O Fear Factory, banda americana de Industrial Metal, desembarcou na cidade São Paulo para uma esperada apresentação.
Primeiramente, poderíamos começar o relato dessa história ao dizer que os Transformers maximizaram e invadiram a Terra no dia 06 de junho de 2023, a partir das 19h na Fabrique Club, São Paulo, capital. Mas, isso se tornaria irrelevante demais ao tratar de um assunto tão importante para a música pesada mundial.
Claro que os assuntos ligados a temas futuristas não podem faltar ao texto, porém o certo a dizer é que foi enviado um convite a você… Isso mesmo! Você que está lendo através de algum aparelho eletrônico ou até mesmo de algum lugar que pertença a outro plano astral, mas de forma tecnológica.
Em síntese, te convido para uma viagem cibernética regada a muito peso, técnica, energia e vontade de fazer barulho, mas não qualquer barulho e sim, o bom e verdadeiro barulho. Vamos juntos?
Assim sendo, se está aqui é porque já possui o ingresso em mãos e aceitou de bom grado. Agradeço a confiança e vamos embarcar nessa jornada musical que aconteceu na data descrita acima com requintes de grandes e ótimas surpresas.
Sobre a tour:
Intitulada “The Machine Will Rise Tour” (2023), a turnê marca a jornada de retorno do Fear Factory, apresentando o novo vocalista que assumiu o posto deixado pelo lendário Burton C. Bell. O dono do microfone e dos efeitos futuristas de voz atende por Milo Silvestro, e logo adiante veremos de perto como foi o seu desempenho diante da plateia paulistana.
A abertura dos trabalhos nessa noite ficou por conta das bandas, Korzus e Skin Culture. O evento faz parte da turnê que possui em seu mapa completo as regiões dos EUA, México e América do Sul. E o Brasil foi representado com data única em São Paulo, na aconchegante casa de shows, Fabrique Club.
Vamos às apresentações com a primeira parte da aventura!
Quem abriu a “champa” foi o Skin Culture, banda que coloca a sua sonoridade como Groove Metal, Djent (pode isso, Arnaldo?) e Deathcore. A banda estava ausente dos palcos por motivos que serão descritos ao longo do percurso de sua trajetória em seu show. Assim que os motores foram ligados, notou-se uma saudade e vontade dos caras ao estarem no palco novamente. E foi através de “Fall On Knees” (“Lazarus Eclipse”, de 2019) que a realidade veio à tona.
Se era para ser pesado e técnico, a pedida foi bastante assertiva, animando o público logo de início. “Supernatural Catastrophic” foi a faixa seguinte a ser apresentada e está presente em ““Murdernation” (2015), quarto disco dos representantes de São Paulo, e esta ainda trouxe um ar maior tanto com relação ao som devastador de lares ortodoxos, quanto à vontade da banda em estar ali dividindo a noite conosco.
O que pode ter ajudado a ter essa impressão foi o fato de que em alguns trechos da música, acaba por lembrar o Claustrofobia. E ainda teve espaço para duas doses de “Hey! Hey! Hey!” através do público que foi impulsionado por Shucky Miranda.
Uma banda convicta do que queria
A próxima cartada foi “Breathing Sulfur”, mais uma do “Lazarus Eclipse”, e mostrou o Skin Culture bastante convicto do que realmente queria, ou seja, realizar aquele “barulho” de responsa, e, mesmo não sendo algo que o dono do nanquim virtual tanto admira, conseguiu convencer até mesmo quem não compactua tanto assim com determinados estilos e subgêneros, dos quais foram citados acima.
A intro melódica e os backing vocals limpos, proferidos pelo ótimo guitarrista Fred Barros, além de seus riffs hipnóticos, pausas e os famosos breakdowns do baterista Chris Oliveira (filho do baterista do Korzus, Rodrigo Oliveira, que tocou no lugar de Rafael Ferreira nessa noite), trouxeram mais ingredientes ao cardápio musical, além da climatização com ar de filme de destruição, caos futurista, ou como você quiser registrar.
Em todo bom show sempre tem um convidado especial
Aqui nós começamos em outro parágrafo, pois tivemos uma participação especial para lá de importante. O vocalista Shucky Miranda convidou o também vocalista Sérgio Ogres (Punição, Panzer, Sudakah) para dividir as vozes na próxima canção a ser executada.
A faixa escolhida atende por “Set Me Free”, do álbum “The Flame Still Burns Strong”, de 2013, e esta apresenta em sua estrutura ótimas quebras rítmicas e é uma canção que possui uma força muito grande. Sérgio acrescentou e muito para a música e fez uma excelente dupla com Shucky. Por conta das quebras, destacou-se o baixo extremamente pesado de Diego Santiago.
Por falar finalmente no baixista, foi propositalmente dizer sobre ele agora, já que o Skin Culture tinha um pronunciamento importante a fazer.
A banda surgiu em 2004 e realizou grandes feitos desde então, com participações nos mais diversos e renomados festivais mundo afora, com grandes bandas junto aos casts e estava promovendo uma caminhada incrível, quando veio o pandemônio recente…
Homenagem carregada de emoção
Shucky contou ao público que nesse período em que tudo parou literalmente, principalmente os grandes eventos, a banda teve duas perdas enormes. O seu empresário Silvio Palmeira e o baixista Gabriel Morata… Essa era uma noite de retorno definitivo às atividades e que o baixista que nos deixou, estava orgulhoso dessa noite e dos serviços prestados com maestria por Santiago.
Foi um momento de muita emoção e reflexão sobre todo o caos recente a qual vivenciamos, e muitas famílias ainda vivenciam, pois quem se vai não pode ser substituído jamais.
A faixa escolhida para ser a trilha sonora do valor às nossas vidas foi a “Bring Me Back To Life”, sendo a segunda pertencente ao álbum “Murdernation” (2015), e que possui partes atmosféricas distorcidas, além de um jogo de pedais forte e competente, propícios para o grande momento do esporte sonoro.
O show não pode parar
A sequência se deu com “An Ocean Of Lamentations”, também do mesmo full length, com backing vocals limpos, dividindo os refrãos com as linhas guturais. As quebras e muitos riffs potentes remetem a proximidade com o Thrash Metal, mas sem soar propriamente dito. “Devil 19” é um single com lançamento ocorrido em 2021 e deu continuidade ao som pesado com ritmos quebrados, sendo característica principal do som dos caras.
A modernidade no Metal tomou conta do cenário, dividindo a vontade de agitar do público, que só pensava na atração principal. É difícil ser banda de abertura no Brasil, pois o público é meio “zé ruela” para essas coisas.
O fechamento das cortinas ficou por conta de “Suicide Love”, também do álbum “Lazarus Eclipse”, encerrando os trabalhos do Skin Culture, que trouxe um som com pegada mais Rock em grande parte de sua estrutura, sendo uma grata opção para terminar a primeira parte da aventura dessa grande noite. Seja bem-vindo de volta às atividades, Skin Culture! Sigam firmes e fortes!
Hora da segunda parte da aventura!
A sequência foi aquela dose cavalar de Thrash Metal nos moldes mais tradicionais de uma banda a qual carrega em suas veias o sentimento do que é o Metal desde meados de 1983. Representando a capital de São Paulo e o mundo do Thrash, os integrantes foram adentrando ao palco um a um, numa espécie de ritual convidativo e repleto de expectativas ao público.
Nunca é tardio dizer que o Korzus não precisa provar nada para ninguém, mas ao mesmo tempo, é incrível a energia que o mestre Pomps e sua trupe trazem antes mesmo de ligarem seus instrumentos musicais.
Como não era a principal atração da noite, obviamente que o set seria bem reduzido, assim como fora o setlist do Skin Culture. Para promover a abertura do arsenal, a faixa escolhida foi do álbum “Ties Of Blood”, de 2004, aquela que abre a tracklist, a esplêndida “Guilty Silence”.
A experiência viva em campo
O carismático Marcello Pompeu promoveu o início da festa e ampliou o poder de fogo durante a introdução da música que possui toda aquela armação para bangear de forma verdadeira e visceral. O mesmo pediu para que fosse iniciado o coro de “Hey! Hey! Hey!” e o pessoal presente atendeu de primeira!
Ao iniciar o cântico, o clima mudou e a pancadaria Thrash, ditando o rumo da noite. Música com clima de abertura e sempre certeira ao ser colocada como tal. Uma das melhores canções para abertura de um show. Simples assim! Logo na rabeira era a hora de cantar junto o seu refrão.
Diretamente do álbum “Discipline Of Hate” (2010), foi posta à prova a ótima faixa chamada “Raise Your Soul”. Pelo nome da música já consegue reconhecer como foi cantarolar esse refrão incrível, não é mesmo?
Novidades no set? Temos!
Lembra do single lançado pelo Korzus em meados de 2021 com um excelente videoclipe e tudo mais? Então, foi a vez de “You Can’t Stop Me” invadir os alto-falantes e preencher os ouvidos de quem estava presente com música da mais alta qualidade, regida pelo maestro Pompeu e acompanhada de maneira incrível pelos guitarristas Heros Trench e Antonio Araújo, o lendário baixista Dick Siebert e o papai do Chris, o super polvo Rodrigo Oliveira!
Após a nova canção da banda ser executada com total devoção ao Metal, o público ensaio um grito tradicional de “Kor! Zus! Kor! Zus”! Porém, o Pompeu trouxe uma ideia ainda melhor para ser executada naquele instante. O cantor lembrou que em shows internacionais a plateia costuma usar aquele cântico de futebol para exaltar as bandas presentes. Ou seja, o vocalista ensaiou com o público para que fosse colocado em prática o famoso “olê, olê, olê”. O resultado ficou assim:
“Olêêê, olê, olê, olêêê! Korzuuusss! Korzuuusss!
Olêêê, olê, olê, olêêê! Korzuuusss! Korzuuusss!”
Se depender do Korzus, o Metal nunca irá morrer!
Para a próxima canção, algo teria que ser colocado em primeiro plano, e Marcello Pompeu fez questão de destacar a importância do que é curtir, tocar e vivenciar o Metal, pois vai além de um simples estilo sonoro e se um único headbanger ainda estiver curtindo, o Metal sempre valerá à pena e nunca irá morrer. Jamais irá morrer!
O já animado público se prontificou a acompanhar os refrãos de “Never Die”, faixa presente também no aclamado álbum “Discipline Of Hate”, e que abriria espaço para mais uma junção poderosa entre plateia/backing vocal de Antonio Araújo e vocal principal. Ou seja, nós acompanhamos a bradar “die”, e o Pompeu complementava! Combinação mais que perfeita!
Como não poderia parar por aqui, tivemos em “Beware”, do álbum de 1995 intitulado “KZS”, e com pronto oferecimento ao grande e ex-guitarrista do Korzus, Silvio Golfetti, que estava presente no show. Emendando a explosão sonora de hinos marcantes, tivemos a companhia de mais um som do “KZS”, a insana “Namesake”, que ampliou os horizontes do formidável e massacrante Thrash Metal!
Depois foi a vez de… Você diz: “I see your death!”. E o maestro diz o nome da canção: “What Are You Looking For”. Mais uma do álbum “Ties Of Blood” e que possui um refrão que faz realmente a galera cantar junto. Músicas muito bem escolhidas para um set de 40min de duração.
Seja o som mais novo ou mais antigo, contagia a pista da mesma forma!
Outra que funciona muito bem, já que também carrega um refrão poderoso, é a faixa “Discipline Of Hate”, do álbum autointitulado. O refrão silábico é um convite pleno para um mosh insano e voraz. E, certamente, não há como ficar parado em um show do Korzus! Podem ate taxar como o “Sepultura que não deu certo”, mas são eles que seguem carregando fielmente a bandeira do Thrash nacional.
Mantendo os olhos voltados para o penúltimo álbum, a banda optou por “Truth”, ótimo single e uma das canções que fez um estardalhaço no meio underground quando lançada, embora a banda estivesse em um patamar mais alto com a agenda internacional cheia e até uma promoção para levar fãs para acompanhar a banda na Europa, à época do lançamento de “Discipline Of Hate”.
Finalizando por mais uma vez o grande trabalho, além de encerrar a segunda parte da noite, o inesquecível Korzus trouxe mais uma faixa do “Ties Of Blood”, e a canção escolhida foi “Correria”, música perfeita para encerrar o expediente e que serviu para destacar os agradecimentos feitos por Pompeu, acompanhado por seus parceiros de banda, mantendo o som em constante movimento.
Nós temos que agradecer ao Korzus por seguir cheio de fibra e vontade de subir ao palco para executar suas grandes canções. Realmente, trata-se de uma banda que merecia ser muito maior do que já é. O Korzus é patrimônio nacional, e graças a ele estamos aqui para celebrar o Metal, pois ao contar com esses “cabras”, sempre será uma grande celebração ao sagrado Metal.
É chegada a hora da atração principal da noite… O exército intergaláctico de robôs que veio despejar seus fraseados e avisos sobre o domínio imperial da máquina…
Com vocês… FEAR FACTORY! E a terceira parte da aventura!
Eis que os primeiros ruídos da clássica introdução cinematográfica, “Main Title”, de O Exterminador do Futuro 2 (Terminator 2, no original)”, surge e abre caminho para a terceira parte da noite! De Brad Fiedel, a trilha sonora apresenta o Fear Factory a todos os presentes. Hora de sair do chão ao tomar um tremendo “Shock”! Faixa do álbum “Obsolete”, de 1998, e que fez o público desativar a chave de espera e agitar desde o início. Palhetadas rápidas com pausas, acompanhadas pelos pedais e caixa da bateria, ditaram o rumo inicial dessa conversa.
O ritmo da poesia convidou a todos para não ficarem parados, embora seja uma canção com passagens mais cadenciadas, e estarem de prontidão para todo o evento em si. A emenda da energia sonora traz mais uma do mesmo álbum, sendo composta por “Edgecrusher”, outra grande escolha para abrir a caixa de ferramentas musicais.
O som de baixo efervescente
A canção possui fortes influências do que vinha acontecendo à época do lançamento de “Obsolete”. Com momentos somente com bateria e baixo junto dos vocais, os fãs cantaram junto e na hora do poderoso refrão, a Fabrique Club veio abaixo literalmente! O baixo de Tony Campos está ecoando até hoje!
O álbum “The Industrialist” (2012) foi representado por “Recharger”, fechando a trinca inicial do show dos pais do Industrial, assim dito por muitos. Guitarra e bateria chamaram para o combate e todos foram sem pestanejar! Os fraseados percussivos são o ponto alto da música que também possui bons harmônicos. Ao vivo funcionou tão bem quanto suas irmãs e antecessoras. Milo interpretou as partes limpas e rasgadas com precisão única. Faixa para bangear sem reclamar de nada!
Dois grandes singles do ótimo álbum “Genexus” são postos em prática. Primeiramente, “Dielectric” chega com toda energia nuclear disponível para dar continuidade à imensa combustão sonora! Ritmos alucinantes atingiram em cheio, eletrizando a todos que viram de perto o mecha usando seu raio supersônico no palco, composto por palhetadas fervorosas, baixo incendiário e bateria quase que sobre-humana!
Vale entrar na dança ao som do poderoso refrão:
“I will never break
Or suffer your hate
Flowing through my veins
Dielectric strength
Dielectric strength”
Por saber que ainda teria mais uma faixa do mesmo disco, chegou a hora de outro single de “Genexus”. Imagine como ficou a casa ao ouvir os seguintes dizeres iniciais do nobre bolero industrial.
Como diria o “troglodita”, singing now!
“You’ll never take my soul
You’ll never take my soul”
“Soul Hacker” faz todo mundo saltar do chão logo em seus primeiros segundos, através do seu ritmo pesado e envolvente. Essa é uma das poucas faixas com solo e nessa hora, Dino Cazares exerce seu papel de forma contagiante ao emular tranquilamente o que se escuta no disco. Não é preciso um solo extravagante, mas sim um momento condizente com a própria “múzga”. Possivelmente, um dos pontos altíssimos do show!
Do álbum “Mechanize” (2010) tivemos a faixa “Powershifter”, uma das mais ignorantes do setlist, daquelas que exige muito da técnica e da resistência do baterista. Além das linhas apuradas de guitarra e baixo. Com muito espaço para os riffs, se torna um deleite para bailar dentro da roda gigante! E assim foi feito! Com um refrão poderoso, até no bate-cabeça era possível ouvir o povo cantando junto.
O mais recente álbum, “Aggression Continuum” (2021), foi lembrado pela banda através do single “Disruptor”, que carrega em seu prontuário, todos os artifícios da boa musicalidade do Fear Factory. Refrão com vocais limpos com o tradicional ar de voz computadorizada, mas sem maiores efeitos, apenas o ar de mensagem sobre o fim dos tempos. Além dos riffs ultra palhetados, pausas e muita agressividade por parte dos músicos. Para a nova música, essa conseguiu a tríplice coroa: faixa extremamente boa, videoclipe excepcional, versão ao vivo ótima!
Os próximos passos ligados por cabos e rebites, vão de encontro a uma das mais famosas músicas dos robôs infernais. Agora, cantando a primeira estrofe, estará adivinhando sobre qual faixa é.
Adivinhando e se consagrando
“Can’t take me apart!”
Sim! Ela mesma! “Linchpin” colocou em evidência o álbum “Digimortal”, de 2001, faixa que possui seus trechos mais rápidos, mas que em sua base estrutural é mais cadenciada, sem perder a agressividade de costume, o que é ótimo para incluí-la junto ao setlist de um show.
Surpreendentemente, “Descent” é mais uma do álbum “Obsolete” e apresenta em seu arsenal uma intro distorcida como um evento adicional à Matrix. Sua passagem inicial mais contida funcionou muito bem para a ocasião, ao passo que não se apresenta como uma das preferidas daqueles mais “fanáticos” pela banda. Portanto, esse foi o momento ideal para pegar aquela gelada e continuar curtindo o show.
“What Will Become?” ampliou o espaço reservado para “Digimortal” (2001) e deixou o cenário ainda mais cativante com suas variações e efeitos musicais. Além disso, Dino gosta de cantarolar fora do mic e guiar o público presente, fazendo isso várias vezes, se mostrando muito carismático. Falando em cantarolar, Dino resolveu nos guiar, referindo-se a próxima canção, de maneira idêntica ao que o Marcello Pompeu fez durante a apresentação do Korzus mais cedo.
Após a imagem, teremos outra nova pista sonora para adivinhar
“Open your eyes…”
Já descobriu sobre qual música se trata? Exatamente! “Archetype”, do álbum autointitulado de 2004, chegou para reforçar o clima de domínio imperial da máquina com seu arsenal explosivo de riffs, juntamente com a clássica afinação baixa e guitarra de sete cordas. Idêntica a assistir a um filme de guerra no futuro e ao mesmo tempo estar em uma guerra, representada pelo sagrado mosh. Certamente, trata-se de uma das faixas mais Rock ‘n’ Roll da banda, com riffs pegajosos no melhor sentido da palavra! É ouvir e entrar na dança para entender melhor a trama!
De acordo com a discografia, “Demanufacture” é a representante do álbum de mesmo nome (1995) e abriu caminho para uma boa fatia reservada para a homenagem desse que é para muitos o melhor disco do Fear Factory. A intro abrindo com um riff de pedais (Isso mesmo!) fez o comboio de pessoas decolar em céu fechado!
Logo após esse grande início, despejam toneladas de riffs com quebras mágicas, e uma breve influência de Thrash que a música carrega consigo. As pequenas partes isoladas de baixo se mostraram muito “na cara”, tamanho o peso e a distorção usados pelo exímio baixista Tony Campos. Uma vez que se tornou um dos altíssimos pontos do show, sem sombra de dúvidas! Isso sem contar a interpretação no limite da perfeição de Silvestro.
O público queria e a banda atendeu!
A homenagem seguiu com a introdução de “Zero Signal”, que foi acrescentada para a abertura da faixa pedida por muitos dos presentes, só para ilustrar. Por certo, “Replica” surgiu como uma bomba, explodindo nos tímpanos de todos e alegrando aos presentes. Nesse sentido, imagine o efeito causado por “Soul Hacker” aumentado dez vezes! Visto que, Dino pareceu gostar muito de tocar essa música. Não foi à toa que fizeram surpresa até apresentá-la aos presentes, que ficaram ainda mais extasiados ao presenciarem e acompanharem os vocais durante a parte final e mais voraz dessa clássica faixa. Essa também merece um aprecio maior, por exemplo.
“Every day I feel anonymous hate
Forever in the shadow of disgrace”
O álbum de estreia também entrou na dança!
Finalmente, é chegada a vez de relembrar grandes clássicos do debut, “Soul Of A New Machine”, de 1992, e que foi informada pelo próprio guitarrista Dino Cazares. “Martyr” foi a primeira das duas faixas do álbum citado e possui uma intro em que os vocais se sobressaem, uma vez que meio que narram a situação. O público em peso acompanhou Milo até que o restante da banda surgiu como um rolo compressor, honrando dessa maneira o legado da extrema canção.
Logo após, “Scapegoat” veio para complementar a lembrança do início de carreira, com uma sonoridade mais densa e mais cadenciada, lembrando um pouco do que é feito no Brujeria, e disso Tony e Dino conhecem muito bem! Visto que várias quebras e variações de vocais incrementaram a vasta receita para essa noite magistral.
Por fim, “Resurrection” é a apoteótica faixa e a quarta canção tirada do álbum “Obsolete”, assim sendo o tema ideal para destacar a ressurreição do Fear Factory e o entrosamento com o novo vocalista, que por sua vez, parece um clone mais novo de Burton C. Bell.
Em resumo, o mistério inicial ocorreu de forma esplendorosa ao partir para o final da apresentação. Só para ilustrar, o mini Burton se sobressaiu mais uma vez e toda a banda idem. Sob o mesmo ponto de vista, Pete Webber, baterista do Havok, se saiu muito bem e não deixou a desejar em nenhum momento. De tal forma que pode ser dito não ser à toa que o cara faz parte de uma das grandes bandas da nova onda do Thrash! Em conclusão, o final só poderia ser concretizado com a trilha de Brad Fiedel, “Main Title (Terminator 2 Theme)”.
Curiosidades e considerações cibernéticas finais:
Conforme já foi bem colocado, a banda Skin Culture está de volta à ativa após um longo período ausente dos palcos. São 19 anos na estrada e a banda contou com uma substituição a mais para essa apresentação, já que o baterista Rafael Ferreira, que vive em Los Angeles, EUA, não pode comparecer para esse show.
Quem cuidou do kit e das baquetas foi o herdeiro da família Oliveira, Chris, filho de Rodrigo, baterista do Korzus. O filho mostrou que a genética ajudou e muito! Chris tocou bateria como se estivesse na banda desde sempre!
Em meio a tudo isso, foram encontradas grandes figuras do esporte sonoro, tanto as que foram conhecidas nessa noite quanto aos grandes amigos de longa data. Já sobre o Korzus, destacou-se a timbragem e o áudio extremamente condizentes com os discos.
O tradicional quinteto consegue emular como ninguém os seus sons e, não importando as escolhas para a montagem do set, o exército do Thrash consegue executar de forma exemplar cada som.
Presença garantida e confirmada no mosh!
Durante o mosh na apresentação do Fear Factory, o dono do nanquim virtual esteve lá para praticar um pouco desse magnífico esporte musical, ou para alguns, a tradicional valsa do metalhead. Em determinado momento, foi avistado um pano no chão. Era uma camiseta. Foi recolhida, estendida e perguntada sobre quem era o dono ou a dona do item. O engraçado foi ver que ninguém deu a mínima e a partir daí, ficou decidido que a camiseta seria levada para casa.
Seria interessante vender o produto, mas isso fica para outro momento. O lance é que após a tentativa de encontrar o dono da camiseta ser dada como não concluída, agora falando em primeira pessoa, eu andei um pouquinho e dei de cara com um grande mestre da comunicação referente à música pesada. Estou falando do incrível Johnny Z (Metal Na Lata, JZ Press)!
Foi uma cena parecida com aquela do Homem-Aranha se encontrando com outras de suas versões! Ou seja, foi uma noite memorável! E sobre o setlist apresentado pelo Fear Factory, seria ainda mais marcante se colocassem a faixa mais Rock ‘n’ Roll do “Demanufacture”, ou seja, a sensacional “Dog Day Sunrise”. Seria REPETACULÊ!
Detalhe sobre o dono do principal microfone
O cantor italiano Milo Silvestro, por se parecer muito com Burton C. Bell, tanto no visual quanto na timbragem de sua voz, acabou por receber um apelido carinhoso. Ele poderia ser chamado de Little Burton por ter passado na fonte da juventude do Pica-Pau, porém esse não é o apelido definitivo.
O bravo Milo pode ser chamado de Burton Tinker Bell. Não ria, por favor! Controle-se! Olha a postura! É só um apelido para alguém que exerceu o trabalho com muito empenho e precisão. Se você virasse as costas para o palco, pensaria que quem estava no comando do mic era mesmo o Burton. Outro fato é que Pete, baterista do Havok, executou sua função como poucos. Se vier a se tornar membro fixo do Fear Factory, será um ganho imenso!
Agradecimentos digitais:
Primeiramente, os agradecimentos precisam ser dados ao grande mestre e parceiro de Mundo Metal, o mítico Geovani “Gigio” Vieira. Sem a lembrança dele sobre o show, dificilmente eu estaria presente. Que venham mais shows para juntos partilharmos dos grandes eventos.
Os agradecimentos seguem para o Cristian Rezende, diretamente do “país” chamado Thick Forest Of South, que veio de longe justamente para acompanhar o Fear Factory e acabou encontrando a mim e ao Gigio para aquela proza de responsa! Cristian é um dos representantes de nossa querida e amada audiência junto ao nosso canal no YouTube, o Canal Mundo Metal.
Aproveite para acessar, curtir, ativar o sininho e ficar por dentro das próximas lives, sendo costumeiramente às quintas-feiras, a partir das 21h.
Seguindo a lista de abraços:
O próximo abraço vai para Eduardo Boccomino, guitarrista do Chaosfear, que além de ser um dos grandes amigos do Gigio, foi super solícito, além de ser um grande guitarrista de uma das principais bandas do cenário nacional. Aproveitando o assunto sobre bandas nacionais, também agradeço ao vocalista Sérgio Ogres (Punição, Panzer, Sudakah) & Viviane, também conhecidos do nosso mestre e que também mostraram ser maravilhosas figuras. São pessoas bacanas assim que revelam a esperança de haver a bendita união dentro do Metal.
As congratulações seguem para o meu grande irmão David Torres, ex-colaborador do Mundo Metal. Inclusive, nos trombamos depois no meio do “baile de gala” também. Foi um curto tempo, mas ficou para a história. Agradeço também ao nobre Lucas D. Jent e seu super pai Claudio Matos, que salvou minha camiseta vermelha do Kreator, do álbum “Violent Revolution” (2001), no show do Exodus em dezembro de 2022. O local foi o Carioca Club e o momento do acontecimento foi durante a roda insana, ou melhor, a valsa sangrenta.
Parceria e irmandade
E agradeço também ao incrível Johnny Z, grande mestre, comunicador, divulgador e representante do que deveria ser a união em prol do Metal. Acessem o Metal Na Lata e sintam-se bastante informados com coisas pertinentes ao som pesado. E se precisarem de uma assessoria responsável que cuidará com maestria do assunto, é só procurar pela JZ News e seja verdadeiramente feliz.
Obrigado também ao Mundo Metal pela imensa honra em fazer parte dessa grandiosa família! É aqui que você encontra liberdade, informação de verdade e conteúdos com diversos quadros excepcionais como este chamado Live Review!
Obrigado, Skin Culture!
Obrigado, Korzus!
Thank you, Fear Factory!
Skin Culture – integrantes:
- Shucky Miranda (vocal)
- Fred Barros (guitarra, vocal de apoio)
- Diego Santiago (baixo, backing vocal)
- Bateria (Chris Oliveira)
Skin Culture setlist:
1. Fall On Knees
2. Supernatural Catastrophic
3. Breathing Sulfur
4. Set Me Free (com vocais de apoio de Sérgio Ogre)
5. Bring Me Back To Life
6. An Ocean Of Lamentations
7. Devil 19
8. Suicide Love
Korzus – integrantes:
- Marcello Pompeu (vocal)
- Heros Trench (guitarra)
- Antônio Araújo (guitarra, vocal de apoio)
- Dick Siebert (baixo)
- Rodrigo Oliveira (bateria)
Korzus setlist:
1. Guilty Silence
2. Raise Your Soul
3. You Can’t Stop Me
4. Never Die
5. Beware
6. NameSake
7. What Are You Looking For
8. Discipline Of Hate
9. Truth
10. Correria
Fear Factory – integrantes:
- Milo Silvestro (vocal)
- Dino Cazares (guitarra)
- Tony Campos (baixo, vocal de apoio)
- Pete Webber (bateria)
Fear Factory setlist:
Main Title (Terminator 2 Theme) – (por Brad Fiedel)
1. Shock
2. Edgecrusher
3. Recharger
4. Dielectric
5. Soul Hacker
6. Powershifter
7. Disruptor
8. Linchpin
9. Descent
10. What Will Become?
11. Archetype
12. Demanufacture
13. Zero Signal (intro)
14. Replica
15. Martyr
16. Scapegoat
17. Resurrection
Main Title (Terminator 2 Theme) – (por Brad Fiedel)
Este grandioso show aconteceu no dia 6 de junho (terça-feira).
- Local: Fabrique Club
- Endereço: Rua Barra Funda, 1071 – Barra Funda, São Paulo – SP
- Organização: La Cafeina (lacafeina.com)
- Parceria: Powerline Music & Books
Redigido por Stephan Giuliano