante receber um convite para conferir a apresentação da banda de um amigo, não é mesmo? Ainda mais quando você tem a devida certeza de que será uma noite bastante proveitosa e agradável, e que sair de casa valerá muito à pena. Isso também mostra que você está vivo e pronto para exercer o que realmente gosta. Ouvir, curtir, desfrutar e vivenciar o Heavy Metal. Quem trouxe a proposta para a movimentação diferente do dia foi o nosso querido e amado Geovani “Gigio” Vieira, ilustre torcedor da Tombense. E como em todo evento underground, também teve aquele toque de aventura antes de chegar ao local indicado.
O evento intitulado “The Power Of Rock Festival” estava previsto para acontecer no dia 27/03, a partir das 18h, mas quem disse quem lembrávamos do local da trama? O tempo fechou e escureceu rápido, mas não choveu tudo o que estava a oferecer. Sorte inicial e a caminhada prosseguiu. Entretanto, faltava a parte da aventura e esta foi inserida graças ao senhor dentro do ônibus, que tentou ajudar e acabou nos direcionando para o lado contrário da rota, nos colocando oito quadras mais longe do endereço correto. Quem nos salvou foi uma senhora que arrumou a nossa bússola.
Enfim, chegamos ao C.I.A.M. Era hora de ver Trendkill Inc. em ação. O fest incluiu as bandas A Moska Rei e Stonevil para abrilhantar a abertura da grande noite que estava por vir. Bem, antes de adentrar no evento em si te devo explicações sobre eu ter citado a equipe futebolística da Tombense. Só que isso eu deixarei para mais adiante, pois já tem gente subindo ao palco. Vamos conferir!
O Stonevil é a outra banda do vocalista do Trendkill Inc., Kelvin Wallace, e que por estar desfalcada acabou por optar por uma apresentação acústica e bem sucedida. Dentre as canções, Kelvin interpretou simplesmente Ronnie James Dio, Bruce Dickinson e Chris Boltendahl. O ponto alto foi “Children Of Sea” (Black Sabbath) em que o mesmo colocou seu próprio estilo sem forçar a barra para imitar o “The Voice”. Isso foi um tiro certeiro e as outras versões também ficaram excelentes, nos fazendo cantar juntos, principalmente a faixa em destaque.
Dessa vez quem adentrou ao palco foi a banda de Rock chamada A Moska Rei. Com um som despojado e sem medo de fazer barulho, os caras soltaram seus sons próprios em português com direito a “homenagens” ao Ed Motta incluindo canções do eterno Raul Seixas. Os pontos altos foram os sons de autoria da banda e esses mesmos são bem puxados para as bandas de Rock nacional que estouraram nos anos 80. A diferença ficou por conta do maior preenchimento de notas e solos, além de uma distorção e timbre muito bons. Somente o cover de “Like A Stone” do Audioslave ficou meio deslocado, mas nada que abalasse o alto nível da apresentação de Fernando “Tom Morello do multiverso” e seus “blue caps”.
Faltava a gangue do batera Alexandre Fontana fazer aquele barulho no capricho! A cerveja estava gelada, o ambiente muito agradável e o atendimento idem. Antes do show começar foi descoberta certa paixão do guitarrista Sandro Murdok. Quem seria essa paixão bretã sonora? Veremos a seguir.
Eis que chega o grandioso momento da noite! Sim! Trendkill Inc. subiu ao palco em que Kevin Wallace o tinha feito anteriormente com o Stonevil. Junto a ele estavam Sandro Cezzar (baixo), Sandro “Miley Cyrus” Murdok (guitarra), o novo integrante Diego Veras (guitarra), e o nosso querido compatriota Alexandre Fontana (bateria). As cortinas de aço supremo se abriram para receber a faixa de abertura que carrega o nome da banda, ou seja, “Trendkill”! Faixa híbrida que carrega com veemência a alcunha de Heavy/Thrash Metal e nos brinda com riffs e levadas pesadas e contagiantes! Início mais que promissor do show. A sequência se deu com “Sharpshooter”, nome que remete ao terceiro registro lançado pelos magistrais belgas do Crossfire em 1986. A faixa em questão é a segunda do EP e foi a escolhida para dar sequência ao início da trama no C.I.A.M. com a clara intenção de “acordar” e chamar o público para o show. O riff inicial possui tal condição. Os vocais limpos de Kevin ditam o tom, enquanto os instrumentistas garantem os três pontos para o time. Heavy Metal para manter a cerveja bem gelada e o clima da casa quente!
A próxima escolha veio com um cover que o próprio Alexandre me revelou antes do show. Trata-se simplesmente de “Albatross”, super cover do excelente Corrosion Of Conformity pertencente ao álbum “Deliverance” de 1994. E o próprio baterista se destaca sem tirar a força ao atacar o seu kit conforme manda a canção original. De fato, o senhor das baquetas o fez com amplo empenho. Sem contar a emenda que ficou muito concisa em relação à faixa anterior, trazendo a sensação de ser outra música própria da banda, somada à identidade dos músicos sem jamais soarem como simples cópia. Até por ser um som que se assemelha bastante ao trabalho dos caras. Sendo assim, a jornada prosseguiu com “Silence Or Death”, quarta faixa do EP “Trendkill Inc.”, sendo essa aquela que possui aquele início clássico, deixando o baixo de Sandro Cezzar mais solto e evidente. O ritmo Heavy/Rock da canção (como diria Vitão Bonesso) te coloca dentro do palco como mais um integrante da banda e, portanto, merece o destaque em seu refrão bem chamativo.
“The next page of the human race
Is silence of death this time
Take control of they take your soul
Censorship comes in disguise”
“No Reason To Cry” foi a próxima canção apresentada e alternando para uma área mais suave sem perder a direção em curva fechada. A versatilidade da banda entra em primeiro plano e mostra aos presentes do que são capazes de fazer dentro de seu próprio estilo de tocar. Nem parece, mas já estamos na sexta canção! E foi a vez de “Metal Man” ser executada a plenos pulmões. Pedia-se por mais peso e cá estamos diante de uma levada pesada, agressiva, animada e excelente para o momento. Guitarras e baixo provocando rachaduras no teto, enquanto a bateria afunda o palco para delírio da galera! Outro ponto evidente é a garra que a banda toca e a energia passada em seus versos, e a explosão sonora durante o refrão.
Era a vez de anunciar mais um grande cover. E adivinha o que aconteceu. A canção escolhida foi a clássica “N.I.B.” do glorioso Black Sabbath, que faz parte do clássico e homônimo debut dos britânicos. Segunda vez que a banda de Tony Iommi era encarnada na noite e novamente sendo muito bem recebida pelo público. Essa é a vantagem de saber tocar e tocar com a devida vontade os sons de uma banda clássica e importantíssima para o nosso sagrado Metal. Fechando a trinca de covers sendo apenas duas tocadas em sequência, optaram por “Antisocial”, faixa original da banda Trust, que recebeu uma versão do poderoso Anthrax no álbum “State Of Euphoria” (1988), sendo esta a versão tocada pelos heavythrashers paulistanos. Com seu refrão contagiante, as poucas figuras presentes acompanharam de perto e cantaram junto com a banda.
Para fechar a energética e excepcional apresentação, o carinhosamente apelidado “trem de quilo” mandou a também ótima “Shattered Life”, que também é a canção que encerra o EP. Excelente pedida para fechar as cortinas com honra e dignidade. Essa é talvez aquela que mais se assemelha com o Metallica em seus tempos áureos. Os backing vocals funcionaram muito bem aliados à experiência do novo integrante, o guitarrista Diego Veras, junto à interpretação de Kevin que foi absolutamente formidável. Alexandre e Cezzar (bateria e baixo) conduzem o sedan com propriedade sem perder a direção em uma possível aquaplanagem. A meu ver os melhores solos de guitarra estão nessa “múzga” e nada mais justo do que finalizar os trabalhos com esse grande som.
Curiosidades:
Sobre a equipe da Tombense, a TV do C.I.A.M. estava ligada, na qual era transmitida a partida entre Tombense x América-MG, provavelmente válida pelo campeonato mineiro. Esse motivo fez com que o time se tornasse uma espécie de mascote.
Fernando, baterista do A Moska Rei possui semelhança em relação ao guitarrista Tom Morello e além ser uma grata personalidade, demontrou muito empenho em seu kit. O multiverso agradece.
Através da apresentação do A Moska Rei pudemos conhecer quem faz produtos como almofadas e canecas personalizadas. JBL Fênix é o nome da loja e você pode conferir o trabalho via Instagram no endereço de mesmo nome.
Com gritos de:
Miley Cyrus! Miley Cyrus! Miley Cyrus!
Demos a devida força para o ótimo guitarrista Sandro Murdok realizar uma apresentação apoteótica. Grande fã da cantora Pop (Será?!), Sandro contribuiu muito bem para o set list da noite funcionar. Emendando o parágrafo, tivemos a ilustre presença do Sabaton encarnado no baixista Sandro Cezzar. Isso sem contar o mini Rob Halford e o Nick Menza na plateia… (risos)
Observações:
Lugar acessível para quem não esquece o endereço certo. Entrada GRÁTIS. Show de uma banda que possui contatos que poderiam ir e prestigiar o som dos caras. Estava praticamente vazio e mesmo assim, as bandas tocaram com vontade e dedicação como se houvesse um público bem maior. Ponto para os músicos!
Agradecimentos:
Por ordem, tenho que agradecer por fazer parte da família Mundo Metal, pois sem essa família, dificilmente eu teria tal oportunidade. Em seguida agradeço ao meu irmão Gigio Vieira pelo convite. Fechando a trinca de honrarias, agradeço ao Alexandre Fontana pelo ótimo show, pela boa recepção e por colocar mais uma banda com grande potencial no cenário nacional.
Agência: JZ Press
Integrantes:
- Kelvin Wallace (vocalista)
- Sandro Murdok (guitarra)
- Diego Veras (guitarra)
- Sandro Cezzar (baixo)
- Alexandre Fontana (bateria)
Set list de “The Power Of Rock Festival”:
1. Trendkill
2. Sharpshooter
3. Albatross (Corrosion Of Conformity cover)
4. Silence Or Death
5. No Reason To Cry
6. Metal Man
7. NIB (Black Sabbath cover)
8. Antisocial (Trust cover – Anthrax version)
9. Shattered Life
Esse ótimo evento aconteceu no dia 27 de março (domingo).
- Local: C.I.A.M. – Centro de Incentivo à Arte e a Música
- Endereço: Rua Xiririca, 237, Vila Carrão, São Paulo – SP
- Organização e divulgação: JZ Press @jzpressassessoria
- Parceria: C.I.A.M.
