Um pouco antes da questão da pandemia estourar no Brasil, em março de 2020, o Sepultura lançou seu décimo sexto álbum de estúdio, o aclamado “Quadra”. Até então tudo estava normal e o plano da banda era embarcar rumo à Europa e América do Norte para divulgar o novo trabalho. Aliás, a grande maioria do público o aclamou e a imprensa especializada também o fez. Porém no mês seguinte ao lançamento aconteceu tudo aquilo que já estamos carecas de saber. O coronavírus estragou os planos de absolutamente todo mundo, incluindo, claro, o Sepultura.
O quarteto brasileiro sempre foi uma banda de estrada, de ficar meses fora do país em extensas turnês, e mesmo após mais de 3 décadas de existência esse ritmo incessante não diminuiu, então podemos imaginar o quão difícil foi para Derrick Green (vocal), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto (baixo) e Eloy Casagrande (bateria) ficarem tanto tempo sem poder fazer a principal atividade de suas vidas.
A hora da “Quadra” ao vivo chegou
Felizmente, o tempo passou, e 2 anos depois, finalmente, chegou o momento da banda executar as novas músicas ao vivo. Obviamente, a expectativa era altíssima pelos motivos que citamos. Assim sendo, o público compareceu em peso para prestigiar essa noite, que certamente seria especial e diferenciada para a banda e também para os fãs.
Após um pequeno atraso, todos na Audio Club começam a escutar a clássica “Polícia”, dos Titãs, o que significa que o show está prestes a começar. Ao seu término, começa a intro de “Isolation”, que dá espaço para a abertura do show ter muito peso, energia e performance. “Isolation” foi o primeiro single do Quadra, tocada pela primeira vez no Rock In Rio de 2019 (ocasião em que a banda revelou o nome e a capa do vindouro álbum) e já dava pistas do que estava por vir. Uma música rápida e extremamente pesada, típica do Sepultura.
Set list renovado
Com um set list repensado, logo em seguida a banda tocou a clássica “Territory” e o público foi ao delírio. As três seguintes foram do Quadra (nada mais justo, né?): “Capital Enslavement”, “Means To An End” e “Last Time”. Houve poucas pausas entre uma música e outra, porém nas poucas feitas, a banda demonstrou muita gratidão ao público e felicidade por estar estreando o álbum em São Paulo, que segundo eles, é a “casa” do Sepultura (desculpem amigos de Belo Horizonte).
Vale ressaltar que Derrick Green foi atropelado há algumas semanas e, mesmo com o tornozelo imobilizado e consequentemente os movimentos limitados, se recusou a remarcar o show e entregou uma excelente performance ao público. Para a surpresa de muitos, o espetáculo prosseguiu com mais sons da fase Derrick Green: após “Last Time” vieram “Kairos”, “Sworn Oath” e “Choke”, valorizando o excelente material que foi lançado pela banda após a entrada de Derrick Green, há mais de 20 anos.
Mas é claro que músicas da fase “antiga” não poderiam ficar de fora, e se engana você leitor se pensa que apenas as clássicas desse período seriam lembradas. Segundo Andreas Kisser disse na hora:
“a próxima música é velha, nós resolvemos tocá-la em um episódio da Sepulquarta com Marcelo Pompeu do Korzus nos vocais e Frédéric Leclercq do Kreator na segunda guitarra e parece que vocês gostaram!”.
Começa então a brutal “Slaves Of Pain”. Em seguida, voltando a fase Green, tivemos “Guardians Of Earth”, “The Pentagram”, “Machine Messiah”, “Phantom Self” e “Convicted In Life”. Sem dúvida alguma, a instrumental “The Pentagram” (Quadra) é um dos pontos altos do show. Pois se trata de uma música extremamente bem elaborada e cheia de técnica. Parece um dueto entre Eloy e Andreas com o Paulo dando a base. Parece mais uma aula de música do que qualquer outra coisa.
“Arise”
Voltando às origens, mais precisamente ao clássico “Arise”, tivemos mais uma ótima surpresa no set list. Ao contrário das que sempre são tocadas (faixa título, “Dead Embryonic Cells” e “Desperate Cry”), dessa vez a banda resolveu inovar e trouxe uma “b-side”: “Infected Voice”. Precisa comentar alguma coisa? Nessa hora já estávamos mais pro final do evento. Mas a última música da fase atual, “Agony Of Defeat”, inegavelmente, funcionou muito bem ao vivo e deu espaço para as quatro últimas canções, que evidentemente seriam as clássicas: “Refuse/Resist”, “Arise”, “Ratamahata” e “Roots Bloody Roots”, respectivamente.
Trata-se de um set list longo, com 20 músicas, mas que claramente foi focado na fase Derrick Green (afinal 13 das 20 músicas são dessa fase), mostrando que a banda não tem medo de inovar e até ousar na elaboração dos sets, mas mais do que isso, mostrando que não é escrava das obras lançadas em um passado distante.
O Sepultura mostrou que mesmo ficando dois longos anos sem fazer um show sequer, continua em plena forma para entregar performances de alto nível para os fãs. No último domingo na Audio Club não restaram dúvidas disso. A banda está em ótima fase, tanto em termos criativos em estúdio, quanto na hora de subir ao palco.
Duvida? Basta dar uma chance e comprovar por contra própria.
Confira a resenha do site Mundo Metal para o álbum “Quadra”:
Faixas:
- 1.Isolation
- 2.Territory
- 3.Capital Enslavement
- 4.Means To An End
- 5.Last Time
- 6.Kairos
- 7.Sworn Oath
- 8.Choke
- 9.Slaves Of Pain
- 10.Guardians Of Earth
- 11.The Pentagram
- 12.Machine Messiah
- 13.Phantom Self
- 14.Convicted In Life
- 15.Infected Voice
- 16.Agony Of Defeat 17.Refuse/Resist
- 18.Arise
- 19.Ratamahata
- 20.Roots Bloody Roots
Redigido por: Lucca Ferreira
